1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ AMANDA CONRADO PEREIRA MARKETING EM IES’S PUBLICAS: ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DA IMAGEM DA UECE COM O AUMENTO DAS VAGAS REMANESCENTES FORTALEZA – CEARÁ 2011 2 AMANDA CONRADO PEREIRA MARKETING EM IES PUBLICAS: ESTUDO SOBRE A RELAÇÃO DA IMAGEM DA UECE COM O AUMENTO DAS VAGAS REMANESCENTES Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Administração de Empresas do Centro de Estudos Sociais Aplicados da Universidade Estadual do Ceara, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Administração. Orientador: Prof. Dr. Hermano José Batista de Carvalho FORTALEZA – CEARÁ 2011 3 AMANDA CONRADO PEREIRA MARKETING EM IES PUBLICAS: Estudo sobre a relação da imagem da UECE com o aumento das vagas remanescentes Monografia apresentada ao curso de graduação em Administração de Empresas do Centro de Estudos Sociais Aplicadas da Universidade Estadual do Ceará como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Administração de Empresas. Aprovada em: _____/12/2011 ________________________________ Prof. Dr. Hermano José Batista de Carvalho Universidade Estadual do Ceará 4 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar a Deus por ter me permitido ultrapassar a todos os obstáculos encontrados na minha trajetória durante o curso de Administração de empresas da Universidade Estadual do Ceara. Aos meus pais, Sr. Mozart Odorico Pereira Filho e Sr.ª Antonia Conrado de Oliveira Pereira, pela sua proteção e carinho com que me dedicaram suas incansáveis noites de vigília. E a minha irmã Gabriela Conrado Pereira. Aos meus bons mestres e ao meu orientador pelo exemplo de paciência e profissionalismo a qual me foi dispensado. A todos os colaboradores da Universidade, em especial à coordenadora do DEG e ao presidente da Comissão Verificadora do Vestibular que me forneceram os dados para realização da pesquisa. E aos alunos entrevistados, que mesmo em sigilo contribuíram imensamente para este trabalho. Dedico também, ao no momento, meu noivo João Paulo pelo companheirismo incondicional durante toda esta empreitada. 5 “A verdade está lá fora...” (Chris Carter) 6 RESUMO Este estudo esta no âmbito do marketing de Instituições sem fins lucrativos, especificamente uma instituição de ensino superior: a Universidade Estadual do Ceará. Colocando um problema em particular em foco: os alunos que são aprovados no vestibular, mas não se matriculam. Este estudo é relevante ao ponto que no vestibular de 2011.2 houve um numero considerável de vagas remanescentes oriundas dessas desistências. Evidenciando um problema aparente e que é desejado verificar sua relação com a imagem da Universidade. As causas e os impactos. Para tal realizou-se uma pesquisa qualitativa por meio de entrevistas com tais alunos desistentes. Na qual se constatou que a principal causa dessa desistência não é a imagem da Universidade, mas que esta é vista negativamente por parte considerável dos entrevistados e que vários problemas corroboram para esta imagem negativa. Portanto, a causa da desistência não é a imagem e sim e sim outros fatores apontados no estudo. Espera-se que trabalhos posteriores possam explorar com maior profundidade algumas questões relevantes detectadas nesta pesquisa. Palavras- chave: Universidade Pública. Vagas remanescentes. UECE. Imagem. 7 ABSTRACT This study is in the marketing of non-profit institutions, specifically a higher education institution: State University of Ceará. Placing a particular problem in focus: Students who are approved for college, but not enrolled. This study is relevant to the point that the vestibular 2011.2 there was a considerable number of vacancies remaining from these withdrawals. Showing an apparent problem and it is desired to verify its relationship with the image of the University. The causes and impacts. To this end we carried out a qualitative research through interviews with such Aboriginal students. In which it found that the main cause of withdrawal is not the image of the University, but this is viewed negatively by the respondents and that a considerable number of problems to corroborate this negative image. Therefore, the cause of the withdrawal is not the image but others pointed out the study, it is expected that further work to identify the effects of withdrawal for UECE. Also you can give an overview about the visibility of the University before your potential audience Key-words: University Public. Places remaining. UECE. Image 8 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS.................................................................................. 9 LISTA DE GRÁFICOS................................................................................ 9 LISTA DE QUADROS................................................................................ 9 LISTA DE ABREVIATURAS...................................................................... 10 1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 11 1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA................................................................ 11 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO.......................................................................... 14 2 REVISÃO LITERÁRIA................................................................................ 16 2.1 MARKETING............................................................................................... 16 2.2 MARKETING DE SERVIÇOS..................................................................... 20 2.3 MARKETING DE SERVIÇOS EM EMPRESAS PÚBLICAS....................... 25 2.4 IMAGEM EMPRESARIAL.......................................................................... 28 3 METODOLOGIA........................................................................................ 33 4 RESULTADOS.......................................................................................... 35 4.1 4.4 PERCEPÇÃO DOS VALORES NECESSÁRIOS PARA UMA UNIVERSIDADE DE QUALIDADE........................................................................................................................ OS PONTOS POSITIVOS E OS NEGATIVOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ.................................................................................................................................. AS FORMAS DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE COM SEUS PÚBLICOS E A PERCEPÇÃO DA IMAGEM.............................................................................................. DESISTÊNCIA DO CURSO A QUAL PRESTOU VESTIBULAR................ 5 CONCLUSÕES.......................................................................................... 47 4.2 4.3 35 38 42 44 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 48 APÊNDICES............................................................................................. 50 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1: A base da excelência do marketing de serviços.................................................23 Figura 2: A influencia do valor no processo de excelência do marketing de serviços....24 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Crescimento das IES públicas e privadas de 2000 a 2009................................12 Gráfico 2: Crescimento das vagas remanescentes dos cursos do CESA no período de 2009.1 a 2011.2...............................................................................................................14 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Escala de tangibilidade/intangibilidade de produtos e serviços.........................22 Quadro 2: Quadro comparativo entre 4P´s e 4C’s..............................................................29 Quadro 3: Metas estratégicas da comunicação de marketing.............................................30 Quadro 4: Legenda dos entrevistados por curso.................................................................35 Quadro 5; Percepção de fatores de qualidade numa IES...................................................35 Quadro 6; Pontos positivos e pontos negativos da Uece....................................................38 Quadro 7; Comunicação e imagem da UECE.....................................................................42 Quadro 8; Motivos da desistência do curso.........................................................................44 Quadro 9: Motivos da inscrição no vestibular e o da desistência do curso em 2011.2......46 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEFET Centro Federal de Educação Tecnológica CESA Centro de Estudos Sociais e Aplicados CEV Comissão Verificadora do Vestibular DEED Diretoria de Estatísticas Educacionais DEG Departamento de Ensino e Graduação IES Instituição de Ensino Superior INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais MEC Ministério da Educação e da Cultura UECE Universidade Estadual do Ceará UFC Universidade Federal do Ceará UNIFOR Universidade de Fortaleza 11 1 INTRODUÇÃO O objeto do presente estudo é um fenômeno que vem ocorrendo com freqüência na Universidade Estadual do Ceará: o crescimento do numero de vagas remanescentes oriundas da chamada dos classificados nos vestibulares ocasionada pela desistência desses alunos da vaga pretendida. Tendo em vista que esses alunos são os clientes da Universidade, é importante constatar o motivo dessa desistência. Parte-se, ainda, do pressuposto que esta problemática tenha relação com a imagem da Universidade, configurando, assim, uma questão de Marketing. Não foram encontrados estudos nacionais com o mesmo propósito. Portanto, torna-se necessário o estudo deste caso para entender que mudanças ocorrem nas Universidades públicas e que determinam essas desistências. Esse estudo será realizado por meio de uma pesquisa qualitativa pois dessa forma pode-se detectar com mais fidelidade a subjetividade do entrevistado e identificar elementos antes não percebidos. Além de que é o melhor método para se obter um conhecimento prévio de uma problemática na qual não se tem uma hipótese estabelecida. 1.1 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA O que mostra a observação do cenário da educação superior atual é que as Instituições públicas de Ensino Superior estão perdendo espaço, ou mercado se considerarmos as relações de troca existentes. Tal dedução pode ser confirmada de acordo com dois fatores abaixo. Primeiramente no que tange ao número de alunos. Dados apurados pelo MEC/INEP/DEED mostra que dos 3.479.913 estudantes do ensino superior em 2004, 2.428.258 são de instituições privadas e 1.051.655, menos da metade, das públicas. Segundo: a predominância e expansão das IES privadas. Segundo Valdemar Sguissardi: O número de IES privadas, e em especial privadas com fins lucrativos, está aumentando muito mais do que o das IES públicas: de 1994 a 2000, para um aumento total de 38% do número de IES no país, o das IES 12 privadas cresceu 58% e o das IES públicas diminuiu 23% [...] (SGUISSARDI, 2008, p.258). Dados obtidos pelo INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – mostram esta evolução ao longo do período de 2000 a 2009. Gráfico 1: Crescimento das IES públicas e privadas de 2000 a 2009 Fonte: Resumo Técnico do Censo do Ensino Superior 2009 – Censo da Educação Superior MEC/INEP/DEED. De acordo com o INEP (2010), o número de instituições públicas cresceu 3,8% de 2008 para 2009 enquanto o numero de instituições privadas cresceu 2,6%. Apesar de ambas apresentarem a mesma tendência, as instituições privadas continuam predominantes na educação superior, com 89,4% do número total de IES. Além desta situação, existente em universidades públicas, outros fatores são observados com relação a elas: os problemas que lhes assolam. Para Afonso Carvalho em seu estudo sobre os problemas do ensino superior: O nosso ensino superior, 68,4% em universidades, enfrenta sérios problemas e desafios; as grandes diferenças regionais, a pressão por aumento de vagas, a contribuição para o desenvolvimento tecnológico e inovação, a necessidade de expansão e atualização da pesquisa, a elevação dos padrões de qualidade, os custos elevados e a conquista da autonomia didático-administrativa e financeira são suficientes para dar uma idéia das dificuldades que precisam ser enfrentadas em curto prazo se se quiser evitar uma decadência que, para muitos, já é visível (SILVA, 2001, p.269). 13 Confrontando o atrofiamento do mercado das universidades públicas com os problemas enfrentados por elas podemos deduzir uma relação de causalidade entre os dois eventos. E a comprovação de tal, se torna uma questão a ser respondida. Dentro destas problemáticas vividas pelas Instituições de Ensino Superior encontramos certos eventos que têm como personagem o aluno. Neste trabalho, considerado como cliente/consumidor. Pode-se destacar a evasão dos alunos dos cursos de graduação. Tal situação é recente e não possui muitos estudos para seu entendimento. “Na verdade, a evasão de alunos dos cursos de graduação das universidades brasileiras ainda não foi tratada com o rigor e o empenho analítico necessários ao seu entendimento” (CUNHA et al, 2001, p.2). Além da evasão, existe outra problemática, próxima a esta, pois também há, de certa forma o abandono ou desprezo de um vestibular (BARROSO; FALCÃO, 2003): o surgimento de vagas remanescentes. O que seriam essas vagas remanescentes? Após o vestibular, são chamados os alunos classificados, no limite das vagas existentes. Quando por algum motivo esse aluno desiste de sua vaga e nem sequer se matricula a vaga é chamada de remanescente e será disponibilizada para os classificáveis (aqueles que passaram, mas não dentro das vagas limite). Na Universidade Estadual do Ceará esse evento vem se tornando recorrente. Segundo gráfico abaixo, sintetizado por meio de informações extraídas de levantamentos da própria Universidade através do Departamento de Ensino e Graduação – DEG. 14 Crescimeto de vagas remanescentes 2009.1 a 2011.2 160 142 140 120 111 100 80 122 89 78 64 60 40 20 0 Crescimeto de vagas remanescentes 2009.1 a 2011.2 Gráfico 2: Crescimento das vagas remanescentes dos cursos do CESA (Administração, Serviço Social e Contabilidade) no período de 2009.1 a 2011.2 Fonte: Elaborado pela autora. Aparentemente este ocorrido não causa muitos danos à Universidade, pois certamente outros alunos ocuparão essas vagas remanescentes. Mas o que é desejado neste trabalho é entender o que causa esta desistência e se tal fato se constitui como um problema de Marketing: qual a ligação dessa desistência com a imagem da Universidade, tendo em vista seus problemas decorrentes de uma Instituição prestadora de serviços e pública. 1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO Objetivo Geral: Estudar se a razão da desistência geradora de vagas remanescentes tem relação com a insuficiente pratica de marketing da UECE, o que conseqüentemente interfere na sua imagem. Objetivos Específicos: Estudar conceitos que se relacionem com o tema de estudo: Teorias de Marketing, Marketing de Serviços, Serviços em empresas públicas e imagem empresarial. 15 Investigar junto aos alunos causadores das vagas remanescentes, os motivos os levaram a desistência. Contribuir para o entendimento da Universidade sobre os benefícios das práticas de Marketing de forma sistêmica, como o fortalecimento da marca institucional (imagem). Além desta parte introdutória, este trabalho conta ainda com quatro outros blocos. No Bloco 2, discorre-se sobre a base teórica que o fundamentou. No Bloco 3, explicita-se a Metodologia utilizada, para no Bloco 4 apresentar-se os resultados obtidos. Finalmente, o Bloco 5 contempla a Conclusão do estudo, ao tempo em que destaca algumas questões relevantes detectadas que podem servir de ponto de partida para novas pesquisas. 16 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 MARKETING Marketing é uma palavra anglo-saxônica derivada do latim mercari, que significa comércio, ato de mercar, trocar, comercializar, transacionar. Traduzido no Brasil passou a ser sinônimo de mercado e no meio acadêmico de mercadologia. (TAVARES, 2003, p. 36). Existem algumas formas de se perceber o marketing. Silveira (1992) definiu três maneiras: Filosofia de marketing: “entende-se esta filosofia como atitude ou orientação adotada pela organização no sentido de direcionar suas atividades em processo continuo de identificação e satisfação de necessidades de mercado”; Função de marketing: “o objetivo de estabelecimento de trocas voluntarias de valores entre a organização e seu mercado.” e Administração de marketing: [...] conjunto de atividades administrativas onde as ações se voltam para a obtenção de objetivos preestabelecidos, tendo como base as necessidades dos consumidores e o sentido de que os produtos e serviços da organização representam os valores reais de troca para o mercado (SILVEIRA, 1992, p.33). Além dessas variantes formas de se perceber o marketing, observa-se que também são muitas as maneiras, que surgiram com o tempo, de se estabelecer o escopo de marketing, talvez por conta desta multiplicidade de perspectivas em que o marketing pode ser utilizado. Ao longo do tempo o conceito e o escopo de marketing variaram: Segundo Peter Drucker (2002), Cyrus H. McCormick, em 1850, foi o primeiro a enxergar Marketing como uma função essencial e exclusiva para empresa e que a criação de um consumidor é tarefa especifica da administração. Criando instrumentos como a pesquisa de mercado, conceito de posição no mercado, políticas de preço, o vendedor moderno de serviços, peças e assistência técnica e as vendas a crediário. Quanto ao próprio conceito de Marketing, estruturando seu escopo de estudo, houve muitas mudanças de acordo com o que se priorizavam; nas organizações e as mudanças no mundo. “Desde suas origens, o marketing evoluiu ao longo do tempo 17 seguindo algumas orientações distintas, partindo do objetivo de maximizar o consumo ate o objetivo atual de maximizar a qualidade de vida” (HONORATO, 2004. p. 11). Para Drucker (2002) esta mudança foi fruto principalmente da revolução econômica americana, por volta de 1900, que, na verdade, foi em grande parte uma revolução de marketing, pois as administrações americanas assumiram a responsabilidade de um Marketing agressivo, criativo e pioneiro. Antes o departamento de vendas era voltado a produzir o máximo, hoje, produzir o que o mercado deseja. Ou seja, fazendo um paralelo entre as citações de Honorato e Drucker: temos que “maximizar o consumo” seria “produzir o máximo” e que “maximizar a qualidade de vida” seria reflexo de produzir o que o mercado deseja. O fato de o Marketing ser mutável de acordo com as variações é deduzido pela quantidade de conceitos que se formaram ao longo do tempo, e muitas vezes um mesmo autor modifica seu próprio conceito para aprimorá-lo. Um exemplo é a própria American Marketing Association que no decorrer do tempo modificou varias vezes esse conceito para adequar-lo à necessidade real. As controvérsias a respeito dos conceitos de Marketing são muitas, Cobra (1997) visualiza três principais posicionamentos por volta de 1969: David Luck instituiu que o Marketing deveria limitar-se as atividades que resultassem em transações de mercado; Philip Kotler e Sidney Levy levantaram que o Marketing deveria abranger as instituições sem fins lucrativos; William Lazer defendia que ele deveria levar em conta as mudanças verificadas nas relações sociais. Kotler (1972) também segmenta em três visões o conhecimento de Marketing. A primeira mostra a consciência tradicional de que o marketing é essencialmente um assunto de negócios. Esta é a mais difundida na mente de praticantes e do público em geral. A segunda tem aparecido entre alguns comerciantes de que o marketing é apropriado para todas as organizações que possuem clientes. E a terceira sustenta que o marketing é relevante para todas as organizações em suas relações com todos os públicos, não apenas clientes. Após esses três posicionamentos as características futuras 18 do marketing dependerão da visão particular que a maioria dos comerciantes adotarem a respeito da natureza de seu campo. Analisando e correlacionando o posicionamento dos autores mostrados por Cobra com a divisão dos três níveis de conhecimento de Kotler, percebemos que são análogos. Nos primeiros conceitos há uma ligação do Marketing com vendas, nos segundos o Marketing está ligado a troca que para Kotler (1972) é a ação de obter um objeto ou serviço desejado fornecido por alguém, oferecendo-lhe alguma coisa em troca. Não se explicita a idéia de quantidade monetária. E nos terceiros o Marketing está ligado com as relações com todas as pessoas, não apenas clientes, ou seja, com a sociedade. Podemos portando enquadrar alguns conceitos de acordo com essas visões analisadas. Primeiramente entendemos o Marketing como sendo relacionado à venda, com um foco bastante comercial. Por exemplo: Stan Rapp e Tom Collins autores de Maximarketing fazem três apontamentos acerca do Marketing: Todo Marketing deve ser bem sucedido em satisfazer as necessidades e vontades dos compradores em potencial, seja consciente ou inconscientemente. Todo Marketing deve realizar a venda convertendo o interesse do comprador em potencial em intenção de compra e compra real E quase todo Marketing deveria tentar desenvolver uma relação continua com o comprador após a primeira venda, encorajando compras adicionais e fidelidade permanente (RAPP; COLLINS apud COBRA, 1992, p. 35). Drucker (2001) mostra como o desenvolvimento do Marketing em uma organização é capaz de determinar o sucesso de suas vendas e o conseqüente lucro. Ele fala que uma empresa necessita de um objeto de Marketing, pois “uma empresa deve ter capacidade para criar um cliente” e ainda que o Marketing aliado a Inovação são áreas fundamentais para o estabelecimento dos objetivos. E que as chama de funções de empresarização: “É nessas duas áreas que a empresa obtém seus resultados. É pelo desempenho e contribuição delas que o cliente paga” (DRUCKER, 2001, p.1). Saltando para o terceiro posicionamento tratado acima, derivado da comparação de Cobra e Kotler vemos o foco do Marketing saindo de vendas para questão ligadas ao relacionamento. Novos conceitos vão sendo criados e percebe-se um pouco de mudança no foco da ciência: não só vender produtos, mas, também, ganhar relacionamentos duradouros e liderança de mercado. Entra a importância das relações entre os indivíduos acima da venda. Regis McKenna traduz esse novo conceito quando diz: 19 [...] o objetivo real do Marketing é ganhar o mercado – não apenas vender produtos. Significa pensar em sua empresa, sua tecnologia e seu produto de forma diferente começando pela definição de onde pode estar sua liderança; porque em Marketing, o que lidera ganha. Liderar é ganhar (MCKENNA apud TAVARES, 2003, p.41). Vemos, também, neste conceito da American Marketing Association: Marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para clientes, bem como a administração do relacionamento com eles de modo que beneficie a organização e seu publico interessado (KOTLER, 2006, p. 45). Alem do conceito de troca, introduzido por Kotler como sendo objetivo de estudo do Marketing. [...] o marketing é a analise, o planejamento, a implementação e o controle de programas cuidadosamente formulados e projetados para propiciar trocas voluntarias de valores com mercados-alvo, no propósito de atingir os objetivos organizacionais. Depende intensamente do projeto da oferta da organização, em termos das necessidades e desejos dos mercadosalvo, e no uso eficaz da determinação de preço, da propaganda e da distribuição, a fim de informar, motivar e servir os mercados (KOTLER, 1978, p. 20). Neste fragmento Kotler faz sete observações acerca do novo conceito. Vê Marketing como: 1. Processo gerencial envolvendo a analise, planejamento, implementação e controle; 2. Marketing como programas formulados e não como ações causais; 3. Objetivando trocas voluntarias de valores; 4. Seleção de mercados-alvo em vez de querer ganhar todos; 5. Alcançar os objetivos organizacionais, não o lucro; 6. Oferta produto, serviço ou idéia que esteja de acordo com os desejos do mercado alvo e 7. Mistura do composto de Marketing. Percebe-se ate aqui que muitos outros fatores estão envolvidos no escopo de Marketing, não somente a “venda” aliada a sua “publicidade ou propaganda” visando o “lucro” de um “produto outorgado”. Abrem-se novos horizontes para esta ciência e submetida a ela estão instituições que antes não praticavam estratégias em marketing. O Marketing Social foi uma expressão encontrada por Philip Kotler e Gerald Zaltmen que marca claramente uma evolução desse escopo de Marketing. Em 1971 definiram: A criação, implementação e controle de programas calculados para influenciar a aceitabilidade das idéias sociais e envolvendo considerações de planejamento de produto, preço, comunicação, distribuição e pesquisa de marketing (KOTLER; ZALTMEN apud COBRA, 1997, p. 24). 20 Neste conceito percebe-se que o Marketing não é, mais, somente a relação resultante de operações financeiras, mas algo além é a aquisição de uma idéia dando abertura para a inserção do Marketing em todas as organizações, inclusive as “sem fins lucrativos” que são objeto deste estudo. Para Kotler (1978) essa visão de marketing como processo social – que é mais usada por aqueles que estão interessados em valores sociais e em políticas públicas - não é tão “adequada para gerentes e administradores e que enfrentam problemas de marketing demasiadamente práticos”. Como é o caso dos gestores em organizações que não visão o lucro. O segundo posicionamento apontado trata da definição de Marketing para as empresas sem fins lucrativos que agora também o praticavam. Para essas instituições, destaca-se alem do conceito de troca ao invés de venda, a inclusão do termo “valor” junto a “produto” como sendo bem de troca. Nestas organizações “podemos definir o Marketing como o processo social e gerencial através do qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam, criando e trocando produtos e valores uns com os outros” (KOTLER; ARMSTRONG, 1995, p. 3). Pode-se observar a gradual evolução dos conceitos de marketing até inserir em seu escopo as empresas sem fins lucrativos e que será objeto de estudo neste trabalho no terceiro bloco. 2.2 MARKETING DE SERVIÇOS No Brasil o setor de serviços é bem expressivo: “respondeu, em 2009, por 68,5% do PIB e por mais de 70% dos empregos formais e foi o que recebeu a maior parte dos investimentos estrangeiros diretos no país”. Para o Secretario de Comercio e Serviços, Edson Lupatini, este setor é o que mais cresce no Brasil e que tem maior potencial de crescimento. Assim como seu crescimento a atividade em si merece atenção especial (NUNES, 2010). Portanto, em um primeiro momento é necessário entender o que é serviço. Ao distingui bens e serviços, Rathmell considerou que um bem é um objeto, um artigo, um artefato ou um material. Já serviço seria uma ato, ação, esforço ou desempenho. (RATHMELL apud LAS CASAS, 1991). Para Lovelock e Lauren serviço seria: 21 Ato ou desempenho oferecido por uma parte ou outra. Embora o processo possa estar ligado a um produto físico, o desempenho é essencialmente intangível e normalmente não resulta em propriedade de nenhum dos fatores de produção (LOVELOCK; LAUREN, 2003, p.5). Ou ainda, Serviços são atividades econômicas que criam valor e fornecem benefícios para clientes em tempo e lugares específicos, como decorrência da realização de uma mudança desejada no- ou em nome dodestinatário do serviço (LOVELOCK; LAUREN, 2003, p.5). Segundo a Associação Americana de Marketing, serviços são “aquelas atividades, vantagens ou mesmo satisfações que são oferecidas à venda ou que são proporcionadas em conexão com a venda de mercadorias” (AMA apud LAS CASAS, 1991, p.15). Neste conceito verifica-se que o serviço pode ser oferecido ao cliente de forma isolada ou agregado a um produto. Quando os serviços são agregados ao produto eles são estrategicamente oferecidos como forma de ganhar a preferência do consumidor, dá a ele algo mais que só o produto. Palmieri corrobora: “serviços são esforços e ações criadas no intuito de otimizar a venda, de maneira a causar o encantamento do cliente e, assim, diferenciar-se da concorrência” (PALMIERI apud MATOS, 1998, p. 15). Quanto ao serviço oferecido de forma isolada, Las Casas afirma que alguns autores evidenciam a imagem e a administração da evidencia como forma de diferenciação. “Os serviços profissionais dependem destes fatores para se desenvolverem, uma vez que não possuem uma parte mais tangível para ser apresentada ao cliente” (LAS CASAS, 1991, p. 24). Neste excerto o autor mostra que o produto possui uma forma palpável, fácil de ser analisada e criticada, já o serviço não possui, sendo, portanto, dependente de sua imagem para conquistar a preferência do consumidor. Mais adiante será explicitada a intangibilidade como característica inerente ao serviço. Cada serviço apresenta suas características especificas, e por tal, surgem classificações dos serviços como um esforço de agrupá-lo de forma a encontrar um aspecto em comum entre os vários grupos existentes (LAS CASAS, 1991). Las Casas classifica os serviços de acordo com: os esforços de compra do consumidor, durabilidade, intangibilidade e compromisso. Para KOTLER quatro fatores se agregam ao serviço: 1. Intangibilidade – o fato e não puder ser tocado ou medido facilmente; 2. Variabilidade - a qualidade deste depende de quem os fornece, onde, quando e como; 3. Inseparabilidade - não podem ser separados de seus fornecedores e 4. 22 Perecebilidade - não podem ser armazenados para venda ou uso posterior (KOTLER, 2004) Analisando a intangibilidade do serviço Lovelock (apud LAS CASAS, 1991) segmenta certos produtos de acordo com seu grau de intangibilidade. Quadro 1: Escala de tangibilidade/intangibilidade de produtos e serviços. FONTE: Las Casas. Marketing de serviços, 1991. p. 22. Depois de delimitar o conceito de serviço, pode-se indagar: Marketing de Serviços é diferente do Marketing dos bens? Esta pergunta também foi feita por Theodore Levitt em sua obra “A Imaginação de Marketing” e a resposta encontrada foi clara: “os princípios podem ser os mesmos, mas a tradução prática pode ser profundamente diferente” (LEVITT, 1991, p.105). O autor defende que qualquer mecanismo de marketing direcionado para o produto pode ser adaptado para o serviço, considerando suas especificidades. Com Berry e Parasuraman pode-se perceber a estreita relação entre o conceito de serviços e o de marketing de serviços: “a essência do marketing de serviços é o serviço” e que a qualidade deste é a base daquele. O composto mercadológico para o serviço não funcionará adequadamente se não houver qualidade. E ainda, “marketing de serviços eficaz é um sólido conceito de serviço bem-feito, um serviço desejado perfeitamente executado” (BERRY; PARASURAMAN, 1992, p.16). Aliando este exceto ao que cita Las Casas mais acima podemos deduzir que uma boa imagem de um serviço 23 pode ser conseguida através da qualidade deste, e esta pode ser a estratégia de Marketing para conquistar o cliente. Focar na excelência é uma forma de obter esta qualidade. Quando uma empresa presta um serviço de modo descuidado, quando comete erros possíveis de evitar, quando deixa de cumprir promessas sedutoras feitas para atrair clientes, ela estremece a confiança do cliente em suas capacidades e abala suas chances de obter reputação pela excelência do serviço (BERRY; PARASURAMAN, 1992, p.29). A confiabilidade surge como principal critério de avaliação, pelos clientes, da qualidade do serviço de uma empresa. Confiabilidade seria “a capacidade de prestar o serviço prometido de modo confiável e com precisão. Alem da confiabilidade o cliente avalia os tangíveis – a aparência física do local e pessoal prestador do serviço; a sensibilidade a segurança e a empatia dos funcionários (BERRY; PARASURAMAN, 1992, p. 30). Fato que merece ser apontado é que esses critérios de avaliação são intrinsecamente ligados à quem presta o serviço. Sintetizando tal idéia pode-se afirmar que “a confiabilidade é a essência da qualidade do serviço, que, por sua vez, é a base da excelência do marketing de serviços” (BERRY; PARASURAMAN, 1992, p. 30). Na figura abaixo se coloca três elementos em que a excelência no marketing de serviços possibilita uma qualidade percebida no serviço, fator que dissemina sentimento de confiabilidade no cliente. Excelência do marketing de serviços . Serviço de alta qualidade Confiabilidade do serviço Figura 1: A base da excelência do marketing de serviços. Fonte: Adaptado de BERRY; PARASURAMAN, 1992, p. 31 24 No conceito de serviços traçado por Lovelock, no começo deste capitulo, salienta-se a questão: valor. De fato que seria este valor? Seria este que captado pelo consumidor determina a escolha? Lovelock e Lauren dizem que este valor é criado por uma empresa quando elas conseguem oferecer o serviço satisfazendo as necessidades do cliente mostrando a capacidade de têm de realizar de maneira agradável e conveniente e por um preço justo. E complementam “as empresas precisam de um conjunto de valores moral e legalmente defensáveis para guiar suas ações e moldar seus procedimentos com os funcionários e também com os clientes” (LOVELOCK; LAUREN, 2003, p.26). Vale salientar que quando este valor passado ao cliente ou funcionário é insuficiente ou ruim “mais cedo ou mais tarde [...] tende a se reverter em prejuízo para a empresa” (LOVELOCK; LAUREN, 2003, p. 26). Para Kotler (2000) o valor percebido seria a diferença que o cliente potencial faz de todos os benefícios e custos relativos ao produto ou serviço e as alternativas percebidas. Nesse mesmo contexto, Kotler complementa a importância desse valor para uma empresa de serviços: “A retenção do cliente talvez seja a melhor medida da qualidade – a capacidade de uma empresa de serviço conservar seus clientes depende do grau de consistência com que lhes entrega valor” (KOTLER, 1998, p.68). Excelência do marketing de serviços Valor Serviço de alta qualidade Confiabilidade do serviço Figura 2: A influência do valor no processo de excelência do marketing de serviços Fonte: Modificado de BERRY; PARASURAMAN, 1992, p. 31 De acordo com os conceitos de valor, expressos acima, lhe foi incluído na figura acima como um quarto elemento, influenciando na excelência e gerando confiabilidade. Uma vez que os valores internos mostrados por Lovelock e Lauren (2003) motivam os funcionários que são a personificação do serviço de acordo com as deduções 25 feitas sobre os critérios de avaliação de um serviço de Berry e Prassuraman (1992). Esses valores internos fazem com que o funcionário produza com excelência, repassando ao cliente um serviço de qualidade, por fim o cliente confiará no serviço prestado. Estes conceitos de serviços apresentados podem ser aplicados em duas esferas: a primeira são as empresas brasileiras prestadoras de serviços. Vemos que elas são mais resistentes ao Marketing, segundo Las Casas que aponta quatro motivos: o problema da restrita definição de marketing ligando-a à propaganda ou venda pessoal; falta de reconhecimento por parte dos empresários, da importância do marketing; falta de estrutura das empresas e escassez de dados. E a segunda esfera são as empresas públicas como analisadas no próximo capitulo. Acerca da situação das empresas públicas Davidow e Daland posicionam-se: [...] uma melhoria eficaz nos serviços prestados pode ser difícil para chefes acostumados a dar ordens, mas a chave para um serviço de qualidade é minimizar a burocracia, já que ela não dá sinais de mudança em um futuro próximo, pois os grupos com as atitudes mais positivas com relação a mudanças são numericamente muito pequenos, se comparados à grande maioria do corpo administrativo, que tende, em larga escala, a compartilhar dos valores menos positivos (DAVIDOW,1991; DALAND, 1973 apud SARAIVA, Luiz; CAPELÃO, Luiz, 1999, p.2). 2.3 MARKETING DE SERVIÇOS EM EMPRESAS PÚBLICAS A administração das empresas de serviços públicos é, peculiarmente, diferente da administração das de natureza privada. Uma de suas características principais é a burocracia que, apesar de ter sido criada para garantir rapidez, qualidade e custo baixo, não gera resultados positivos para o cidadão (KLIKSBERG, 1994 apud SARAIVA; CAPELÃO, 1999). Esta realidade está sendo modificada, por conta da pressão do mercado e das políticas públicas conservadoras, para criar uma maior eficiência nessas organizações: O Estado está sendo gradativamente forçado a enfatizar o atendimento das necessidades tanto de regulação quanto dos serviços dos seus clientes/cidadãos, através de incentivos a programas de flexibilização da gestão pública, tornando sua máquina administrativa mais barata, ágil e receptiva à inovação gerencial e à autonomia administrativa (SILVA, 1994 apud SARAIVA; CAPELÃO, 1999, p.2). É percebido, então, que a real função destes serviços públicos é o de atender as necessidades de seus clientes que no caso são os cidadãos que se utilizam deles. 26 Ribeiro e Francisconi comentam o posicionamento de Walsh acerca do assunto usuário/consumidor do serviço público que deve ser entendido como o cidadão, e que a psicologia e conseqüente decisão deste se difere da do consumidor. “O marketing de serviços públicos deverá se dedicar a desenvolver uma psicologia do cidadão que poderá ser confrontada com a do consumidor”. No entanto os serviços privados são avaliados e medidos pela eficiência e lucratividade já os serviços públicos pelo controle democrático e justiça. “Assim, a legitimação do Estado depende não apenas da efetiva oferta de serviços, mas também do mútuo comprometimento entre cidadãos e governo” (WALSH 1994 apud RIBEIRO; FRANCISCONI, [2000?], p.1). Além disso, destacam: Walsh (1994) também minimiza de certa forma a importância do marketing em relação a todo o conjunto de recursos utilizados na administração pública. Para ele, nas esferas do governo, o marketing não deve estar à frente da definição de missão e decisões estratégicas, como nas organizações privadas, pois isto é matéria que deve ser determinada via mecanismos democráticos e, assim, deve estar sujeita às decisões políticas (RIBEIRO; FRANCISCONI, [2000?] p. 1). Vê-se, portanto que nas instituições publicas o marketing sofre influencias diferentes das de uma organização privada. As decisões políticas modificam o rumo dos objetivos. Portanto “o propósito de Marketing é alcançar os objetivos organizacionais. No setor comercial, o principal objetivo é o lucro. No setor não comercial é geralmente declarado em termos de interesse publico” (Kotler, 2000, p.18). E por saber que este interesse público advêm do cliente/cidadão é que “os administradores das organizações que não visam lucro estão ficando cada vez mais conscientizados da relevância potencial da disciplina de marketing para resolver seus problemas” (KOTLER, 2000, p 19), pois é através desta que poderá conhecer as necessidades de seu público alvo. Mas nessas organizações o marketing não é empregado de forma integral, apenas algumas ferramentas que muitas vezes podem não surtir os efeitos esperados quando fora de um planejamento de marketing: Há algumas décadas, com o desenvolvimento do gerencialismo na iniciativa privada, os gestores do serviço público passaram a considerar o marketing como parte deste ferramental. Porém, de maneira geral, vê-se que o marketing tem sido operado de forma marginal, consistindo, quando muito, do uso de técnicas específicas ao invés do desenvolvimento de uma orientação para o marketing (WALSH 1994 apud RIBEIRO; FRANCISCONI, 2000 p. 1). Kotler apóia essa posicionamento afirmando que nem todas as agências públicas irão utilizar todas as atividades de marketing podendo utilizar uma ou mais técnicas, como: pesquisa de mercado, projeto, inovação, distribuição, determinação de 27 preço, comunicação e promoção, vendas e serviços aos clientes (KOTLER, 1978). Dessa forma essa atividade servirá para conquistar um determinado objetivo específico e não o objetivo geral que só pode ser alcançado pela estratégia de marketing completa. Portanto, não se pode confundir uma atividade isolada de marketing com uma orientação de marketing. Outro fator importante visualizado nas instituições sem fins lucrativos é o fato já mencionado – de ser alvo de interesse publico. Por exemplo: “Marketing não é propaganda, uma igreja, por exemplo, pode atrair um grande número de fieis sem realizar nenhuma propaganda, somente por conta dos outros elementos que apelam as necessidades do publico” (KOTLER, 1978, p. 23). Portanto, a consciência de marketing aparece involuntariamente, pois seu consumidor/cidadão possui a necessidade involuntária de usufruir do serviço. De fato, o que é observado é que as empresas sem fins lucrativos, onde se inserem as públicas, se mantêm com um estilo de marketing mínimo onde “não desempenham, conscientemente, uma função de Marketing e pressupõem que a demanda de seus produtos, crescerá simplesmente pelo fato de os estarem oferecendo, ou porque os estão oferecendo bem” (KOTLER, 1978, p. 23). Apesar das discussões, muitos autores ressaltam a relevância do marketing nessas organizações. Lovelock e Lauren acreditam que a situação esta mudando e que o Marketing para Instituições públicas e sem fins lucrativos está sendo utilizado como forma de obtenção de novas fontes de renda. Falam que devido às pressões financeiras sofridas estas organizações estão: [...] não só cortando custos e desenvolvendo operações mais eficientes, mas também prestando mais atenção as necessidades do cliente e as atividades de concorrência. Na busca de novas fontes de renda muitas organizações não empresariais estão desenvolvendo uma orientação de Marketing mais forte [...] (LOVELOCK; LAUREN, 2003, p. 32). Kotler (1978, p. 334) anuncia que se as empresas públicas desejam operar tranquilamente, receber fundos e apoio adequado e evitar más relações com a imprensa, necessita ter maior atenção ao seu nível de serviço prestado a cada um de seus públicos. Ele chama a cada órgão público de agência, e dividi-las em quatro tipos: empresarial produz bens e serviços para venda, de transferência – efetua transferências unilaterais de dinheiro, de intervenção – regula a liberdade de algum grupo a fim de promover o interesse público, e de serviço – produz e dissemina serviços sem cobrança direta aos usuários. 28 Kotler (1978, p. 335) explica que as agências do governo realizam as funções tradicionais de marketing (análise de mercado, projeto de serviço, distribuição, comunicação e promoção), “a única função tradicional de marketing que elas não realizam é a determinação do preço, porque o usuário não é cobrado diretamente pelo serviço.” E que seus usuários poderão pagar como contribuintes de impostos e não como usuários. Em síntese o que se deseja para uma organização, seja com ou sem fins lucrativos, é que atenda as reais necessidades de seu público: O conceito de marketing, entretanto, não se ampliou apenas no sentido e sua aplicação em organizações não lucrativas. Ao longo do tempo, incorporou uma conotação ainda mais ampla, voltada para o bem-estar público em longo prazo, onde as organizações lucrativas ou não lucrativas, deveriam se tornar mais sensíveis às necessidades e interesses de grupos de consumidores, buscando a satisfação de propósitos sociais elevados (SILVEIRA, 1992, p.34). 2.4 IMAGEM EMPRESARIAL Para se entender como se estabelece uma imagem empresarial é necessário, primeiramente, elucidar um elemento que alguns autores elencam junto ao chamado composto de marketing: a comunicação. O composto de marketing é um dos aspectos da estratégia de ação em marketing (SILVEIRA, 1992) e que, segundo Bispo (2008): Desenvolvido por Jerome Carthy corresponde aos quatro fatores a seguir: produto, preço, ponto de venda e promoção, que são o mínimo com o que qualquer organização deve preocupar-se para atender às necessidades e os desejos de sua clientela e, conseqüentemente, obter sucesso no mercado (BISPO, 2008, p.25). Esses quatro elementos citados acima são comumente, chamados de 4P’s. Mas, Cobra (1992) cita, ainda, os 4C’s de Robert Lauterborn que seriam: cliente, conveniência, comunicação, custo. E, relaciona-os: 29 4 P’s 4C’s Produto Cliente Ponto Conveniência Promoção Comunicação Preço Custo Quadro 2: Quadro comparativo entre 4P´s e 4C’s Fonte: Cobra: 1992.p.62 Especificamente sobre a comunicação, Cobra (2004) cita que “são considerados todos os mecanismos que envolvem a seleção e o relacionamento dos modelos de comunicação mais adequados para acessar e sensibilizar as pessoas inseridas no foco escolhido” (COBRA, 2004, p.109). Alguns autores como Churchill e Peter (2007) colocam a promoção e a comunicação como sinônimas, o que também é adotado pelos professores do Departamento de Mercadologia da FGV-EAESP, que consideram que o objetivo da comunicação integrada de marketing é: [...] fixar o produto na mente do consumidor; criar uma mensagem única, consistente, compreensível e crível sobre o produto; construir uma imagem de marca diferenciada e sustentável na mente do consumidor; oferecer informações e incentivos para o consumidor adquirir o produto ou serviço da empresa; e gerar atitude favorável dos diversos segmentos de publico para as iniciativas da empresa (DIAS et al, 2003, p. 272). Tendo em vista que “em geral, os profissionais de marketing utilizam a comunicação para tentar aumentar vendas e lucros ou alcançar outras metas” no que tange às estratégias de comunicação no âmbito de empresas sem fins lucrativos utilizam a comunicação para atingir suas metas (CHURCHILL; PETER, 2007, p. 445). Quinteiro fala que nos estudos acadêmicos voltados para instituições sem fins lucrativos preocupavamse com questões de gestão e marketing. “A comunicação ainda era abordada como apenas um aspecto do marketing para as entidades privadas de interesse publico.” (QUINTEIRO et al, 2006, p.41). Essas instituições mediam relações de comunicação involuntariamente, algumas executam intuitivamente por perceberem a importância da comunicação: mandam panfletos, cartazes internos, mensagens eletrônicas. Para Churchill e Peter (2007) a comunicação é empregada para atingir as seguintes metas estratégicas especificas: 30 Meta estratégica Descrição Criar consciência Informar o público sobre produtos, marcas, lojas ou organizações. Formar imagens positivas Criar na mente das pessoas avaliações positivas sobre produtos, marcas, lojas ou organizações. Identificar possíveis clientes Descobrir nomes, endereços e possíveis necessidades de compradores potenciais. Formar relacionamentos no Canal Aumentar a cooperação entre membros do canal. Reter clientes Criar valor para os clientes, satisfazer seus desejos e necessidades e conquistar sua lealdade. Quadro 3: Metas estratégicas da comunicação de marketing. Fonte: CHURCHILL; PETER, 2007, p. 446 Dentre essas metas que podem ser atingidas pela comunicação está a formação de imagens positivas. Primeiramente, percebe-se como a imagem empresarial se desenvolveu: Fonseca (1999) fala que a valorização da Imagem se acentuou a partir dos anos 60, nesta época havia supervalorização da imagem pessoal na forma de se vestir, a moda era bem peculiar. Nas artes o resgate do modernismo com supervalorização das forma e cores com temáticas ousadas. No ambiente empresarial não haveria de ser diferente: “Esse foi o momento em que as empresas de êxito descobriram que sua reputação ou imagem era muito mais importante para vender um produto/serviço do que qualquer componente específico deste” (TROUT; RIES apud FONSECA DA SILVA, 1999, p.24). Depois é necessário entender, também, o que é uma imagem empresarial. Kotler e Fox delimitam que “imagem é a soma de crenças, idéias e impressões que uma pessoa tem de um objeto” (KOTLER & FOX, 1994, p.59). Para Gomes e Sapiro: Intangível e abstrata. Assim é a Imagem Corporativa. Não pode ser tocada, vista ou medida em termos absolutos; existe somente como um conceito na cabeça das pessoas. Mas, ainda assim, trata-se de um dos ativos mais preciosos que uma organização pode obter (GOMES; SAPIRO, 1993, p. 84). Por outro lado: [...] a formação de imagem para a marca é uma das principais funções da comunicação de marketing”. “a imagem da marca pode ser entendida como o conjunto de percepções, crenças, idéias e associações cognitivas ou afetivas que uma pessoa tem sobre um produto e que condiciona suas atitudes e seu comportamento de consumo (DIAS et al, 2003, p. 273). 31 Valério e Pizzinatto (2003) analisam os conceitos de imagem institucional e organizacional tratadas por Giangrande (1995): A imagem institucional é elaborada à medida que um grupo de pessoas constrói uma instituição: o objetivo dela, seu modo de trabalho, o tratamento que dá ao funcionário e ao fornecedor contribuem para expressar sua auto-imagem, que depois se tornará a imagem institucional, e essa, por sua vez, indicará a escala valorativa e ética da entidade. Já imagem organizacional pode ser definida como sendo a imagem natural, espontânea, fruto de uma expectativa ou de uma demanda de troca (GIANGRANDE apud VALERIO, PIZZINATTO, 2003, p.29) Por sua vez, Iasbeck oferece o seu conceito de imagem para os estudos organizacionais: [...] a imagem que se forma na mente do receptor a partir de seu contato com o discurso da empresa, considerados todos os elementos significativos que aí interagem: informações verbais e não-verbais estocadas na memória, captadas pelos órgãos dos sentidos e percebidas seletivamente segundo a intensidade dos estímulos externos e das necessidades internas, individuais ou coletivas (IASBECK, 1999, p.2). Nesse fragmento é possível notar que as informações captadas pelo receptor/consumidor são selecionadas de acordo com alguns fatores: intensidade dos estímulos e necessidades. Em complemento Ries e Trout salientam que é necessário entender que em meio a tantas informações a mente humana só aceita parte da informação, aquela que coincide com seu conhecimento ou experiência anterior: O público, num mecanismo de defesa, supersimplifica o significado das coisas, pois é a única maneira de lidar com o constante e crescente fluxo informacional. É assim também com as empresas, que, às vezes, são percebidas pelo mercado de maneira subjetiva e superficial. Suas imagens são formadas por alguns fatores-chave considerados relevantes pelos diversos públicos, os quais, por fim, determinarão suas respectivas reputações (RIES; TROUT apud GOMES; SAPIRO, 1993, p. 85). Portanto, como afirmam Dias e seus colaboradores a impressão causada na mente do consumidor será a mensuração desta comunicação. Por conta disso, é necessário posicionar o produto na mente do consumidor e com isso criar uma imagem para o produto. Para posicionar o produto deve-se elaborar a “proposição de valor” que é “uma declaração dos benefícios e atributos a serem comunicados e da imagem objetivada para o produto ou marca.” (DIAS et al, 2003, p. 273). 32 Outros autores defendem: [...] quando produtos ou marcas possuem imagens claras, ajudam os potenciais compradores a entender o valor que esta sendo oferecido. [...] Imagens positivas podem ate criar um valor para os clientes acrescentando significado aos produtos (CHURCHILL; PETER, 2007, p. 445). O conceito de valor que um individuo tem, se relaciona com seu modo de vida. Rokeach aponta que “falar do sistema de valores de um indivíduo é referir-se a uma crença duradoura que, quando internalizada, [...] toma-se um padrão, um critério de julgamento, influenciando a imagem possuída” (ROKEACH apud GOMES; SAPIRO, 1993, p. 86). Por fim, destaque-se ainda duas considerações a fim de relacionar o estudo da imagem com outros temas de interesse neste estudo. Primeiro: a importância de uma imagem para uma empresa de serviços, pois mesmo não sendo considerado um valioso ativo, não é encontrado nos balanços da empresa. E, caso seja gerenciada de forma eficaz: [...] pode ter uma importância estratégica para o desenvolvimento dela, reforçando seu vínculo com os clientes. Principalmente nas empresas prestadoras de serviços, a imagem corporativa percebida é muitas vezes a única parte tangível do serviço, sendo um fator determinante para a escolha da organização (MOTTA, 2000, p.51). Em segundo lugar, Cobra (2004) confronta os conceitos de imagem com as instituições de ensino superior, os quais devem prezar a qualidade de seus cursos, fazendo com que a sua marca enfatize a diferenciação entre ela e suas concorrentes,pois que a “imagem da marca é fruto da qualidade do serviço de educação.” A marca, ele complementa, é o valor da imagem, é um símbolo que comporta “valores morais, éticos e de qualidade no saber” (COBRA, 2004, p.77). 33 3 METODOLOGIA Com o objetivo de estudar a imagem da Universidade Estadual do Ceará este trabalho foi realizado com base em um fenômeno ocorrido perceptivelmente no ano de 2011: a desistência de alunos aprovados no vestibular do semestre 2011.2. Portanto a população da pesquisa será delimitada por pessoas que prestaram o vestibular desse período para os cursos do Centro de Estudos Sociais Aplicados - CESA e foram classificados dentro das vagas, mas não se matricularam (apêndice A). O estudo terá uma natureza exploratória. Segundo Matar (1997) esse tipo de pesquisa é indicado quando o pesquisador busca maiores informações sobre um problema. Sendo apropriada nos primeiros estágios de uma investigação “quando a familiaridade, o conhecimento, e a compreensão do fenômeno por parte do pesquisador são, geralmente, insuficientes ou inexistentes” (MATTAR, 1997, p. 80). A necessidade de se conhecer melhor o problema é necessária para que se possa elaborar hipóteses que justifiquem o problema em questão. Alem de tudo a pesquisa exploratória é indicada para estudar casos que reflitam mudanças abruptas. Para executar a pesquisa, primeiramente, foi realizado um levantamento em fontes secundarias por meio de um levantamento bibliográfico e dados fornecidos pela própria UECE através do Departamento de Ensino e graduação - DEG. No segundo momento, como forma de analisar os fatos ocorridos (problema) ligando-os com a imagem da UECE, foi realizado um estudo de caso por meio de uma pesquisa qualitativa com os alunos desistentes. (MATAR, 1997) O estudo de caso é a metodologia que mais se adéqua a este estudo, pois “objetiva reunir os dados relevantes sobre o objeto de estudo e, deste modo, alcançar um conhecimento mais amplo sobre este objeto, dissipando as duvidas, esclarecendo questões pertinentes, e, sobretudo, instruindo ações posteriores.” (CHIZZOTTI, 2008, p.135). Mattar (1997) aponta três características do estudo de caso: os dados são obtidos com muita profundidade permitindo caracterizar e explicar detalhes do caso, os pesquisadores devem buscar a formação de hipóteses e não a conclusão, e aquele pode reunir a analise de inúmeros aspectos do caso. 34 “A pesquisa qualitativa busca, por meio de estudos consistentes e detalhados, produzir uma descrição coerente de uma situação” (RICHARDSON, 1999, p.94), e foi executada através de uma entrevista pessoal entre o autor do estudo e os participantes da investigação. Como instrumento da entrevista foi utilizado um roteiro elaborado a partir dum pré teste (apêndice C). Esse pré-teste foi realizado com três alunos para determinar alguns pontos importantes que permitiram elaborar o roteiro da entrevista. Esse roteiro ou, segundo Richardson (1999), cronograma, serve para guiar as entrevistas, mas que não possui “nenhuma pergunta preconcebida”, servindo somente para estabelecer o “escopo e as características da pesquisa”. Os entrevistados devem expressar “livre e totalmente seu ponto de vista” (RICHARDSON, 1999, p.96). Essa postura permitiu que os construtos e as categorias utilizadas pelo entrevistado fossem desconstruídos durante a entrevista. O pré teste foi uma entrevista “aberta ou não- estruturada” (MINAYO: 1998, p. 58). Seguindo a determinação de Minayo a entrevista foi realizada buscando obter informes contidos na fala dos atores sociais, não significando uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere (o pesquisador) “como meio de coleta dos fatos relatados pelos autores, enquanto sujeitos- objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que está sendo focalizada.” (MINAYO, 1998, p. 57). As entrevistas foram realizadas em 10% dos alunos desistentes sendo três em pré teste e 10 nas entrevistas. Esses 10 (dez) alunos foram escolhidos de acordo com a conveniência do pesquisador de acordo com a aceitação e disponibilidade do entrevistado, visto que todas as entrevistas foram gravadas e transcritas para a análise. Os dados para a realização desta pesquisa foram obtidos junto a CEV – Comissão Verificadora do Vestibular, órgão responsável pela organização do vestibular da UECE. 35 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Os dados das entrevistas foram sintetizados e de acordo com os pontos principais levantados no pré – teste e que estão explícitos no esquema de entrevista (apêndice B): 1. Percepção dos valores que devem existir numa Universidade para ser considerada de qualidade; 2. Os pontos positivos e os negativos da Universidade Estadual do Ceará; 3. As formas de comunicação da Universidade com esses potenciais alunos e a imagem percebida por eles, e 4. Motivo da desistência do curso. As respostas foram organizadas nos quadros abaixo. Os alunos receberam as seguintes legendas, dependendo dos cursos para os quais realizaram vestibular e a ordem cronológica em que foram entrevistados. LEGENDA CURSO Serviço Social Contabilidade Administração ALUNOS 1, 2, 3, 4 1 1, 2, 3, 4, 5, Quadro 4: Legenda dos entrevistados por curso Fonte: Elaborado pela autora 4.1 PERCEPÇÃO DOS VALORES NECESSÁRIOS PARA UMA UNIVERSIDADE DE QUALIDADE. Percepção de fatores de qualidade numa IES SS 1 SS 2 SS 3 S Estrutura - Professores S Infra- estrutura - Comprometimento dos professores S Ótimos professores e estrutura 36 SS 4 Professores S de Qualidade - Boa estrutura - Material para o professor desenvolver as aulas. CONT 1 Dá C reconhecimento futuro - Estrutura - Dificuldade de passar no vestibular - Instituição valorizada ADM 1 Estrutura A - Biblioteca com bom acervo - Professores motivados ADM 2 ADM 3 ADM 4 ADM 5 Professores devem cumprir seu papel - Estrutura A Deve propor formas de engajar em trabalhos e pesquisas - Grade curricular boa A Desenvolvimento bem do ensino, pesquisa e extensão Professores A de qualidade e valorizados e ganhando bem – Infra- estrutura Depende do curso - Bons laboratórios, equipados A Bons professores com especialização em pedagogia ou didática Quadro 5; Percepção de fatores de qualidade numa IES Fonte: Elaborado pela autora. Foi constatado o principal fator determinante para que uma instituição seja considerada de qualidade é a estrutura. Tanto das condições físicas, como didáticas. “Acho que a primeira coisa que qualquer Universidade deve ter uma boa infra-estrutura para que ela possa atender bem os seus alunos em seus respectivos cursos” (SS2). “Não é só o aluno que faz a instituição tem que ter uma estrutura para estimular, para que o aluno possa se estimular a ficar ali e estudar mais” (SS3). Os alunos apresentaram preocupação, principalmente com a estrutura física dos laboratórios que devem ser “bem equipados, pelo menos em bom estado de conservação para uso” (ADM5), estrutura da biblioteca, e com a disponibilidade de materiais: “tudo disponível para o professor desempenhar o papel dele para o aluno aprender” (SS4). Alem da estrutura didática da Universidade que “[...] deve propor varias forma de durante seu curso superior – o aluno - já esta engajando em algum trabalho, 37 alguma pesquisa. Alguma coisa que seja extracurricular [...]” e a grade curricular deve satisfazer o aluno (ADM2). Em segundo lugar o que mais importa para os alunos em uma IES são os professores. Professores que não faltem, comprometidos e motivados, ou seja, professores que cumpram seu papel na Universidade. Para isso a Universidade tem que valorizar seu profissional apontando que “os professores devem ter uma especialização na área de pedagogia e didática” (ADM5). Outros pontos foram destacados isoladamente, mas que merecem ser comentados: a valorização da Instituição e a dificuldade de se passar no vestibular. Eles afirmam que a Universidade precisa ser valorizada e que esta valorização pode se dá pela dificuldade de se entrar: “tem muito aluno que valoriza isso, pode parecer que não. Mas se você parar numa turma ITA dum grande colégio, [...] você vê que tem muito aluno que está lá porque quer mostrar que é capaz de passar num – vestibular - que é difícil, que é valorizado” (CONT). Outro fator apontado: os alunos procuram uma Universidade, também, pelo reconhecimento futuro que ela trará, “por exemplo, uma USP tem um nome de currículo muito pesado. Então qualquer pessoa que sabe que se fizer uma USP tem um diferencial” (CONT). A prova de vestibular difícil, também é uma forma de valorizar a Universidade, pois “pesa na hora de atrair o interesse de alguns alunos” (CONT) quando a prova é difícil torna-se positivo para a Universidade. “Isso eleva o nível da faculdade e faz com que o aluno não menospreze a faculdade, faz os alunos estudarem mais” (SS2). Aliar ensino, pesquisa e extensão de forma eficaz também foi um ponto levantado na investigação. 38 4.2 OS PONTOS POSITIVOS E OS NEGATIVOS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ Na UECE - Pontos positivos Na UECE - Pontos negativos SS 1 Professores S bons - Laboratórios bons Greves - Professores faltosos e sem compromisso - Impossibilidade de adiantar cadeiras SS 2 Tradição S - Qualidade de ensino Provas de vestibular mais difíceis Estrutura - Professores concursados Poucas vagas - Provas de vestibulares mal elaboradas - Poucos cursos SS 3 S Ser pública e gratuita Estrutura velha - vestibular mal elaborado - greves Ser S pública pela visibilidade Professores habilitados - bons alunos Segurança - Estrutura - greve - poucos professores Instituição de qualidade - publica e C gratuita - Medicina e Administração CONT 1 são os melhores - Reconhecimento Falta de zelo na elaboração da prova Estrutura Alunos capacitados - Biblioteca esta comA boa infra- estrutura ADM 1 Laboratórios bons - Alunos valorizam a Universidade Professores não oferecem meios para uma boa aula - não cobram retorno do aluno SS 4 Nível bom - Pública e gratuita A Administração e Medicina é o ADM 2 melhor curso Estrutura Mais A orientação para o mestrado ADM 3 Estacionamento grande Acessibilidade - Vestibular é muita sorte Não aderir ao Enem Projetos bons - Administração tem A boa imagem - debate de questões ADM 4 sociais Professores inadequada Valor nos recursos humanos - ser pública A é um incentivo - Aliar ADM 5 pesquisa, ensino e extensão Contato com a sociedade. Faltam alguns recursos materiais - Falta de intercambio com outras Universidades Falta de didática Quadro 6; Pontos positivos e pontos negativos da Uece Fonte: Elaborado pela autora. substitutos - Estrutura 39 Quanto aos pontos positivos os mais apontados foram: boa estrutura dos laboratórios e a questão de ser gratuita. “disseram que estão muito bons os nossos laboratórios de informática” (ADM1); “os laboratórios, pelo menos os de anatomia (ex) são bons, o que tem lá é suficiente” (SS1). “É uma faculdade muito boa que tem um nível bom com relação a outras, é publica não deixa de ser um fator ótimo, você não pagar nada” (ADM2), “ser pública e eu não ter que pagar” (SS3). É colocada a gratuidade como um dos maiores incentivos, apesar de paga indiretamente, pelos contribuintes. Outro fator interessante observado foi a valorização dos cursos de Medicina e Administração. Estes cursos foram citados como os melhores da UECE. “Tenho até alguns amigos que preferem fazer Medicina na UECE do que na UFC” (SS2). “O curso de Administração, dizem que é muito bom” (CONT1). Os alunos escutam mais comentários desses dos cursos: “Dizem que os melhores cursos com relação a UECE seriam os de Medicina e Administração” (ADM2). “A Administração também é muito famosa, tem uma imagem boa, e o mercado de trabalho é bem receptivo com esses alunos” (ADM4), “ouvi falar muito bem da Administração” (ADM5). O reconhecimento e a tradição da Universidade Estadual do Ceará são fatores que ainda corroboram para sua imagem positiva e dão ao potencial aluno uma imagem de qualidade. “Acho que hoje o mercado exige muito o nome da faculdade. E a faculdade (UECE) tem uma grande tradição. Pelos seus alunos, fora esse fato dos professores, tem uma qualidade de ensino” (SS2). Afirmam que os seus pontos negativos se diluem “em todo o mérito que se tem de ir para uma instituição de qualidade, publica” (CONT1). O que foi percebido é que esta relação de ser publica, ter tradição e, portanto qualidade é que dá o reconhecimento que o aluno espera ao ingressar na Instituição. Corroborando com que afirmaram acima sobre a visibilidade da Universidade e a qualidade dos alunos SS4 fala: “Universidade pública sempre tem ponto positivo pelo fato de ser bem vista [...] porque alunos tanto de colégio público como o de particular tentam a Universidade pública, então eu acho que a qualidade da pessoa que entra numa Universidade publica é maior, pois ele se esforça mais, é um aluno mais estudiosos.[...] a pessoa que estuda muito e entra numa Universidade pública tem mais capacidade de ser um bom profissional naquela área” Outro ponto tocado é a questão da orientação para mestrados que na UECE ele percebe que é mais fácil que em outras Universidades. E a aderência a movimentos estudantis: “A universidade é um local bom para debater as questões sociais, os 40 movimentos estudantis, “graças a deus” estão se fortalecendo, tentando influenciar a universidade” (ADM4). Bons professores também aparecem como um ponto positivo da UECE: “Mas acredito que os professores sejam bons” apesar da falta de comprometimento geral (SS1). Os alunos acreditam no potencial do professor, por está dentro da Universidade, mas também criticam quando falam das Universidades Públicas: “professores não serem tão atentos, eles dão aula de qualquer jeito, porque na verdade eles foram concursados e eles não podem ser colocados para fora. Não todos, não é geral, mas alguns. Não chegam na hora, ou faltam, e muitas vezes não dizem o porquê” (SS2). E complementa ADM1: “Eu já fiz computação na UECE e o que eu via era que os professores já estão perto de se aposentar, sem motivação para dar aula, às vezes o salário é baixo, atraso de salário... não sei. A gente sentia falta de motivação dos professores em dar aula, todos os dias”. “Tem uns que estão na Universidade desinteressados, com salário ou com a estrutura em si, mas tem professores que se preocupam com a qualidade” (SS4). Ainda: a falta de didática dos professores que é vivenciada por um aluno da UECE que é irmão do entrevistado: “meu irmão me relatou que na Computação existiam professores que nem da área eram formados e colocavam para “quebrar o galho”. Tipo: um professor de Economia... Economia tem haver com matemática... Então colocavam ele para dar aula de matemática na computação, mas não era a matemática voltada para a computação” (ADM5). E ainda apontam a questão dos professores substitutos: “um professor substituto não investe em pesquisa, porque não tem estimulo e tempo para isso. Ele só é pago pelas horas aula que dá. Então como ele vai formar grupos de estudo, investir em pesquisa e melhorar a Universidade?” (ADM4). Entrando na parte dos pontos negativos, essa situação dos professores foi um dos mais apontados. Depois dele, a estrutura. Um aluno que já estudou na Universidade diz: “saí no primeiro semestre” alem de outros fatores “porque eu não confiava muito na estrutura da faculdade” (ADM1) e que esse problema é antigo pois seu pai, que estudou na Instituição já lhe falava dos problemas estruturais. “Uma estrutura muito velha, arcaica; o chão descolando, os bancos em falso, as janelas da sala muita velhas” (SS3). “A estrutura com relação a grade curricular e os professores, o que me passaram é uma coisa boa. Mas com relação à infra-estrutura do campus Itaperí que eu já fui varias vezes não é boa”. (ADM2). Mas apontaram o amplo espaço de estacionamento como um ponto positivo. 41 O intercâmbio com outras Universidades também foi falado por alguns alunos. “[...] esse é um ponto que a UECE cai pois na Federal, por ser federal tem um intercâmbio maior... e eu não sei se tem na UECE” (ADM5). O fato de não puder adiantar cadeiras foi visto como negativo, pois “se eu transferisse da UNIFOR para a UECE e aproveitasse as oito cadeiras que fiz, eu não ia puder puxar mais nenhuma para compensar as que já fiz” (SS1). As greves também merecem destaque já que “alguns alunos acabam se formando um ano depois” (SS1). Além da falta de interesse dos professores em elaborar uma boa metodologia de aula, em outras instituições “o professor oferecia meios para tirar dúvidas, td´s uma seria de coisas para auxiliar e aqui (UECE) não encontrei isso” (ADM1). Ainda tem: a falta de didática, a localização de difícil acesso, a falta de segurança e a necessidade de “abrir mais cursos: Engenharia, Direito, por isso que muita gente não faz” a UECE (SS3). Outro fator muito relevante são as provas de vestibular que segundo os alunos, são mal estruturadas: “Acho que uma coisa que é muito comentado, no meio do colégio, é o estilo da prova que muitas vezes não é bem elaborada” (SS2). “Uma coisa que dá para perceber bastante na prova da UECE é que muitas vezes falta zelo na elaboração da prova” (CONT). “Acho as questões muito mal elaboradas (porque) às vezes, tem duas opções que podem ser válidas, já recorreram há muitas questões, mas eles não dão o braço a torcer que estão erradas” (SS3). Dizem que sempre anulam questões e há muita dupla interpretação e por isso as vezes alunos que zeraram ganham uma questão e entram. “Os professores do colégio fazem a analise mandam para lá, mas nada... e a gente que fica prejudicado” (SS3). Segundo o ponto de vista desses entrevistados isso desvaloriza a UECE. 42 4.3 AS FORMAS DE COMUNICAÇÃO DA UNIVERSIDADE COM O PÚBLICO E A PERCEPÇÃO DE SUA IMAGEM Comunicação SS 1 SS 2 SS 3 SS 4 Imagem S Amigos Mais negativa Colégios - Alunos da universidade S Divulgação acontece nos dias de prova e olimpíadas Muitos pontos positivos Colégios S e cursinhos - boca a boca - indo lá Mais negativa S Colégio - Tv - Professores Mais negativa Por alunos que estudam ou querem estudar C na UECE - Professores. Por meio CONT 1 do boca a boca - Ela não precisa investir nisso. Na Administração e na Medicina é muito boa, nos outros cursos nem tanto. Jornais - Pai e familiares que são exA aluno - Cursinhos. O site é bom, mas ADM 1 devia colocar mais informações. 60% negativa - deviam mostrar mais seus resultados DeAboca a boca. No site não tem nada ADM 2 dos cursos Negativa. Uma vez o problema da infra-estrutura resolvida, iriam olhar para os cursos e o que oferecem. ADM 3 ADM 4 A Amigos - o site é legal Positiva para os alunos de dentro, os de fora a maioria nem tenta a Uece A C.A. da Farmácia - Presencialmente Toda Universidade é vista mais positivamente. Não teve muito contato, só pelo irmão A Falha - Deveria estar mais próxima dos ADM 5 alunos do ensino médio Mais positiva - Pela tradição e dificuldade aparente de entrar Quadro 7: Comunicação e imagem da UECE Fonte: Elaborado pela autora. A forma de comunicação da UECE com seus potenciais alunos e seu meio foi extraída observando-se como esses alunos obtêm as informações da Universidade. A 43 maioria obteve informações por amigos ou parentes. “A maior parte é coisa de aluno [...] “É mais o boca a boca do aluno que qualquer outra coisa.” (CONT1; ADM2; ADM3; ADM5). Ou no colégio (SS3): “eles dão uma base de como é a Universidade. Eles não informam para a gente: A universidade é assim, os professores são assim... Não tem essa coisa, eles apenas dizem que é bem diferente do colégio” (SS2). Alguns problemas podem ser enxergados também em jornais e na televisão. Mas “o colégio particular tende a falar: vamos fazer... eles colocam a UFC e UECE para você se dirigir quando terminar o ensino médio. Então foi no colégio. No terceiro ano a conversa deles é mais para o vestibular” (SS4). Além disso, informam que não possui outro meio de comunicação que divulgue a UECE. “Mas acho que isso não seria o grande diferencial. Acho que se a UECE conseguir convencer os alunos dela que é uma grande instituição já seria um grande passo” (CONT1). Portanto, segundo o aluno, a melhor forma de investir é priorizar a qualidade. Quanto ao site, está excelente mas faltam informações dos cursos “quando eu fui no site eu não encontrei coisas especificas de cada curso, tipo a grade curricular para ter um contato maior com um curso” (ADM2; ADM3). Outro fato negativo lembrado, é que não se tem acesso à pagina da Universidade diretamente, quando o site é buscado. SS4 afirma que para a UECE “a divulgação nem precisa ser feita, porque a maioria dos alunos, de todos os colégios, quer entrar numa pública. Então eu acho que não precisa divulgar. Quem precisa divulgar são as particulares que precisam de alunos para poder pagar.” Já outro contrapõe diz que a falta de comunicação é uma falha e que “é daí que decorre a evasão. Por conta de você não saber o que o curso trata direito. Acho que a Universidade deveria ter um pouco mais do braço dela ali, junto aos alunos do ensino médio. Divulgar o que faz cada curso, como é a sistemática” (ADM5). Quanto à visão geral da imagem da Universidade, há um impasse esta é predominantemente negativa ou positiva. Segundo um aluno uma forma de mudar isto seria “mostrar resultados: que existem pessoas que se destacam nos cursos, mostrar que existe um lado de pósgraduação, sobre os estudos que as pessoas os fazem” (ADM1). O site poderia ser mais aproveitado “como tem nas outras universidades, um lugar para cada curso, um breve histórico, como surgiu mostrando algumas pessoas que fizeram faculdade aqui e dando opinião sobre o curso” (ADM1; ADM2). 44 ADM5 coloca que ela ainda é positiva pela sua “tradição e pelo vestibular, pela dificuldade de entrar. Não sei se é uma dificuldade real, mas pelo menos é uma dificuldade percebida. Falando pela visão que a sociedade tem. Perceptivelmente, o respeito quando o aluno diz que é da pública é bem maior quando ele diz que é da particular.” E todos os outros pontos positivos apontados no item anterior corroboram para essa concepção. Mas os negativos também pesam. Um fato observado na pesquisa é que os alunos que já tiveram ou têm contato com a Universidade Federal do Ceará tendem a sobrepor os pontos positivos acima dos negativos. Como ilustrado acima: que os seus pontos negativos se diluem “em todo o mérito que se tem de ir para uma instituição de qualidade, pública” (CONT1). O que mostra a percepção diferenciada dos alunos da Universidade Federal. Claro que não se deve generalizar, visto a natureza da pesquisa insuficiente para afirmar que tal informação é considerada totalmente válida. 4.4 DESISTÊNCIA DO CURSO A QUAL PRESTOU VESTIBULAR Desistência do curso SS 1 SS 2 SS 3 SS 4 Fez para testar - Quer psicologia -Se fosse S psicologia só ficaria se fosse no primeiro semestre que fizesse. Testar e estava no terceiro ano (por conta da S concorrência e das especificas) - Cursaria Medicina se passasse. S Quer Medicina- o colégio inscreveu Passou S no CEFET - Deseja Psicologia na Federal mas cursaria também na UECE Se Cfosse Direito faria, mas prefere a UFC - Fez CONT 1 a pedido do colégio que o inscreveu ADM 1 A Fez para testar - Quer engenharia 45 Não A cursou, pois estava no terceiro ano. Mas ADM 2 cursaria sim o curso Faria A o curso, mas era muito longe e estava ADM 3 desempregado FezApara testar para a Medicina - Estava com ADM 4 pretensões de conhecer o curso Pensou em cursar - Os colégios pagam o A vestibular - Quer Direito e cursaria na UECE ADM 5 se tivesse Quadro 8; Motivos da desistência do curso Fonte: Elaborado pela autora. Quanto ao curso a qual prestaram vestibular, mas não se matricularam a maioria alega que fizeram somente para testar seus conhecimentos como observado nos seguintes trechos: “então levou a me testar um pouco. Saber como eu estava, se eu passava” (SS2). “Para não deixar de fazer prova de preparação para o vestibular. Só para continuar no ritmo” (SS1). “Eu fiz para me testar... é um curso valorizado, difícil de passar e é bem concorrido” (ADM4). Ou o colégio inscreve o aluno: “Quando eu fiz o curso para UECE, é um pedido do colégio. Os colégios inscrevem muitos alunos para garantirem os primeiros lugares. E a minha inscrição na UECE quem fez foi o colégio” (CONT). “Eu quero Medicina, o colégio, no meio do ano, inscreve alguns alunos só para fazer o vestibular, daí me inscreveram” (SS3). “Até então só fazia porque os colégios pagavam (o vestibular), daí eu fazia, só para entrar no catalogo deles” (ADM5). Outro fato observado é que nunca é o curso que desejam. Eles escolhem o curso de teste pela concorrência que deve ser alta e por conta das especificas que são as mesmas do curso pretendido. SS1 queria Psicologia e não cursaria Serviço Social e se fosse Psicologia ainda assim pensaria. SS2 queria Direito e não cursaria Serviço Social, CONT1 queria Direito e não cursaria Contabilidade. ADM1 queria Engenharia, mas cursaria Administração, ADM2 queria Psicologia, mas cursaria Administração. Alem do fator teste alguns alunos fazem ainda no terceiro ano do ensino médio, por isso são impedidos de matricularem-se. Apenas ADM3 e ADM5 não cursaram por motivos pessoais; o primeiro por dinheiro e deslocamento, o ultimo por falta de tempo; e SS4 porque havia passado no CEFET e preferiu lá, pois seu curso lhe possibilitava mais chances de emprego. 46 Os motivos da inscrição no vestibular e o da desistência do curso depois de aprovado esta resumido no quadro abaixo: MOTIVOS DA INCRIÇÃO E DA DESISTÊNCIA ALUNO SS1 SS2 SS3 SS4 CONT1 ADM1 ADM2 ADM3 ADM4 ADM5 PORQUE FEZ O VESTIBULAR Para testar Para testar O colégio inscreveu Desejava o curso O colégio inscreveu Para testar Para testar Desejava o curso Para testar O colégio inscreveu RAZÃO DA DESISTÊNCIA Quer Psicologia Quer Direito Quer Medicina Passou no CEFET Quer Medicina Quer Engenharia Civil Estava no ensino médio Motivos pessoais Quer Medicina Já fazia Medicina Quadro 9: Motivos da inscrição no vestibular e o da desistência do curso em 2011.2 Fonte: Elaborado pela autora 47 5 CONCLUSÃO Conclui-se, em relação à imagem da UECE, que há inegavelmente um problema de Marketing quando observadas as considerações feitas pelos alunos com as dificuldades encontradas na Universidade: professores descomprometidos, estrutura física e didática insuficientes, má elaboração das provas do vestibular, dentre outros, o que corroboram para uma percepção de imagem negativa. Porém, pode-se afirmar que essa imagem da UECE exerce qualquer influência na decisão dos alunos, já que a motivação de suas inscrições e posteriores desistências foram outras. Isso não impede, todavia, que as informações obtidas sobre a imagem da Instituição não devam ser tratadas com a devida importância. Ficou claro, também, que existem problemas que influenciam a credibilidade e a confiabilidade dos serviços oferecidos que, conforme Lovelock, Lauren e Kotler, são fatores essenciais para a boa imagem de uma empresa de serviços e que comprometem a marca (imagem) da Universidade. Os próprios investigados, por outro lado, levantam alternativas para melhorias: divulgar o que a Universidade realiza; melhorar os meios de comunicação, inclusive o site; informar mais sobre os cursos; aumentar os cursos ofertados; diminuir professores substitutos; oferecer uma especialização em didática para os professores. Muitas informações revelam algumas questões que podem servir de base para novas investigações: uma delas, por exemplo, é o reconhecimento dos cursos de Administração e Medicina como conceituados e de qualidade. Resta saber o que há nesses cursos e que geram esta imagem positiva para o público, o que não ocorre com outros cursos. Mesmo sem se relacionar com a questão de partida na pesquisa, foi detectada uma relevante problemática para novas investigações que é a estratégia de algumas escolas particulares, preparatórias para os vestibulares em IES’s, que, claramente, vem influenciando os alunos para que prestem vestibular nas públicas, chegando a pagar suas inscrições, mesmo em áreas de estudo que não sejam da escolha dos estudantes. Esta ação é realizada com quais intuitos? Pelo que se observa nas campanhas de propaganda 48 desses estabelecimentos, os bons alunos estão sendo utilizados para conseguirem as melhores classificações nesses vestibulares, servindo de instrumento para levar prestígio aos colégios na busca da formação de uma imagem positiva desses, propiciando-lhes a conquista de novos clientes no mercado. Essa questão ética deve ser analisada para saber-se até que ponto práticas desse tipo podem ser incluídas dentro do campo disciplinar de Marketing. Pode existir ainda um outro fator decorrente dessa prática: quais as conseqüências desse aumento de vagas remanescentes para a imagem da Universidade. Já que a suposta imagem negativa não causa a desistência dos alunos, vale saber se essa desistência não causará problemas para a imagem, uma vez que a sociedade pode perceber esse movimento com um do desinteresse dos alunos em ser alunos da UECE, o que pode originar percepções e conclusões errôneas sobre a Universidade. 49 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARROSO, Marta F. e FALCÃO, Eliane B. M. Evasão Universitária: o caso do Instituto de Física da UFRJ. IX Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Física, 1999. BERRY, Laonard L. e PARASURAMAN, A. Serviços de Marketing: Competindo através da Qualidade. São Paulo: Maltese, 1992 BISPO, A. Lino. Venda orientada por Marketing. Brasilia: SENAC-DF, 2008 CHURCHILL, Gilbert A.; PETER, Jr. J. Paul – Marketing: Criando valor para os clientes. São Paulo: Saraiva, 2007 COBRA, Marcos. Administração de Marketing. São Paulo: Atlas, 1992 ; BRAGA, Ryon. Marketing Educacional: Ferramentas de Gestão para Instituições de Ensino. 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Entrevista com o Secretário de Comercio e Serviços: Disponível em <www.abrasel.com.br/index.php/entrevistas>. Aceso em: 15 out. 2011 QUINTEIRO, E. Acuna at all. Um sensível olhar sobre o terceiro setor. São Paulo: Summus, 2006 RIBEIRO, E. B. Soares e FRANCISCONI, Karine. Marketing e serviços públicos: investigando a resistência ao marketing a partir de uma análise histórica e institucional, artigo. São Paulo: [s.n.], 2000 SARAIVA, Luiz A. S. e CAPELÃO, Luiz G. F. A nova administração pública e o foco no cidadão: Burocracia X Marketing?. São Paulo: [s.n.], 1999. SILVEIRA, Amélia. Marketing em Bibliotecas Universitárias. Florianópolis: Ed. UFSC, 1992 SGUISSARDI, Valdemar. Regulamentação Estatal versus cultura de avaliação institucional. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v.13, n.3, p. 857-862, Nov. 2008. TAVARES, Fred. Gestão da Marca: Estratégias de Marketing. Rio de Janeiro: E-papers Serviços Editoriais Ltda, 2003 VALERIO, D. Magierski; PIZZINATTO, N. Kassouf. Analise da imagem organizacional de Universidades por meio da matriz familiaridade-favorabilidade. Revista de Administração Mackenzie: Vol.4, no1, p. 2003 51 APÊNDICES APÊNDICE A - Quantidade de vagas remanescentes VAGAS REMANESCENTES UECE -CESA CURSO Administração - Bacharelado D Administração - Bacharelado N Serviço Social - Bacharelado D Serviço Social - Bacharelado N Ciências Contábeis - Bacharelado N TOTAL VAGAS 2009.1 2009.2 2010.1 2010.2 VAGAS 2011.1 2011.2 80 40 40 40 50 250 60 25 13 7 37 142 21 13 13 12 19 78 27 10 8 2 17 64 31 17 16 13 12 89 40 40 40 40 50 210 33 20 20 10 28 111 31 25 23 17 26 122 52 APÊNDICE B – Esquema de entrevista