1 HEDGING Derivativos O estagio atual de desenvolvimento do mercado financeiro internacional tem possibilitado a criação de novos mecanismos, que tornam possível aos diversos agentes econômicos fazer a proteção eficaz ou minimização de riscos contra a variação indesejada de preços de ativos e passivos, por meio de instrumentos financeiros conhecidos como derivativos, por derivarem de ativos primários, como ações, commodities, saques de exportação a receber etc. Os valores dos derivativos, como os contratos futuros e de opções, dependem do preço desses ativos primários. O rápido desenvolvimento tecnológico em informática e telecomunicações nos últimos anos contribuiu significativamente para a globalização do mercado financeiro. Como conseqüência, houve um crescimento acelerado do mercado financeiro internacional, com o desenvolvimento de novas técnicas e novos instrumentos financeiros e disseminação do uso de derivativos para minimização de riscos e maximização de rentabilidade. Por outro lado, pelo seu grande poder de alavancagem, as operações lastreadas em derivativos podem criar novos riscos ou aumentar os já existentes. As instituições financeiras passaram a utilizar novas técnicas de gerenciamento de riscos (Value at Risc, por exemplo) para limitar a exposição de riscos de seus ativos e os de seus clientes, pois um risco administrado inadequadamente pode comprometer seriamente os resultados econômicos e financeiros de uma entidade, e, ate mesmo, levar ao encerramento de suas atividades. No período compreendido entre meados da década de 80 e os primeiros anos da década de 90, ocorreram grandes prejuízos com derivativos, em parte, por não serem seus efeitos claramente compreendidos pelos contratantes. A revista Capital Market Risk Asvisor (Gazeta Mercantil, 6 nov. 1995, p.A-13), menciona como as maiores perdas verificadas em operações com derivativos as operações feitas peça Kashima Oil e Mettalgesellchaft, com perdas de US$1,5 bilhão e US$ 1,3 bilhão, respectivamente. Outro caso famoso foi o da falência do tradicional banco britânico Barings, em 1995. A utilização inadequada de derivativos pode provocar grandes desastres financeiros, mas se eles forem utilizados adequadamente, transformam-se em poderosas ferramentas da gestão de riscos. 2 Hedge e instrumentos financeiros Em um mercado competitivo com grandes oscilações de preços de commodities e moedas, alem das taxas de juros, há necessidade de as empresas fixarem seu custo máximo e, ao mesmo tempo, reduzi-lo. Para eliminar o risco de flutuação de preços de um ativo, é suficiente desfazer-se desse ativo, vendendo-o. O mesmo pode ser feito em relação a um passivo de risco, liquidando-o antecipadamente. Contudo, muitas vezes, não é possível desfazer-se desses ativos ou passivos, seja por disposições contratuais, questões estratégicas ou contingências operacionais. É possível fazer as operações de hedge conservando-se o ativo ou passivo de risco, por meio de compras e vendas de opções, swap de indexadores, ou contratos futuros. Nesses casos, as operações de hedge geram os instrumentos derivados, assim denominados porque seu valor deriva daqueles ativos subjacentes que serão objeto de troca futura. O risco sobre um ativo pode ser eliminado, também, por meio da venda desse ativo a um preço certo e determinado, para entrega futura. O risco sobre um passivo pode ser eliminado com a compra de um ativo pelo preço certo e determinado, também para entrega futura, em contraposição ao passivo em questão. O hedge consiste em assumir uma posição no mercado, de forma que os resultados econômicos e financeiros sejam do mesmo valor absoluto, mas de sentido oposto aos produzidos pelos ativos ou passivos de risco em questão, anulando variações em seus preços. Essa proteção pode ser integral ou parcial, de acordo com a estrutura de hedge contratada. O hedge pode ser feito por meio de derivativos, originados de ações, contas a receber, contas a pagar etc. A CVM define os derivativos, chamandoos de instrumentos financeiros. O art. 2º da Instrução nº 235, de 23-3-95, da CVM define os instrumentos financeiros, como segue: “Art.2º Caracteriza-se como instrumento financeiro, para fins desta Instrução, todo contrato que dá origem a um ativo financeiro em uma entidade e a um passivo financeiro ou título representativo do patrimônio em outra entidade, reconhecidos ou não na forma de art. 1º. § 1º São considerados como ativos financeiros, para fins desta Instrução: a. Disponibilidades; b. Direitos contratuais recebíveis em moeda ou em instrumentais financeiros de outra entidade; 3 c. Direitos contratuais de troca de resultados financeiros (swaps) ou instrumentos financeiros; e d. Títulos representativos de participação no patrimônio de outra entidade. § 2º São caracterizados como passivos financeiros, para fins desta Instrução, as obrigações contratuais de: a. Pagamento de determinada importância em moeda ou em instrumentos financeiros; e b. “Troca de resultados financeiros ou instrumentos financeiros.” A definição de instrumentos financeiros aceita pelo International Accouting Standards Commitee (IASC) é semelhante à definição dada pela CVM, no caput do art. 2º da Instrução nº 235/95. Nos Estados Unidos, é exigida, desde 1994 (conforme FAZ 119), informação dos saldos médios das operações com derivativos ao longo do ano, e de uma demonstração de resultado dessas operações. As companhias brasileiras mencionam e quantificam as operações de hedge em notas explicativas. Instrumentos de hedge Existe uma grande variedade de instrumentos que podem ser utilizados para minimizar os riscos contra oscilações de preços futuros de ativos, taxas de juros, indexadores e moedas. Esses instrumentos financeiros, genericamente denominados derivativos, possibilitam evitar ou minimizar os desvios indesejáveis em relação aos objetivos projetados de lucro, preço, custo ou rentabilidade. As operações mais comuns de hedge são realizadas por meio do mercado futuro, compra de opção e swap. Mercado Futuro Na Idade Media, já existia em países da Europa e no Japão o mercado de futuros, com as características muito semelhantes às do mercado atual. Nessa época, os principais commodities (mercadorias) negociados eram alimentos, como o arroz e o café. As bolsas de commodities foram criadas com a finalidade de possibilitar a negociação e a transferência do risco de sua atividade a outrem, utilizando um local adequado e com regras transparentes de condições a 4 serem cumpridas no futuro. Por essas cara de características, as bolsas commodities são conhecidas também como bolsas de futuros. Para o funcionamento de um mercado de futuros, é necessária a existência de dois participantes fundamentais: o hedger e o especulador. O primeiro se caracteriza por operar no mercado para se proteger da variação indesejada do preço de um ativo ou passivo, e o segundo contribui para dar liquidez ao sistema, assumindo o risco da variação do preço. Podem existir hedger dos dois lados. A Bolsa de Mercadorias de São Paulo foi fundada em 1917, para incentivar a produção, comercialização e classificação de produtos agrícolas. Em 1986, foi criada a Bolsa Mercantil & de Futuros, para incentivar a transação de mercadorias e índices futuros. Com a fusão da Bolsa Mercantil & Futuros com a Bolsa de Mercadorias de São Paulo, surgiu a Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) que, em novembro de 1994, tornou-se a quarta maior bolsa de commodities do mundo em volume de negociação, com 93,2 milhões de contratos negociados. No mercado de futuros, o objetivo da negociação é o preço de um ativo (bem ou direito) ou índice representativo desse ativo. EXEMPLO. Uma empresa efetua a compra de US$ 100.000 no mercado futuro, à taxa de R$ 1,10/dólar, com vencimento em 1º-7-19x0. No vencimento, ela desembolsará o valor de R$ 110.000 para adquirir US$ 100.000, qualquer que seja o preço do dólar na data do vencimento. Uma vez contratada a compra de dólar no mercado futuro, mesmo que a taxa de cambio spot (mercado a vista) seja de R$ 1,00 por US$1, em 1º-7-19x0, a empresa terá um desembolso adicional de R$10.000, pois ela se comprometeu a comprar US$ 100.000 por R$1,10 cada. É comum algumas pessoas sentirem uma “sensação de perda”, nesses casos. Opção As opções instrumentos aparentemente complexos, mas fundamentalmente simples. Elas passaram a fazer parte da atividade básica dos mercados financeiros somente na década de 70, com a criação do Chicago Board Options Exchange, em 1978. Os benefícios produzidos pelas opções foram analisados e explicados cientificamente, pela primeira vez, por Black e Scholes, em 1978. Apesar de ser relativamente recente a negociação com opções em grandes volumes, elas já eram praticadas pelos romanos e fenícios, que emitiam opções sobre cargas transportadas por seus navios. As opções de 5 vendas de tulipas foram utilizadas maciçamente pelos holandeses, no século XVII (Nyborg, 1997). Existem dois tipos de opção: a de compra e a de venda. Em cada tipo de opção existem o comprador e o vendedor. Com a compra de opção, adquire-se o direito de comprar ou vender algum ativo, por um preço certo e determinado, em um momento futuro definido, pagando-se um premio ao vendedor da opção. A chamada opção européia dá ao comprador o direito de exercer a opção somente na data do vencimento, enquanto a opção americana pode ser exercida a qualquer momento, até o vencimento. A opção de compra dá a seu comprador o direito de exercer a compra pelo preço combinado; por outro lado, o vendedor da opção tem a obrigação de comprar pelo preço combinado. A opção de venda dá a seu comprador o direito de exercer a venda pelo preço combinado; como conseqüência, o vendedor da opção de venda fica com a obrigação de vender pelo preço combinado. Por tratar-se de opção, o detentor do direito de exercício de opção (o comprador) exercerá seu direito, se isso lhe for convincente. Caso não seja de seu interesse, por ter a possibilidade de compra (ou vender) a vista o bem objeto da opção por um preço melhor no mercado, o comprador da opção simplesmente deixará de exercer seu direito, como se nada tivesse contratado. Por outro lado, o vendedor da opção (de compra ou de venda) sempre terá a obrigação de cumprir com o combinado e, por esse motivo, recebe o premio. EXEMPLO. A Empresa K comprou opção de compra de US$, com preço de exercício de R$1,15/dólar, no valor total de US$10.000, com vencimento em 25-10-19X7, pagando um premio total antecipado de R$ 200. Suponha-se que, no vencimento, o preço de mercado a vista seja de R$ 1,10/dólar. Nesse caso, a Empresa K não vai exercer a opção, pois é mais barato adquirir os US$ 10.000 no mercado a vista pagando R$1,10 por dólar, em vez de pagar R$ 1,15 por dólar ao vencedor da opção de compra. Evidentemente, o premio de R$ 200 pago pela Empresa K não é devolvido, mesmo que esta não exerça a opção. As opções podem ser divididas em uma serie de componentes de risco, Por exemplo, na formação do custo de uma opção cambial, devem ser considerados pelo menos os seguintes fatores de risco: preço do dólar a vista, taxa de juros internos, taxa de juros internacional, volatilidade da taxa de cambio a vista, e o tampo a decorrer ate o vencimento. 6 Swap As operações de swap consistem na troca de taxas (ou preços) entre as duas partes, em que uma delas se obriga a pagar a outra determinada taxa sobre um valor de referencia previamente acordado, recebendo, em contrapartida, uma taxa diferente calculada sobre o mesmo valor de referencia. As taxas de juros ou câmbio envolvidas na operação podem ser dos mais variados tipos: taxa de juros prefixada, taxa de juros flutuantes, variação da taxa de CDI, variação do IGP-M, taxa de câmbio do dólar, do iene etc. As operações de swap podem ser entendidas também como troca de fluxos de caixa calculados com diferentes indexadores ou taxas. Por exemplo, um devedor de empréstimo de longo prazo, cujo juro equivale à Libor semestral (que é uma taxa que pode variar periodicamente), poderia sentir-se mais confortável caso o empréstimo fosse feito a uma taxa fixa. Nesse caso, esse devedor pode trocar a taxa de juros flutuantes pela taxa fixa, por meio da operação de swap. As operações de swap são relativamente recentes, mesmo no mercado financeiro internacional. As primeiras operações nessa modalidade foram negociadas em 1981 (Hull, 1994:151). No Brasil, as primeiras operações de swap de moedas começaram a ser feitas na segunda metade da mesma década. A operação de swap possibilita a fixação de um resultado em R$ (ou outra moeda), qualquer que seja a variação do preço do ativo ou do passivo de risco. Mesmo após a conversão em US$, esses resultados financeiros não sofrem variações tão bruscas como mo caso da não-existencia de swap. Essa conclusão é valida desde que a operação de swap não seja “especulativa”, isto é, exista efetivamente um ativo que se contraponha a um passivo, e vice-versa. EXEMPLO (adaptado de Hoji, 1995:201). Em 30-4-19X7, a Empresa K planeja obter um lucro liquido no valor de R$ 8.000 em 31-12-19X7 Vendas em R$ (-) Custos e despesas em R$ (-) Custos em US$ (US$ 100.000) (=) Lucro Liquido Taxa de Câmbio 200.000 (82.000) (110.000) 8.000 ======== R$ 1,10 7 Contudo, por estar a empresa endividada em moeda estrangeira (US$), esse resultado financeiro planejado poderá não ser alcançado, caso ocorra uma variação inesperada na taxa de cambio projetada. Para garantir o resultado financeiro projetado, a empresa resolve fazer uma operação de swap para minimizar o efeito da eventual variação na taxa de cambio projetada. Normalmente, essa proteção tem um custo de intermediação. As premissas e as condições do mercado financeiro para essa modalidade de operação eram as seguintes: Premissas em 30-4-19X7: Custos (obrigações a pagar) em US$: US$ 100.000,00 (vencimento em 31-12-19X7). Taxa de cambio em 30-4-19X7: US$ 1 = R$ 1,00. Taxa de cambio em 31-12-19X7: US$ 1 = R$ 1,10. Condições de swap de taxa de juros e moeda em 30-4-19X7: Vencimento 31-12-19X7 (245 dias). Posição ativa para a empresa: variação cambial + cupom de 8,505 a.a. Posição passiva:100% da variação diária acumulada do CDI (projeção de 17,00% no período). Valor da operação de swap contratada: R$ 94.532. A posição ativa significa que a empresa fica com o direito de receber, no vencimento do contrato, o valor correspondente à variação cambial sobre o valor do contrato, acrescido de juros de 8,50% a.a. a posição passiva significa que a empresa assume uma obrigação de pagar, no vencimento do contrato, 100% da variação diária acumulada do CDI do período. O valor presente que deve ser contratado em R$ é equivalente ao valor futuro de US$ 100.000. Com base nesses dados, pode-se perceber que existe um custo implícito na operação, que corresponde à taxa de intermediação. A variação total esperada da posição ativa, de acordo com a premissas, é de 10% de variação cambial acrescido de 5,7847% (8.50% /360 dias x 245 dias = 5,7847%) de juro sobre o valor corrigido com a taxa da variação cambial, totalizando 16,363% (1,10 x 1,057847 – 1 = 16,363%) enquanto a variação esperada da posição passiva é de 17,00% no mesmo período. O valor da operação (valor presente) foi determinado mediante os seguintes cálculos: (a) US$ 100.000 / 1,057847 = US$ 94.532; (b) US$ 94.532 x R$ 1,00 = R$ 94.532. A contratação da operação de swap gerará um custo, o que reduzirá o lucro da Empresa K. 8 1- RESULTADOS OPERACIONAIS Vendas em R$ (-) Custos e despesas em R$ (-) Custos em US$ (US$ 100.000) (=) Lucro antes de swap 2- RESULTADO DE SWAP a. Valor a receber R$ 94.532 X (1,10 X 1,057847 – 1) b. Valor a pagar R$ 94.532 X 17,00% c. Resultado de swap (a –b) 3- LUCRO LIQUIDO Em R$ Em US$ 200.000 (82.000) (110.000) 8.000 15.468 (16.070) (602) 7.398 6.725 Com a contratação da operação de swap. A Empresa K assegurará o lucro liquido de R$ 7.398, qualquer que seja a variação cambial até 31-1219X7. Dividindo-se a TCn (taxa de cambio futura) pela TCb (taxa de cambio atual), obtém-se o fator de variação cambial do período de 30-4-19x7 a 31-1219X7. Pelo modelo de swap adotado, qualquer que seja a variação cambial (para mais ou para menos, em relação à variação projetada), o lucro liquido em R$ será, sempre, de R$ 7.398. Mais, em US$, o lucro liquido (após considerar o resultado de swap) originalmente previsto de US$ 6.725, sofrerá variação proporcional à diferença da variação cambial projetada. HIPOTESES: US$ 1 = R$ 0,99 R$ 1,10 R$ 1,21 1- RESULTADOS OPERACIONAIS Vendas em R$ (-) Custos e despesas em R$ (-) Custos em US$ (US$ 100.000) (=) Lucro antes de swap 2- RESULTADO DE SWAP a. Valor a receber R$ 94.532 X (TCn/ TCb X 1,057847 – 1) b. Valor a pagar R$ 94.532 X 17,00% c. Resultado de swap (a –b) 3- LUCRO LIQUIDO Em R$ Em US$ 200.000 -82.000 -99.000 19.000 200.000 -82.000 -110.000 8.000 200.000 -82.000 121.000 -3.000 4.468 15.468 26.468 -16.070 -11.602 -16.070 -602 -16.070 10.398 7.398 7.473 7.398 7.398 6.725 6.114 9 O comportamento do lucro liquido em US$, conforme a diferença de variação cambial projetada, pode ser calculado por meio de equação 10.1. LVC = LOP / (1 + ΔVC%) onde: LVC = lucro liquido em US$ com desvio da variação cambial; LOP = lucro liquido em US$ projetado; ΔVC% = diferença da taxa de variação cambial projetada. Caso a Empresa K necessite assegurar o lucro liquido em dólar, podem ser utilizados outros instrumentos financeiros eu, combinados, possibilitem atingir esse objetivo, tais como cap, floor, collar, straddle, box e inúmeras variações e combinações de swap e opção. Decisões de hedge Cálculos de custos de instrumentos financeiros As empresas fazem operações de hedge para evitar desvios significativos das metas estabelecidas e assegurar o resultado projetado. Em empresas industriais e comerciais, uma das decisões financeiras mais difíceis de tomar é : pagar o preço e fazer hedge, ou não pagar e correr o risco. A decisão subseqüente é a escolha do instrumento financeiro adequado, que depende do grau de disposição da administração de correr o risco, aliado ao custo da operação. Apresentamos um método simples de comparação de custos de instrumentos financeiros que auxilia a tomada de decisão dessa natureza. Primeiramente, vamos calcular os custos dos instrumentos financeiros com base em condições e premissas do mercado financeiro e, a seguir, analisar os custos e desembolsos, simulando diversos cenários econômicos possíveis, considerando as vantagens e desvantagens de cada instrumentos financeiro. Muitas vezes, os prazos dos diversos instrumentos financeiros não são uniformes e, em alguns casos, é necessário comparar custos de diferentes prazos, em diferentes datas. Nesses casos, o custo efetivo expresso em período anual facilita as comparações. [Evidentemente, devem ser considerados os níveis de volatilidade de diferentes prazos e condições econômicas. 10 Os desembolsos dos custos de diferentes instrumentos financeiros ocorrem em diferentes datas, mas eles podem ser comparados entre si se forem expressos em moeda de uma mesma data (em R$ ou em US$). Para “equalizar” as condições de todos os instrumentos financeiros, os cálculos são feitos com os valores da data de vencimentos projetados de acordo com as condições e premissas do mercado financeiro. EXEMPLO. Em 25 de novembro de 19x6, uma empresa importadora tem uma divida em dólar no valor de US$ 1.000.000, que vence em 25 de abril do ano seguinte. Na opinião do administrador financeiro da empresa, a política cambial do governo não se alterará até o vencimento da divida, mas na opinião de alguns economistas, poderá ocorrer um ajuste cambial nos “próximos meses”. O administrador financeiro resolve, então, fazer hedge do passivo financeiro e, para isso, avalia as três principais alternativas existentes no mercado financeiro: (a) compra de dólar no mercado futuro, (b) compra de opção de compra de dólar, e (c) swap de taxa de juros contra taxa de variação cambial. Em 25-11-19x6, as condições e premissas do mercado financeiro são as seguintes: a) Taxa de cambio do mercado: 25-11-19x6 (conhecida na data): R$ 1,0535/ dólar 25-4-19x7 (projetada): R$ 1,1000/dólar Variação do período de 25-11-19x6 a 25-4-19x7 (151 dias): 4,4139% 2-5-19x7 (projetada): R$ 1,1025/dólar Variação do período de 25-11-19x6 a 2-5-19x7 (158 dias): 4,6512% b) Taxa de juros do mercado: Taxa efetiva prefixada de 21,30% a.a. Taxa de juros do período de 25-11-19x6 a 25-4-19x7 (151 dias): 8,4364% CUSTOS DE COMPRA NO MERCADO FUTURO A compra de dólar no mercado futuro consiste em predeterminar o preço de compra de dólar em 25-4-19x7, mas não existem vencimentos diários nas bolsas de futuros. Para proteger o valor de US$ 1.000.000 contra o risco de ajuste cambial, a empresa deve comprar quantidade de contratos que totalizem esse valor. Se cada contrato for de US$100.000, devem ser comprados 10 contratos com vencimento em 2-5-19x7, que é o vencimento imediatamente posterior ao do vencimento da divida, pois não se conhece com exatidão o período do risco. Assim, o valor futuro total dos contratos será de R$ 1.102.500 (10 contratos x US$ 100.000 x R$ 1,1025 = R$ 1.102.500). 11 Para facilitar o raciocínio, suponha-se que o valor presente das despesas (taxas de corretagem, emolumentos, comissão de fiança bancaria para garantia de margens, ajustes diários, etc.) totalize R$ 1.100. Pagamentos de despesas: 25-11-19x6 R$ 1.100 Valor total dos contratos , **** em R$: Valor total dos contratos, US$ 1.000.000 em US$: Custo efetivo projetado: **** 25-4-19x7 R$ 1.193 2-5-19x7 **** R$ 1.098.368 R$ 1.102.500 US$ 1.000.000 0,1086% no período ou 0,3% a.a. **** As despesas no valor total de R$ 1.100, em valor de 25-11-19x6, representam o custo da operação. Para pagar as despesas, a empresa deixa de aplicar esse valor e, caso não disponha desse recurso, ela terá de financiálo com taxa de juros do mercado. Por esse motivo, o valor presente de R$ 1.100 é atualizado ate o dia 25-4-19x7, gerando o valor futuro de R$ 1.193 (R$1.100 x 1,084364 = R$ 1.193). O valor de R$ 1.102.500, de 2-5-19x7, é equivalente em 25-4-19x7 a R$ 1.098.368 (descontado com taxa de juros de 21,30% a.a.). O custo efetivo, em percentual, é de 0,1086% (R$ 1.193/ R$ 1.098.368 = 0,1086%) no período de 151 dias, equivalente a 0,3% a.a. efetivo. Deve o leitor atentar para o fato de que o hedge do período de 25-4-19x7 a 2-5-19x7 será inócuo, pois nesse período não haverá necessidade de hedge, porque não haverá do que se proteger após a liquidação da divida. A empresa deve reverter a posição, vendendo o dólar com vencimento em 2-5-19x7. CUSTO DE OPÇÃO DE COMPRA Para o comprador o custo de compra de opção de compra do dólar é o valor do premio que paga ao vendedor desse instrumento de financiamento . Geralmente ó premio é pago no ato da compra , mas pode ser pago também no vencimento , por um valor acrescido de juros do período , se contratar uma “opção de swap” , que tem as mesmas características de uma opção de compra , porem com maior flexibilidade quanto ao valor e ao prazo. Aqui, vamos chamar esses instrumentos de opção de compra , para diferenciá-los da opção pura de swap. 12 O preço do premio ,em 25.11.19X5 é de R$ 10,80 por US$ 1.000, para preço de exercício at.the.money (preço futuro projetado pelo mercado ) de R$ 1.10 por dólar. Mesmo que se trate de uma operação que visa proteger o valor de US$ 1.000.000 ( em dólar) , o contrato é feito em moeda local(R$) , assim tem-se: O valor de contrato, em R$ : US$ 1.000.000 x R$ 1,0535 = R$ 1.053.500 Valor total do prêmio, pára pagamento em 25-11-19x6 : R$ 10,80 x ( US$ 1.000.000 / US$ 1.000) = 10.800 Resumo da compra de opção de compra 25 -11-19x6 Valor do premio 24-4-19x7 R$ 10.800 R$ 11.711 Valor do contrato em reais R$ 1.053.500 R$ 1.100.000 Valor do contrato em dólar US$ 1.000.000 Custo efetivo projetado *** US$ 1.000.000 1,0646% no período ou 2,6 a.a. Pode se observar que o valor contratado da opção , em US$ , é de US$ 1.000.000 em 25.11.19x6 e em 25.04.1.9x7 . O valor do premio , de R$ 10.800 em 25.11.19x6, equivale a R$ 11.711, em 25.04.19x7 . O valor do contrato de opção de compra , de R$ 1.053.500 , equivale a R$ 1.100.000 em 25.4.19x7 . O custo efetivo da operação é de 1,0646% ( R$ 11.711/R$ 1.100.000 = 1,0646%) no período de 151 dias , equivalente á taxa efetiva de 2,6% a.a. CUSTO DE SWAP Em 25.11.19x6 , as condições e premissas do mercado financeiro , para operação de swap de taxa de juros contra taxa de variação cambial , são as seguintes : a) Posição ativa (valor a receber) : 13 Variação cambial + 8,40% a.a.: Variação cambial estimada do período : 4,4139 Taxa de juros linear do período de 25.11.19x6 a 25.4.19x7 (151 dias ) :3,5233% b) Posição passiva (valor a receber) : Taxa efetiva prefixada de 21.30% a.a. ou taxa diária acumulada De CDI do período de 25.11.19x6 a 25.4.19x7. Taxa de juros prefixada do período 8,4364% Esse instrumento financeiro também é contratado em moeda local. Para fazer a proteção cambial sobre o valor de US$ 1.000.000, que vence em 25.04.19x7, a empresa não precisa contratar operação nesse valor , pois ele é um valor futuro que inclui juros . O valor da operação que deve ser contratado é de US$ 965.966 (US$ 1.000.000/1,035233 = US$ 965.966) , equivalente a R$ 1.017.645, que é o valor futuro de US$ 1.000.000 descontando com a taxa de juros do período . Com esses dados , pode-se projetar o resultado financeiro da operação em 25.4.19x7, como segue. Posição ativa (valor a receber) Valores em R$ VC + juros : R$ 1.017.645 ( 1,044139 x 1,035233 – 1 ) Posição passiva ( valor a pagar )Juros 82.355 R$ 1.017.645 x 8,4364% (85.853) Diferença a receber(pagar) (3.498 )Resumo da operação de Swap 25 -11-19x6 Diferença a pagar *** 24-4-19x7 R$ 3.498 Valor do contrato em R$ R$ 1.017.645 R$ 1.100.000 Valor do contrato em US$ US$ 965.966 US$ 1.000.000 Custo efetivo projetado *** 0,3189% no período ou 0,8% 14 Os juros em dólar são calculados sobre o valor contratado em R$ reajustado pela variação cambial . O custo efetivo projetado da operação é de R$ 3.498. Em percentual , e de 0,3180% ( R$ 3.498/1.100.000 =0,3180) no prazo de 151 dias , equivalente á taxa efetiva de 0,8% a.a. 15