Ontology and e-Government in the context of Knowledge Engineering ABSTRACT Government initiatives to provide services from ICT are discussed at all levels of public administration. In a few of these cases, the semantics are considered in the projects of availability of data and services to society, which involves: heterogeneous systems, duplication of information, dissolution of government agencies or wrong use of knowledge. As a way to generate scientific, technological, economic, social or cultural value, the knowledge engineering evidence frameworks that consider the semantics of information and the interoperability of processes, defining a standard vocabulary as the ontologies. The purpose of this document is to highlight an overview of research on e-government and the use of ontologies from the perspective of knowledge engineering. Thus presents current initiatives researching the knowledge openness of government in generating value in an interdisciplinary paradigm. As a result, the governance characteristics evidenced in different areas, which requires an interdisciplinary study for solving practical problems. Among the challenges is pointed the reengineering processes under the criteria of accessibility, interoperability, as well as reliability, availability, maintainability and safety, conceptualized as "RAMS". KEY WORDS: Ontology; Electronic Government; Knowledge Engineering; Interdisciplinarity Ontologia e Governo eletrônico no contexto da Engenharia do Conhecimento RESUMO Iniciativas governamentais de disponibilizar serviços a partir das TICs estão em discussão em todos os níveis da administração pública. Em poucos desses casos, a semântica é considerada nos projetos de disponibilização dos dados e serviços à sociedade, o que implica em: heterogeneidade de sistemas, duplicação de informações, dissolução dos órgãos públicos ou uso errôneo do conhecimento. Como forma de gerar valor científico, tecnológico, econômico, social ou cultural, a engenharia do conhecimento evidencia arcabouços que consideram a semântica das informações e a interoperabilidade dos processos, definindo um vocabulário padrão como as ontologias. O objetivo deste documento é apontar uma visão geral da pesquisa sobre o governo eletrônico e o uso de ontologias sob uma perspectiva da engenharia do conhecimento. Apresenta, então, iniciativas atuais que buscam no conhecimento a abertura da administração pública na geração de valor em uma visão interdisciplinar. Como resultado, são evidenciadas as características de governabilidade em diferentes áreas, o que requer um estudo interdisciplinar para a solução de problemas práticos. Dentre os desafios é apontada a reengenharia de processos sob os critérios de acessibilidade, interoperalidade, além de confiabilidade, disponibilidade, manutenabilidade e segurança, conceituada como "RAMS". PALAVRAS-CHAVE: Ontologia; Governo eletrônico; Engenharia do conhecimento; Interdisciplinaridade 1 INTRODUÇÃO Por anos a iniciativa pública se preocupou em evoluir processos e serviços a fim de criar uma base tecnológica dos dados e informações governamentais em todos os níveis. A discussão mais atual entre os autores está na disponibilização de ferramentas que facilitem o acesso da população aos serviços governamentais (Bannister, 2015). Porém, segundo Sabucedo e Rifón (2012), devido à falta de um desenvolvimento planejado e conjunto, cada órgão, sistema e inciativa apresenta um formato no tratamento do conhecimento. Então, as ontologias, como um vocábulo formal e estruturado, cumprem papel fundamental para a convergência entre os sistemas. Um trabalho complexo que envolve o conhecimento nas mais diversas formas e exige especialistas em diferentes áreas, o que representa um desafio. O propósito desse artigo é apontar uma visão atual da pesquisa sobre o governo eletrônico e o uso de ontologias sob uma perspectiva da engenharia do conhecimento. Para isso, é realizada uma revisão integrativa sobre os cases mais atuais na área. Como resultado são destacadas as principais pesquisas em relação ao estudo das ontologias para o governo eletrônico e as tendências para os desafios da formalização e integração dos conhecimentos de diferentes órgãos governamentais. O artigo está organizado em uma breve seção que apresenta os conceitos em relação a ontologia e governo eletrônico; as definições de busca e metodologia de pesquisa; os resultados para o contexto da área; e, por fim, uma discussão sobre as tendências para a área. 2 2.1 DEFINIÇÕES Ontologia Segundo Gruber (2008), o compartilhamento de dados proporciona a reutilização do conhecimento, viabilizando a comunicação entre diferentes sistemas e facilitando as atividades entre diferentes agentes. Porém a heterogeneidade de definições e conceitos inibem essa convergência de informações. Como alternativa semântica no campo da engenharia do conhecimento, as ontologias se tornaram um padrão nos processos de partilha. Uma ontologia, nessa área, é comumente definida como “um conjunto de relações com o qual se representa um conhecimento formal e explícito de uma conceptualização compartilhada” (Studer et al., 1998). Seu principal proveito está relacionado aos princípios da Web Semântica. Considerada a Web 3.0, a Web Semântica pretende estabelecer padrões voltados às relações de conteúdos compreensíveis por agentes humanos e computacionais (Berners-Lee e Hendler, 2001). Nesse paradigma da Web, as ontologias apresentam um conjunto de conceitos, relações, instâncias e axiomas, que representam conhecimento de forma compreensível e processável por agentes computacionais, o que permite o compartilhamento de conhecimento e inferências sobre os dados disponibilizados (Staab e Studer, 2013). 2.2 Governo Eletrônico Governo eletrônico são sistemas de todos os níveis governamentais que atendem as demandas usando tecnologias da informação e comunicação e habilitam o governo a interagir diretamente com os cidadãos (Bannister, 2015). No âmbito de “todos os níveis governamentais”, Bannister (2015) representa esses níveis em um modelo multicamadas denominado de “Onion-Shaped”. No escopo do modelo estão as camadas que compõem o setor público e inclui não apenas o governo central, mas também as agências de estado, o governo local, setor público ampliado e os setores comerciais do Estado. O autor engloba assim os diversos campos de atuação do governo como nas áreas de saúde, política, sistema judiciário, segurança, emprego, sistemas de informação e eleições. No Brasil iniciativas como a Lei da Informação (nº 12.527/11) e o Programa Estratégico de Software e Serviços de TI (TI-MAIOR)1 são exemplos de aplicação e criação de uma infraestrutura nacional de dados abertos, como apoio à abertura pública de ontologias e Web Semântica, na parceria para o Governo Aberto (Open Government Partnership – OGP). 3 REVISÃO SISTEMÁTICA A metodologia utilizada representa uma revisão bibliográfica integrativa, de caráter exploratório, em uma abordagem metodológica qualitativa por apresentar uma revisão 1 Disponível em http://timaior.mcti.gov.br/, acesso em 25 de Outubro de 2015 sistemática sobre os objetivos, propósitos e por ter a finalidade de realizar uma análise do conhecimento pré-existente sobre os tópicos pesquisados (Pompeo et al., 2009). Nesta seção são apresentados os procedimentos de pesquisa realizados para a seleção e análise dos documentos. As etapas apresentadas são adaptadas de Mendes et al. (2008) sendo formada sequencialmente pela: definição do tema (elaboração da Pergunta de Pesquisa); busca na literatura (amostragem da base Scopus); critérios para categorização dos estudos (filtragem de dados); avaliação dos estudos incluídos; discussão do resultado e apresentação da revisão integrativa. 3.1 Definição da pesquisa O propósito desta revisão integrativa é apontar uma visão geral da pesquisa sobre o governo eletrônico e o uso de ontologias sob uma perspectiva da engenharia do conhecimento. A importância deste estudo é analisar as iniciativas de uso das ontologias nos sistemas de governo eletrônico. 3.2 Definição das Estratégias de buscas As definições das estratégias de busca foram estabelecidas nos campos de busca, filtragem e resultados prévios, conforme segue: 1- Campos de busca: A pesquisa foi realizada dentro da base Scopus, a maior base de dados de resumo e citações de artigos científicos, sendo limitado a consulta das palavras chaves relacionadas à Governo Eletrônico, Ontologias e conhecimento: “(KEY(E-government) OR KEY(e-gov) OR KEY (Internet government) OR KEY (digital government) OR KEY (online government) OR KEY (connected government)) AND (KEY (ontology) OR KEY (ontologies)) AND (KEY (knowledge))”. A consulta resultou em 84 artigos: 82 em inglês e 2 em chinês, entre os anos 2006 a 2015. 2- Filtragem: Uma nova busca foi realizada limitando os artigos para apenas o idioma inglês dos 5 últimos anos, government ) resultando na consulta: OR “( KEY ( eKEY ( e- gov ) OR KEY ( internet government ) OR KEY ( digital government ) OR KEY ( online government ) OR KEY ( connected government ) ) AND ( KEY ( ontolo gy ) OR KEY ( ontologies ) ) AND ( KEY ( knowledge ) ) AND ( LIMIT- TO ( LANGUAGE , "English" ) ) AND ( LIMIT- TO ( PUBYEAR , 2015 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2014 ) OR LIMIT- TO ( PUBYEAR , 2013 ) OR LIMIT-TO ( PUBYEAR , 2012 ) OR LIMIT- TO ( PUBYEAR , 2011 ) ) ”. 3- Resultados prévios: A Figura 1 apresenta uma visão geral dos documentos. Do total de 20 artigos, 14 são documentos de conferências e 6 artigos de revistas. Figura 1 - Relação de Citações por documento entre 2005 e 2013. Fonte: Dados pesquisa na base da Scopus. Nos próximos tópicos são apresentadas as considerações em relação ao objetivo do artigo e os cases apresentados pelos documentos encontrados na busca. 4 CONTEXTO DA ÁREA Talisayon (2013) descreve os principais fatores para o estabelecimento da gestão do conhecimento nos setores públicos considerando: A preocupação com a eficiência e produtividade destacando-se como os principais motivadores para o estabelecimento de práticas de gestão do conhecimento, bem como para minimizar a duplicação de esforços entre divisões e direções; Melhorar a transparência e compartilhamento de informações, bem como a melhoria das relações de trabalho e de confiança dentro das organizações; Promover a aprendizagem ao longo da vida, tornando as organizações mais atraentes para os candidatos a emprego e melhoria das relações de trabalho e compartilhamento das informações com outros ministérios; É possível perceber então a necessidade de uma integração tecnológica para as soluções do governo. Segundo Bannister (2015), o termo “electronic government” foi cunhado na década de 90, também denominado “e-public administration” pelos europeus, além de outras variações encontradas como: e-government, eGov, Internet government, digital government, online government, connected government; porém muitos dos recursos apresentados não passam de mera substituição dos processos “offline” para “online”. Para Sabucedo e Rifón (2012), as soluções em Governo eletrônico não deveriam ser simplesmente a substituição de serviços em papel com serviços entregues digitalmente. O autor defende que o setor público providencie soluções completas e profundas em uma reorganização dos processos governamentais. A finalidade do governo eletrônico deveria estar voltada então a: “providenciar valor adicional aos serviços prestados ao cidadão, oferecendo recursos adequados relativos a recuperação de informação, descoberta de conhecimento e gestão de documentos” (Sabucedo e Rifón, 2012). Contudo, é necessário discutir os possíveis níveis de diferença de complexidade feitos por tecnologias semânticas, como por exemplo as folksonomias, taxonomias e ontologias. Diante dessa crítica, Talisayon (2013) apresenta o conhecimento como matéria-prima e entrega principal em qualquer decisão governamental. O que exige um aspecto intrínseco de atividades intensas em conhecimento como suporte a decisão, pois, "decisões efetivas dependem do conhecimento correto no lugar certo no momento adequado" (Talisayon, 2013). Por Bannister (2015) são percebidos como benefícios da administração pública no governo eletrônico: Administração dos fundos públicos (englobando eficiente, eficaz e uso econômico de tais fundos); igualdade de tratamento e de oportunidades (incluindo a prevenção da discriminação injusta contra as pessoas); ao serviço dos cidadãos; integridade / honestidade; equidade; inclusão social e promoção da coesão social; justiça; respeito ao cidadão (englobando qualidade de serviço); imparcialidade / interesses de equilíbrio; transparência; consultas; andamento devido; permitir a auto governança do indivíduo; prestação de contas; proteger a privacidade de indivíduos; prevenir a exploração injusta dos indivíduos; proteger a segurança das pessoas; facilitar a vontade democrática; apoio à competitividade nacional; dentre outros. A partir disso, refletindo na construção de ontologias para o governo eletrônico, Onwudike et al. (2015) atribui algumas das razões na geração de valor como: (a) criar e distribuir informações; (b) manter as informações sobre os dados e seu uso de forma adequada; (c) reforçar os padrões na forma como os dados são trocados; (d) agregar dados com o uso de linguagens como OWL (Web Ontology Language); (d) interpretar os dados formalmente com o uso de semântica e de controlar adequadamente vocabulários; (e) enfatizar a confiança em fontes de dados porque não há procedência das informações; (f) comparar e correlacionar dados; (g) tornar a eficiência e eficácia do governo transparente; e (h) certificar se há responsabilidade no processo de tomada de políticas. Portanto, o uso das ontologias para a gestão do governo eletrônico está diretamente relacionado ao suporte de integração dos dados, representação e compartilhamento do conhecimento (Aveiro, 2015). Ou seja, só há sentido na geração de valor se considerar a interoperabilidade de sistemas do governo, agências, organizações privadas e mesmo informações dos indivíduos (Giordano et al., 2013; Goy et al., 2013; Lamharhar et al., 2014; Al Hassan et al., 2015). Kawtrakul et al. (2012) discutem esse compartilhamento de conhecimento para a gestão de desastre. Essa combinação é defendida como algo essencial na performance crítica das operações de ajuda humanitária como capacidade de tempo útil de resposta. Para isso o autor recorre ao processo de aquisição e extração de conhecimento de mídias sociais como forma de manter atualizadas as informações ao governo, agências de apoio ou órgãos militares. Essa aquisição e extração é gerenciada por uma base de conhecimento esquematizada em um framework que se utiliza de Técnicas de Programação Neurolinguística (NLP) para tratamento das informações. O tratamento é realizado a partir da (a) recuperação de informações em redes sociais; (b) classificação e filtragem por métodos de Sriram et al. (2010); e, por fim, (c) extração de informações no formato XML ou banco de dados. A verificação das informações é estudada a partir das pesquisas de qualidade de dados por Mcgilvray (2008) considerando a completude, acuracidade e confiabilidade. O modelo de dados comum para essa partilha e interligação dos sistemas baseados em conhecimento é o “Simple Knowledge Organization System” (SKOS) descrito por Bechhofer e Miles (2009). O SKOS permite que ontologias possam ser representadas de modo que os conceitos sejam compartilhados entre as organizações. Pacheco et al. (2012) discutem a convergência de áreas no governo eletrônico com base nas áreas de engenharia do conhecimento e também na engenharia de ontologias, o EGov Semântico para a interoperabilidade semântica entre serviços de governo. Um padrão baseado nas recomendações da W3C's eGovernment2 que faz parte da padronização para a Web como auxílio aos governos na publicação de dados abertos. 4.1 Conhecimento Ao considerar que o conhecimento “é conteúdo ou processo efetivado por agentes humanos ou artificiais em atividades de geração de valor científico, tecnológico, econômico, social ou cultural”, Pacheco (2014) se referência: (a) ao propósito, como a geração de valor; (b) a forma, como o conteúdo ou processo; (c) o local, considerando tanto a mente humana quanto em artefatos; (d) a fonte, como indivíduos, grupos, organizações, redes, regiões e países num contexto de inovação; e por fim, (e) a epistemologia, que converge na convivência interdisciplinar. A fim de alcançar o propósito de gerar valor, a gestão do conhecimento fornece estratégias coletivas para as atividades do governo eletrônico a partir de ferramentas e técnicas intensivas em conhecimento. Segundo Onwudike et al. (2015), entre os benefícios de uma gestão adequada estão o aprimoramento das competências governamentais, a qualidade de serviço e a promoção do desenvolvimento sustentável do governo eletrônico. Além disso, o conhecimento como valor demanda constante atualização de acordo com as requisições dos órgãos e da sociedade (Sarantis et al., 2009; Barbagallo et al., 2010; Miah, 2010; Sourouni et al., 2010; Al-Hassan et al., 2011; Apostolou et al., 2011). Segundo Talisayon (2013), um conhecimento correto pode ser diferente para cada decisão, porém práticas voltadas ao correto uso do conhecimento estão bem colocadas em qualquer tomada de decisão. Neste sentido, a Engenharia do Conhecimento emerge como uma disciplina dedicada aos processos de explicitação formalização/representação e operacionalização desse conhecimento em atividades intensivas em conhecimento (PACHECO; TODESCO, 2013). Dispondo então de uma forma para o conteúdo. Gruber (2008) propõe um exemplo de um sistema de Conhecimento Coletivo em que agentes humanos e artificiais trabalham cooperativamente criando e organizando informações, interligando conteúdos e o conhecimento humano gerado. Portanto, nesse paradigma, o local está tanto na mente humana como em artefatos computacionais que compartilham facilmente o conhecimento. Gruber (2008) ainda reforça sua expectativa mencionando que “com o surgimento da Web Social, agora temos milhões de humanos oferecendo seus conhecimentos online, o que significa que a informação é 2 Disponível <http://www.w3.org/egov/>, acesso em 27 de Outubro de 2015. armazenada, pesquisável, e facilmente compartilhada” e cita como desafio “encontrar a combinação certa entre o que é colocado online e métodos para fazer raciocínio útil para os dados”. Logo, se o conhecimento está disposto em diferentes locais, as fontes são as mais variadas e uma oportunidade observada está nas comunidades online. Kawtrakul et al. (2012) cita que o compartilhamento de conteúdo e a interação social estão em constante atualização nas redes sociais e, a partir disso sugere o uso dessas fontes como informações ao governo, gerando valor social. Por fim, a epistemologia do conhecimento, que é vista num contexto interdisciplinar no tópico a seguir. 4.2 Aspectos da Interdisciplinaridade no processo Os estudos de Repko (2011) consideram a interdisciplinaridade como "um processo de responder a uma questão, resolução de um problema ou a abordagem de um tema que é muito amplo ou complexo para ser tratado de forma adequada por uma única disciplina ou profissão". Considerando então que "se baseia em perspectivas disciplinares e integra os seus conhecimentos para produzir uma perspectiva mais abrangente”. Diferenciando-se da multidisciplinaridade devido aos "mecanismos do processo de pesquisa e do produto final". Ainda segundo Repko (2011), a interdisciplinaridade instrumental é orientada a problemas. Portanto, uma abordagem pragmática concentrada em pesquisa, suprimento, e na resolução de problemas práticos como resposta às demandas externas da sociedade. No entanto, tomada sozinha, não é suficiente para a interdisciplinaridade instrumental, mas deve ser complementa pela integração das áreas, portanto "to make whole", em tradução livre: "fazer o todo". No contexto de interdisciplinaridade, a integração é o processo pelo qual ideias, dados e informações, métodos, ferramentas, conceitos, e ou teorias de duas ou mais disciplinas são sintetizadas, conectadas, ou misturadas (Repko, 2011). A visão integradora do contexto interdisciplinar está de acordo com o entendimento da Capes (2009) que define a área interdisciplinar “entre o teórico e o prático, entre o filosófico e o científico, entre ciência e tecnologia, apresentando-se, assim, como um saber que responde aos desafios do saber complexo”. Segundo Pacheco (2014), a proposta de definição interdisciplinar do conhecimento no escopo do programa EGC, permite a integração convergente das epistemologias do conhecimento, sendo definidos como: (a) cognitivista, “o conhecimento pode ser conteúdo e estar em artefatos”; (b) conexionista, “rede e comunicação são essenciais na geração de valor”; e (c) autopoiético, “a criação de conhecimento se dá, pincipalmente, por humanos”. Portanto, a observação do conhecimento como instrumental de integração é apoiado na interdisciplinaridade para a solução de problemas. No caso de múltiplos sistemas governamentais, a engenharia do conhecimento, as áreas de ciências da informação e a especificidade de cada área de atuação do governo, necessitam convergir a fim de viabilizar a integração semântica e, assim, o compartilhamento de informações. Essa visão holística é reforçada nas discussões de integração dos órgãos públicos, organizações e indivíduos a fim de “construir sinergias de engajamento em todo o setor público de uma forma verdadeiramente interdisciplinar” (Sourouni et al., 2010), e “um amplo esforço em todos as áreas” (Ferrario e Guarino, 2009). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Se tratando de semântica, Sabucedo e Rifón (2012) recomendam a realização de uma profunda reengenharia dos processos do governo eletrônico seguindo três conceitos: manutenabilidade, acessibilidade e interoperabilidade. No primeiro conceito, soluções em administração pública são esperadas que tenham um longo ciclo de vida, portanto a manutenção deve ser tomada em conta desde a fase de projeto e desenvolvimento de soluções do governo eletrônico. Nesse quesito, a reengenharia integra os critérios RAMS: confiabilidade, disponibilidade, manutenabilidade e segurança (Reliability, Availability, Maintainability and Safety) (Stapelberg, 2009). Outro quesito da pesquisa deve estar baseado na acessibilidade como desafio contra o gap da exclusão digital (Chang et al., 2009; Bountouri et al., 2010; Moulin e Sbodio, 2010; Alqahtani et al., 2014). Segundo Sabucedo e Rifón (2012), a administração pública não pode deixar de garantir aos usuários o tratamento adequado de suas próprias soluções para problemas relacionados a acessibilidade ou a disponibilidade da tecnologia. Porém, o tema comum dos artigos pesquisados para o propósito das ontologias está nos processos semânticos é a interoperabilidade. Tal característica abordada por todas grandes instituições e que é um dos maiores desafios dos sistemas legados, mas também base dos projetos de novas soluções nos diferentes níveis, técnico, de aplicação e semântico. A heterogeneidade se deve ao fato de os sistemas governamentais serem estabelecidos independentemente (Xiao et al., 2007). Ocorre que, esses sistemas geralmente são representados usando o mesmo conceito com diferentes termos devido à falta de conhecimento do esquema de modelagem compartilhada. Além disso, semântica dos conceitos e termos são geralmente não definidas com completude. A ilegibilidade e sobreposição dessa definição de conceitos pode causar: diferenças de explicação dos sistemas e usar o conhecimento do negócio falsamente também causam dificuldades na troca automática e compartilhamento do conhecimento do negócio entre as diferentes instituições, desafios que prejudicam a plenitude do Governo aberto na geração de valor a toda a cadeia econômica (Shadbolt et al., 2012). Kawtrakul et al. (2012) defendem a criação de um organismo nacional de normalização, que seria responsável por apoiar a interoperabilidade e padronização dos dados. Outros autores apresentam iniciativas de frameworks operados com ontologias para a integração de serviços exclusivamente nacionais, como o Palestinian Interoperability Framework por Jarrar et al. (2011), ou em blocos econômicos como o European Interoperability Framework (EIF) por Sourouni et al. (2010). O fato é que os esforços já estão direcionados aos grandes desafios na interdisciplinaridade das camadas apresentadas por Bannister (2015) e pouco da literatura ultrapassa esse modelo a fim de alcançar uma integração entre governos internacionais. Portanto, se os desafios discutidos atualmente estão na interoperabilidade dos sistemas nacionais em cada país, uma pesquisa desponta sob os aspectos da internacionalização e com desafios ainda maiores. Entre esses desafios importam a língua, os regimentos locais, e mesmo o quesito de segurança nacional dos dados. Portanto, estariam os governos dispostos abrir mão da soberania nacional em pró da cooperação internacional e difusão do conhecimento? 6 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA AL-HASSAN, M.; LU, H.; LU, J. Personalized e-government services: Tourism recommender system framework. 6th International Conference on Web Information Systems and Technologies, WEBIST 2010. Valencia: Springer Verlag. 75 LNBIP: 173-187 p. 2011. AL HASSAN, M.; LU, H.; LU, J. A semantic enhanced hybrid recommendation approach: A case study of e-Government tourism service recommendation system. Decision Support Systems, v. 72, p. 97-109, 2015. ISSN 01679236 (ISSN). Disponível em: < http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.084924760108&partnerID=40&md5=87148d585ca00b021c3a05044334f5d7 >. ALQAHTANI, A.; LU, H.; LU, J. Knowledge-based life event model for e-government service integration with illustrative examples. Intelligent Decision Technologies, v. 8, n. 3, p. 189-205, 2014. ISSN 18724981 (ISSN). Disponível em: < http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.084901914510&partnerID=40&md5=119490e675ac9ec2ac4c468574097604 >. APOSTOLOU, D. et al. A collaborative decision framework for managing changes in eGovernment services. Government Information Quarterly, v. 28, n. 1, p. 101-116, 2011. ISSN 0740624X. Disponível em: < http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.078649854819&partnerID=40&md5=7dfa3fe34f3fe466cc28542a47ab4d7a >. AVEIRO, D. Enterprise ontology and DEMO benefits, core concepts and a case study. 5th International Joint Conference on Knowledge Discovery, Knowledge Engineering and Knowledge Management, IC3K 2013. DIETZ, J. L. G.;FRED, A., et al: Springer Verlag. 454: 3-20 p. 2015. BANNISTER, F. Deep E-Government: Beneath the Carapace In: SCHNOLL, H. J. (Ed.). E-government: Information, technology, and transformation. New York, USA: Routledge, v.17, 2015. ISBN 978-0-7656-1989-1. BARBAGALLO, A.; DE NICOLA, A.; MISSIKOFF, M. eGovernment ontologies: Social participation in building and evolution. 43rd Annual Hawaii International Conference on System Sciences, HICSS-43, 2010, Koloa, Kauai, HI. BECHHOFER, S.; MILES, A. SKOS simple knowledge organization system reference. W3C recommendation, W3C, 2009. BERNERS-LEE, T.; HENDLER, J. Publishing on the semantic web. Nature, v. 410, n. 6832, p. 1023-4, Apr 26 2001. ISSN 0028-0836 (Print) 0028-0836 (Linking). Disponível em: < http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11323639 >. BOUNTOURI, L.; PAPATHEODOROU, C.; GERGATSOULIS, M. Modelling the public sector information through CIDOC conceptual reference model. 9th Confed. Int. Workshops and Posters on On the Move to Meaningful Internet Systems, OTM 2010: AVYTAT 2010, ADI 2010, DATAVIEW 2010, EI2N 2010, ISDE 2010, MONET 2010, OnToContent 2010, ORM 2010, P2P-CDVE 2010, SeDeS 2010, SWWS 2010 and OTMA 2010. Crete. 6428 LNCS: 404-413 p. 2010. CAPES, M. Documento de área 2009. TRIÊNIO, v. 2007, p. 09, 2009. CHANG, M.-Y. et al. The research on the critical success factors of knowledge management and classification framework project in the Executive Yuan of Taiwan Government. Expert Systems with Applications, v. 36, n. 3, p. 5376-5386, 2009. ISSN 09574174. Disponível em: < http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.058349109454&partnerID=40&md5=2e5623626d86d7322f6711a622038bf7 >. FERRARIO, R.; GUARINO, N. Towards an ontological foundation for services science. 1st Future Internet Symposium, FIS 2008. Vienna. 5468: 152-169 p. 2009. GIORDANO, D. et al. An ontology based approach to integrate data and maps in the government enterprise architecture: A case study. 15th International Conference on Enterprise Information Systems, ICEIS 2013, 2013, Angers. p.356-362. GOY, A. et al. How semantic knowledge can enhance the access to PA online services. 15th International Conference on Information Integration and Web-Based Applications and Services, iiWAS 2013, 2013, Vienna. p.714-718. GRUBER, T. Ontology. Entry in the encyclopedia of database systems: Springer-Verlag, London 2008. JARRAR, M.; DEIK, A.; FARRAJ, B. Ontology-based Data and Process Governance Framework-The Case of e-Government Interoperability in Palestine. 2011. KAWTRAKUL, A. et al. Improving disaster responsiveness using a mix of social media and e-government. 4th International Conference on Knowledge Engineering and Ontology Development, KEOD 2012, 2012, Barcelona. p.423-426. LAMHARHAR, H.; CHIADMI, D.; BENHLIMA, L. How semantic technologies transform e-government domain. Transforming Government: People, Process and Policy, v. 8, n. 1, p. 49-75, 2014. ISSN 1750-6166. Disponível em: < http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.084893497688&partnerID=40&md5=aae969d7364a57a4c992c55eed23d0f8 >. MCGILVRAY, D. Executing data quality projects: ten steps to quality data and trusted informationTM. Elsevier, 2008. ISBN 0080558399. MIAH, S. J. A new semantic knowledge sharing approach for e-government systems. 2010 4th IEEE International Conference on Digital Ecosystems and Technologies, DEST 2010, 2010, Dubai. p.457-462. MOULIN, C.; SBODIO, M. L. Improving the accessibility and efficiency of e-Government processes. 9th IEEE International Conference on Cognitive Informatics, ICCI 2010, 2010, Beijing. p.603-610. ONWUDIKE, O.; LOCK, R.; PHILLIPS, I. Development of an e-government ontology to support risk analysis. In: ADAMS, C., Proceedings of the European Conference on eGovernment, ECEG, 2015, Academic Conferences Limited. p.410-418. PACHECO, R. C. D. S. Dados e Governo Abertos na Sociedade do Conhecimento. Linked Open Data - Brasil. Florianópolis - SC 2014. PACHECO, R. C. D. S. et al. Plataforma de Gestão Estratégica à Governança Pública em CT&I. Congresso Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação, 2012. REPKO, A. F. Interdisciplinary Research: Process and Theory. SAGE Publications, 2011. ISBN 9781412988773. Disponível em: < https://books.google.com.br/books?id=I0PiSIgmp38C >. SABUCEDO, L. Á.; RIFÓN, L. A. Semantics in the Domain of eGovernment. In: MAASS, W. e KOWATSCH, T. (Ed.). Semantic Technologies in Content Management Systems: Springer Berlin Heidelberg, 2012. cap. 6, p.65-73. ISBN 978-3-642-21549-0. SARANTIS, D.; CHARALABIDIS, Y.; ASKOUNIS, D. An ontology for stakeholder collaboration and knowledge exploitation in e-Government project management. 3rd International Conference on Theory and Practice of Electronic Governance, ICEGOV 2009, 2009, Bogota. p.61-67. SHADBOLT, N. et al. Linked open government data: Lessons from data. gov. uk. IEEE Intelligent Systems, v. 27, n. 3, p. 16-24, 2012. ISSN 1541-1672. SOUROUNI, A.-M. et al. Towards the government transformation: An ontology-based government knowledge repository. Computer Standards & Interfaces, v. 32, n. 1-2, p. 4453, 2010. ISSN 09205489. Disponível em: < http://www.scopus.com/inward/record.url?eid=2-s2.076449109579&partnerID=40&md5=6faeec60e6d8e3fa8909cc31dc6c44c5 >. SRIRAM, B. et al. Short text classification in twitter to improve information filtering. Proceedings of the 33rd international ACM SIGIR conference on Research and development in information retrieval. Geneva, Switzerland: ACM: 841-842 p. 2010. STAAB, S.; STUDER, R. Handbook on ontologies. Springer Science & Business Media, 2013. ISBN 3540247505. STAPELBERG, R. F. Handbook of reliability, availability, maintainability and safety in engineering design. Springer Science & Business Media, 2009. ISBN 1848001754. TALISAYON, S. Report on the APO Research on Knowledge Management for Publicsector Productivity. Tokio, Japão: Asian Productivity Organization, 2013. 94 ISBN 97892-833-2439-3 Disponível em: < http://www.apo-tokyo.org/publications/wpcontent/uploads/sites/5/Knowledge-Management-for-the-Public-Sector-2013.pdf >. XIAO, Y.; XIAO, M.; ZHAO, H. An ontology for e-government knowledge modeling and interoperability. 2007 International Conference on Wireless Communications, Networking and Mobile Computing, WiCOM 2007, 2007, Shanghai. p.3600-3603.