1 INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA-INBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTESIVA-SOBRATI RAQUEL CAMPOS DE MEDEIROS ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO: um estudo bibliográfico João Pessoa - PB 2010 2 RAQUEL CAMPOS DE MEDEIROS ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM TRATAMENTO HEMODIALÍTICO: um estudo bibliográfico Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto brasileiro de terapia intensiva-INBRATI, Sociedade brasileira de terapia intesiva - SOBRATI para obtenção do título de Mestre em Terapia Intensiva. ORIENTADOR: PROF º.Ms. Matheus Figueiredo Nogueira João Pessoa – PB 2010 3 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 6 3 2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA 2.1 Anatômia do rim 2.2 Insuficiência renal crônica 2.3 Hemodiálise 2.4 Água para Hemodiálise 2.5 Complicações da hemodiálise 2.6 Assistência de enfermagem 2.7 Sentimentos vividos pelo pacientes 3 METODOLOGIA 3.1 Tipo de estudo 3.2 Local do estudo 3.3 Coleta de dados 3.4 Procedimentos do estudo 9 9 10 13 16 17 18 19 21 21 21 21 21 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 23 REFERÊNCIAS 24 9 9 9 9 10 13 4 RESUMO Hemodiálise é um método de diálise mais utilizado nos pacientes, com insuficiência renal crônica, que remove os detritos e excesso de água do organismo. Este tratamento não substitui integralmente função renal, mas, permite maior expectativa de vida aos pacientes crônico, prevenido a morte precoce. As pessoas que estão fazendo este tratamento submetem-se duração toda a sua vida ou até a submeter a um transplante renal. Este estudo teve como objetivo, revisar na literatura a assistência de enfermagem, prestada ao paciente em tratamento hemodialítico como também, fazer revisão bibliográfica a respeito deste procedimento. O mesmo foi desenvolvido mediante o acervo da biblioteca João Paulo II da faculdade Santa Emilia de Rodat (FASER), Ciências Médicas, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Faculdade de Enfermagem e Medicina Nova Esperança (FACENE E FAMENE) e nas bases eletrônicas da literatura. No período de julho a novembro de 2010 O tratamento hemodialítico compromete o estilo de vida do paciente, não só no aspecto físico, como emocional do paciente, passando por uma fase de estresse provocada pela doença e seu tratamento, que impõe sérias limitações, sendo necessário o paciente reaprender a viver, de uma maneira regrada. Trazendo sentimentos de inutilidade, depressão, isolamento, medo enfim o tratamento é necessário, porém trás alterações em todo seu estilo de vida. A equipe de enfermagem é de fundamental importância possui assume um papel de orientar os pacientes e familiares quanto ao tratamento, e ajuda o paciente a enfrentar as alterações que ocorre após a doença e o tratamento. Unitermos: Hemodiálise, Insuficiência Renal Crônica, Paciente. 5 ABSTRACT Hemodialysis a dialysis method which is mostly utilized on patients with chronicle kidney failure which removes metabolic wastes and the excess of water from the organism. This treatment does not fully substitute the kidney function though it allows longer life expections to those patients preventing an early death. People under this treatment has to remain on it for life or until undergoing kidney transplantation. This study had the objective of performing a literary revision on nursing assistance works on kidney patients as well as doing a bibliographical review about the hemodialysis procedure. This was done through research over the João Paulo II bibliographical material from Santa Emilia de Rodat (FASER) college campus, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), and Faculdade de Enfermagem e Medicina Nova Esperança (FACENE E FAMENE) and over on line academic sources from July to November 2010. The hemodialytical treatment comprises the patients lifestyle on his/her physical and emotional aspects undergoing a period of stress which is important for the processes of adaptation and limitation caused by the treatment and the illness itself which is thus necessary to relearn how to live in a cautious manner. This may bring feelings of uselessness, depression, isolation and fear. Nevertheless, the treatment is necessary but it might also bring changes on the entire lifestyle and the nursing team is of fundamental importance as it plays the role of counseling the patients and their families about the treatment and help them to face alterations that occur throughout the illness and the treatment. Keywords: Hemodialysis. Chronicle kidney failure. Patient. 6 1 INTRODUÇÃO A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é a perda progressiva e irreversível da filtração glomerular (perda do número de néfrons funcionantes) que é medida pela concentração de uréia e da creatinina no sangue a qual era para ser excretada pela urina. A doença renal crônica é multicausal, tratável de várias maneiras controlável, mais incurável, progressiva e tem elevada morbidade e letalidade, e está associada a muitos custos pessoais, familiares, sociais e financeiros (THOMÉ; et al.,2006). A incidência e a prevalência da IRC em estágio terminal têm aumentado progressivamente, a cada ano, no Brasil e no mundo. Apesar de todos os esforços para a coleta de dados acerca de pacientes com insuficiência renal crônica terminal no Brasil, ainda não há um sistema nacional de registro que forneça anualmente dados confiáveis do ponto de vista epidemiológico. Além disso, o conhecimento de dados a respeito de pacientes com IRC terminal é ainda mais precário (SESSO, 2006). Quando a função renal já não mais funciona, ocorre uma perda excessiva, na urina de substâncias químicas essenciais e um acúmulo de detritos químicos e toxinas no sangue resultando em uremia ou, azotemia. A uréia desenvolve-se e afeta todo o sistema e quanto maior o acumulo de detritos mais graves serão os sintomas, causando: alterações neurológicas, tegumentares, cardiovasculares, pulmonares, gastrintestinais, hematológicas, reprodutivas e musculoesqueleticas (SMELTZER; BARE, 2006). Para Guyton e Hall (2002), a IRC pode ser causada devido à: infecções (pielonefrite e tuberculose), às anomalias congênitas (policística), hipertensão arterial sistêmica (HAS), a processos obstrutivos (cálculos renais, hipertrofia da próstata), distúrbios metabólicos (diabete mellitus), doenças autoimunes (glomerulonefrite, lúpus eritematoso sistêmico (LES), artrite reumatóide), à insuficiência renal aguda. A cerca dos tratamentos utilizados para substituir a função renal, destaca-se alguns, como: o tratamento conservador, que tem como objetivo minimizar a carga imposta aos rins por meio de um suporte nutricional e medicamentoso; a terapia renal substitutiva: diálise peritonial é uma forma simples de se conseguir artificialmente a filtração do plasma; a hemodiálise, estes aliviam os sintomas da doença e preservam a vida do paciente, porém não é curativo e o transplante renal (DAVIES, 2002). A hemodiálise é realizada para remover produtos de degradação e outras impurezas do sangue de clientes que têm insuficiência renal. Esse procedimento pode 7 salvar vidas, ele remove o sangue do corpo do paciente por um acesso criado cirurgicamente (fístula), fazendo com que o sangue circule através de uma máquina (unidade filtrante), em seguida, devolvendo-o ao corpo (ARCHER, 2005). Durante o procedimento, o sangue do paciente sai de seu organismo, através de uma fístula ou cateter, com ajuda de uma bomba e circula para uma máquina dialisadora e depois retorna para o paciente, tem duração em média de 3 à 4 horas, e deve ser feito 3 vezes por semana ou conforme a necessidade de cada paciente. Este tratamento proporciona reabilitação e melhora na qualidade de vida, porém não proporciona o estado de saúde similar o que tinha antes, pois o corpo fica mais debilitado (MANGANARO; et al., 2006). As principais complicações deste tratamento são relacionadas com problemas técnicos, com o acesso vascular, às alterações hemodinâmicas, aos distúrbios eletrolíticos e aos problemas infecciosos. As complicações mais freqüentes são: hipotensão arterial, convulsão, reações febris e calafrios, cefaléia, náuseas, mal-estar, vômitos, tontura, cãibras musculares e anemia crônica, embolia gasosa, flebite, espasmo venoso, hemólise, sangramento excessivo, complicações cardiovasculares, distúrbios do metabolismo do cálcio (SWEARINGEN; KEEN, 2005). O tratamento hemodiálico compromete o estilo de vida do paciente, não só no aspecto físico, como emocional do paciente, passando por uma fase de estresse que é importante para adaptação a limitação provocada pela doença e seu tratamento, sendo necessário reaprender a viver, de uma maneira regrada. O paciente tem limitações no seu cotidiano, e vivência sentimentos de perdas e mudanças biopsicossociais que vão interferir na qualidade de vida tais como: a perda do emprego, alterações na imagem corporal, restrições dietéticas e hídricas (MARTINS; CESSARINO, 2005). A experiência do tratamento de hemodiálise é única, pois, faz como que o paciente se sinta dependente de uma máquina de diálise e da equipe de saúde, além do sofrimento gerado pela própria doença. E este só é feito quando se perde a função do rim totalmente ou parcialmente e quando a dieta e as outras formas de tratamento são incontroladas (BORGES; MARTINS, 2001). Este tratamento é responsável por um cotidiano monótono e restrito, favorecendo para o sedentarismo e para deficiência funcional, fatores estes que vão refletir na qualidade de vida. Recentemente as atenções se voltam para uma terapêutica voltada para a qualidade de vida do paciente renal crônico. Está busca tem inicio a partir da constatação de que alcançar um estado de bem estar físico e mental é possível, tendo 8 como resultado a recuperação da autonomia, das atividades do trabalho e lazer, da preservação da esperança e do senso de utilidade destes indivíduos (MARTINS; CESSARINO, 2005). A equipe de enfermagem deve preocupa-se em orientar o paciente quanto às limitações que a doença e o tratamento traz e que elas são alterações do curso natural da doença, explicando a importância do tratamento para que a doença não progrida mais e que o paciente tenha melhor qualidade de vida. O enfermeiro é um dos elementos que atua de modo mais constante e mais próximo dos pacientes. É este o profissional, que através da assistência, deve planejar intervenções educativas junto aos pacientes, de acordo com avaliação que realiza, numa tentativa de ajudá-los a reaprender a viver nessa realidade. Lima, (1989) relata que é essencial a ação educativa com paciente renal crônico, para descobrir maneiras de viver dentro dos seus limites, de forma que não seja contrária ao seu estilo de vida e que consiga conviver com a doença e com o tratamento hemodialítico. Entendendo a importância de aprofundar os conhecimentos acerca da assistência ao paciente em tratamento de hemodiálise, pois, aos mesmos e a população em geral, faltam conhecimento em torno da doença e seu tratamento. Venho fazer uma revisão literária a respeito da assistência de enfermagem ao paciente em tratamento hemodialitico. Nesse contexto, este estudo tem como objetivos: Revisar na literatura a assistência de enfermagem, prestada ao paciente em tratamento hemodialitico como também, fazer revisão bibliográfica a respeito do procedimento hemodialitico. 9 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Anatomia do rim Os rins são órgãos duplos que estão localizados, logo acima da cintura, entre o peritônio e a parede posterior do abdome, de cor vermelho-castanho. São descritos como órgãos retroparietais por se localizarem por atrás do peritônio da cavidade abdominal. O rim adulto pesa cerca de 120 à 170 gramas e tem 10 à 12 cm de comprimento, 5,0 à 7,5 cm de largura e 2,5 cm de espessura. Os rins ficam localizados entre os níveis da última vértebra torácica e a terceira vértebra lombar, posição onde estão, parcialmente, protegidos pelo décimo primeiro e décimo segundo pares de costelas, músculos e fáscia, tecido adiposo perirenal e cápsula renal, a qual circunda cada rim. O rim direito é, ligeiramente, mais baixo do que o esquerdo, por que o fígado ocupa espaço considerável, no lado direito acima do rim (TORTORA; GRABOWSKI, 2002). O rim consiste em duas regiões distintas: parênquima renal e a pelve renal. O parênquima renal é dividido em córtex e medula. O córtex contém os glomérulos, os túbulos distais e proximais, e os ductos coletores corticais e seus capilares peritubulares adjacentes. A medula assemelha-se a pirâmides cônicas. As pirâmides são situadas com base voltada para a superfície côncava do rim e o ápice voltado para o hilo ou pelve. O hilo ou pelve é a porção côncava do rim através da qual a artéria renal entra nesse órgão e a veia renal dele sai. A artéria renal divide-se em vasos menores, arteríola aferente, esta se ramifica formando o glomérulo, que é o leito capilar, responsável pela filtração glomérulo (SMELTZER; BARE, 2006). O néfron é a unidade funcional do rim. Cada rim é composto por um glomérulo que é onde ocorre a filtração (é o início do néfron) e por um túbulo que é dividido em três partes: o túbulo proximal (contornados), a alça de Henle e o tubo coletor (FIGUEIREIDO; VIANA, 2006). O rim é constituído aproximadamente por 1.500.000 néfrons que recebe 25% do débito cardíaco. Esse fluxo sangüíneo passa inicialmente pelos glomérulos, onde o plasma é filtrado, e seguindo-se por diversas etapas de remoção ou de adição de água e solutos. O sangue é filtrado pelos glomérulos numa velocidade de 100 a 120 ml/min e apenas 1 % desse volume é eliminado. A urina é o resultado do trabalho elaborado e 10 integrado entre a unidade de filtração (glomérulos), a organização tubular que reabsorvem e secretam de maneira seletiva a água e os solutos (HELOU; ANDRADE, 2006). Para Guyton e Hall (2002), o rim não tem capacidade de regenerar novos néfrons, sendo assim em casos de lesão ou doença renal, ou no processo de envelhecimento normal, verifica-se diminuição gradual no número de néfrons. As principais funções dos rins são: regulação da osmolalidade e do volume dos líquidos do corpo, regulação do equilíbrio eletrolítico, regulação do equilíbrio ácido-básico, excreção de produtos metabólicos e substâncias estranhas, produção e secreção de hormônios. 2.2 Insuficiência renal crônica A IRC é representada pela redução progressiva no funcionamento do tecido renal, é destruição progressiva da massa de néfrons, está redução da massa renal provoca hipertrofia, se tornando ineficaz, de forma que a massa renal não é mais capaz de manter o meio ambiente corporal interno. Pode instalar-se insidiosamente durante muitos anos, ou como resultado de um episódio de insuficiência renal aguda (IRA), do qual o cliente não consegue recupera-se (SKORECKI; GREEN; BRENNER, 2002). A patogenia de IRC representa a deteriorização e destruição dos néfrons com perda progressiva da função renal. À medida que taxa de filtração glomerular (TFG) e a depuração decrescem elevam-se os níveis séricos de nitrogênio urêico e a depuração de creatinina. Os néfrons funcionais restantes hipertrofiam-se a medida que são obrigados a filtrar uma maior carga de solutos. Uma das conseqüências é que os rins perdem sua adequada capacidade de concentrar a urina. Na tentativa de continuar excretando os solutos, os rins perderam sua adequada capacidade de concentrar a urina, será eliminando um grande volume de urina diluída, tornando o cliente susceptível à depleção de fluidos (BLACK; JACOBS, 1998). De acordo com o mesmo autor os túbulos perdem gradualmente a capacidade de reabsorção dos eletrólitos. Ocasionalmente, pode resultar depleção sódica, quando a urina apresenta enormes quantidades de sódico, quando a urina apresenta enormes quantidades de sódio, acarretando mais poliúria. À medida que o dano renal avança e o número de néfrons funcionais declina, a TFG total decresce ainda mais. Assim sendo, o 11 corpo torna-se incapaz de livra-se de água, sal e outros produtos de desgastes através dos rins. Quando a TFG é inferior a 10 a 20mL/min, torna-se evidente a uremia clínica, com progressiva intoxicação orgânica. Segundo Riella e Pecoits (2003) a doença renal crônica possui quatro fases: na primeira fase, ocorre a diminuição da função renal, redução de 25% da filtração glomerular, não há habitualmente uremia, e o balanço hidroeletrolíticos é mantido pelo processo adaptativo dos néfrons remanescentes, não apresentando sintomas. Na segunda fase, ocorre a insuficiência renal, diminuição da função do renal de até 75%, o rim já não mais consegue manter a homeostasia interna. Apresentando nictúria, refletindo num distúrbio na concentração urinaria, ocorre anemia e uma moderada elevação da uréia plasmática (Azotemia). Na terceira fase, é caracterizada como falência renal a função renal está abaixo de 20%, e as anormalidades do meio interno são mais persistentes: azotemia intensa, anemia, acidose metabólica, hiperfosfatemia, hipercalcemia e hiponatremia. Na quarta fase, é a fase terminal caracterizada pela síndrome urêmica, que predominara os sinais e sintomas de uremia, indicando a necessidade de uma terapia substitutiva na forma de diálise ou transplante (FERMI, 2003). A Doença renal crônica pode ser resultante de qualquer disfunção renal como: glomerulopatias primárias e secundárias, infecções crônicas (pielonefrite crônica e tuberculose), anomalias congênitas (doença do rim policísto), doença vascular (hipertensão, nefrosclerose), obstrução (cálculo renais), doenças do colágeno (lúpus eritematoso), agentes nefrotóxicos (terapia prolongada com aminoglicosídeos), doença endócrina (neuropatia diabética), nefropatias hereditárias (doença renal policística, doença cística medular) (ANTCZAK, 2005). Os pacientes com insuficiência renal leve a moderada os sintomas podem está vagos, apresentando cansaço, fadiga e diminuição da acuidade mental estes são os primeiros sinais de uremia, já no caso da doença crônica, as queixas se associam a um conjunto de sinais e sintomas, com ou sem redução do débito urinário, mas sempre com elevação sérica de uréia e da creatinina, fraqueza, confusão, dificuldade de concentração, desorientação, tremores, convulsão, alterações de comportamento, pele seca e descamativa, prurido, púrpura, unhas finas, e quebradiças, cabelos finos e ásperos, hipertensão, edema depressível (mãos, sacro), falta de ar, taquipnéia, hálito de amônia (hálito urêmico), sabor metálico, amenorréia, cãibras musculares, perdas da força muscular, dor óssea, fraturas ósseas, pé em gota (BEERS; BERKOW, 2000). 12 A redução na função renal é um processo lento, o que permite ao organismo lançar mão de mecanismos de adaptação. Isto explica o achado de pacientes oligoassintomático com IRC avançada, sendo o diagnóstico realizado devido a uma intercorrência, como traumatismo, infecção etc. Outras vezes a intercorrência precipita um agravamento na função renal residual, tornando o paciente sintomático (THOMÉ; et al.,2006). O que poderá ajudar a diagnosticar e monitorar a IRC, a anamnese que é de grande valia, sobretudo nos casos em que a função renal era normal antes de ocorrência de lesão súbita e recente. Nos exames laboratoriais (mostram níveis reduzidos hematócrito e concentração de hemoglobina, e baixo tempo de sobrevivência dos eritrócitos (hemácias), trombocitopenia branda, anormalidades plaquetárias, níveis sanguíneos elevados de uréia e concentrações séricas altas de creatinina, sódio e potássio), a analise da gasometria arterial (revela redução dos níveis de pH arterial e bicarbonato e acidose metabólica), exame de urina (mostra proteinúria, glicosúria, hemácias, leucócitos e cilindros e cristais, dependendo da causa) (AMBROSE; et al., 2007). Exame radiográfico dos rins ajudara para identificar a IRC, pois, os rins estarão em tamanho reduzido, como também a urografia excretora, nefrotomografia, cintigrafia renal e arteriografia renal, evidenciam redução do tamanho dos rins. A biopsia renal é o diagnostico definitivo, porém não é indicado quando na ultra sonografia demonstra a presença dos rins de pequeno volume e fibróticos, também possibilita a identificação histológica da patologia subjacente, o EEG mostra alterações sugestivas de encefalopatia metabólica (BOUNDY, 2004). A função renal é avaliada por um exame que medirá o grau de filtração glomerular (clearance de creatinina), este mede a depuração de creatinina. O paciente deve guarda a urina de 24 horas, e leva ao laboratório no dia seguinte, onde se colhe uma amostra de sangue para dosar a creatinina plasmática, o valor normal é: 90 a 120ml/min/1,733m2 (MANGANARO; et al., 2006). A indicação para o tratamento dialitico na IRC deve ser baseada nos exames diagnosticados, na sintomatologia do paciente e em doenças preexistentes. Nos pacientes renais crônicos com a depuração de creatinina igual ou menor que 10ml/min/1733m2. Nos pacientes renais crônicos com diabetes mellitus e depuração de creatinina de 10 à 15ml/min/1733m2. Nos pacientes renais crônicos com sintomas 13 urêmicos acentuados e/ou indicações especiais, a diálise pode ser indicada mais cedo, com depuração de creatinina de 15 à 20ml/min/1733m2 (FERMI, 2003). O tratamento conversador é indicado para os pacientes que ainda possui a função renal, tem como objetivo: manter a função renal existente pelo maior tempo possível, retardando o início da terapia dialítica. Este tratamento é instituído para o controle dos sintomas e anormalidades, por meio de um suporte nutricional e medicamentoso. Nesse caso devem-se fazer restrições de líquidos, proteínas (pois diminui a formação de uréia e outros produtos tóxicos) e do potássio, da dieta, bem como um limite na ingestão de sódio, para o tratamento da hipertensão de modo que o paciente não retenha sódio, na deficiência de vitaminas, o médico prescreve o uso de suplementos de ferro e ácido fólico, em casos de anemia receberam, eritropoetina humana sintética e hidróxido de ferro por via endovenosa, e a dieta hipercalórica evita cetoacidose e o balanço nitrogenado negativo, que causa catabolismo e atrofia dos tecidos (MANGANARO; et al., 2006). A diálise que é uma terapia substitutiva que remove os produtos finais do metabolismo e mantém o equilíbrio hídrico e eletrolítico quando os rins estiverem incapazes de fazê-lo e são mais liberais, uma vez que a diálise tem menor morbidade e menos complicações, podendo aliviar o edema pulmonar e o derrame pleural, a hemodiálise em casos onde o tratamento é mais prolongado e quando a doença está mais avançada, e o transplante renal é mais eficaz, mas precisará de doadores com a mesma tipagem sangüínea para que não haja rejeição o que pose acontecer, este tratamento permite ao paciente que ele reassuma um estilo de vida normal (SINGH; BRENNER, 2002). 2.3 Hemodiálise A hemodiálise (HD) é o método de diálise mais comumente utilizado para pacientes que estão agudamente doentes, remove o excesso de água e solutos indesejáveis. Este tratamento prolonga a sobrevida do paciente com (IRC), evitando a morte, porém não é curativa e não compensa as perdas das atividades endócrinas ou metabólicas dos rins até que se submeta a um transplante renal. Substitui a função excretora dos rins, por meios artificiais (máquina) remove do organismo o excesso de 14 líquidos e solutos indesejáveis, tem duração de 3 a 4 horas, três vezes por semana (DAVIES, 2002). A hemodiálise é uma modalidade terapêutica utilizada principalmente para tratamento da uremia na insuficiência renal. No Brasil, é responsável pela sobrevida de aproximadamente 34.000 pessoas. Os pacientes urêmicos em programa de hemodiálise estão freqüentemente expostos às infecções bacterianas e virais (FERRABOLI & ABENSUR, 1998). O tratamento hemodialítico tem como objetivo, a reversão dos sintomas urêmicos, diminuindo as complicações ao longo prazo, reduzindo o risco de mortalidade, a melhorar o padrão de qualidade de vida, reintegrar o paciente ao meio social, e a elevação da expectativa de vida do paciente, porém, não cessa a evolução natural da doença (LUGON et. al, 2003). Este procedimento é feito por profissionais, especialmente preparados, na unidade de diálise, para que possa atender todas as necessidades do paciente. Antigamente a hemodiálise era um procedimento exclusivo do médico, mas a enfermagem hoje passou a participar ativamente deste processo, tendo total autonomia (MORSCH; VICARI, 2006). Os princípios nos quais se baseia a hemodiálise são difusão, osmose e ultrafiltração. Na difusão os resíduos e as toxinas são removidos eles se movimentam de uma área de maior concentrada para uma de menor concentração no dialisado. Na osmose o excesso de água é removido do sangue; a água se move de uma área de maior concentração de soluto (o sangue) para uma área de menor concentração de soluto (o dialisato). Na ultrafiltração a água que se move sob alta pressão (no compartimento do sangue) para uma área de menor pressão (no dialisato) permitindo a retirada de volume do paciente (água) (SMELTZER; BARE, 2006). Na hemodiálise, o sangue do paciente flui para o dialisador (rim artificial), através de um acesso vascular, no interior do dialisador, o sangue (rico em toxinas e resíduos) e o dialisato (rico em eletrólitos importantes para o sangue), e estão separados por uma membrana semipermeável, onde fluem contrariamente, eles iram se movimentar de uma área de maior concentração para uma de menor concentração (difusão), removendo resíduos do sangue. O excesso de água é removido por osmose, água se move de uma área de maior concentração (sangue), para uma de menor concentração (dialisato). A ultrafiltração é a retirada do excesso de líquido do sangue 15 onde tem maior pressão, para o dialisato, onde tem menor pressão (pressão hidrostática), permitindo a retirada do volume de líquido do paciente (ARCHER, 2005). O dialisador (rim artificial) é o filtro, constituído de dois compartimentos, um por onde circulará o sangue e outro o dialisato. Os dois compartimentos se comunicam através de uma membrana semipermeável, está membrana faz com que amplie ao máximo a área de contato entre os líquidos. O fluxo de sangue e dialisato são contrários, a fim de maximizar a diferença de concentração dos solutos em toda a extensão da superfície de troca (SWEARINGEN; KEEN, 2005). As membranas podem ser de celulose (cuprofano), de celulose modificada (acetado de celulose) e sintética (poliacrilonitrila, polissulfona). A membrana de celulose tem uma excelente filtração e difusão, porém causa uma seqüência de eventos fisiopatológicos com repercussão sobre a morbidade e mortalidade dos pacientes. As membranas sintéticas são menos bioincompativeis (BEERS; BERKOW, 2000). O dialisato é a solução de diálise, contém eletrólitos importantes como: sódio 135 à 145mEq/L, bicarbonato 30 à 38mEq/L, cálcio 2,5 à 3,5mEq/L, magnésio 0,5 à 1mEq/L, cloro 100 à 124mEq/L, acetato 2 à 4mEq/L. Os pacientes ficam expostos a aproximadamente 150 litros de água por sessão de hemodiálise e a mesma passa por um tratamento adequado (CANZIANI; DRAIBE; NADALETTO, 2005). Para se evitar a coagulação do circuito extracorpóreo, uma dose inicial de heparina é administrada para produzir anticoagulação sistêmica total (tempo de coagulação do sangue total > 30 min). A infusão da heparina também pode ser feita de maneira continua durante a diálise, deve-se descontinuar a infusão 1 hora antes do final da diálise. A diálise sem heparina deve ser feita em pacientes com alto risco de hemorragia, para isso utiliza-se alto fluxo de sangue e lavagem do circuito com soro fisiológico a cada 30 minutos (BEERS; BERKOW, 2000). Para o inicio e a manutenção do tratamento de HD é necessário um acesso ao sistema circulatório, pois é utilizado um fluxo sangüíneo em torno de 250-350ml/min na circulação extracorpórea, atualmente os mais utilizados são: o cateter de duplo lúmen ou a fístula arteriovenosa (FAV) que é a mais utilizada. O cateter de duplo lúmen (CDL) pode ser temporário ou de longa permanência, é usado um acesso central (veia jugular, subclávia ou femoral) é utilizado até 4 semanas. As complicações como este acesso podem ser imediatas ou tardias, hemorragias, hematomas, traumatismos vasculares, pneumotórax, hemotórax, arritmias, embolia gasosa, entre outras (MANGANARO; et al., 2006). 16 Fístula arteriovenosa (FAV) é a comunicação vascular entre uma veia e uma artéria, realmente no braço não-dominante, este tipo de acesso vascular é o melhor para HD, pois apresenta menor taxa de complicações e boa durabilidade (NETTINA, 2003). A confecção de uma FAV deve ser realizada precocemente, antes do inicio do tratamento para evitar a utilização de cateteres temporários, aguarda-se um período de 3 a 4 meses, para que ocorra as modificações hemodinâmicas, devido ao hiperfluxo, devido a um aumento do diâmetro dos vasos, principalmente da veia, para facilitar a punção e melhora a sobrevida do acesso. O local da FAV é a radiocefálica distal (no punho ou na tabaqueira anatômica) (IKEDA; CANZIANI, 2005). As complicações com FAV são: infecção, insuficiência cardíaca de alto débito, isquemia, hipertensão venosa, aneurisma, estenose venosa e arterial, compressão excessiva na hemostasia após HD, hipotensão, hipovolemia e trombose do acesso (MARQUES; PEREIRA; RIBEIRO, 2005). O acesso vascular é de importância vital para o paciente em tratamento HD, os pacientes sem aceso vascular devem ser considerados, um paciente de alto risco de mortalidade. Alguns cuidados o paciente deve ter com o acesso vascular. Com o cateter de duplo lúmen são: evitar dormir sobre o cateter, evitar a manipulação do cateter, fixando-o com fita adesiva, protegê-lo na hora do banho, manter o curativo limpo e seco e procurar o serviço de nefrologia caso ocorra alguma intercorrência (MORSCH; VICARI, 2006). No caso da fístula arteriovenosa (FAV) o paciente deve: lavar o membro da FAV com água e sabão neutro ou anti-séptico antes da punção, preserva o braço nãodominante (evitar coleta de sangue, e verificação da pressão arterial), realizar exercícios de compressão manual (abrir e fechar a mão) diariamente para a manutenção da fistula, evitar o uso de roupas e acessórios apertados no braço da fistula, verificar diariamente o funcionamento da fistula pela palpação do frêmito, em caso de sangramentos deve-se fazer curativos compressivos, aplicar compressas frias após as sessões de hemodiálise, retirar o curativo após quatro a seis horas da sessão de hemodiálise (FERMI, 2003). 2.4 Água para Hemodiálise A água tratada é estocada em tanques limpos e enviada as máquinas de diálise através de um sistema de canalização. A monitorização da água tratada é de 17 fundamental importância para se ter uma qualidade no tratamento dialitico para isso é feito testes físico-químicos e microbiológicos. O controle de qualidade físico-químico deve ser realizado diariamente antes do inicio da sessão da hemodiálise para se avaliar as características físicas e organolépticas. O controle microbiológico deve ser realizado por laboratório habilitado na Rede Brasileira de Laboratórios (REBLAS/ANVISA). A monitorização da capacidade de troca iônica deve ser feita semestralmente, ou com freqüência maior caso se suspeite de alguma alteração. Recomenda-se também a limpeza e desinfecção do reversatório de água e da rede de distribuição mensalmente (MORSCH, et al., 2006). 2.5 Complicações da hemodiálise As complicações podem ocorre em qualquer momento, seja durante o tratamento, após ou em qualquer momento; hipotensão, cãibras musculares, síndrome das pernas inquietas, náuseas, vômitos, cefaléia, dor torácica, dor lombar, prurido acompanhado por sintomas alérgicos, reações de hipersensibilidade, hipertensão, síndrome de desequilíbrio, reações ao dialisador (reações anafiláticas e reações causa desconhecida), hemólise (o sangue adquiri aspecto de “vinho do porto”), embolia gasosa (situação de emergência), hipoxemia associada à diálise, arritmia e infecções. (GONÇALVES; NADALETTO; CANZIANI, 2005) A síndrome do desequilíbrio (SD) são sintomas sistêmicos e neurológicos, que ocorre durante ou após a hemodiálise e raramente na diálise, estas manifestações incluem náuseas, vômitos, cãibras, inquietação, desorientação, hipertensão, tremores e convulsões (THOMÉ, 2006). A causa é controversa, mas SD acontece quando o nível de solutos plasmáticos é rapidamente reduzido durante a HD, o plasma torna-se hipotônico em relação às células cerebrais, a água passará do plasma para o tecido cerebral formando o edema intracerebral. A diminuição da quantidade de diálise e o aumento de sua freqüência são medidas de prevenção para o desequilíbrio (GONÇALVES; NADALETTO; CANZIANI, 2005). O paciente poderá apresentar dois grandes e diferentes problemas nutricionais no tratamento hemodialítico: a desnutrição protéico-calórica, que é mais comum na hemodiálise, este aumenta as taxas de morbidade e mortalidade dos pacientes, e 18 obesidade que é um aspecto diferente e desconhecido, mas, se mostra protetora de mortes nos pacientes, este é chamado de fenômeno contra epidemiológico ou epidemiologia reversa (MARTINS; CESSARINO, 2005). 2.6 Assistência de enfermagem A equipe de enfermagem preocupa-se em oferecer uma melhor assistência ao paciente renal para que suas necessidades sejam atendidas e garantir uma assistência com segurança. Ao iniciar a sessão de hemodiálise, é preciso se certificar que os equipamentos estão em bom funcionamento, individualizando o seu preparo para cada paciente. Ao admitir o paciente na unidade, deve-se realizar a anamnese, exame físico, com a finalidade de adequar a prescrição de diálise do paciente as suas condições em técnicas rigorosamente assépticas (ZANQUETTA, 2005). O preparo do paciente para hemodiálise deve incluir: as orientações ao paciente sobre o procedimento; e objetivo do tratamento, a importância da higienização do braço da fistula, orientar o paciente quanto às possíveis complicações que poderão ocorrer, elas devem ser expostas e corrigidas, deve-se verificar peso e sinais vitais do paciente; acomodar confortavelmente o paciente à poltrona ou à cama, verificando-se que o acesso vascular fique bem posicionado e visível para o tratamento (FIGUEIREIDO; VIANA, 2006). Para determinar as necessidades de utrafiltração, deve-se pesar o paciente, ausculta a frequência cardíaca, e registra as anormalidades, ausculta os pulmões quanto à ocorrência de crepitações, o qual tem significado de sobrecarga hídrica, avalia a presença de edemas, verifica o estado mental do paciente, as condições e desobstrução do local de acesso, verificar se na ultima diálise ocorreu alguma problema (ARCHER, 2005). A monitorização dos sinais vitais deve ser durante todo o procedimento, a cada 30 minutos, como também deve ser observado sinais de febre, hipotensão, vômitos naúseas convulções, dor na região lombar, sintomas esses que podem indicar sindrome do desequilibrio que é causdo pela remoção rápidados líquidos e por alterações dos eletrólitos caso isso ocorra deve-se ser comunicado ao médico ele poderá reduzir as taxas do fluxo arterial ou interromper a díalise. Após o procedimento deve-se observa o 19 local do acesso venoso para detectar sangramentos, se houver, devem-se fazer compressas sobre o local e comunicar ao médico, mantenha um registro de ingestão de alimentos e líquidos, e estimulá-lo a seguir as restrições (BOUNDY, 2004). Ao manipular o cateter devem-se usar técnicas assépticas (usando luvas, máscaras, e materiais estéreis), Proteger a inserção do cateter com curativo estéril, isso faz com que o cateter tenha mais durabilidade e previne infecções; Realizar o curativo no local do cateter sempre que necessitar; Realizar assepsia das extremidades arterial e venosa do cateter com álcool 70% antes e após a retirada das tampas protetoras (FERMI, 2003). Aspirar com a seringa estéril o conteúdo dos lumens (interior das vias) arterial e venoso antes de iniciar o procedimento de diálise, para remover anticoagulantes e trombos; Utilizar o cateter somente para a hemodiálise. Fixar e posicionar bem o cateter para que evite dobras; Heparinizar as vias arterial e venosa do cateter após o uso, para prevenir a formação de trombos; Evitar que outras pessoas manipulem o cateter para que não desloque; Não reinsirir um cateter que se exterioriza, para que não contaminação no local; Evitar a permanência de cateteres que apresentem sinais de infecção (MORSCH; VICARI, 2006). No caso da FAV, faz a anti-sepsia do braço com álcool a 70%, isso se faz para prevenção de infecções; O ramo arterial deve ser puncionado pelo menos com 3 cm de distância da anastomose; deve-se altera os locais de punção para evitar a formação de aneurisma; afaste pelo menos 5 cm as punções arterial e venosa em direções opostas (desde que a venosa siga o curso do retorno venoso); fixar bem as agulhas para evitar traumatismos fazer uma leve compressão (5 a 10 min) com gaze estéril após a retirada das agulhas; evitar a punção prematura da FAV; evitar o garroteamento prolongado do braço da fístula (FERMI, 2003). 2.7 Sentimentos vividos pelo pacientes O tratamento hemodialítico trás grandes mudanças no estilo de vida, do paciente como também na vida de seus familiares, diversos são os problemas enfrentados neste tratamento o isolamento social, (o afastamento do emprego, da escola), a dependência da previdência social, diminuição da atividade física, alterações em sua imagem corporal e o sentimento de morte, estes sentimentos de perdas são 20 vivenciados pelos pacientes em tratamento hemodialítico, a família também sofre um processo de desajuste no seu dia-dia a necessita de uma adaptação continua, pois a medida a doença evolui, o doente renal passa apresentar mais dificuldades e tornando-se mais dependente (CARREIRA; MARCON, 2003). O tempo utilizado para as sessões de hemodiálise, para as consultas médicas faz com que o paciente se sinta cronicamente doente dependente de máquinas, e restrições alimentares e hídricas desencadeando sentimentos de limitações físicas, psíquicas, afetivas e sociais, exigindo adaptações relacionais e situacionais. Tais limitações causam nos pacientes desanimo pela vida e pelo tratamento, sendo necessária uma intervenção adequada e cuidados humanitários por meio de uma assistência terapêutica (GUALDA, 1998). Torna-se doente renal crônico é fator de ruptura, de perdas e de intensa desorganização psicológica. São reações de medo, ansiedade, uma série de conflitos emocionais, passando por cinco estágios emocionais: Negação, que é a primeira reação do paciente e de alguns familiares ao saber de sua doença e seu tratamento; Revolta, o paciente vive um sentimento de revolta, raiva; Barganha, vive um sentimento de recompensa se tiver um bom comportamento, no seu tratamento, este sentimento é mantido em segredo; Depressão, o paciente não mais consegue nega a sua doença, sua raiva, revolta dão lugar ao sentimento de grande perda; Aceitação, o paciente aceita sua doença e seu tratamento, vivenciará momentos mais tranqüilos, onde ficará mais tempo descansando (DINIZ, 2006). Este tratamento necessita de uma grande adaptação, é representado por um grande estresse na vida e paciente como na vida de seus familiares, mas alguns pacientes se adaptam as suas condições. Sintomas depressivos podem surgir, fazendo parte do processo adaptativo a sua nova condição. Dificuldades surgiram nos primeiros anos, é durante esse período que surgia a depressão clinicamente relevante, mas que precisa de intervenções (ALMEIDA; MELEIRO, 2000). 21 3 METODOLÓGIA 3.1 Tipo de estudo A presente pesquisa constitui-se num estudo bibliográfico do tipo exploratóriodescritivo que tem por objetivo revisar na literatura a assistência de enfermagem, prestada ao paciente em tratamento hemodialitico. A pesquisa bibliográfica consiste no exame do conjunto de livros escritos sobre determinados assuntos, por autores conhecidos e identificados ou anônimos pertencentes a correntes de pensamentos diversas entre si, para levantamento e análise do que se produziu sobre determinado assunto que assumimos como tema de pesquisa científica. (RUIZ, 2002). Para Fachin (2003), a pesquisa bibliográfica é um conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras, objetivando conduzir, colecionar, armazenar, reproduzir, utilizar e comunicar as informações adquiridas para o desempenho da pesquisa. 3.2 Local de estudo O estudo foi realizado mediante o acervo de bibliotecas publicas e particulares da cidade de João Pessoa-PB, biblioteca João Paulo II da faculdade Santa Emilia de Rodat (FASER), Ciências Médicas, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Faculdade de Enfermagem, Medicina Nova Esperança (FACENE E FAMENE) e nas bases eletrônicas da literarura. 3.3 Coleta de dados A pesquisa foi realizada durante o período de julho a novembro de 2010 a partir da busca ativa de referencias especializadas a respeito da assistência de enfermagem ao paciente em tratamento hemodialítico. 3.4 Procedimentos do estudo Segundo Gil (2002) a pesquisa bibliográfica compreende as seguintes etapas: 22 1ª etapa: Refere-se ao levantamento bibliográfico sobre a temática do trabalho. Nessa etapa, ao selecionarmos e definirmos o tema proposto, buscamos primeiramente fazer um levantamento do assunto através de publicações que contemplassem a temática.Tais informações foram coletadas através de livros e no universo online, tendo a preocupação de selecionar endereços eletrônicos de referencia no campo obstétrico, enfocando a rubéola e seus efeitos. 2ª etapa: Seleção do material para construção do trabalho. Após a coleta de dados procedeu-se a essa etapa, onde foram selecionados de forma criteriosa o material considerado relevante e pertinente ao objetivo do presente estudo e feito dessa forma, uma leitura detalhada dos conteúdos selecionados. 3ª etapa: Construção do texto. Nessa etapa foi realizada a construção do esboço preliminar ao texto, tendo como embasamento o material selecionado. Em seguida, o pesquisador procurou estruturar a pesquisa por tópicos, com a finalidade de alcançar os objetivos. Dessa maneira foi possível a construção final da redação do estudo, com a preocupação de realizá-lo de modo claro e conciso. 23 CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante a pesquisa foi observar que os artigos e livros selecionados embasavamse numa semelhança que o cotidiano do paciente renal crônico é de limitações e torna-se difícil o dia-dia do mesmo pois o mesmo tem limitações reais. Estes sentimentos fazem com que o paciente se sinta depressivo. A assistência de enfermagem ao paciente renal crônico em tratamento dialítico, é de fundamental importância e o este tem que ter, além da fundamentação científica e de competência técnica, tenha o conhecimento dos aspectos que levem em consideração os sentimentos e as necessidades de tais pacientes. Neste contexto, o enfermeiro deve estabelecer diálogo com os pacientes, ultrapassando o formalismo técnico habitual, de fornecer informações frias, de difícil compreensão, estanques, no momento errado, e onde praticamente só o profissional tem a palavra e a razão. Considerando que a enfermeira é o profissional que está mais próxima do paciente, em todo o procedimento, é ela que se torna fonte de segurança, para que o paciente possa falar de seus medos, suas dúvidas, enfim dos sentimentos vividos por ele e sua família e neste momento, o profissional tem que está capacitado para atender as necessidades do paciente, tirando as dúvidas e dando apoio e incentivo para ele. Sendo assim, a enfermeira pode observar as alterações que ocorrem em seu estado de saúde e no seu emocional e intervir sempre que necessário, e muitas vezes solicitar um apoio terapêutico para estes pacientes. O presente estudo possibilitou à ampliação dos meus conhecimentos acerca da assistência de enfermagem ao pacientes em tratamento hemodialítico, como também a necessidade de uma assistência humanizada e individualizada a cada paciente. Por fim, acreditamos que este estudo, reiterou ainda o nosso propósito de contribuir para o desenvolvimento da enfermagem e de oferecer subsídios para o ensino, a prática e pesquisas relacionadas ao paciente renal crônico em tratamento hemodialítico e, sobretudo, proporcionar a tais pacientes não uma prática prescritiva, autoritária, mas, uma prática, humanizada, participativa dentro da realidade que os mesmos estão vivenciando. 24 REFERÊNCIA ALMEIDA, A. M.; MELEIRO, A. M. Depressão e insuficiência rena crônica: uma revisão. 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/ Acesso em 17 ago.[2010]. AMBROSE, M. et al. Doenças: da sintomatologia ao plano de alta.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. ANTCZAK, S. E.; et al. Fisiopatologia básica. 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