Assistência de Enfermagem ao paciente com problemas intestinais

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CUIDAR II
por Lívia Barros
Assistência de Enfermagem ao paciente com problemas
intestinais
APARELHO INTESTINAL
1. Noções de Anatomia e fisiologia
O canal gastrointestinal é um tubo que mede aproximadamente 7,5m de
comprimento, através do qual o alimento passa e está sujeito a
transformação para aproveitamento dos nutrientes, depois de liquefeito
(quimo).
Compreende: Boca, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino
grosso
a) Esôfago: tubo de fibras musculares longitudinais que conduz o
alimento da boca ao estômago através de movimentos contráteis,
percurso de aproximadamente 45cm, que dura em média 15
segundos.
b) Estômago: bolsa distendível com a capacidade de conter 1.500ml
localizado entre esôfago e duodeno. Possui dois orifícios: Cárdia
(entrada) e Piloro (saída). Nesse local são armazenados e preparados
mecanicamente para a digestão e absorção. A secreção gástrica é
formada por ácido clorídrico(HCL), muco, pepsina(uma enzima) e
fator intrínseco. Antes de deixarem o estômago os alimentos são
transformados em uma massa semi-liquida chamada quimo.
c) Intestinos: tubo muscular que vai desde o piloro até o ânus.
Compreende o intestino delgado e intestino grosso:
 Intestino delgado: compreende o duodeno, jejuno e íleo.
O duodeno forma a parte superior, nele entram o ducto biliar
comum por onde passa a bile e o ducto pancreático, ambos com a
função de participarem da digestão.
Ocorre no duodeno a absorção da porção utilizável da digestão
através da vilosidade da membrana mucosa e entra nos vasos
sanguíneos e linfáticos das paredes intestinais. A nível de válvula
ileocecal é deixado a parte indigerível do alimento que vai formar
as fezes.
O íleo abre-se no cólon e abaixo desta conexão localiza-se o
apêndice vermiforme.
 Intestino Grosso: aproximadamente mede 1,5m de
comprimento desde o ceco até o canal anal. O intestino grosso
é o principal órgão da evacuação. O quimo que entra no cólon
tem consistência semilíquida, mas seu teor de água diminui à
medida que ele se desloca ao longo do cólon.
Da porção do ceco ascende em direção ao fígado – Colo
Ascendente – atravessa o abdômen – Cólon Transverso –
desce ao flanco esquerdo – Cólon Descendente – termina
numa pequena curvatura denominada sigmóide, a qual se liga
ao reto.
Damos o nome fezes aos resíduos alimentares que alcançam a
porção sigmóide do cólon. O sigmóide armazena as fezes até o
momento da evacuação. O reto mede aproximadamente 10 a
15 cm de comprimento e representa a parte final do trato
gastrointestinal. Dois esfíncteres musculares controlam a
expulsão das fezes o interno inervado pelo sistema nervoso
autônomo.
Características das fezes
Cor: amarela no lactente; castanha no adulto (urubilinogênio)
Obs: Preta ou cor de alcatrão – ingestão de ferro ou
hemorragia da porção superior do trato GI (melena)
Vermelha – Hemorragia da porção superior do
trato GI (enterorragia)
Clara e gordurosa- Má absorção ou presença de
gordura.
Odor: Penetrante; depende da alimentação
Consistência: Mole e formada
Freqüência: Varia
Volume: 150g por dia
Forma: Corresponde ao diâmetro do reto
Elementos: alimentos não digeridos, bactérias mortas,
gordura, pigmento biliar, células da mucosa intestinal, água.
Problemas freqüentes com a evacuação
Problemas com a evacuação podem ser causados por
alterações fisiológicas no interior do trato GI, a alteração da
anatomia das estruturas intestinais ou distúrbios que dificultam
a evacuação.
 CONSTIPAÇÃO
É a eliminação de fezes ressecadas e endurecidas,
requerendo esforço para evacuar. A maior parte da água contida
nas fezes é absorvida, restando pouco líquido para amolecer e
lubrificar as fezes.
Causas- uso de morfina; câncer de intestino grosso;
hemorróidas dolorosa; fissuras anais; limitação do exercício
muscular; debilidade e fadiga; hábito neurótico de adiar
evacuação; dieta pobre em resíduos; abuso de laxantes;
Conseqüências- irritabilidade do cólon; espasmos após refeições;
dores abdominais em cólicas; obstipação; fecaloma;
Assistência:
- Promover reeducação do paciente quanto o ato de defecação;
-Orientar quanto a importância de obedecer o impulso da
evacuação;
-Adquirir horário regular para eliminação intestinal;
-favorecer ambiente tranqüilo e de boa privacidade;
-Corrigir os hábitos dietéticos incluindo alimentos ricos em
resíduos;
-Orientar quanto o uso de água morna ou suco de ameixa ou
limão pela manhã;
-Ingestão hídrica diária adequada;
 DIARRÉIA
Consiste em aumento da freqüência de evacuações e na
eliminação de fezes líquidas, não formadas; é sinal de
algum distúrbio afetando a digestão, a absorção ou a
secreção no interior do trato digestivo.
Causas – erros alimentares; infecciosos; ulcerações da parede
intestinal; carcinoma;
Assistência:
- Determinar a gravidade da diarréia visando conduta
terapêutica adequada, hospitalização e prevenção de desidratação;
- Reidratação adequada;
-Administração de medicação prescrita;
-Instituir dieta adequada, pobre em resíduos, obstipante;
 IMPACTAÇÃO DE FEZES (fecaloma)
Resulta da constipação prolongada. Trata-se de acúmulo
de fezes endurecidas que não podem ser eliminadas,
ficando retidas no reto. Ao suspeita de impactação o
profissional deve proceder o toque retal, executando
com delicadeza.
 INCONTINÊNCIA
È a incapacidade de controlar a eliminação de fezes e de
gazes pelo ânus. As causas patológicas mais comuns são
traumatismos de medula espinhal, e esclerose múltipla e
os tumores dos tecidos esfincterianos. A esquizofrenia, a
depressão grave e a demência impedem às vezes que o
paciente se dê conta de sua necessidade de evacuar.
 FLATULÊNCIA
É o acúmulo de gazes na luz intestinal provoca a
distensão da parede intestinal (flatulência).
 HEMORRÓIDAS
Veias dilatadas e ingurgitadas que se localizam nas
paredes do reto. Podem ser externas ou internas.
 OSTOMIAS
Algumas doenças geram condições que impedem a
passagem das fezes pelo reto, criando a necessidade de
se criar uma saída artificial (estoma) temporária ou
permanente na parede abdominal. A abertura cirúrgica é
realizada no íleo (ileostomia) ou cólon (colostomia).
A consistência das fezes depende da localização do
estoma. Uma ileostomia resulta em evacuações
freqüentes e líquidas. Ocorre o mesmo com a colostomia
do cólon ascendente. A colostomia do transverso resulta
em fezes mais sólidas ou pastosas. A colostomia do
sigmóide dá saída a fezes praticamente normais.
LAVAGEM INTESTINAL
É a introdução no intestino grosso de um quantidade de líquido
(1000 ml)
Finalidade:
- Aliviar distensão e flatulência;
- Aliviar constipação;
-Preparar o cliente para cirurgia;
-Preparar o cliente para tratamentos, exames e radiografias do trato
intestinal;
Soluções usadas:
-sabão líquido; glicerina; óleo de oliva; cloreto de sódio; sulfato de
sódio; sulfato de magnésio;
Material necessário:
- bandeja;
-sonda retal;
-gel lubrificante;
-um pacote com irrigador;
-uma pinça;
-um jarro com solução indicada;
-um par de luvas;
-gaze;
-aparadeira;
-biombo;
-suporte de soro;
-borracha látex (extensão)
Posição:
De sims (decúbito lateral esquerdo)
Procedimento:
 lavar as mãos
 avisar ao paciente o que vai ser feito, tranqüiliza-lo e solicitar
sua colaboração
 preparar o ambiente, cercando a cama com biombos
 levar o material para unidade e colocar sobre a mesinha
 descer a colcha e o lençol de tratamento
 colocar o paciente em posição de sims (esquerdo), trazendo-o
para a beirada da cama
 colocar o impermeável sob a região glútea e o terço superior
das coxas do paciente a fim de proteger a cama
 colocar o irrigador no suporte, um pouco acima do nível da
cama (80cm)
 afastar a prega interglútea do paciente com auxilio da gaze
 lubrificar a sonda
 adaptar a sonda nelaton retal ao tubo do irrigador e retirar o ar
 introduzir pequena porção da sonda deixar correr um pouco de
água e depois mais até 10cm
 desatarraxar a pinça que está no tubo do irrigador
 evitar a entrada de ar enquanto o líquido é introduzido
vagarosamente, para evitar contração muita rápida do intestino
 concluída a lavagem, retirar a sonda nelaton retal
 caso o paciente consiga, deixa-lo na mesma posição durante
10 a 15 minutos
 colocar o paciente na comadre e mantê-lo até o completo
funcionamento do intestino
 fazer a irrigação externa (no caso de paciente acamado)
 retirar a comadre
 recolocar a colcha e o lençol na posição correta
 acomodar o paciente confortavelmente
 retirar o material, levar para a sala de serviço e dispensar os
cuidados necessários de rotina
 deixar a unidade em ordem
 oferecer uma bacia com água e sabão, para o paciente lavar as
mãos
 lavar as mãos
 registrar o tratamento no prontuário, a solução usada, a hora, o
efeito e as alterações observadas
Cuidados:
-nunca forçar a introdução da sonda
-se o paciente acusar dor, interromper imediatamente a lavagem
-se o líquido não correr, fazer apenas movimentos com a sonda e
substituí-la, se estiver obstruída
-não expor o paciente
-a sonda não pode ir além do sigmóide
CLISTER
O enema (clister) é a introdução de líquido no reto
O enema retentivo consiste na administração de um medicamento
ou de um líquido (200 a 250ml), que devem permanecer no reto.
Finalidade:
- purgativo, antiséptico, opaco, adstringente, sedativo,
antihélmintico,estimulante, emoliente, carminativo
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