1 Efeito da adição de diferentes concentrações de açúcar e mel em 2 parâmetros físico-químicos e sensoriais de frozen yogurt com baixo teor 3 de gordura 4 Aspectos físico-químicos e sensoriais de elaborados com culturas 5 probióticas, baixo teor de gordura e diferentes proporções de mel 6 7 Pysicochemical and sensory aspects of low-fat frozen yogurt developed 8 with probiotic cultures, added withdifferent concentrations of honey. 9 10 Resumo. O apelo dos consumidores por produtos diferenciados é um reflexo do grande 11 fluxo de informações sobre o mercado alimentício. O presente trabalho teve por 12 objetivo produzir frozen yogurt probiótico com baixo teor de gordura adicionado de 13 diferentes proporções de mel em substituição a parte de açúcar para verificar o efeito 14 desta variável nas características físico-químicas e sensoriais do produto final. Para a 15 elaboração dos frozen yogurt foram utilizados: leite desnatado, glicose, açúcar, mel, 16 leite em pó desnatado, soro em pó, amido modificado, espessante, liga neutra, 17 emulsificante e culltura mista de Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium ssp e 18 Lactobacillus casei. A partir de um delineamento composto central rotacional 11 19 formulações foram definidas para o estudo, tendo como variáveis a adição de açúcar e 20 mel em dois tratamentos, base e calda. As amostras foram analisadas para teores de 21 sólidos totais, gorduras, proteínas, pH, acidez, açúcares, overrun e avaliação sensorial 22 por meio de testes de aceitação e intenção de compra. Dentre todas as análises somente 23 açúcares redutores e os testes sensoriais diferiram significativamente (p≤0,05), 24 comprovando a influência do mel nos parâmetros avaliados. É possível produzir gelado 25 comestível com valor lipídico reduzido sem interferir nos padrões de identidade e 26 qualidade estabelecidos pela legislação brasileira. O mel exerceu efeito negativo na 27 aceitabilidade do produto, demonstrando-se viável somente quando adicionado na calda 28 com uma proporção estimada a 20,0%. 29 Palavras-chave: Caracterização Físico-química, Avaliação Sensorial, Açúcar Redutor, 30 Proteínas, Gorduras 31 32 Abstract. The consumers appeal by different products is a reflex of the large stream of 33 information about alimentary market. The present work had as objective to produce 34 probiotic frozen yogurt with low fat concentration added in different proportions of 35 honey to substitute part of sugar to find out the effect of this variable in the 36 physicochemical and sensorial characteristics of the final product. In order to prepare 37 the frozen yogurt were used skimmed milk, glucose, sugar, honey, skimmed powder 38 milk, powder whey, modified starch, thicken additive, neutral mixture, emulsificant and 39 blended culture of Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium ssp and Lactobacillus 40 casei. From a central rotational composed description, eleven formulas were defined 41 for the study, having as variables the addiction of sugar and honey in two treatments, 42 base and sauce. The samples were analysed to check the concentrations of total solids, 43 fat, proteins, hydrogenic potential (PH), acidity, simpler carbohydrates, overrun and 44 sensorial evaluation through the acceptance tests and purchase intention of the 45 consumers. Among all the analysis, only reducing simpler carbohydrates and the 46 sensorial tests differed significantly (p higher or equal 0,05), proving the influence of 47 honey in the evaluated parameters. It is possible to produce icy edible food with reduced 48 lipidic value without interferring in the identity and quality standards established by the 49 Brazilian legislation. The honey performed negative effect in the acceptance of the 50 product showing to be doable only when added in the sauce with an estimated 51 proportion of 20,0%. 52 Keywords: Physicochemical characteristics, Sensorial evaluation, Reducing simpler 53 carbohydrate, Proteins, Fats. 54 55 1. Introdução 56 O progresso da qualidade de vida da população vem despertando o interesse na 57 indústria alimentícia em desenvolver produtos com características físico-químicas e 58 sensoriais diferenciadas e que causem efeitos potencialmente favoráveis aos 59 consumidores, nutrindo-os, prevenindo-os de doenças e proporcionando-lhe saúde e 60 bem estar (CORTE, 2008). 61 alternativas na elaboração de alimentos mais saudáveis, desenvolvendo-os sem adição 62 de aromas e corantes artificiais, com valores calóricos reduzidos, como baixo teor de 63 gordura, mantendo suas características sensoriais (MUNARETTO, 2008). Em resposta os produtos “clean label” surgem como 64 Dentre os produtos desenvolvidos pela indústria de laticínios, o frozen yogurt 65 pode ser definido como um produto obtido basicamente com leite, submetido à 66 fermentação láctica através da ação do Streptococcus thermophilus e Lactobacilus 67 bulgaricus, com ou sem a adição de outras substâncias alimentícias, sendo 68 posteriormente aerado e congelado (BRASIL, 2005). Tendo em vista sua viabilidade em 69 propriedades funcionais, é um veículo apropriado para a adição de probióticos e 70 prebióticos à dieta humana (CORTE, 2008), por garantirem, respectivamente, 71 resistência contra patógenos por meio da colonização da mucosa intestinal (BECKER, 72 2009) e estimularem seletivamente a proliferação ou atividade de populações de 73 bactérias desejáveis no cólon (SAAD, 2006). 74 De maneira geral os produtos fermentados possuem um alto valor nutritivo e são 75 considerados equilibrados e adequados a qualquer dieta. Durante a fermentação, a 76 proteína, a gordura e a lactose do leite sofrem hidrólise parcial, tornando o produto 77 facilmente digerível, sendo considerado agente regulador das funções digestivas, 78 principalmente em indivíduos intolerantes (LONGO, 2006). 79 A aceitação de um determinado gelado comestível não depende exclusivamente 80 do seu sabor e aparência, mas também de propriedades físicas como textura, 81 propriedades de incorporação de ar (CORREIA et al., 2008), e físico-químicas como: 82 sólidos totais, açúcares redutores, proteínas e gorduras totais (ZENEBON et. al., 2008). 83 Souza et al. (2010) afirmam que a quantidade de gordura láctea no sorvete pode 84 variar de 0 a 24,0%, dependendo de fatores como padrões legais, qualidade e preço. 85 Este ingrediente contribui para o desenvolvimento de uma textura suave e melhora o 86 corpo do produto, fornece energia, ácidos graxos essenciais, esteróis e interage com 87 outros ingredientes desenvolvendo o sabor e conferindo cremosidade (COELHO; 88 ROCHA, 2005). 89 As proteínas contribuem para o desenvolvimento da estrutura do sorvete, 90 inclusive para emulsificação e aeração, além de apresentar propriedades funcionais 91 como a interação com outros estabilizantes e capacidade de retenção de água 92 (CORREIA; CRUZ, 2006; SOUZA et al., 2010 ). 93 Segundo Correia e Cruz (2006), o overrun é um parâmetro importante pertinente 94 à estrutura dos sorvetes definido como o aumento percentual do volume obtido a partir 95 de um volume inicial de calda. É um índice relacionado à quantidade de ar incorporado 96 durante o processo de fabricação e é regulamentado por lei através da definição da 97 densidade aparente (SOUZA et al., 2010). 98 Os açúcares desempenham funções básicas nos alimentos como agente de corpo 99 contribuindo para dar textura, aumento de sólidos, retenção de água e como adoçante 100 (edulcorante), para conferir sabor doce aos alimentos fabricados (VASCONCELLOS, 101 2012). Em contrapartida, ele acaba se tornando um vilão devido ao seu alto valor 102 calórico. 103 Grande interesse tem sido despertado pelo mel por causa da presença de 104 frutoligossacarídeos (FOS), que estimulam a atividade do trato gastrointestinal, 105 conferindo poder laxativo e atuando no aumento da resistência imunológica 106 (HARTEMINK et al., 1997), conhecidos como prebióticos, pois promovem o 107 crescimento de probióticos como acidophillus e bifidus, promovendo, estabilizando e 108 aumentando a proliferação dessas bactérias no trato gastrointestinal do hospedeiro, 109 modificando sua microbiota (ORDÓÑEZ et al. 2005). 110 Alimentos para fins especiais obtidos pela redução ou ausência de açúcar ou 111 ainda pela redução ou substituição de gorduras encontram mercado promissor, 112 atendendo pessoas sensíveis aos apelos de marketing ou preocupadas com melhores 113 condições de saúde, redução de peso ou a manutenção de aparência atraente. O 114 incentivo proporcionado pela demanda destes produtos tem permitido o aprimoramento 115 da tecnologia e o desenvolvimento de melhores ingredientes e métodos de produção 116 (NABESHIMA et al, 2001). 117 Baseado nestes indícios o presente trabalho teve por objetivo produzir frozen 118 yogurt probiótico com baixo teor de gorduras, adicionado de diferentes proporções de 119 mel em substituição a parte de açúcar para verificar o efeito desta variável nas 120 características físico-químicas e sensoriais do produto final elaborado. 121 122 2. Material e métodos 123 O presente trabalho foi desenvolvido nos laboratórios de Processamento e de 124 Análise de Alimentos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), 125 Campus de Campo Mourão, no período entre novembro de 2011 a março de 2012. As 126 formulações foram avaliadas por meio de análises físico-químicas e sensoriais. 127 Para a elaboração dos frozen yogurt foram utilizados: leite desnatado UHT 128 (Líder), 5,0% de glicose, 5,0% de leite em pó (Alibra), 1,0% de soro em pó (Alibra), 129 1,0% de amido modificado (Gemacon), 1,0% de espessante (mix de goma-guar), 1,0% 130 de liga neutra (Selecta), 1,3% de emulsificante Emustab (Selecta), 2,0% de cultura mista 131 “ABC 1” composta por cepas de Lactobacillus acidophilus, Bifidobacterium ssp e 132 Lactobacillus casei (SACCO) em relação ao produto final (m/m) e diferentes 133 proporções de açúcar e mel (Tabela 1). 134 As formulações elaboradas foram definidas por meio de um delineamento 135 composto central rotacional (DCCR) 22 incluindo quatro ensaios nas condições axiais e 136 três repetições no ponto central, totalizando 11 ensaios e variando quanto à proporção 137 de açúcar e mel nos tratamentos, base e calda, conforme Tabela 1. 138 139 140 141 142 143 144 145 146 Tabela 1 – Quantidades de mel e açúcar adicionado na base e na calda para cada 100g das formulações elaboradas. Formulação Mel (g/ 100g frozen) Base (X) 147 Açúcar (g/ 100g frozen) Calda (Y) Base (X) Calda (Y) VC* VR** VC VR VC VR VC VR F1 -1 1,5 -1 1,5 +1 8,5 +1 8,5 F2 +1 8,5 -1 1,5 -1 1,5 +1 8,5 F3 -1 1,5 +1 8,5 +1 8,5 -1 1,5 F4 +1 8,5 +1 8,5 -1 1,5 -1 1,5 F5 -1,41 0,0 0 5,0 +1,41 10,0 0 5,0 F6 +1,41 10,0 0 5,0 -1,41 0,0 0 5,0 F7 0 5,0 -1,41 0,0 0 5,0 +1,41 10,0 F8 0 5,0 +1,41 10,0 0 5,0 -1,41 0,0 F9 0 5,0 0 5,0 0 5,0 0 5,0 F10 0 5,0 0 5,0 0 5,0 0 5,0 F11 0 5,0 0 5,0 0 5,0 0 5,0 *VC = Variável Codificada; **VR = Valor Real. 148 149 150 As formulações foram elaboradas em seqüência aleatória no decorrer do período proposto. 151 152 2.1 Pré-ativação da cultura 153 Uma alíquota de dois gramas de cultura probiótica mista “ABC 1” foi dissolvida 154 assepticamente em um béquer de 500mL de leite desnatado UHT, previamente 155 esterilizado e resfriado, e incubada a 40ºC por um período de 12 horas. 156 157 2.2 Elaboração das formulações 158 As formulações dos frozen yogurt foram elaboradas em duas etapas, sendo elas o 159 preparo da base e da calda. Para a base foram pesados e misturados os ingredientes 160 sólidos: espessante, amido modificado e açúcar, que depois de incorporados ao leite, 161 foram homogeneizados em liquidificador industrial por cinco minutos. Em seguida, a 162 mistura sofreu um tratamento térmico em fogão industrial, com agitação intermitente até 163 atingir 90ºC, permanecendo em repouso por 10 minutos e logo resfriado a 60ºC para 164 adição proporcional do mel (Tabela 1). O resfriamento continuou até atingir 36ºC onde 165 foi realizada a inoculação da “cultura pré-ativada”. A mistura permaneceu incubada em 166 estufa a 40°C por 10 horas até pH 4,5 ou 0,65% de acidez 167 fermentação. Posteriormente, foi maturada sob resfriamento lento a 10°C em ambiente 168 refrigerado por 10 horas. indicando o fim da 169 O preparo da calda ocorreu em recipientes estéreis pela mistura dos ingredientes 170 sólidos: açúcar,liga neutra, leite em pó e soro em pó com a base anteriormente 171 fermentada, em liquidificador contínuo por 10 minutos. Durante homogeneização foram 172 adicionados a glicose, o mel e o emulsificante. Por fim, a mistura foi agitada e 173 congelada em sorveteira vertical à temperatura de -20ºC até o completo congelamento 174 do frozen. 175 176 As amostras foram acondicionadas em potes plásticos estéreis de 100g com tampa, identificados e armazenadas em freezer vertical à temperatura de -20ºC. 177 178 2.3 Características físico-químicas 179 Para avaliação físico-química dos frozen foram realizados, em triplicata, análises 180 de: sólidos totais, gorduras, proteínas, pH, acidez, açúcares e overrun, conforme 181 métodos analíticos descritos por Lanara (1981b), Association of Official Analytical 182 Chemists (AOAC, 1998) e Instituto Adolfo Lutz (1985). 183 A porcentagem de overrun ou densidade relativa que representa a quantidade de 184 incorporação de ar à calda durante o processo de congelamento foi calculada segundo a 185 Equação 1, descrita por Mosquim (1999): 186 187 % Overrun = [Volume final (frozen) – Volume inicial (calda)] * 100 188 (1) [Volume inicial (calda)] 189 190 2.4 Avaliação sensorial 191 Para garantir a segurança microbiológica do produto elaborado foram realizadas 192 análises de coliformes totais e termotolerantes, segundo metodologia proposta por 193 Lanara (1981a). 194 A avaliação sensorial foi realizada no sétimo dia após a fabricação dos frozen, 195 no Laboratório de Análise Sensorial de Alimentos com 50 provadores não treinados e 196 recrutados no próprio campus da universidade. 197 A aceitabilidade dos provadores foi realizada pela aplicação da Escala Hedônica 198 de 09 pontos, tendo como extremos “1 – Desgostei muitíssimo” e “9 – Gostei 199 muitíssimo” (ABNT, 1998), onde foram orientados a avaliarem as amostras em relação 200 à percepção global de suas características. Juntamente a esse teste eles estabeleceram 201 notas quanto à intenção de compra para cada produto, estruturada em 05 pontos, onde 202 “1 – Certamente não compraria” e “5 – Certamente compraria”. 203 Os provadores receberam individualmente 20g de cada amostra ao redor de 10°C 204 negativos em copos plásticos descartáveis codificados com números aleatórios de três 205 dígitos, acompanhados de uma colher descartável, um copo com água potável e as 206 fichas de respostas. 207 208 2.5 Análise estatística 209 Os dados obtidos nos testes foram submetidos à análise de variância (ANOVA) 210 ao nível de 5,0% de probabilidade de erro. Os resultados foram analisados por meio do 211 programa Statistica (Statsoft) versão 8.0 (KOEHLER,1999). 212 213 3. Resultados e discussão 214 3.1 Análises físico-químicas e overrun 215 216 A Tabela 2 apresenta os resultados referentes as análises físico-químicas e overrun das formulações elaboradas com diferentes quantidades de mel. 217 Foi observado que de todas as análises somente açúcares redutores diferiram 218 significativamente entre si (p≤0,05), comprovando a influência do mel nos parâmetros 219 avaliados. Em relação às demais análises, verificou-se frente à legislação e a termos de 220 composição, quais estavam de acordo com o padrão específico e a influência de cada 221 uma no produto avaliado. 222 A legislação brasileira atual não dispõe de padrões para frozen yogurt 223 especificamente; nesse caso, adota-se a Resolução RDC nº. 266, de 22 de setembro de 224 2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que aprova o 225 regulamento técnico para fixação de identidade e qualidade de gelados comestíveis, 226 preparados, pós para o preparo e bases para gelados comestíveis, para efeitos de 227 comparação (BRASIL, 2005). 228 229 Tabela 2 – Valores médios percentuais dos teores de sólidos totais (%), gorduras (%), proteínas (%), 230 overrun (%), açúcares (%), pH e acidez (%), das formulações estudadas. Formulação Sólidos Totais Gorduras Proteínas Overrun AR* ANR pH * * Acidez* F1 30,8 2,5 4,5 25,3 10,0 3,7 4,2 0,73 F2 32,1 2,6 4,4 46,0 18,3 4,1 4,4 0,66 F3 30,6 2,5 4,4 23,7 17,3 3,8 4,3 0,65 F4 28,0 2,6 4,4 24,0 20,2 3,4 4,2 0,65 F5 32,0 2,5 4,5 44,1 12,7 3,9 4,5 0,76 F6 28,4 2,6 4,4 27,7 17,3 3,4 4,4 0,62 F7 30,8 2,6 4,4 45,5 12,8 3,7 4,2 0,68 F8 30,1 2,5 4,6 42,5 19,7 3,4 4,5 0,62 F9 30,8 2,5 4,5 29,3 16,6 3,6 4,3 0,75 F10 31,8 2,5 4,5 28,9 16,4 3,6 4,3 0,75 F11 31,0 2,5 4,5 29,4 17,0 3,5 4,2 0,75 2,5 2,5 **Padrão Mín. 26,0 20,0 231 * Não há nenhuma padronização estabelecida. ** Padrão mínimo definido pela RDC nº 266 da Anvisa 232 (BRASIL, 2005). AR = Açúcar Redutor; ANR = Açúcar não Redutor. 233 234 O teor de extrato seco total do frozen yogurt que variou de 28,0% a 32,1% 235 (p>0,05), está de acordo com a legislação citada, a qual exige um mínimo de 26,0% de 236 sólidos totais. Estes valores atendem também o recomendado por Ordóñez et al. (2005) 237 que cita valor ideal de aproximadamente 30,0% para manter uma boa textura. 238 A substituição do creme de leite pelo soro em pó proporcionou um produto de 239 elevado índice protéico e reduzido teor lipídico (Tabela 2), apresentando assim um teor 240 de proteínas acima do recomendado e um teor de gorduras dentro do padrão mínimo 241 (BRASIL, 2005). Estudos realizados por Gonçalves e Eberle (2008), utilizando creme 242 de leite na composição do frozen, mostraram que a quantidade de gordura variou de 243 14,0% a 17,0%, sendo classificado como Frozen Yogurt Premium, pois obteve uma 244 maior quantidade de gordura do que os sorvetes tradicionais. 245 Segundo GUINARD et al. (1994), a gordura do leite favorece a qualidade do 246 frozen yogurt por melhorar suas características sensoriais como sabor, textura mais 247 macia e cremosa. Proporciona também corpo e suavidade ao produto, diminuindo a 248 sensação de frio do sorvete na boca (COELHO; ROCHA, 2005). 249 De acordo com Rodrigues et al. (2006), o balanço entre gordura e sólidos na 250 fase aquosa ajuda a promover a estabilidade da emulsão durante o processamento da 251 mistura. Ruger et al. (2002), ainda afirmam que menores níveis de gordura produzem 252 redução da percepção de riqueza, devido a menor liberação de componentes aromáticos 253 solúveis em gordura, previnem a aglomeração dos glóbulos de gordura, evitando 254 defeitos comuns, tais como textura gordurosa, corpo fraco e tendência ao encolhimento 255 ou contração. 256 Desta forma, foi observado que a adição das proteínas do soro desempenham um 257 papel importante na estabilidade da emulsão por apresentarem funcionalidade 258 semelhante aos emulsificantes tradicionais e por constituir uma alternativa de 259 substituição da gordura do leite (RODRIGUES et al., 2006). No entanto, o uso 260 excessivo de lactose, pode cristalizar durante o armazenamento resultando em textura 261 arenosa do sorvete e este fenômeno indesejável depende da quantidade de sólidos da 262 mistura, além da temperatura de armazenamento e presença de estabilizadores 263 (COELHO; ROCHA, 2005; SOUZA, et al., 2010). 264 Andrade et al. (2004) observaram em sorvetes simbióticos um teor médio de 265 proteínas de 2,6%, menores do que os encontrados no presente trabalho. Estudos 266 mostram que a retenção da água é importante, pois, quanto menor a quantidade de água 267 livre no produto, menor será a quantidade e o tamanho dos cristais de gelo formados 268 (SOUZA et al., 2010 ). 269 Os percentuais de overrun variaram de 23,7 a 46,0% (Tabela 2) não 270 apresentando diferença (p>0,05) entre os tratamentos. Os valores médios determinados 271 atendem ao padrão estabelecido pela legislação vigente de no mínimo 20,0% (BRASIL, 272 2005). 273 A quantidade de ar incorporado é importante devido a sua influência na 274 qualidade do produto final, ao qual confere maciez (SOUZA et al., 2010), textura leve, 275 influência nas propriedades físicas de derretimento, dureza e maior estabilidade durante 276 o armazenamento (OLIVEIRA, 2005). 277 incorporado, mas também a distribuição e o tamanho das células de ar que influenciam 278 essas propriedades (SOUZA et al., 2010; SOFJAN; HARTEL, 2004) Todavia, não é apenas a quantidade de ar 279 Segundo Rodrigues et al. (2006), as proteínas do soro do leite por possuírem 280 propriedades funcionais facilitam a incorporação de ar na elaboração dos sorvetes. A 281 aeração, de um modo geral, depende da composição da calda envolvendo o conteúdo de 282 sólidos totais, quanto maior o conteúdo de sólidos, maior será a incorporação de ar ao 283 sorvete; da quantidade de gordura, quanto maior a quantidade de gordura, menor será a 284 quantidade de ar incorporado; depende também das propriedades de processo, do tipo e 285 quantidade de emulsificantes e estabilizantes adicionados e do tipo do equipamento de 286 congelamento, obtendo-se características adequadas de corpo, textura e palatabilidade 287 necessárias ao sorvete (OLIVEIRA, 2005; LEANDRO et al., 2006). 288 O delineamento estatístico para a análise de açúcares redutores, cujos valores 289 médios variaram de 10,0 a 20,2%, indicou que a porcentagem de mel na base e na calda 290 apresentaram efeitos estatisticamente significativos (p≤0,05) e positivos com um 291 coeficiente de determinação de 95,5% sendo considerado ótimo para este tipo de 292 análise. 293 Por meio da análise de curvas de contorno e gráfico de pareto para açúcares 294 redutores (Figuras 1a e 1b), verifica-se que o aumento do percentual de mel na base e na 295 calda aumentam a concentração desses açúcares dentro da faixa estudada. 296 297 Figura 1a – Curva de contorno para a resposta açúcares redutores dos tratamentos de frozen yogurt 298 elaborados com diferentes concentrações de mel. 299 300 Figura 1b – Gráfico de paretos para a resposta açúcares redutores dos tratamentos de frozen yogurt 301 elaborados com diferentes concentrações de mel, onde X corresponde a base e Y a calda. 302 303 As Figuras 1a e 1b, mostram que a adição do mel na calda (% YL) teve uma 304 influência maior que na base (% XL), o que é explicado pelo fato que durante a 305 fermentação as bactérias ácido-lácticas obtêm energia necessária para a realização de 306 suas atividades vitais por meio da utilização do mel como substrato (VARGHESE; 307 MISHRA, 2008). 308 A redução no teor de açúcares não redutores pode ser explicada pela inversão da 309 sacarose em D-glicose e D-frutose em decorrência do tratamento térmico e do aumento 310 da acidez, fatores que contribuem para este fenômeno químico (RODRIGUES et al., 311 2000). Em condições normais, o aumento da taxa de inversão da sacarose promove a 312 redução na concentração deste constituinte e a elevação no teor de açúcares redutores 313 (DAMIANI et al., 2009). 314 Os valores de pH encontrados variaram de 4,2 a 4,5 (p>0,05), cujos resultados 315 são semelhantes aos observados por Inoue et al. (1998), Gonçalves e Eberle (2008), que 316 avaliaram 317 Bifidobacterium ssp, aos quais encontraram pH próximos a 4,5. frozen probiótico elaborados com Lactobacillus acidophilus e 318 A determinação de acidez resultou em uma variação de 0,62 a 0,75% ficando 319 maior que os observados por Pereira et al. (2012), que determinaram acidez titulável 320 para mistura base de frozen yogurt variando de 0,51 a 0,58%. Davidson et al. (2000) 321 afirmaram que as indústrias norte-americanas procuram atingir uma acidez titulável 322 mínima de 0,30% para esse produto. 323 De maneira geral, quanto maior a acidez titulável encontrada em um produto 324 lácteo fermentado, menor será o valor de pH e o teor de lactose desta amostra, em 325 decorrência da produção de ácido láctico por ação de bactérias fermentativas 326 (TRAMONTINA et al., 2001). 327 328 3.2 Análise sensorial 329 Os resultados das análises microbiológicas obrigatórias para a avaliação das 330 condições higiênico-sanitárias dos frozen yogurt demonstraram que todas as 331 formulações atenderam aos padrões estabelecidos, não representando riscos ao 332 consumidor e tornando segura a análise sensorial imposta (BRASIL, 2001). 333 Os dados referentes às notas médias (Tabela 3) e distribuição de respostas 334 (Figuras 2a, 2b, 3a e 3b) para os diferentes tratamentos na aceitabilidade e intenção de 335 compra do frozen yogurt são apresentados a seguir. 336 337 Tabela 3 - Médias de aceitação sensorial e intenção de compra de frozen yogurt elaborados com 338 diferentes concentrações de mel. Formulações F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 Teste de aceitação* 7,7 6,3 7,5 6,5 8,0 6,9 7,2 6,4 7,2 7,0 7,0 Intenção de compra** 4,2 2,8 4,0 3,2 4,2 3,1 3,8 3,0 3,8 3,6 3,6 339 *Escala hedônica estruturada mista de nove pontos (1 = desgostei muitíssimo; 5 = nem gostei/nem 340 desgostei; 9 = gostei muitíssimo). **Escala hedônica estruturada mista de cinco pontos (1 = certamente 341 não compraria; 3 = talvez sim/ talvez não; 5 = certamente compraria) (ABNT, 1998). 342 343 344 Figura 2a - Superfície de resposta e gráfico de pareto a aceitação sensorial dos tratamentos de frozen 345 yogurt elaborados com diferentes concentrações de mel. 346 347 Figura 2b - Gráfico de pareto a aceitação sensorial dos tratamentos de frozen yogurt elaborados com 348 diferentes concentrações de mel, onde X corresponde a base e Y a calda. 349 350 351 Figura 3a - Superfície de resposta a intenção de compra dos tratamentos de frozen yogurt elaborados com 352 diferentes concentrações de mel. 353 354 Figura 3b - Gráfico de pareto a intenção de compra dos tratamentos de frozen yogurt elaborados com 355 diferentes concentrações de mel, onde X corresponde a base e Y a calda. 356 357 As notas médias referentes ao teste de aceitação observadas variaram de 6,3 a 358 8,0 que correspondem de “gostei ligeiramente” a “gostei muito” e a resposta para o teste 359 de intenção de compra ficou próximo a “provavelmente compraria”, ambas, com 360 destaque às formulações F1, F3 e F5. Conforme Figuras 2a, 2b, 3a e 3b, a quantidade de 361 mel adicionada na base influenciou negativamente (p≤0,05) na avaliação dos 362 consumidores. Quanto a aceitabilidade, a adição de mel na calda não apresentou 363 diferença significativa (p>0,05) mas demonstrou um comportamento decisivo na 364 aceitação do produto quando o teor foi próximo a 20,0% e quanto menor a adição de 365 mel na base e na calda maior será sua intenção de compra. 366 A análise de efeitos demonstra que o aumento na proporção de mel exerceu 367 efeito negativo, devido ao sabor ácido acentuado atribuido pelos provadores durante o 368 teste. Tal resultado pode ter sido afetado pelo fato do frozen yogurt não ser parte de sua 369 dieta habitual. 370 Conforme os estudos de Man e Jones (1996), Kailasapathy e Rybka (1997) e 371 Shah (2000), o uso de algumas culturas probióticas em leites fermentados é limitado, 372 devido às substâncias produzidas por estes microrganismos, as quais podem ocasionar 373 sabores estranhos ou off-flavors nos produtos finais, além da sensibilidade a uma série 374 de fatores, como pH ácido e a presença de oxigênio. 375 O sabor ácido é uma característica comum ao produto em questão, mas de 376 acordo com Pereira et al. (2012), o aumento do ponto de fermentação para pH 5,5 377 apresentou maior aceitação (p≤0,05), em relação ao pH 4,5 também testado, indicando 378 que os consumidores preferem amostras com maior pH final de fermentação. O mesmo 379 foi analisado por Inoue et al. (1998), 380 semelhante foi relatado por Guinard et al. (1994), ao avaliar o efeito da acidez e 381 concentração de açúcar na aceitabilidade de frozen. ao testar faixas distintas de pH. Resultado 382 383 Estudos de Pereira et al. (2012) demonstram que maiores teores de acidez titulável no frozen propiciam menores escores de aceitação para o sabor do produto. 384 A variação de pH está diretamente relacionada à acidez e esta, por sua vez, ao 385 aroma do produto. A atividade das culturas lácticas causa mudanças químicas 386 específicas, liberando compostos voláteis com grupamento carbonil, como ácido láctico 387 e acético, acetaldeído, cetonas e diacetil (TAMIME; ROBINSON, 2007), que 388 contribuem para a percepção de acidez, aroma e sabor do frozen yogurt. 389 O sabor e aroma do frozen yogurt dependem inteiramente da cultura láctica 390 usada e de seu metabolismo durante a fermentação. Sabores e odores estranhos são 391 geralmente causados por subprodutos da fermentação inadequada. Estes atributos 392 devem-se ao ácido láctico e em quantidades muito pequenas de acetaldeído, diacetil e 393 ácido acético e dependem também do tipo e da qualidade dos ingredientes utilizados na 394 mistura do frozen yogurt, do tempo e da temperatura de fermentação (CORTE, 2008). 395 Os açúcares, por sua vez, influenciam no sabor durante a fixação dos compostos 396 aromáticos interrompendo sua volatilização, deixando a sensação de sabor por mais 397 tempo na boca (ORDÓÑEZ et al., 2005), além de contribuírem com a diminuição do 398 ponto de congelamento, aumento da viscosidade e cremosidade do produto (EPAMIG, 399 2001). 400 401 4. Considerações finais 402 A substituição do creme de leite pelo soro de leite em pó na elaboração de um 403 produto com valor lipídico reduzido e valor protéico elevado foi satisfatória, sem 404 interferir em sua capacidade de incorporação de ar e padrões de identidade e qualidade 405 impostos. 406 Por meio do delineamento proposto, dentre todas as análises somente açúcares 407 redutores e os testes sensoriais diferiram significativamente (p≤0,05) entre si, 408 comprovando a influência do mel nos parâmetros avaliados. 409 410 Quanto maior a adição de mel na base e na calda, maior será a concentração final de açúcares redutores. 411 Sensorialmente, a adição de mel no frozen exerceu efeito negativo sobre os 412 parâmetros avaliados e somente sua adição na calda demonstrou-se viável, com uma 413 proporção estimada a 20,0%. 414 5. Referências 415 ANDRADE, V. T.; BRANDÃO, S. C. C. B.; SARAIVA, C. B.; LEITE, M. O. 416 Desenvolvimento de Sorvete com Prebiótico e Probiótico. 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