Corais - Universidade Castelo Branco

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EAD – Ensino à Distância
Ciências Biológicas
Helmintologia e Metazoários Inferiores
Alunos:
Márcia Carvalho de Oliveira Policarpo
Rodrigo Guerra Carvalheira
Rio de Janeiro – 2008
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Corais
Filo Cnidaria
Os corais pertencem ao Filo Cnidaria, animais conhecidos como celenterados e
têm simetria radiada.
O Filo era chamado Coelenterata (das palavras gregas “coela” = cela ou espaço
vazio e “entenes” = intestino), que originalmente incluía os Ctenophora, atualmente
considerado um Filo separado.
A coloração brilhante de muitas espécies combinada com sua simetria radial é
com freqüência incrivelmente bonita.
Os Cnidários possuem uma cavidade intestinal revestida por uma endoderme,
como a maioria dos outros animais. No entanto, nos cnidários, ela é referida como
celêntero ou cavidade gastrovascular por funcionar na circulação além da digestão.
Nos cnidários, um círculo de tentáculos (representando invaginações da parede
corporal) circunda a boca para ajudar na captura e na ingestão de alimento.
A parede corporal do cnidário consiste de três camadas básicas: um epitélio
externo (epiderme), um epitélio interno (gastroderme) que reveste a cavidade
gastrovascular e entre eles há uma camada extracelular chamada de mesogléia. Na
mesogléia, temos a presença de células especializadas: os amebócitos.
Histologicamente, os cnidários permanecem mais primitivos embora a sua
estrutura preveja algumas das especializações encontradas
nos metazoários
superiores.
Embora todos os cnidários sejam basicamente tentaculados e radialmente
simétricos, encontram-se duas formas básicas dentre o /filo. Uma forma que é
geralmente séssil, o pólipo, e outra forma que é geralmente livre-natante, a medusa.
Tipicamente, o corpo de um pólipo é tubular ou cilíndrico, com a extremidade oral
(incluindo a boca e os tentáculos) direcionada para cima, enquanto a extremidade
oposta ou aboral, fica presa num substrato.
O corpo medusóide lembra um sino ou um guarda-chuva, com o lado convexo
para cima e a boca localizada no centro da superfície inferior da margem do sino. Em
ii
contraste à mesogléia medusóide é extremamente espessa e constitui o volume do
animal.
Podem-se dividir os celenterados em quatro grupos principais:
 Classe Hydrozoa (hidrozoários)  hidra;
 Classe Scyphozoa (cifozoários)  água-viva;
 Classe Cubozoa (cubozoários)  água-viva;
 Classe Anthozoa (antozoários)  coral.
Sistemática Cladística
Cnidários
apresentam
problemas
particulares
para
sistemática.
Comparativamente a sua morfologia simples torna difícil comparar táxons. O registro
fóssil dos cnidários de corpo-mole (águas-vivas, por exemplo) é muito escasso, embora
o registro de corais e outros cnidários mineralizados é excelente.
Tradicionalmente, pensava-se que o Hydrozoa foram os mais primitivos
cnidários. No entanto, uma recente análise cladística (Schuchert, 1993) e dados
moleculares disponíveis sugerem que a Anthozoa, o único grupo de vida
completamente que não possui a forma medusóide em seu ciclo de vida, são, de fato,
mais primitivo. Isto parece coerente com o registro fóssil dos cnidários, mas estudos
adicionais serão necessários para refinar esta imagem de filogenia dos cnidários.
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O filo Ctenophora, como mencionado anteriormente, não é atualmente
considerada como sendo parte do Cnidaria; no entanto, os dois são parentes próximos.
Anatomia e Fisiologia
Quase todos os cnidários são carnívoros. O contato com os tentáculos acarreta
uma descarga de nematocistos, que enredam e paralisam a presa. Os tentáculos então
puxam a mesma em direção à boca.
O sistema digestivo se faz presente, porém incompleto, pois a boca é a única
abertura. Possui cavidade digestiva (gastrovascular) com digestão extra e intracelular.
O alimento é distribuído pela cavidade gastrovascular, caracterizando a ausência de um
sistema circulatório.
As trocas gasosas e as excreções são realizadas por difusão na água
circundante, demonstrando a ausência dos sistemas respiratório e excretor.
Sistema nervoso presente, formando uma rede difusa no corpo, porém
apresentam um sistema sensorial reduzido, com as células sensitivas espalhadas pela
epiderme e algumas espécies possuem células sensíveis à luz (ocelos).
iv
A reprodução pode ser assexuada e sexuada, algumas espécies têm pólipos
com reprodução assexuada, por brotamento. Já algumas espécies têm ciclos de vida
com alternância de gerações sexuadas (medusas) e assexuadas (pólipos). O
desenvolvimento pode ser direto, sem estágio larval, ou pode ser indireto, com larva
plânula.
Classe Anthozoa (antozoários)
Os antozoários são cnidários polipóides tanto solitários como coloniais, nos quais
o estágio medusóide é totalmente ausente. Embora os antozoários sejam polipóides, eles
diferem consideravelmente dos pólipos hidrozoários, pois a boca leva ao interior de um faringe,
que se estende por mais da metade do interior da cavidade gastrovascular. A cavidade
gastrovascular é dividida por septos ou mesentérios longitudinais, no interior de compartimentos
irradiantes e nas bordas dos septos que portam os nematocistos.
As gônodas, como nos cifozoários, são gastrodérmicas, e a mesogléia fibrosa
contém células mesenquimais. Ao contrário de outras classes, não possuem opérculo.
Para melhor compreensão dos antozoários, a classe é dividida em:
 Anêmonas  com disco basal, sulcos no disco oral (sifonóglifos), epiderme
ciliada, hermafroditas ou dióicos. Fecundação interna ou externa e larva plânula;
 Corais Pétreos  com esqueleto de carbonato de cálcio, solitários ou coloniais,
ausência de sifonóglifos, esqueleto secretado pela epiderme e hermafroditas ou
dióicos;
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 Octocorais  têm oito tentáculos e presença de sifonóglifos e são coloniais.
Corais Pétreos ou Esclaractinianos
Os corais pétreos ou esclaractinianos são intimamente
relacionados às anêmonas-do-mar e constituem a maior ordem
de antozoários.
Em contraste com as anêmonas, os corais pétreos
produzem um esqueleto de carbonato de cálcio. Alguns corais
são solitários e possuem pólipos de cerca de 25 centímetros de diâmetro, mas a
maioria é colonial com pequenos pólipos, mas, no entanto toda a colônia pode se tornar
grande.
O esqueleto compõe-se de carbonato de cálcio e é secretado pela epiderme da
metade inferior da coluna bem como do disco basal, produzindo uma taça esquelética,
dentro da qual é fixado o pólipo. Por tanto tempo quanto a colônia estiver viva, o
carbonato de cálcio é depositado por baixo dos tecidos vivos.
Além de gerar um substrato uniforme, no qual uma colônia viva pode prender-se,
o esqueleto bem serve como proteção, pois quando contraído, o pólipo projeta-se um
pouco acima da plataforma esquelética e torna-se difícil para a maioria dos predadores
removerem-no.
Os pólipos dos corais coloniais são todos interconectados pelas dobras laterais
das dobras da parede colunar, que se conectam a dobras semelhantes dos pólipos
adjacentes, da mesma espécie. Conseqüentemente, todos os membros da colônia
conectam-se por meio de uma camada tecidual horizontal.
A colônia coralina expande-se por meio de brotamento dos novos pólipos,
provenientes das bases dos pólipos velhos ou a partir do disco oral (boca) dos pólipos
velhos, isto é, gradualmente a boca estende-se em uma direção e depois e depois
aperta-se e a separação estende-se para baixo do comprimento da coluna para formas
dois novos pólipos.
O carbonato de cálcio é continuamente depositado pela epiderme basal da
colônia viva que repousa sobre ela. Em muitos corais, os pólipos elevam
periodicamente suas bases e secretam um novo piso em sua taça. A taxa de
crescimento varia bem, dependendo de espécie e da temperatura da água. A
densidade do carbonato de cálcio secretado não é a mesma durante o ano, possui
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alterações em função de mudança de temperatura e da luz. Por isso, muitos esqueletos
coralinos exibem faixas de crescimento como anéis de troncos de árvores.
Os corais são carnívoros, e suas presas variam de pequenos peixes a até
pequenos zooplânctons. Quando expandidos, os tentáculos esticados para fora dos
pólipos adjacentes apresentam uma malha contínua e larga que a presa pode tocar.
Depois o processo é o mesmo dos demais cnidários.
A reprodução sexuada é semelhante aos demais cnidários, como as anêmonasdo-mar, pois ambos são espécies dióicas e hermafroditas. A plânula, que é produzida
por reprodução sexuada, prende-se a um substrato e o primeiro pólipo subseqüente
torna-se o organismo original de todos os membros da colônia.
Os corais estão sujeitos a lesões ou morte devido a tempestades, marés
extremamente baixas, predação e doenças.
Octocorais
Possuem várias características distintas dos demais,
sempre têm oito tentáculos, que são peniformes, ou seja, possuem
ramos laterais como uma pena de ave.
Sempre há oito septos completos, um em cada lado da base
tentacular, e isso podem ser uma condição antozoária primitiva.
Encontra-se somente um sifonóglifo.
São cnidários coloniais e os pólipos são geralmente
pequenos e semelhantes aos dos corais pétreos. Os pólipos de
uma colônia octocoralina conectam-se por meio de uma massa
tecidual chamada cenênquima. Esse tecido consiste de uma
massa de mesogléia espessa, perfurada por tubos gastrodérmicos
contínuos às cavidades gastrovasculares dos pólipos. A superfície
de toda massa carnosa é recoberta por uma camada de epiderme,
que se junta à epiderme da coluna do pólipo. Somente a porção
superior do pólipo projeta-se acima do cenênquima.
Os amebócistos da mesogléia secretam um material
esquelético calcário que sustenta a colônia, logo o esqueleto dos
octocorais é interno.
Recifes Coralinos
Os recifes coralinos são estruturas calcárias tropicais e de águas rasas que
sustentam uma associação diversa de plantas e animais marinhos. Uma característica
exclusiva dos recifes coralinos é que são formados por alguns dos animais e plantas
que os habitam.
De todos os organismos que secretam carbonato de cálcio que contribuem para
a formação de recifes modernos, os corais pétreos são os mais importantes. Não só
depositam o carbonato de cálcio, como as exigências ambientais desses animais
também descrevem os limites da distribuição do recife.
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Os recifes coralinos ocorrem em águas rasas estendendo-se até profundidades
de 60 metros. Os corais construtores de recifes ou hermatípicos contém algas
simbióticas gastrodérmicas (zooxantelas) que exigem luz para fotossíntese. Logo, a
distribuição vertical dos corais de recifes vivos restringe-se à profundidade de
penetração da luz. O número de espécies diminui rapidamente nas águas mais
profundas.
Devido a sua dependência de luz, os corais de recifes
requerem águas claras. Conseqüentemente os recifes
coralinos só são encontrados onde as águas circundantes
contêm quantidades relativamente pequenas de material
suspenso, ou seja, em águas de baixa turbidez e baixa
produtividade, com isso, os grandes sistemas fluviais que
deságuam sedimentos na costa ocidental da África e na costa
oriental da América do Sul impedem o desenvolvimento de
recifes ao longo dessas costas.
Os recifes coralinos restringem-se adicionalmente pela temperatura da água e
ocorrem somente em mares tropicais e semitropicais, onde a temperatura mínima
média não atinge menos de 20ºC. Dois são os parâmetros físicos importantes dos
ecossistemas dos recifes coralinos, as águas quentes (temperatura de 20 a 28ºC) e as
águas claras (presença de luz).
Os recifes coralinos são classificados conforme a localização em:
 Franja  perpendiculares ao mar de águas rasas e próximos às praias;
 Barreira  paralelos à costa, mas separados por lagos de água rasa e salgada;
 Atóis  crescem ao redor de vulcões, que depois afundam, deixando-os à tona,
formando lagoas.
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No Brasil, os recifes de corais estão distribuídos por cerca de 3.000 quilômetros
da costa, desde o Maranhão até o sul da Bahia, sendo as únicas formações recifais
do Atlântico Sul.
Estima-se que os recifes de corais tenham em média cerca de 15.000 anos em
formação, tendo surgido após o último período glacial, quando o nível do mar subiu,
inundando quase 100 quilômetros de plataforma continental.
Existem aproximadamente 600.000 quilômetros quadrados de recifes de corais
no mundo, dos quais 350.000 quilômetros quadrados se localizam na Austrália,
formando o Parque Marinho da Grande Barreira de Corais, com 2.000 quilômetros
de extensão, composto por 2.000 ilhas e 3.000 colônias de corais e também uma
espessura de 1.200 quilômetros entre a base vulcânica e a superfície.
As barreiras de corais, além da rica e bela flora e fauna, se constituem em uma
proteção da costa, pois quebram a força do mar, minimizando a erosão marinha.
Os recifes de corais apresentam complexas associações com habitantes
diversificados, que muitas vezes são de simbiose, estabelecidos com organismos
como alguns crustáceos, gastrópodes e peixes. Nos corais habitam cerca de 30%
das espécies marinhas existentes no mundo e 65% dos peixes. São inúmeras
espécies como moréia, polvo, camarão, estrela-do-mar, etc.
No recife temos áreas de substrato rochoso, onde se fixam muitos organismos
sésseis (que são aqueles que vivem fixos ao substrato), e áreas de areia que
requerem diferentes tipos de adaptação, da mesma forma que existem zonas de
forte hidrodinamismo e outras zonas calmas, onde as correntes são mínimas. Esta
grande diversidade de habitats é uma das razões da grande biodiversidade
existente nos recifes coralinos.
Destruição dos Corais
Estima-se que aproximadamente 60% da área de corais existente no mundo
ameaçada, sendo que 10% está irremediavelmente destruída e outros 20%
seriamente comprometida. Tal fato se deve principalmente à pesca predatória,
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circulação e ancoragem de embarcações, retirada de corais para a comercialização
e o turismo desordenado. Outra causa de destruição vem da contaminação
decorrente dos pesticidas utilizados em lavouras, que atingem os corais carregados
pela correnteza dos rios. Merece registro o fenômeno de branqueamento dos corais,
causando muitas vezes a morte. Tal condição tem origem no aquecimento global, o
que provoca um aumento da temperatura da água ( acima de 28º C ) e aumento da
fotossíntese e liberação de toxinas, causando um desequilíbrio do ecossistema.
Temos como exemplos as seguintes situações:
• Com o propósito de construir o Porto de Suape, no litoral sul de Pernambuco, foi
cometido um crime ambiental de grandes proporções, com a destruição e aterro de
manguezais e a dinamitação de recifes de corais. Tal fato causou significativo
impacto no ecossistema, considerando inclusive o aumento dos ataques de
tubarões nas praias dos municípios de Jaboatão dos Guararapes (praias de Piedade
e Candeias) e Recife (praia de Boa Viagem). Como agravante, na mesma região de
Suape, no lado oposto ao porto, foi construído um hotel que destruiu grande parte
do manguezal. Navegando pelo estuário do rio e conversando com habitantes locais
pode-se dimensionar o significativo dano causado e que ameaça a sobrevivência
das espécies marinhas e dos pescadores.
• O turismo desordenado e a coleta de espécies de corais, praticado principalmente
em localidades com grande fluxo turístico, como Porto de Galinhas e Maragogi, tem
sido fator de preocupação e desenvolvimento de ações dos órgãos ambientais,
observando-se que, em algumas partes os danos são considerados graves e até
irremediáveis.
• No litoral de São José da Coroa Grande, especialmente na localidade denominada
“Prainha” e também nas proximidades, a visitação turística sem qualquer
ordenamento tem agravada a destruição dos corais. Outros pontos onde são
observados problemas são nas fozes dos rios, especialmente do Rio Persinunga,
que serve de divisa entre os estados de Pernambuco e Alagoas, grande parte em
decorrência de modificações na foz executadas por proprietários de residências na
margem do rio.
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APA Costa dos Corais
Uma Área de Proteção Ambiental, APA, é uma categoria de unidade de
conservação ambiental onde são conciliados os interesses ambientais e
econômicos. A gestão da área tem como base suas características ambientais, a
partir das quais são definidas normas de convivência entre os ecossistemas e as
atividades antrópicas.
A Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais foi criada por decreto federal em
23 de outubro de 1997, com o objetivo de proteger a diversidade de vida e
assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da região costeira entre os rios
Formoso (Tamandaré – PE) e Meirim (Paripueiras – AL), contemplando recifes de
corais, praias e manguezais. A área abrange um total de 413.563 hectares,
distribuídos em 135 quilômetros de costa de 13 municípios, adentrando 18 milhas
náuticas do oceano Atlântico. É a maior unidade de conservação marinha do Brasil.
xi
Bibliografia

BARNES & outros - Zoologia dos invertebrados – 6ª edição - Editora Roca
ltda – São Paulo – Brasil;

Instrucional da disciplina de Helmintologia e Metazoários Inferiores do Curso
de Ciências Biológicas - Universidade Castelo Branco – Coordenação de
Educação à Distância – Rio de Janeiro, RJ – 2007;

Museu do Una, Várzea do Una, São José da Coroa Grande, Pernambuco
(http://www.museudouna.com.br/corais.htm) - acessado em 14/03/2008 às
09h00min;

IAPq - Instituto de Pesquisas em Aqüicultura e
(http://www.ipaq.org.br) - acessado em 14/03/2008 às 11h27min;

University
of
Califórnia
Musuem
of
Paleontology
(http://www.ucmp.berkeley.edu/cnidaria/cnidariasy.html) - acesso em 14/03/08 às
11h40min;

Superintendência de Administração do Meio Ambiente do Governo da
Paraíba (http://www.sudema.pb.gov.br/textos_corais.htm ) - acesso em 18/03/2008 às
17h05min.
Aquariologia
xii
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