percepção do paciente internado na unidade de terapia

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INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI
SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI
MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA
EDNÓLIA LOPES DA SILVA
PERCEPÇÃO DO PACIENTE INTERNADO NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA
TERESINA – PI
2015
EDNÓLIA LOPES DA SILVA
PERCEPÇÃO DO PACIENTE INTERNADO NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do
Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Terapia Intensiva.
Orientador: Prof. M.e Francisco Weliton
Pessoa da Silva
TERESINA – PI
2015
EDNÓLIA LOPES DA SILVA
PERCEPÇÃO DO PACIENTE INTERNADO NA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Terapia Intensiva, do
Instituto Brasileiro de Terapia Intensiva, como
requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Terapia Intensiva.
Orientador: Prof. M.e Francisco Weliton
Pessoa da Silva
Aprovada em: 07 de Novembro de 2015.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________
Prof. Dr. Douglas Ferrari Carneiro
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Presidente
___________________________________________
Izaiany Rodrigues Ferreira
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Examinador
__________________________________________
Edilson Gomes de Oliveira
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Examinador
____________________________________________
Vicença Maria Azevedo de Carvalho Gomes
Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI
Examinador
RESUMO
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma unidade hospitalar destinada ao
atendimento de doentes graves recuperáveis, com assistência médica e de
enfermagem integrais, contínuas e especializadas, empregando equipamentos
diferenciados. A internação em UTI, invariavelmente, implica em uma situação de
grande risco. Sentimentos como medo, ansiedade, agitações psicomotoras,
estresse, depressão, abandono, desamparo, dependência, culpa, entre outros, são
comumente presentes. O objetivo do estudo foi analisar a percepção do paciente
internado na Unidade de Terapia Intensiva. Para realizar a pesquisa bibliográfica,
foram utilizados artigos científicos obtidos do Scientific Eletronic Library Online –
SciELo e LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde). A partir da
análise dos artigos, enumeramos as categorias: Fatores de estresse nos pacientes
internados na unidade de terapia intensiva; e A importância da humanização na
assistência prestada na UTI: paciente – família – equipe de saúde. Os pacientes
internados na UTI encontram-se vulneráveis a episódios de estresse, fragilizados e
quase que totalmente dependentes dos profissionais de saúde. Diante desta
realidade, profissionais de enfermagem têm o dever de orientar o paciente e sua
família, esclarecendo suas dúvidas e compartilhando suas inseguranças, a fim de
minimizar esses anseios, tornando o ambiente mais agradável e humanizado.
Palavras-chave: Unidades de Terapia Intensiva. Relações profissional-família.
Enfermagem.
RESUMEN
La Unidad de Cuidados Intensivos (UCI) es una unidad hospitalaria para el servicio
gravemente enfermo recuperable, con la enfermería médica e integral, continua y
especializada, utilizando equipos diferentes. La UCI implica siempre un gran riesgo.
Los sentimientos como el miedo, la ansiedad, la agitación psicomotora, el estrés, la
depresión, abandono, desamparo, la dependencia, la culpa, entre otros, son
comúnmente presentes. El objetivo del estudio fue analizar la percepción del
paciente hospitalizado en la Unidad de Cuidados Intensivos. Para llevar a cabo la
literatura, se utilizaron artículos científicos obtenidos de la Scientific Electronic
Library Online - SciELO y LILACS (Literatura Latinoamericana en Ciencias de la
Salud). A partir del análisis de las categorías de los artículos enumerados: factores
de estrés en los pacientes ingresados en la unidad de cuidados intensivos; y la
importancia de la humanización de la asistencia prestada en la UCI: paciente familia - equipo de salud. Los pacientes en la UCI son vulnerables a los episodios de
estrés, frágil y depende casi por completo de los cuidadores. Ante esta realidad, los
profesionales de enfermería tienen el deber de guiar al paciente y su familia,
aclarando sus dudas y compartir sus inseguridades con el fin de minimizar estos
deseos, haciendo el ambiente más agradable y humano.
Palabras clave: Unidades de cuidados intensivos. Las relaciones profesionales en
la família. Enfermería.
ABSTRACT
The Intensive Care Unit (ICU) is a hospital unit for service seriously ill recoverable,
with medical and integral, continuous and specialist nursing, using different
equipment. The ICU invariably implies a great risk. Feelings such as fear, anxiety,
psychomotor agitation, stress, depression, abandonment, helplessness, dependency,
guilt, among others, are commonly present. The aim of the study was to analyze the
perception of the patient hospitalized in the Intensive Care Unit. To perform the
literature, were used scientific articles obtained from the Scientific Electronic Library
Online - SciELO and LILACS (Latin American Literature in Health Sciences). From
the analysis of the articles enumerated categories: Stress factors in patients admitted
to the intensive care unit; and the importance of humanization in the assistance
provided in the ICU: patient - family - health team. Patients in the ICU are vulnerable
to episodes of stress, fragile and almost entirely dependent on caregivers. Given this
reality, nursing professionals have the duty to guide the patient and his family,
clarifying their doubts and share their insecurities in order to minimize these desires,
making the most pleasant and humane environment.
Keywords: Intensive care units. Professional-family relations. Nursing.
SUMÁRIO
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................. 8
2 METODOLOGIA................................................................................................................. 10
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 12
3.1 Fatores de estresse nos pacientes internados na unidade de terapia intensiva .. 12
3.2 A importância da humanização na assistência prestada na UTI: paciente –
família – equipe de saúde .................................................................................................... 13
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 16
8
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No Brasil, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) tiveram início na década
de 1970, possibilitando a missão de prestar cuidados de excelência, visando à
reabilitação do doente.
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é uma unidade hospitalar destinada ao
atendimento de doentes graves recuperáveis, com assistência multiprofissional
integral, contínua e especializada, empregando equipamentos diferenciados. É um
ambiente destinado ao atendimento de pacientes com potencial risco de morte, que,
muitas vezes, necessitam de uma ação imediata pelos profissionais que atuam
nessa área.
A assistência de enfermagem na UTI é um aspecto fundamental para o
processo de tratamento do paciente. O enfermeiro na Unidade de Terapia depara-se
com um ambiente de elevado nível tecnológico e de complexidade, sendo
necessário que esse profissional se respalde no conhecimento científico para assim
conduzir o atendimento prestado com devida segurança. A internação de um
paciente na UTI é precedida de condições críticas e potenciais de vida, por isso, o
cuidado é voltado para os aspectos físicos, orgânicos e biológicos, como controle e
manutenção das funções vitais do doente (DORNELLES et al., 2012).
A UTI não é vista como um local de tratamento e recuperação para a vida,
pelo contrário, ela usualmente é vista como um lugar sombrio, na qual o fim
geralmente é a morte. Seu estereótipo é ratificado por toda uma série de
conhecimentos sociais e do censo comum, que são disseminados socialmente.
Assim, a internação em UTI, invariavelmente, implica em uma situação de grande
risco. Sentimentos como medo, ansiedade, agitações psicomotoras, estresse,
depressão,
abandono,
desamparo,
dependência,
culpa,
entre
outros,
são
comumente presentes (SOUSA; SOUZA FILHO, 2008).
O paciente internado é, muitas vezes, tratado como se fosse mais um leito ou
um caso de doença. Por ser uma área restrita, as regras institucionais são rígidas
em relação às visitas e acompanhantes. No momento da internação exige-se a
entrega de todos os pertences, descaracterizando o paciente do seu mundo real.
Determina-se o horário e o número de pessoas que podem visitá-lo, favorecendo a
9
instituição e não o doente. Essa mudança de rotina e de ambiente provoca no
paciente e sua família diferentes sensações (MACIEL; SOUZA, 2006).
Segundo pesquisa de Proença e Dell Agnolo (2011), apesar das sensações
desagradáveis atribuídas a este setor, foi possível identificar manifestações
favoráveis à permanência na UTI, como a atenção e dedicação da equipe de saúde,
que muitas vezes atua como intermediária no contato com a família e com o
ambiente exterior; sua demonstração de carinho e apoio emocional, favorecendo a
aceitação e adaptação do paciente neste setor.
A equipe de enfermagem da UTI tem uma responsabilidade muito maior do
que a de qualquer outra unidade, a humanização em Unidade de Terapia Intensiva,
um assunto bastante abordado em decorrência da constante preocupação dos
profissionais da saúde em oferecer uma assistência de qualidade.
As experiências vividas em uma UTI são geralmente traumáticas e faz-se
necessário um trabalho multiprofissional para minimizar os seus efeitos. Para os
pacientes, a equipe de enfermagem representa a extensão de sua família,
oferecendo amparo e assistência necessários nessa fase da vida.
A UTI é um setor diferenciado dos demais setores de internamento, pois sua
tecnologia é reconhecida como parte fundamental para recuperação da saúde,
favorecendo situações geradoras de estresse ao paciente dentro dessa unidade,
que podem levar a alterações fisiológicas e piora do seu quadro clínico.
Apesar das tentativas de mudança, a fim de tornar o atendimento mais
humanizado e a UTI como um espaço em que pode haver sensibilidade,
percebemos que temos muito ainda a fazer para assegurar relações mais humanas.
Sobre o enfoque de atender às necessidades individuais no cuidado do
paciente de Terapia Intensiva e de uma relação de comunicação efetiva entre este e
os profissionais de saúde, acredita-se então que se faz necessário uma melhor
verbalização sobre essa vivência, buscando novos padrões de comportamento,
integrante da Sistematização de Enfermagem.
Com base nessa problemática, temos como questão norteadora: Qual a
percepção do paciente consciente internado em Unidade de Terapia Intensiva?
Neste contexto, objetivamos identificar, nas produções científicas brasileiras,
os principais fatores causadores de estresse em pacientes internados na UTI e
contribuir para a melhoria na qualidade da assistência e facilitar a adaptação em um
ambiente tão estigmatizado.
10
2 METODOLOGIA
Trata-se de um Estudo Descritivo com Abordagem Qualitativa, do tipo
Revisão Integrativa, obtida por meio de busca de artigos científicos da BVS.
O Estudo Qualitativo é importante para compreender os valores culturais e as
representações de determinado grupo sobre temas específicos. Ele permite a
construção de investigação consciente a partir da abordagem interpretativa de
resultados de pesquisas, ou seja, possibilita traçar uma síntese de estudos já
publicados. Dados que surgem ao longo do tempo da observação nos ambientes de
trabalho, por exemplo, a qual não se consegue mensurar, mas evidenciá-los
empiricamente (MINAYO, 2006).
Para Botelho e outros (2011) a Revisão Integrativa trata-se de um processo
que requer elaboração de uma síntese pautada em diferentes tópicos, capazes de
criar uma ampla compreensão sobre o conhecimento. É um passo para a construção
do conhecimento científico, uma vez que através desse processo, novas teorias
surgem, bem como são reconhecidas lacunas e oportunidades para o surgimento de
pesquisas num assunto específico. A Revisão Integrativa sintetiza resultados de
pesquisas anteriores, fornecendo informações amplas sobre um assunto.
Neste estudo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica a artigos científicos
obtidos das seguintes bases de dados: SciELo (Scientific Eletronic Library Online) e
LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde), usando como
Descritores em Ciências da Saúde/Medical Subject Headings (DeCS/Mesh):
Unidades de Terapia Intensiva, Relações Profissional-Paciente e Enfermagem.
A busca dos artigos procedeu-se de dezembro de 2014 a fevereiro 2015,
publicados entre os anos de 2006 e 2014, que buscassem alcançar o objetivo
proposto pelo estudo, tendo como critérios de inclusão: disponibilidade do texto
completo em suporte eletrônico, artigos publicados em periódicos nacionais e
redigidos em português. Excluiu-se do estudo: teses, capítulos de teses, livros,
capítulos de livros, anais de congressos e conferências, relatórios científicos e
técnicos, além de artigos que não focavam a temática do estudo e artigos repetidos.
Foram selecionados doze artigos, todos foram lidos na íntegra com o objetivo
de sintetizar e analisar os dados neles contidos, buscando adquirir a resposta ao
problema da pesquisa e concretizar o objetivo proposto.
11
Por se tratar de revisão de literatura e não oferecer riscos, não foi necessário
submeter o projeto à avaliação de Comitê de Ética em Pesquisa com Seres
Humanos, conforme determina a Resolução n. 466/2012 do Ministério da Saúde.
12
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da problemática estabelecida, da análise dos artigos emergiu as
seguintes categorias:
3.1 Fatores de estresse nos pacientes internados na unidade de terapia intensiva
O ambiente hospitalar, especialmente o de Unidade de Terapia Intensiva
(UTI), devido à complexidade do atendimento prestado, bem como a estrutura física,
o barulho, os equipamentos e a movimentação das pessoas, é tido como gerador de
estresse para os pacientes e os familiares (BITENCOURT et al., 2007).
O estresse é uma situação tensa, fisiológica ou psicológica, que pode afetar
as pessoas em todas as suas dimensões. A resposta ao estresse é influenciada pela
intensidade, duração, âmbito do agente estressor e pelo seu número presente no
momento. Em pacientes internados em UTI, o desenvolvimento de estresse está
relacionado a consequências psicológicas como ansiedade, depressão, raiva,
negação e dependência, além de alterações cognitivas como o desenvolvimento de
delirium, anteriormente conhecido como psicose da UTI (BITENCOURT et al., 2007).
Os pacientes relatam que luz acesa, interrupção do sono pela equipe,
monitorização contínua, ficar parado sem nada pra fazer, falta de privacidade para
as necessidades fisiológicas e demais privações que eles já experimentam neste
ambiente, são considerados agentes estressores na UTI (PROENCA; AGNOLO,
2011).
Além disso, também citam os tubos, incluindo sondas, cateteres e cânulas,
que são invasivos, desconfortáveis e limitam a comunicação e sua alimentação
(BITENCOURT et al., 2007).
A experiência da internação em ambiente de cuidados intensivos, em razão
das suas características e rotinas, muitas vezes rígidas e inflexíveis, pode gerar ao
paciente impessoalidade, dependência da tecnologia, isolamento social, falta de
privacidade, perda de identidade, autonomia, dentre outros, rompendo bruscamente
com seu modo de viver, que inclui suas relações e seus papéis. Neste caso, a
identidade e autonomia são afetadas, em virtude de o paciente ser considerado
incapaz de escolher, decidir, opinar e expressar-se. Assim, o princípio da autonomia
13
não é exercido nem mesmo nas situações de higiene pessoal, alimentação e
eliminações, configurando sujeição parcial ou total dos que cuidam, como um mero
receptáculo de cuidados técnicos e intensivos (BAGGIO et al., 2011).
Dessa forma, pacientes conscientes internados no ambiente de UTI, além do
sofrimento pelo comprometimento biológico, demonstram constrangimento por
estarem despidos e serem, muitas vezes, expostos e invadidos em sua intimidade. A
perda da privacidade é, portanto, uma condição adicional de estresse e sofrimento
durante a hospitalização (BAGGIO et al., 2011).
Bitencourt e outros (2007) também relataram em seus estudos que outro fator
ofensivo à internação na UTI são os níveis excessivamente elevados de ruídos do
setor, decorrentes dos inúmeros alarmes e equipamentos, além da conversação da
própria equipe de saúde. Um ambiente ruidoso dificulta um descanso confortável,
causando nos pacientes perturbações do sono. A privação do sono em UTI parece
ter várias causas, incluindo a doença crônica do paciente, a presença de uma
doença aguda sobreposta ou realização de procedimento cirúrgico e as medicações
utilizadas. Não dormir e ter dor causam desconforto físico e psicológico no paciente,
o que somado as condições da internação aumentam seu estresse.
No sentido de melhorar a qualidade do atendimento prestado aos pacientes
internados em UTI, torna-se fundamental que os estressores apontados,
principalmente pelos pacientes, sejam discutidos e medidas de controle dos mesmos
sejam apontadas como alternativas na rotina das unidades de cuidados intensivos,
tendo em vista que estudos sobre a temática demonstram que os aspectos
fisiológicos, psicológicos e sociais dos pacientes na UTI têm grande importância no
processo de recuperação destes indivíduos.
3.2 A importância da humanização na assistência prestada na UTI: paciente –
família – equipe de saúde
Nos últimos tempos, a humanização em Unidade de Terapia Intensiva tem
sido um assunto bastante abordado, em decorrência da constante preocupação dos
profissionais da saúde em oferecer uma assistência de qualidade. Resgatar a
humanidade nas UTIs talvez seja voltar a refletir sempre mais conscientemente,
sobre o que é o ser humano, começando por nossa própria vida, da nossa equipe e
dos nossos pacientes (CAETANO et al., 2007).
14
O processo de trabalho na UTI possui características peculiares devido às
características físicas e estruturais do setor. Aparelhos diferenciados e avançados,
alarmes a todo instante, a instabilidade e gravidade dos pacientes ali assistidos
contribuem para a dinâmica intensiva e geradora de tensão para todos os sujeitos
atuantes no setor, sejam eles, equipe, paciente ou família (URIZZI et al., 2008).
Diante da dinâmica que o setor demanda aliada a necessidade de domínio
dos conhecimentos técnico-científicos sobre os aparelhos, medicamentos e rotinas
predispõem que a equipe atue de forma calma e fria para a recuperação da esfera
biológica afetada. Essa atuação da equipe reflete também na assistência ao
paciente e à família, culminando por contribuir para o não envolvimento emocional
com as situações que ocorrem no setor (URIZZI et al., 2008).
Para os profissionais desse setor, o desafio é vencer barreiras e permitir a
expressão de sentimentos nos relacionamentos familiares, tornando o cuidado
humanizado, para intensificar o fortalecimento destas relações (MOLINA et al.,
2009).
A prática assistencial em UTI nos mostra que é incontestável a necessidade
de humanização do cuidado prestado aos usuários, tendo em vista as suas
fragilidades. A comunicação terapêutica tem a finalidade de identificar e atender as
necessidades de saúde do paciente e sua família, além de contribuir para melhorar a
prática profissional (PROENCA; AGNOLO, 2011).
Caetano e colaboradores (2007) relatam que particularmente no tratamento
de pacientes críticos, a humanização é tão importante quanto à medicação e os
procedimentos instrumentais utilizados durante o trabalho. Além disso, proporcionar
diálogo com o paciente faz-se pertinente, na medida em que se devem considerar as
múltiplas dimensões do ser humano, respeitando-o em sua unidade e multiplicidade,
ou seja, em sua cultura, crenças, valores e fé.
Os profissionais de UTI e, de modo especial, o enfermeiro, devem estar
conscientes de que o objetivo final do seu trabalho é o cuidado. Quando estamos
abertos ao envolvimento com o paciente e a família, várias dificuldades são
superadas, facilitando dosar de forma equilibrada as necessidades emocionais e o
uso de tecnologias. Percebe-se que as experiências de um cuidado humanizado são
intensamente gratificantes, principalmente quando a família manifesta confiança no
enfermeiro e nos demais membros da equipe de saúde. O profissional torna-se a
referência para o apoio destes usuários e sua família.
15
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Unidade de Terapia Intensiva - UTI, por ser um ambiente desconhecido e
permeado pela cultura de representar um cenário associado à morte, ainda ocasiona
inúmeros sentimentos nos pacientes que ali permanecem internados. O afastamento
do paciente do convívio familiar é expresso pela tristeza, angústia, medo e
preocupação relacionados à possibilidade de morte.
Os pacientes encontram-se muito vulneráveis a episódios de estresse,
fragilizados e quase que totalmente dependente dos profissionais da UTI, portanto
conhecer as crenças e expectativas desses usuários pode favorecer sua adaptação
à internação no setor. Além disso, conhecer os fatores estressantes e planejar a
assistência ao paciente é extremamente importante para sua recuperação, pois
promove um ambiente mais favorável que possibilite a manutenção do ciclo sonovigilia, diminua o número de interrupções do sono, tornando a UTI um setor mais
humanizado.
Não resta dúvida de que, apesar de todo esforço despendido pelos membros
da equipe para humanizar a UTI, esta continua sendo uma tarefa difícil, pois
demanda, às vezes, atitude individual em relação a um sistema tecnológico
dominante. Diante dessa realidade e sendo a enfermagem considerada uma
profissão do cuidar holístico e humanizado, nós quanto profissionais de enfermagem
da UTI temos o dever de acolher e orientar o paciente e sua família, esclarecendo
suas dúvidas e compartilhando suas inseguranças, a fim de minimizar esses
anseios.
A UTI precisa e deve utilizar-se dos recursos tecnológicos cada vez mais
avançados, mas os profissionais desta unidade jamais devem esquecer que a
máquina nunca suprirá nem substituirá a essência humana, é preciso sensibilizar
esses profissionais quanto ao cuidado mais humanizado.
O estudo espera contribuir com a conscientização da equipe de saúde da UTI,
entendendo a importância de ouvir o paciente e sua família, principalmente no
momento da internação, compreendendo ela como integrante fundamental do
cuidado.
16
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18
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