UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DIRETORIA DE PESQUISA PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC : CNPq, CNPq/AF, UFPA, UFPA/AF, PIBIC/INTERIOR, PRODOUTOR, PIBIT E FAPESPA RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO Período : SETEMBRO/2014 a FEVEREIRO/2015 ( ) PARCIAL (X) FINAL Título do Projeto de Pesquisa: CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO CLÍNICO EPIDEMIOLÓGICO DA CO-INFECÇÃO HIV/HANSENÍASE EM POPULAÇÕES DE ALTA ENDEMICIDADE PARA HANSENÍASE NA AMAZÔNIA Nome do Orientador: MARÍLIA BRASIL XAVIER Titulação do Orientador: DOUTORA Faculdade: FACULDADE DE MEDICINA Instituto/Núcleo: NÚCLEO DE MEDICINA TROPICAL Laboratório: Laboratório de Pesquisas em Dermatologia Tropical e Doenças Endêmicas Título do Plano de Trabalho : ADESÃO AO TRATAMENTO DE HANSENÍASE EM PACIENTES CO-INFECTADOS COM HIV/AIDS Nome do Bolsista: MARCO ANTONIO LINS DE BRITO Tipo de Bolsa : ( X ) PIBIC/ CNPq ( ) PIBIC/CNPq – AF ( )PIBIC /CNPq- Cota do pesquisador ( ) PIBIC/UFPA ( ) PIBIC/UFPA – AF ( ) PIBIC/ INTERIOR ( )PIBIC/PARD ( ) PIBIC/PADRC ( ) PIBIC/FAPESPA ( ) PIBIC/ PIAD ( ) PIBIC/PIBIT 1 INTRODUÇÃO: A Hanseníase é uma doença causada pelo Mycobacterium leprae, afetando primariamente a pele e nervos periféricos. Transmitida por bacilos presentes em gotículas eliminadas pelas vias aéreas superiores, via também principal de contaminação. (BRASIL, 2014). Continua ainda sendo um problema de saúde pública, com centenas de milhares de casos registrados anualmente em todo o mundo. De forma semelhante, a prevalência do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) também é crescente em países em que a Hanseníase é endêmica. Ainda que não haja uma estimativa oficial de número de pacientes coinfectados, a crescente superposição geográfica de ambas infecções provavelmente gerará um montante considerável de sujeitos duplamente infectados. (USTIANOWSKI et al, 2006) O HIV por sua vez causa a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), deprimindo o sistema imunitário através da infecção dos Linfócitos T CD4+ usando a enzima Transcriptase Reversa para converter seu RNA em DNA viral que posteriormente se funde ao DNA do hospedeiro permitindo a multiplicação do vírus (BOYER, 1974). Estágio mais avançado da doença, a AIDS apresenta severo comprometimento imune, havendo a ocorrência de doenças oportunistas e tornando o tratamento mais difícil. A transmissão é prioritariamente através de contato sexual direto, mas pode ocorrer através de compartilhamento de seringas ou outros materiais perfuro cortantes contaminados, entre outras formas menos comuns. (BRASIL, 2014). A coinfecção com o HIV tem um efeito significativo na história natural de diversas doenças, especialmente nas micobacterianas. Estimava-se no início da epidemia do HIV que este pioraria o desfecho nos pacientes hansenianos, com predominância da forma Virchowiana e poucas reações imunes. Mas com a introdução da Terapia Antirretrovial viu-se o oposto, predominância do polo tuberculoide e reações significativas nos pacientes coinfectados, além de estimular a Sindrome da Resposta Inflamatória Imune (IRIS) associada a Hanseniase. (LOCKWOOD, 2011) A classificação da Hanseníase foi estabelecida inicialmente em 1953 através da Classificação de Madrid, separando a doença em um polo benigno (Tuberculoide) e outro maligno (Virchowiano ou Lepromatosa), havendo formas intermediárias dimorficas e ainda podendo ser classificada como indeterminada. No seu trabalho “Classification of leprosy according to immunity: a five group system” (1966), Ridley e Jopling introduziram o categoria Borderline (equivalente a forma dimórfica de Madri), porém dividindo a forma intermediária em 3 categorias, criando um espectro mais amplo de classificação, da forma mais branda para mais sereva: Tuberculoide, Borderline-Tuberculoide, Borderline-Borderline, BorderlineLepromatosa e Lepromatosa. Em 1982, com intenção de orientar o tratamento, o Programa de Controle de Hanseniase da Organização Mundial de Saúde (OMS) introduziu a Classificação Operacional da Hanseníase, baseada nas informações e manifestações clínicas e na baciloscopia dos pacientes; as lesões podem se manifestar como hipopigmentadas ou eritematosas, distribuindo-se de forma irregular e assimétrica, quando ocorrem de 1 a 5 lesões somente um tronco nervoso está acometido e a baciloscopia é negativa, considera-se o paciente como Paucibacilar (PB), havendo mais de 5 lesões, acomentimento de dois ou mais troncos nervosos e baciloscopia positiva em pelo menos uma lesão o paciente é então classificado como Multibacilar (MB). Ambas as infecções são tratadas baseadas em terapias. O tratamento da Hanseníase é feito através da Poliquimioterapia (PQT), seguindo as recomendações da OMS. A PQT é uma associação dos fármacos Rifampicina, Dapsona e Clofamizina (este somente para MB), administrados em esquemas padrão. O tratamento medicamentoso da AIDS por sua vez se inicia quando há perda da capacidade de resposta à infecção, ao contrário da Hanseníase, que tem inicio de imediato. A Terapia Antirretroviral (TARV) é iniciada quando há aumento significativo da carga viral e queda dos T CD4+ para níveis próximos de 200/mm3 e atua impedindo a replicação do vírus e evitando o enfraquecimento do sistema imunitário. As classes dos medicamentos da TARV compreendem os Inibidores Nucleosídeos da 2 Transcriptase Reversa, os Inibidores não-Nucleosídeos da Transcriptase Reversa, Inibidores da Protease, Inibidores de Fusão e Inibidores da Integrase. É necessária a combinação de pelo menos 3 drogas diferentes de pelo menos 2 classes diferentes para se instituir a TARV. (BRASIL, 2014). Foi postulado que a infecção pelo HIV poderia afetar a eficácia da PQT, havendo extensão do tempo para eliminação das micobactérias das lesões ou aumento da frequência de recidivas, o que se provou irreal na prática clínica, com pacientes respondendo de forma igual a PQT, sem necessidade de prolongamento do tratamento e sendo as recidivas pouco frequentes (USTIANOWSKI et al, 2006). O tratamento medicamentoso de ambas as doenças é de natureza complexa, sendo necessárias adaptações do organismo do paciente, com ocorrência de efeitos adversos diversos, além de resistência para adesão ao tratamento, seja por falta de interesse do paciente, ausência de vínculo com o profissional ou ainda por persistência dos sintomas e/ou efeitos adversos. Segundo Xavier (2009), a importância epidemiológica da hanseníase e da infecção pelo HIV somada a dificuldade diagnóstica de ambas, além do poder incapacitante da hanseníase e óbito consequente da infecção pelo HIV tornam a coinfecção destas de grande interesse para a saúde pública, especialmente pelo advento da TARV e aumento da sobrevida dos pacientes soropositivos, uma vez que estes quando expostos a contato intradomiciliar tem onze vezes mais chances de desenvolver a hanseníase do que os soronegativos. Devido sua baixa patogenicidade, um indivíduo imunodeprimido é o hospedeiro ideal para o M. leprae. JUSTIFICATIVA : A Hanseníase e a infecção pelo HIV são duas enfermidades de suma importância para a saúde coletiva. O Registro Epidemiológico Semanal nº35/88 da OMS mostra o Brasil como 2º colocado no número de novos casos reportados nos anos de 2005 a 2012, atrás somente da Índia, perfazendo uma média aproximada de 7 a 9% dos casos reportados anualmente no mundo. Igualmente preocupante é o Mapa do Coeficiente de Detecção de Hanseníase por Município e por Estado de 2012, mostrando o Pará em quase toda sua extensão com Coeficiente de Detecção maior do 40 casos por 100 mil habitantes em contraste com 17,17 casos 100 mil habitantes na média nacional, podendo ser classificado como Hiperendêmico (BRASIL, 2013). Dados mais recentes de mostram o Pará em 4º lugar na prevalência de Hanseníase com Coeficiente de Prevalência de 3,76 a cada 10 mil habitantes (BRASIL, 2014). O Sumário Global da Epidemia de AIDS de 2013 mostra uma média de 35 milhões de pessoas vivendo com o vírus HIV neste ano, destes estima-se que uma média de 2,1 milhões de novos casos somente no ano de 2013, com cerca de 1,5 milhão de mortes causadas em decorrência da AIDS e/ou doenças oportunistas. Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 1980 e junho de 2012 foram registrados 656.701 casos de HIV/AIDS no Brasil, uma média de 36 mil novos por ano, com uma média 11,5 mil óbitos relacionais a AIDS por ano. Atualmente o MS estima que 530 mil pessoas vivam com HIV/AIDS no país, destes 135 mil desconhecem sua situação sorológica. (BRASIL, 2014) Segundo o Boletim Epidemiológico HIV-AIDS de 2013 a Região Norte fica em 2º lugar em relação a taxa de detecção de AIDS, com 21 casos por 100 mil habitantes, atrás da Região Sul com 30,9 casos por 100 mil habitantes, e acima da média nacional de 20,2 casos por 100 mil habitantes. Entre os anos de 2003 e 2012 houve aumento de 2% na Taxa de Detecção nacional, entretanto são observadas diferenças significativas entre as Regiões, principalmente às custas da Região Norte com aumento de 36,7%. No Nordeste houve aumento de 62,6%, no Centro-Oeste de 6% e em contraste houve diminuição de 18,6% no Sudeste e 0,3% no Sul do País. (BRASIL, 2013) Com o crescimento no número de pessoas infectadas na Região Norte pelo HIV onde se encontram as principais zonas de conglomerados de Hanseníase é preocupante um possível 3 aumento na prevalência de indivíduos coinfectados. Tais indivíduos possuem dificuldades individuais e socioeconômicas que contribuem de sorte desfavorável para a coinfecção. O abandono do tratamento da Hanseníase implica na manutenção de fontes de infecção, além de apresentar risco de desenvolvimento de incapacidades físicas para o portador. Considera-se abandono de tratamento quando o paciente deixa de comparecer no serviço de saúde nos últimos 12 meses para receber a medicação (BRASIL, 2010). A maioria dos acometidos é de idade economicamente ativa, desfavorecendo o tratamento, tendo vista ser necessário visitar a unidade de saúde mensalmente para a dose assistida; uma quantidade significativa dos pacientes é analfabeta ou analfabeta funcional comprometendo o entendimento das informações passadas na consulta; muito dos pacientes desconhecem informações a respeito da doença; ou ainda desiste do tratamento por ausência de sintomas, outras morbidades, não aceitação da doença ou constrangimento pela ida a unidade de saúde para receber a medicação. (Souza et al, 2013) Vários fatores podem estar relacionados à eficácia do tratamento, como a impotência na luta contra a doença devida a permanência dos sintomas, ausência de vinculo com o profissional além da ausência de uma equipe multiprofissional capacitada e envolvida com a problemática a fim de compreender as dificuldades sociodemográficas dos pacientes durante o tratamento. Portanto, a investigação da taxa dos efeitos adversos relacionados às drogas utilizadas em casos de coinfecção com o HIV e a magnitude dos efeitos adversos relacionados às drogas utilizadas na terapêutica é de grande relevância para o gerenciamento das doenças crônicas. Os benefícios da adesão ao tratamento se estendem aos pacientes, às famílias, aos sistemas de saúde e à economia dos países. OBJETIVOS: 1. GERAL: Verificar a taxa de adesão ao tratamento da hanseníase em pacientes coinfectados pelo HIV e a influência da presença de efeitos adversos relacionados ao abandono do tratamento. 2. ESPECÍFICOS Descrever o perfil sócio demográfico dos pacientes coinfectados com Hanseníase/HIV. Descrever os grupos com maior e menor adesão ao tratamento; Investigar a relação dos fatores sócio demográficos na adesão ao tratamento; Investigar a relação entre a presença de efeitos adversos e a adesão ao tratamento. MATERIAIS E MÉTODOS: 1. TIPO DE ESTUDO: Trata-se de um estudo de coorte clínica em pacientes com o diagnóstico de coinfecção HIV/Hanseníase. 2. LOCAL DA COLETA DE DADOS: 4 O Ambulatório de Dermatologia Tropical e Doenças Endêmicas do Núcleo de Medicina Tropical (NMT) realiza atendimento de rotina em dermatologia tropical para pacientes portadores de HIV e Hanseníase encaminhados das unidades de referência de atendimento especializado. 3. COLETA DE DADOS: Os dados foram sendo coletados por meio de formulário de investigação contendo dados clínicos e sócio-demográficos, além de dados relacionados a adesão do tratamento. Os casos mais antigos foram resgatados a partir de prontuários arquivados, triados e então selecionados os elegíveis para o trabalho. Critérios de inclusão: foram incluídos os pacientes maiores de 18 anos, portadores de Hanseníase, em Poliquimioterapia, coinfectados com o Vírus da Imunodeficiência Humana ou Sindrome da Imunodeficiência Humana Adquirida, em Terapia Antirretroviral. Critérios de exclusão: não preencher os critérios de inclusão. O questionário aplicado incluiu as seguintes perguntas: Sexo; Data de nascimento; Procedência; Presença de rede apoio familiar; Forma clínica da Hanseníase; Situação quanto a imunodeficiência; Tipo de Poliquimioterapia; Uso de Terapia Antirretroviral; Situação do Tratamento da Hanseníase; 5 Queixas de efeitos adversos hematopoiéticos); (cutâneos, gastrintestinais, hepáticos e Paciente acredita que usa muitos medicamentos; Se já interrompeu o tratamento por conta própria; Se acredita que sua rotina foi alterada; Se acredita que o tratamento é importante; Se acredita que foi bem orientado e atendido. 4. TRATAMENTO DOS DADOS: Os dados coletados foram compilados na forma de banco de dados utilizando o software Microsoft Office Excel, Pacote Office 365. 5. ASPECTOS ÉTICOS Este trabalho faz parte do Projeto de Pesquisa CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO CLÍNICO EPIDEMIOLÓGICO DA COINFECÇÃO HIV/HANSENÍASE EM POPULAÇÕES DE ALTA ENDEMICIDADE PARA HANSENÍASE NA AMAZÔNIA. Toda a pesquisa obedece às normas expostas na Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Não haverá de divulgação de dados pessoais de pacientes, sendo estes mantidos em sigilo. 6 RESULTADOS : Foram aplicados os questionários e avaliados prontuários num total de 36 pacientes coinfectados com HIV/Hanseníase matriculados no Ambulatório do Núcleo de Medicina Tropical. A tabela 1 apresenta o perfil destes pacientes de acordo com sexo, faixa etária e procedência, e a tabela 2 apresenta os dados de acordo com as características clínicas. Do total dos pacientes matriculados 77,8% são do sexo masculino e 22,2% do sexo feminino. Distribuídos nas seguintes faixas etárias 20 a 39 anos (50%), 40 a 59 anos (44,4%) e 60 a 79 anos (5,6%). 66,7% dos pacientes registrados são provenientes da capital e 33,3% do interior do Estado do Pará. 22,2% dos pacientes não possuem rede familiar de apoio. Tabela 1. Dados sócio-demográficos dos pacientes matriculados no serviço, Belém – PA, 2015. Variável Sexo Feminino Masculino Total Faixa etária (Anos) 20 a 39 40 a 59 60 a 79 Total Procedência Belém (Capital) Interior Total Paciente tem rede de apoio familiar articulada Sim Não Total Frequência Nº % 08 28 36 22,2 77,8 100 18 16 02 36 50,0 44,4 5,6 100 24 12 36 66,7 33,3 100 31 05 36 77,8 22,2 100 Em relação a forma clínica da doença, os pacientes foram classificados de acordo com os critérios de Madri: MHT (58,3%), MHD (33,4%), MHV (8,3%). Os Pacientes foram classificados quanto sua situação sorológica para o HIV/AIDS, portadores não sindrômicos perfizeram 8,3% e sindrômicos 91,7%. O tratamento da Hanseníase com poliquimioterapia se deu nas seguintes porcentagens: PQT-MB (64,4%) e PQT-PB (30,6%). Do total de pacientes avaliados, 38,9% já obtiveram alta por cura, 2,8% ainda faz acompanhamento pós-alta, 36,1% abandonaram o tratamento e 22,2% continuam em tratamento. 25% dos pacientes queixam-se de efeitos adversos relacionados ao tratamento, 47,2% acredita que faz uso de muitos medicamentos, 36,1% interrompeu o tratamento por conta própria, 58,3 acredita que sua rotina foi alterada devido ao tratamento, 27,8 acreditam que o tratamento não está ou estava sendo eficaz para sua cura. 7 Tabela 2. Distribuição dos pacientes quanto à forma clínica de Hanseniase (classificação de Madri), situação da imunodeficiência, terapias multidrogas e situação atual do tratamento da Hanseníase, Belém – PA, 2015. Características Clínicas Forma Clínica MHT MHD MHV Total Situação da Imunodeficiência AIDS HIV Total Poliquimioterapia PQT-MB PQT-PB Total Terapia Antirretroviral Sim Total Situação do Tratamento Alta (A) Em tratamento Abandono Total (A) 01 paciente se encontra em acompanhamento pós-alta. Frequência Nº % 21 12 03 36 58,3 33,4 8,3 100 33 03 36 91,7 8,3 100 25 11 36 69,4 30,6 100 36 36 100 100 15 8 13 36 41,7 22,2 36,1 100 Tabela 3. Distribuição dos pacientes quanto aos fatores relacionados a adesão ao tratamento da Hanseníase, Belém – PA, 2015. Questionamentos Relacionados a Adesão Paciente queixa-se de efeitos adversos Sim Não Total Paciente acredita que faz uso de muitos medicamentos Sim Não Total Paciente já interrompeu o tratamento por conta própria Sim Não Total Paciente acredita que sua rotina foi alterada Sim Não Total Paciente acredita que o tratamento é importante Sim Não Total Paciente acredita que foi bem orientado e atendido Sim Não Total Frequência Nº % 09 27 36 25 75 100 17 19 36 47,2 52,8 100 13 23 36 36,1 63,9 100 21 15 36 58,3 41,7 100 26 10 36 72,2 27,8 100 24 12 36 75 25 100 8 100 80 60 22.2 22.2 Abandono 40 20 Em Tratamento Alta 41.7 13.9 0 0 SIM NÃO Figura 1. Presença de rede de apoio familiar. O apoio da familia está associado a melhor adesão ao tratamento A rede de apoio familiar se faz de extrema importância para adesão ao tratamento, quando se observa o percentual de ausência desta rede aliado ao abandono do tratamento em comparação aos outros pacientes fica claro está se faz de grande utilidade na manutenção do paciente dentro do esquema de tratamento. Chirinos e Meireles (2011) mostram a importância da presença familiar na adesão de pacientes a um tratamento, elas citam também como influência a não adesão a moradia longe do centro de saúde e a baixa escolaridade. Schilkowsky, Portela e Sá (2011) relatam que a presença de familiares funciona como esteio de segurança e de amparo e que não morar com familiares ou um parceiro, mas sozinho apresenta tendência de associação com o abandono. Deste modo, os pacientes que gozaram de apoio de suas famílias se mantiveram mais fieis ao tratamento e alcançando a cura. 80 60 25 40 19.4 Abandono Em Tratamento 20 0 11.1 2.8 11.1 SIM 30.6 Alta NÃO Figura 2. Presença de efeitos adversos e sua relação com a adesão. O controle dos efeitos adversos está associado com a manutenção do tratamento. Trindade e colaboradores (2009) mostra que cerca 40% dos casos onde há presença de efeitos adversos ocorre abandono do tratamento da Hanseníase, assim o controle destes efeitos tem efeito positivo para a continuação do tratamento. 9 (B) (A) 80 60 50 40 30 20 10 0 8.3 27.8 2.8 16.7 19.4 Abandono Em Tratamento 25 60 0 40 41.7 20 Alta SIM Em Tratamento 36.1 22.2 0 0 SIM NÃO Abandono Alta NÃO (C) 60 19.4 40 20 11.1 16.7 Abandono 27.8 11.1 Em Tratamento Alta 13.9 0 SIM NÃO Figura 3. Relação entre o uso de muitos medicamentos (A), parada espontânea no tratamento (B) e alteração na rotina do paciente (C). Há interligação entre estes fatores, caso não sejam bem atentados pelo profissional de saúde pode haver abandono pelo paciente. O uso de muitos medicamentos cria a sensação de sobrecarga no paciente. Gusmão e Mion Jr (2006) cita que esta sensação de sobrecarga e mudança na rotina do paciente está associada a paradas intermitentes no tratamento e alguns casos de abandono deste. (B) (A) 80 80 60 8.3 22.2 Abandono 40 20 Em Tratamento 41.7 27.8 0 0 SIM NÃO Alta 60 16.7 40 16.7 20 33.3 0 SIM Abandono 19.4 5.6 8.3 Em Tratamento Alta NÃO Figura 4. Relação entre a crença no tratamento de que o tratamento é importante (A) e de que está sendo bem acolhido no serviço de saúde (B). A relação entre estes fatores se mostra positiva no tratamento destes pacientes, levando a maior adesão ao tratamento. 10 O bom atendimento e orientação se mostra como principal forma de fidelizar o paciente ao serviço, dando melhores chances de cura (Souza e Cruz, 2012). Deste modo a conscientização do paciente se faz necessária através de medidas educativas por parte da equipe multidisciplicar, de forma que este se mantenha fiel a sua terapia. CONCLUSÃO: È necessária uma atuação educativa para todas as partes envolvidas no tratamento, seja o paciente, conscientizando-o sobre a importância de fazer o tratamento de forma correta, de sua família de modo que de apoio no momento de vulnerabilidade em que ele se encontra, que sejam tomadas medidas mitigadoras dos efeitos adversos a poliquimioterapia, e que a equipe de saúde atue de forma humanizada e que esta realize ações de promoção de saúde seja no próprio consultório, ou mesmo na sala de espera dos pacientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. BOYER, P. D.. The Enzymes. 3. ed. New York: Academic Press, 1974. 886 p. ISBN 9780121227104 2. BRASIL. Ministério da Saúde. ANVISA. Portaria nº 3.125: Diretrizes para Vigilância, Atenção e Controle da hanseníase. Brasília, 7 de Outubro de 2010. 3. BRASIL. Ministério da Saúde. Dados sobre a AIDS no Brasil. Brasília, 2014. (disponível em http://www.brasil.gov.br/saude/2014/12/ministerio-divulga-dados-sobre-aids-no-pais-nestasegunda-1) 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, AIDS e Hepatites Virais. HIV e AIDS. Brasília, 2014. (disponível em http://www.aids.gov.br/) 5. BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico HIV – AIDS 2013. Brasilia 2013. p. 14 (disponível em http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2013/55559/_p_boletim_2013_intern et_pdf_p__51315.pdf) 6. BRASIL. Ministério da Saúde. Hanseníase, Descrição da Doença. Brasília, 2014. (disponível em http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/705secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/hanseniase/11294-descricao-da-doenca) 7. BRASIL. Ministério da Saúde. Hanseníase, Tratamento. Brasília, 2014. (disponível em http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/o-ministerio/principal/leia-mais-o-ministerio/705secretaria-svs/vigilancia-de-a-a-z/hanseniase/11299-tratamento) 8. BRASIL. Ministério da Saúde. SINAN/SVS. Mapa do Coeficiente de Detecção de Hanseníase por Município do Brasil. Brasília, 2013. (disponível em http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/outubro/09/Mapa---Coeficiente-de-detec----ode-hanseniase-por-municipio-Brasil--2012.pdf) 9. BRASIL. Ministério da Saúde. SINAN/SVS. Mapa do Coeficiente de Detecção de Hanseníase por Estado do Brasil. Brasília, 2013. (disponível em http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/outubro/09/Mapa---Coeficiente-de-detec----ogeral-de-hansen--ase-por-estado-2012.pdf) 10. LOCKWOOD, D N J, LAMBERT S M. Human Immunodeficiency Virus and Leprosy: 1 An Update. Dermatol Clin 29 (2011) 125–128 doi:10.1016/j.det.2010.08.016 11. Ridley DS, Jopling WH. Classification of leprosy according to immunity. A five-group system. Int J Lepr Other Mycobact Dis. 1966 Jul-Sep;34(3):255-73. 11 12. SOUZA, A. A., DE OLIVEIRA, F. J. F, COSTA, A. C. P. J., SANTOS NETO, M., CAVALCANTE, E. F. O., FERREIRA, A. G. N. Adesão ao Tratamento da Hanseníase por Pacientes Acompanhados em Unidades Básicas de Saúde de Imperatriz-MA. S A N A R E, Sobral, V.12, n.1, p. 06-12, jan./jun. – 2013 13. USTIANOWSKI, A P, LAWN, S D, LOCKWOOD, D N J. Interactions between HIV infection and Leprosy: a paradox. Lancet Infect Dis 2006; 6:350–60 14. WHO. Chemoterapy of leprosy control program. Who Technic Report Service, 675, 1982. 15. WHO. Global Summary of the AIDS Epidemic 2013. Geneva. Switzerland. 2014. (disponível em http://www.who.int/hiv/data/epi_core_dec2014.png) 16. WHO. Weekly epidemiological record. No. 35, 2013, 88, 365–380. 30 AUGUST 2013, 88th year. Geneva. Switzerland. (Disponível em http://www.who.int/wer/2013/wer8835/en/) 17. WHO. WHO Model Prescribing Information: Drugs Used in Leprosy.p:4 Geneva. Switzerland. 1998. (Disponível em http://apps.who.int/medicinedocs/pdf/h2988e/h2988e.pdf) 18. XAVIER, M B. Coinfecção HIV/AIDS e hanseníase. Boletim de atualização da Soc. Bras. de Inf. Ano III n. 9 Jan-Mar 2009. p. 7. Infectologia Hoje. Sociedade Brasileira de Infectologia. São Paulo/SP. Brasil. 19. CHIRINOS, N. E. C., MEIRELLES, B. H. S. Fatores Associados Ao Abandono Do Tratamento Da Tuberculose: Uma Revisão Integrativa. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2011 Jul-Set; 20(3): 599-406. 20. SCHILKOWSKY, L. B., PORTELA, M. C., SA, M. C., Fatores Associados Ao Abandono De Acompanhamento Ambulatorial Em Um Serviço De Assistência Especializada Em HIV/Aids Na Cidade Do Rio De Janeiro, RJ. Rev Bras Epidemiol 2011; 14(2): 187-97 21. TRINDADE, L. C., ZAMORA, A. R. N., MENDES, M. S., CAMPOS, G. P., AQUINO, J. A. P, CANTIDIO, M. M., HEUKELBACH, J., Fatores Associados Ao Abandono Do Tratamento Da Hanseníase Em João Pessoa, Estado Da Paraíba, Cad. Saúde Colet., Rio de Janeiro , 17 (1): 51 - 65, 2009. 22. SOUZA, A. B. F., CRUZ, Z. V., Abandono Do Tratamento Da Tuberculose No Município De Itapetinga-Ba: Um Estudo Da Influência Dos Fatores Ambientais. Centro Científico Conhecer - Goiânia, v.8, N.14; p. – 2012 23. GUSMÃO, J. L., MION JR, D., Adesão Ao Tratamento – Conceitos. Rev Bras Hipertens vol.13(1): 23-25, 2006. DIFICULDADES - Não houve dificuldades significativas. PARECER DO ORIENTADOR: Manifestação do orientador sobre o desenvolvimento das atividades do aluno e justificativa do pedido de renovação, se for o caso. DATA : ______/_________/________ _________________________________________ ASSINATURA DO ORIENTADOR ____________________________________________ ASSINATURA DO ALUNO 12 INFORMAÇÕES ADICIONAIS: Em caso de aluno concluinte, informar o destino do mesmo após a graduação. Informar também em caso de alunos que seguem para pós-graduação, o nome do curso e da instituição. 13 FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS SEGUINTES ASPECTOS DO RELATÓRIO : 1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram mudanças significativas, elas foram justificadas? 2. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho ? 3. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os objetivos propostos? 4. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista? Comentar sobre a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido gerada nenhuma, os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em que tipo de veículo? 5. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório 6. Parecer Final: Aprovado ( ) Aprovado com restrições ( Reprovado ( ) ) (especificar se são mandatórias ou recomendações) 7. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) _____________ Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório. Data : _____/____/_____. ________________________________________________ Assinatura do(a) Avaliador(a) 14