CURSO: DOCÊNCIA E PRÁTICAS DE ENSINO. A escola, enquanto

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CURSO:
DOCÊNCIA
E
PRÁTICAS
DE
ENSINO.
A escola, enquanto local formalmente constituído para exercer as práticas
pedagógicas, cabe assegurar aos alunos um sólido domínio de conhecimentos e
habilidades no desenvolvimento de suas capacidades intelectuais, de pensamento
independente, crítico e criativo. Todavia, percorremos uma trajetória na educação que
tem revelado um significativo interesse em desvendar possibilidades pedagógicas para
o processo de ensino-aprendizagem, condizentes com os desafios que apresentam o
mundo
contemporâneo.
São muitas as dificuldades perpassadas pelo cenário educacional brasileiro, em
termos de estrutura física, recursos materiais, acesso às tecnologias da informação e
comunicação, sobretudo nas escolas de Educação Básica. Essas dificuldades são
visíveis na ausência das "paredes" físicas e poucas condições materiais para
desenvolver atividades de ensino-aprendizagem. Entretanto, as ações pedagógicas
transformadoras surgem mesmo que em salas de aula com estruturas físicas
precárias, em escolas com mínimos recursos didático-pedagógicos e até em diversos
espaços
improvisados.
Nessa perspectiva, a ação educativa materializa-se em práticas pedagógicas
transformadoras, com diversos meios de se concretizar, através da conciliação entre a
ação docente comprometida com uma educação libertadora e pela busca da função
emancipatória das escolas e de projetos pedagógicos que contemplam a autonomia
dos educandos, vinculada a uma formação humana comprometida com valores éticos
fundamentais.
Logo, o mais importante para o educador é acreditar no potencial de aprendizagem
pessoal e na capacidade de evoluir, integrando-se à novas experiências e dimensões
do cotidiano. Ao educar, o docente torna visível seus valores, atitudes, ideias e
emoções. Os alunos e colegas percebem sua reação diante das diferenças de
opiniões, dos conflitos e valores. Entretanto, alguns educadores confundem visão
crítica com pessimismo estrutural; eles só transmitem aos alunos visões negativistas e
desanimadoras da realidade. Esse substrato pessimista interfere profundamente na
visão dos alunos. Da mesma forma, educadores com credibilidade e uma visão
construtiva da vida contribuem muito para que os alunos se sintam motivados a
continuar,
a
querer
aprender,
a
aceitar-se
melhor.
O educador é um ser complexo e limitado, mas sua postura pode contribuir para
reforçar que vale a pena aprender, que a vida tem mais aspectos positivos que
negativos, que o ser humano está evoluindo, que pode realizar-se cada vez mais.
Pode ser luz no meio de visões negativistas, muito enraizadas em sociedades
dependentes como a nossa. O educador é um orientador, um sinalizador de
possibilidades onde ele também está envolvido, onde ele se coloca como um dos
exemplos das contradições e da capacidade de superação que todos possuem.
Pode-se definir identidade como um conjunto de características pelas quais alguém
pode ser reconhecido. Logo, do ponto de vista sociológico, identidade pode ser
definida como: Características distintivas do caráter de uma pessoa ou o caráter de
um grupo que se relaciona com o que eles são e com o que tem sentido para eles.
Alguns autores consideram que a identidade não é exclusiva do campo individual, mas
também do coletivo, a identidade coletiva não é decorrência direta da individual, mas
possui outro sistema de relações ao qual os atores se referem e em relação ao qual
tomam
referimento.
A identidade pessoal e a identidade construída coletivamente são essenciais para
definir a identidade profissional do indivíduo. Se constrói, pois, a partir da significação
social da profissão . Constrói-se, também, pelo significado que cada professor,
enquanto ator e autor conferem à atividade docente no seu cotidiano a partir de seus
valores, de seus modos de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas
representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem
em sua vida: o ser professor. Assim como a partir de sua rede de relações com outros
professores,
nas
escolas,
nos
sindicatos
e
em
outros
agrupamentos.
Dessa forma, entende-se identidade profissional docente como um processo
contínuo, subjetivo, que obedece às trajetórias individuais e sociais, que tem como
possibilidade a construção/desconstrução/reconstrução, atribuindo sentido ao trabalho
e centrado na imagem e auto-imagem social que se tem da profissão e também
legitimado a partir da relação de pertencimento a uma determinada profissão, no caso,
o
Magistério.
Buscando uma síntese entre a concepção sociológica e a semântica da realidade
docente pode-se propor que toda profissão afirma uma identidade, logo existe uma
identidade profissional do professor, ou seja, uma maneira de ser professor. Ao
falarmos em crise da identidade profissional do professor, falamos de uma crise na
maneira e no jeito de ser professor. Parece que esse caminho é excessivamente
tortuoso, se não considerarmos que a ação profissional do professor está
condicionada por uma série de outros fatores e inserida num processo muito mais
amplo
que
o
seu
espaço/tempo
de
atuação.
Evidentemente que não se pretende ignorar que os problemas advindos das
dificuldades na interação social com as comunidades onde o docente trabalha a
insatisfação com as condições de trabalho, baixa reconhecimento social, sentimentos
de insegurança em relação à sua integridade física, afetam diretamente o trabalho do
professor. Aos poucos o dar aula se torna cansativo, repetitivo, insuportável, parece
que alguns coordenadores são mais "chatos", "pegam mais no pé". Algumas turmas
também não querem nada com nada. As reuniões de professores são todas iguais,
pura perda de tempo. Os salários são baixos. Outros colegas mostram que ganham
mais em outras profissões. Renova-se a dúvida: vale à pena ficar como está ou dar
uma
guinada
profissional
Por enquanto vai tocando. Torce para que haja muitos feriados, para que os alunos
não venham em determinados dias. Qualquer motivo justifica não dar aula. Cria muitas
atividades durante a aula: leituras em grupo, pesquisa na biblioteca, vídeos longos e
isso lhe permite descansar um pouco, ficar na sala dos professores, poupar a voz.
Geralmente essa crise profissional vem acompanhada de uma crise afetiva. O
relacionamento a dois não é o mesmo passa, pela indiferença ou pela separação.
Sente-se intimamente bastante só, apesar das aparências. E em algum momento a
crise bate mais fundo: o que é que eu faço aqui? Qual é o sentido da minha vida? Tem
tanta gente que sabe menos e está melhor! Como defender uma sociedade mais justa
num
país
onde
só
os
mesmos
ficam
mais
e
mais
ricos?
Olha para o passado e vê muitos recém formados doidos para entrar a qualquer
jeito, ganhando menos do que ele. E esses garotos possuem outra linguagem,
dominam mais a internet e estão cheios de gás. Embora faça cursos de atualização,
sente-se em muitos pontos ultrapassado. Sempre foi preparado para dar respostas,
para ser o centro do saber e agora descobre mais claramente que não tem certezas,
que cada vez sabe menos, que há muitas variáveis para uma mesma questão e que
novas
pesquisas
questionam
verdades
que
pareciam
definitivas.
A sensação de estar fora do lugar, de inadequação vai aumentando e um dia
explode. A crise se generaliza. Nada faz sentido. A depressão toma conta dele. Não
tem mais vontade de levantar, chega atrasado. Justifica cada vez mais suas faltas.
Porém, esses fatores não podem ser os únicos indicadores para analisarmos uma
suposta crise de identidade profissional do professor. Há outros indicadores a serem
considerados, como por exemplo, crenças, valores éticos e morais, representações
construídas/adquiridas sobre ser professor, etc. Isso significa que devemos considerar
que a formação de um professor, e consequentemente a construção de sua identidade
profissional, resulta de um processo de construção de múltiplas identidades que
repercutem direta e significativamente no fazer docente profissional, caracteriza-se
pela exposição pública de alguma crença, opinião ou habilidade cuja característica
principal
é
o
fato
de
ser
comum
a
um
grupo
de
indivíduos.
A principal ferramenta de que o estudante dispõe para atingirem a construção do
conhecimento é a linguagem. Assim, se faz necessário, refletir sobre os processos
comunicacionais no setor educação, esclarecendo os elementos que caracterizam o
caráter pedagógico da comunicação, pois os alunos possuem diferentes formas de
interpretar uma mesma mensagem. Logo, quanto mais coerente e clara for à
linguagem do professor na comunicação com seus alunos, melhor e mais didático será
esse
processo
comunicativo.
O cenário atual tecnológico cada vez mais imerso em realidade virtual e facilidade de
compartilhamento da comunicação entre as pessoas nos leva a pensar em
metodologias, que facilitem e motivem os alunos, de maneira a manter um diálogo
com eles. Essas ações podem ser analisadas como estímulo comunicacional de
interações sociais, pois, "criam novas formas de processos psicológicos enraizados na
cultura"
.
Ao pensarmos em pessoas em uma sala de aula, logo nos vem à mente uma visão.
De um lado o professor e do outro os alunos. Neste ambiente, não é novidade que, na
maioria das vezes, o modelo mais utilizado é o da aula expositiva. O professor que
executa este de modelo de aula expositiva vai lidar com a responsabilidade de
responder pelo desenvolvimento de toda a sala de aula.Esta última formada por
diferenças. Diferenças de criação, diferentes famílias e experiências de vida, criando
alunos completamente únicos, trazendo diversos valores e princípios. A postura
instrucionista na educação encontra grande amparo entre os professores, porque é ela
que lhes garante poder: poder reprovar, decidir o currículo, exigir desempenho, impor
disciplina,
posar
de
autoridade
e
mandar
na
escola.
"Quando se critica a aula meramente expositiva, que continua sendo a didática típica
da nossa escola, o professor defende-a com todas as forças; em parte, porque não
saberia o que fazer da vida sem aula, mas também porque se sente impotente sem tal
instrumento"
.
Levando em consideração este contexto educacional, é quase óbvio que o modelo
aula-expositiva não seja um modelo suficiente para que todo o processo de
comunicação seja o mais eficiente possível. Pois afinal, são vários fatores que podem
criar barreiras na comunicação entre o professor e seus alunos. Sendo este problema
capaz de impactar severamente o processo de construção e reconstrução do
conhecimento,
dentro
e
fora
da
sala
de
aula.
Apesar de muitas vezes tanto professor quanto aluno estarem cientes da
importância de um método pautado no diálogo, para a construção e reconstrução do
conhecimento, existe uma tendência para que a aula seja feita de uma forma
expositiva, ou seja, monólogo do professor, onde o aluno pouco participa. Os motivos
podem ser vastos. Por exemplo, em relação aos professores: Falta de preparo, pois
custos
de
desenvolvimento
são
quase
impeditivos.
Falta de tempo, pois muitas vezes, estes professores são profissionais de mercado
ou são forçados a realizar jornada, dupla, ou tripla, trabalhando diuturnamente e
encarando
viagens
entre
as
diversas
instituições
em
que
trabalham.
Neste cenário, e muitas vezes com baixos salários, e também sem o correto
preparo, o Professor tem que mostrar uma atitude positiva de entusiasmo pelo
assunto/matéria que ensina. Tem sempre que ser paciente e equilibrado, mantendo o
bom relacionamento com os alunos, administrando todos estes fatores que impactam
negativamente na comunicação professor-aluno. Ou seja, o professor tem que ser um
ator que sabe resistir ao stress e desenvolver a mais alta competência relacionada à
resiliência, pois só assim poderá estar apto a "criar, praticar, elaborar, construir,
questionar,
trocar,
organizar
e
reorganizar
suas
ideias’.
Dada a importância de o aluno vir a refletir, diz que "a consciência reflexiva deve ser
estimulada, constituindo-se uma forma de o educando refletir sobre sua própria
realidade, quando se compromete com esta, tendo a possibilidade de buscar soluções
e de transformar o seu contexto". Nessa perspectiva, a atuação docente do professor
reflexivo não se esgota no imediato de sua prática pedagógica, remete-se também
para o conhecimento de saber o que representa, enquanto membro de sua
sociedade.
Assim sendo, na promoção da profissão os professores devem ser agentes ativos de
seu desenvolvimento profissional, se estendendo ao contexto da escola e ao projeto
social que é a formação de alunos críticos e autônomos . Os professores reflexivos
são também autônomos na sua atividade através da crítica em relação às funções que
desempenham
.
Nesse sentido, diz que o aluno enquanto sujeito do processo de ensino deve ser
capacitado para sua participação no convívio social, tendo a capacidade de conhecer,
reconhecer e problematizar sentidos e significados na vida cotidiana, ocorrendo
através de uma reflexão crítica. É importante que exista e se promova o diálogo entre
educador e educando, da mesma forma que se estabeleçam relações dos conteúdos
com
a
problemática
e
a
realidade
dos
alunos.
Uma proposta de modificar esse processo escolarizante são as oficinas que abrem
espaços para o desconhecido. São tentativas de desconstruir com a máquina de
produção
de
cidadãos.
A emancipação deve ser tarefa fundamental da Educação, através de um processo de
esclarecimento
racional
que
se
estabelece
num
processo
comunicativo.
As interações de alunos-alunos, alunos-professor não podem acontecer sem a
participação da linguagem, pois o diálogo deve estar sempre presente, sendo através
deste que os alunos são instigados a participar do processo de ensino-aprendizagem.
O professor deve, portanto, instigar e desafiar os alunos na busca de respostas a partir
da vivência destes. Através da ação comunicativa o aluno se tornará crítico, ele
realizará perguntas e tentará formular as respostas, diferente do que geralmente
acontece em que os professores formulam as perguntas e dão as respostas .
A prática de ensino, por ser uma disciplina teórico-prática, talvez a única com essa
característica em se tratando da formação de professores, hoje, desenvolve-se a partir de
vivências pedagógicas no interior da escola, teorizando-a. Em seu desenvolvimento o contato
com o espaço educativo da escola é imprescindível, pois é dessa realidade que as propostas de
ensino devem emergir. A falta de um vínculo mais efetivo dos alunos com a realidade da
escola, ainda tem restringido a vivência pedagógica a uma contato artificial, de cumprimento
formal da prática de ensino, o que não garante uma reflexão aprofundada sobre o vivido. A
reflexão sobre o cotidiano, sobretudo, a partir das dúvidas reais do professor, constitui-se na
condição para que se proceda uma formação mais articulada e coerente com a realidade. A
falta de um trabalho mais sistemático de parceria entre escolas e Universidade tem levado à
construção de propostas atomizadas e com pouca repercussão na comunidade educativa.
Fazendo intervenções a partir de disciplinas isoladas em atividades esporádicas não se
efetivam as mudanças necessárias no contexto da escola pública brasileira, nem se criam as
condições para que o professor se forme num real envolvimento com as problemas da
educação brasileira. Compreendemos, através da leitura e debate em sala de aula, que as
questões ligadas a esse ensino estão diretamente vinculadas a um processo maior e mais
complexo, de sucateamento da escola pública brasileira. Tal desmonte da escola pública se
traduz nos baixos salários pagos aos profissionais da educação (quando estes recebem), nas
teleológicas entre alternativas com premissas e conseqüências ineliminavelmente vinculadas
por uma relação 3 péssimas condições de trabalho, no gerenciamento do sistema de ensino
atrelado a interesses corporativos ou político-eleitorais e na falta de uma proposta
educacional voltada à formação do cidadão. Trabalhos moleculares, na dimensão do possível,
têm servido de alento para aqueles que acreditam nas mudanças na educação, começando
pela formação do educador. São iniciativas ainda isoladas e pouco expressivas que não
avançam muito além dos limites da sala de aula. Essa perspectiva de atuação também é
apontada como um limite a ser superado, pelos pesquisadores da educação. Os espaços em
que se travam as discussões educacionais, aponta para o aspecto de que essas e, sobretudo, as
decisões do domínio educativo têm oscilado entre o nível demasiado global do macro-sistema
e o nível demasiado restrito da micro-sala de aula. Existem autores que defendem a
constituição de uma campo alternativo, uma espécie de entre-dois no qual seja resgatada a
autonomia da comunidade escolar e fortalecida a organização interna das escolas, através do
incremento a projetos de formação organizacional. Isso significa, conceber a escola como um
ambiente
educativo,
onde
trabalhar
e
formar
não
sejam
atividades
distintas.
Podemos pensar, tanto a escola como as demais instituições educativas
(Universidades) como espaços de formação constante e principalmente, de
alternativas de transformação. Mesmo que, as mudanças ocorram lentamente, já que
esta é uma característica social e cultural de nossa sociedade quando se trata de
Educação, podemos vislumbrar e atingir muitos objetivos no momento que nos
comprometermos
eticamente
com
nosso
trabalho.
O papel do professor atualmente, não está mais centrado na racionalidade técnica,
neste contexto torna-se de suma importância que o professor, seja também um
pesquisador. Uma vez que, a prática da pesquisa concede-lhe uma autonomia e
criticidade, já que, "amplia sua consciência sobre sua própria prática, a da sala de aula
e a da escola como um todo, o que pressupões os conhecimentos teóricos e críticas
sobre
a
realidade".
Sendo assim, para o exercício pleno da docência o profissional deve possuir
algumas habilidades básicas, tais como: pesquisa, domínio na área pedagógica,
didática, trabalhar em equipe, seleção de conteúdos, desenvolverem atividades
multidisciplinares e principalmente, saber integrar no processo de
desenvolvimento
cognitivo
e
aprendizagem o
afetivo-emocional.
O papel do docente requer a utilização de estratégias para facilitar a aprendizagem
dos alunos, assim, percebe-se que o docente assume uma postura constante de
reflexão sobre a sua prática em sala de aula. Pois, o professor "precisa ser critico,
reflexivo, pesquisador, criativo, inovador, questionador, articulador, interdisciplinar e
saber
praticar
efetivamente
as
teorias
que
propõe
a
seus
alunos.
A prática metodológica também deve ser repensada e aperfeiçoada de modo que
possa acompanhar as transformações ocorridas na sociedade e que possa adequar a
sua
pratica
para
atender
as
demandas
do
ensino
básico
e
superior.
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