GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIA I- Introdução Para iniciarmos o estudo de gestão por competências, importante definir o que são competências. Competência, segundo grande parte dos autores, significa o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes no contexto do trabalho, ou seja, a combinação destes para obter um bom resultado prático, que adicione valor à organização. Carbone (2009) define competências como “combinações sinérgicas de conhecimentos, habilidades e atitudes, expressas no desempenho profissional em determinado contexto. Assim, pode-se dizer que a gestão de pessoas por competências envolve mobilizar e colocar em prática conhecimentos, habilidades e atitudes dos colaboradores de uma organização. Verifica-se acima que competência está atrelada a três elementos. Vejamos abaixo cada um deles: - conhecimentos: está relacionado ao saber da pessoa. São todas as informações, os dados e conceitos que o indivíduo armazenou e que podem ser usados por ele em seu trabalho.; - habilidades: conhecido como “saber fazer”. Nada mais é que a capacidade que a pessoa tem de utilizar os conhecimentos adquiridos na prática. - atitudes: é o chamado “querer fazer”. Estão relacionadas ao modo como a pessoa lida com seus sentimentos e maneiras de pensar e como estes afetam o comportamento em relação ao trabalho e seus coliamente que esseegas. Há profissionais que se sentem mais à vontade em liderar, outros, preferem atividades mais técnicas. Imaginemos um caso prático. De que adiantaria um vendedor que sabe muito sobre carros, tem excelente habilidade de se expressar, mas está sempre de mauhumor? Obviamente que esse profissional não teria sucesso e traria grandes problemas para a organização. II- Competências Humanas e Organizacionais Abordou-se, até agora, as competências pessoais, mas outros autores ligam o conceito de competência aos grupos ou organizações. Prahalad e Hamel (2005) consideram competência a capacidade das empresas de agregar valor que é percebido pelos clientes, de modo difícil de ser imitado por seus concorrentes, gerando assim vantagem competitiva. Desta forma, as competências podem ser classificadas em humanas e organizacionais, sendo que as humanas afetam na organizacionais e vice-versa. Existem outras classificações de competência. Vejamos algumas abaixo: - competências técnicas: relacionadas às posições operacionais ou de assessoria, que não exercem liderança; - competências gerenciais: necessárias em ocupantes de cargos de chefia e direção; - competências gerais: que todos fazem; - competências específicas: relacionadas com tarefas e cargos dentro da empresa; - competências básicas: ligadas ao funcionamento da organização; - competências essenciais: diferenciam a empresa de seus concorrentes. Mills (2002) ainda traz os seguintes conceitos: - competências distintivas: reconhecidas pelos clientes como diferenciais em relação aos competidores. Conferem à organização vantagens competitivas; - competências de suporte: atividades que servem de alicerce para outras atividades da organização; - capacidade dinâmica: condição da organização de adaptar continuamente suas competências às exigências do ambiente. III- Como funciona a gestão por competências De acordo com Carbone (2009), as empresas têm adotado a gestão por competência como modelo de gestão, visando orientar seus esforços para planejar, captar, desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis da organização (individual, grupal e organizacional), as competências necessárias à consecução de seus objetivos. A gestão por competências é um modelo de gestão que busca identificar e desenvolver competências necessárias para que a mesma possa atingir seus objetivos estratégicos. Um dos principais objetivos da gestão por competências é alinhar as competências individuais de cada funcionário com a estratégia organizacional. IV- Etapas da gestão por competências A gestão por competências é um processo contínuo. Segundo Carbone (2009), as etapas desse ciclo são: formulação da estratégia; mapeamento de competências; desenvolvimento e captação de competências; avaliação. Vejamos a seguir cada uma dessas fases. 1- Mapeamento de competências É a fase que irá subsidiar as ações de captação e desenvolvimento de competências, bem como as etapas de avaliação e de retribuição aos funcionários. Como cita Carbone, é na fase de mapeamento que se identificam os gaps, o lacunas, de competências necessárias para que a mesma atinja seus objetivos estratégicos. Dessa forma, a organização identifica suas deficiências e, através de uma análise mais concreta, procura reduzir ou eliminar os gaps. Pensando de forma prática, a organização montaria um plano de desenvolvimento quando souber o que é necessário desenvolver. Nessa etapa, a empresa analisa os principais documentos estratégicos (missão, visão e objetivos estratégicos), bem como outros documentos tais como políticas, normas etc. Também são realizadas entrevistas com pessoas-chave da organização, de modo que se possa medir a percepção de cada um sobre as necessidades de competência interna. Pode-se utilizar outras técnicas como observação dos próprios funcionários, atividades essas que procuram trazer maiores informações para a empresa. Balanced Scorecard, Avaliação 360 ͦ são métodos que também podem ser aplicados para que se possa medir a distância entre competências necessárias e as atualmente existentes na organização. 2- Captação de competências Acontece quando a organização seleciona competências externas e busca trazer estas competências para o ambiente da mesma. Essa captação pode ocorrer de duas maneiras: - no nível individual (através do recrutamento e seleção de pessoal); - no nível organizacional (através de parcerias com outras organizações). 3- Desenvolvimento de competências Também pode acontecer tanto no nível individual quanto organizacional. Os indivíduos podem conquistar as competências por meio da aprendizagem, enquanto no nível organizacional os investimento em pesquisas é que geram as competências. 4- Avaliação de Resultados Etapa em que se repensa as ações tomadas e se corrige algum desvio no processo, ou seja, o feedback que realimenta o processo. V- Recrutamento e Seleção de Pessoas por competência A modernização das organizações perante a era da informação tem provocado transformações no mercado de trabalho, no qual os cargos estão mais exigentes e a procura por novas competências passa a ser essencial para a busca da empregabilidade. (KNAPIK, 2006). Vale ressaltar que Chiavenato (2000) define recrutamento como sendo a atividade convidativa e atrativa ao passo que, a seleção é a atividade de escolha, em que o candidato pode ser aceito ou rejeitado, dependendo de sua adequação às vagas existentes. Em suma, a captação de talentos deve ser alinhada ao planejamento estratégico da organização e adequada ao seu clima, cultura, missão, visão e valores, bem como ter como objetivo descobrir a pessoa certa para ocupar o lugar certo. (KNAPIK, 2006). Para tanto, Dutra (2002, apud KNAPIK, 2006, p.137) vem informando que “[...] a captação de pessoas pode ser compreendida como qualquer atividade da empresa para encontrar e estabelecer uma relação de trabalho com pessoas capazes de atender as suas necessidades presentes e futuras.” Assim, Leme (2005) evidencia a melhor técnica para encontrar um novo colaborador para a organização: a utilização do processo de seleção por competências. Nesse sentido, ela pode ser definida como sendo uma metodologia que permite identificar no candidato suas características comportamentais, isto é, suas competências comportamentais. Vale ressaltar que todo processo seletivo é feito por embasamento da seleção por competências, no tocante às competências técnicas, uma vez que, ao contratar um profissional, ocorre a constatação se o mesmo possui experiência em todos os requisitos técnicos que a função conquistada por ele exige. Isso é feito através da verificação se ele realmente possui as características informadas no currículo, como: conhecimentos de informática, de certo equipamento, de legislação, de idiomas e de procedimentos. Existem as vantagens da seleção por competências, dentre elas há o destaque para: seleção feita com mais foco, objetividade e por um processo ordenado; maior uniformidade na identificação de comportamentos relevantes para a vaga; ampla facilidade na avaliação do desempenho futuro; extensa garantia de êxito em uma admissão; boa adequação do talento à empresa e à atividade a ser realizada; índice de rotatividade mais baixo e melhoria na produtividade; e aumento da credibilidade da área de seleção entre clientes internos e externos. VI – Treinamento e Desenvolvimento por Competências Segundo Chiavenato (2000) o treinamento é um processo educacional através do qual as pessoas adquirem conhecimentos, habilidades e atitudes para o desempenho de suas tarefas. Nesse sentido, é denominado processo educacional pelo fato de formar e preparar as pessoas; isso se dá por meio de quatro tipos de treinamento, a saber: transmissão de informação e de conhecimentos; desenvolvimento de habilidades; desenvolvimento de atitudes; e desenvolvimento de conceitos. De modo geral, os procedimentos tradicionais de treinamento estão baseados nas informações geradas a partir do Levantamento das Necessidades de Treinamento (LNT), através do qual o superior do colaborador o analisa e informa ao Recursos Humanos quais os treinamentos de que ele necessita para o desempenho desejável do cargo. (LEME, 2005). Na visão de Chiavenato (2004), necessidades de treinamento são as carências de preparo profissional das pessoas, isto é, um descompasso entre o que a pessoa sabe fazer e aquilo que ela deveria saber fazer. Nesse contexto, o treinamento deve ser contínuo, constante e ininterrupto na organização, uma vez que todos os funcionários devem ser treinados, mesmo aqueles que apresentam excelente desempenho em seus cargos. No que se refere aos programas de melhoria contínua, a base principal é a constante capacitação das pessoas para níveis hierárquicos mais elevados na empresa, que podem ser conquistados por meio do treinamento. É importante destacar que o grande desafio que o treinamento enfrenta no ambiente de competitividade global é desenvolver as pessoas para enfrentar a realidade que a empresa apresenta e, também, a que o mercado de trabalho oferece. Então, a empregabilidade só se aplicará às pessoas que forem mais hábeis, responsáveis, autocríticas, conscientes e cooperativas. (SILVA, 2005). Para Silva (2005), “Gerenciar o processo de Treinamento e Desenvolvimento, mais que um rótulo novo, está se tornando uma diferença competitiva significativa entre as empresas de vanguarda, pois sinaliza o investimento estratégico e constante no desenvolvimento das competências essenciais ao negócio”. A tendência, segundo o autor, é que o conceito de treinamento sofra alterações, para que menos tempo seja gasto em salas de aula e mais no intercâmbio interno e no gerenciamento dos fornecedores de serviços vinculados à prática do dia a dia. VII – Conclusão O presente trabalho abordou temas importantes da área de gestão por competências como definição do termo competência, abordagem da gestão por competências e suas etapas, recrutamento e seleção de pessoas e treinamento desses recursos humanos. Através da citação de alguns autores, foi possível delinear essa importante ferramenta que as empresas utilizam atualmente para conseguir superar a concorrência do mercado, alinhando os objetivos pessoais de cada membro da empresa com a estratégia da organização. Como foi exposto, não se pode “fechar os olhos” para o mercado e, simplesmente, adotar técnicas sem nenhum tipo de estudo prévio e, também, permanente. Identificar deficiências, estudar modelos para suprir essas lacunas, definir estratégias, alinhar material humano e demais recursos da organização para a consecução dos objetivos, através de ferramentas como Balanced Scorecard, são diferenciais para o sucesso das organizações no mundo atual. Por fim, importante apontar que esse modelo visto atualmente não é inerte e está sempre se reciclando, cabendo às empresas e seus dirigentes se adaptarem a esse ciclo contínuo da gestão por competências, entendendo que o grande diferencial para o alcance do sucesso é investir e trabalhar os recursos humanos.