37,5 kB - Diogo Madeira Psicologia B

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Lições 9 e 10
28 de Setembro de 2012 (sexta-feira)
ANG1 - 09H05/10H35
Disciplina de Psicologia B – 12ºA e B
Sumário: Conclusão do guião de interpretação do
documentário A Jornada do Homem.
Um mistério da evolução da espécie humana: a
extinção do homem de Neandertal. Ficha de verificação
de conhecimentos sobre o tema da Genética.
Ao investigar as origens da humanidade para esclarecer o
que houve «antes de mim», ao nível comportamental e de
processos mentais, somos confrontados com um mistério na
evolução da humanidade: «homo sapiens sapiens» e «homo
neanderthalensis». Como se chega a ser o que se é, um
membro da espécie humana com estas características
comportamentais e faculdades mentais superiores? A
genética, em parte, ajuda-nos a desvendar alguns segredos
da nossa evolução.
O problema que é colocado pelo Homem de Neandertal
desdobra-se em três questões.
(1) Terão existido duas espécies diferentes de seres
humanos?
(2) O que nos diz a Genética sobre a questão anterior?
(3) Quais foram as causas para o desaparecimento do
homem de Neandertal?
Contributo para uma pesquisa facultativa a realizar pelos
alunos (para portefólio)
Sobre a questão 1
- Os dados existentes provam que o homem de Neandertal é
uma espécie diferente, ou uma subespécie mais antiga,
relativamente aos seres humanos modernos (Homo sapiens
sapiens).
- Os dados que provam essa diferença dos Neandertais em
relação aos seres humanos modernos foram extraídos de
achados arqueológicos e mais recentemente da
reconstituição do seu ADN.
- Algumas características anatómicas dos Neandertais são
reveladoras das diferenças relativamente aos seres humanos
modernos:
(a) – Uma baixa estatura (média de 1,60m);
(b) – Uma massa corporal muito elevada (média de 80 kg) e
músculos maciços;
(c) – Uma caixa torácica que alojava pulmões de grande
capacidade;
(d) – Uma necessidade elevada de calorias por dia para
sustentar a massa corporal num clima extremamente frio (em
média cerca 4.500 a 5.000 calorias por dia, isto é, o dobro do
que precisam os seres humanos actuais);
(e) – O volume cerebral dos Neandertais era superior ao dos
seres humanos actuais;
Sobre a questão 2
- A genética demonstrou que o ADN dos Neandertais diferia
dos actuais seres humanos e que essa diferença data de há
cerca de 40 mil anos. A filogenética humana separou-se
assim em dois ramos distintos a partir de um antepassado
comum – isto teria ocorrido, estima-se, há 700 mil anos.
Todavia, a diferença genética não é significativa (há 99,5% de
semelhanças genéticas).
- Um gene de pigmentação, MC1R, revela que os Neandertais
tinham cabelo ruivo, pele clara e, talvez, sardas. A
despigmentação da pele permitia maior absorção de luz solar
para segregar vitamina D, necessária para a robustez óssea.
- Há indícios de que os Neandertais possuíam equipamento
de vocalização semelhante aos humanos actuais, o gene
FOXP2 sugere capacidade linguística e controlo dos
músculos faciais.
- A análise dos dentes de Neandertais tem revelado que é
muito provável que a sua puberdade fosse alcançada mais
rapidamente do que nos seres humanos actuais – não tinham
um período de neotenia como nós, o que é tido como uma
desvantagem adaptativa.
- Os vestígios arqueológicos parecem sugerir que os
Neandertais eram carnívoros em exclusividade, e que não
havia divisão social do trabalho: mulheres e crianças
participavam nas caçadas de mamíferos de grande e médio
porte. Isto não aconteceu com os antepassados dos seres
humanos modernos: os homens dedicavam-se à caça,
enquanto as mulheres e as crianças procuravam alimentos
vegetais.
- Um outro aspecto comportamental relevante parece indicar
que os grupos sociais de Neandertais eram reduzidos, o que
constituía um obstáculo ao desenvolvimento das suas
capacidades intelectuais e de adaptação a um meio
extremamente severo e pleno de riscos à sobrevivência.
Questão 3
- Os vestígios arqueológicos dos restos de Neandertais
revelam que os seus ossos têm marcas de fracturas e de
cortes provocados por utensílios líticos, o que pode sugerir
indícios de canibalismo. Terão os Neandertais sido mortos e
canibalizados pelos homens de Cro-Magnon (sapiens
sapiens)?
- Os Neandertais terão sido extintos pelos antepassados dos
seres humanos modernos, por meio do conflito, dado que
eram mais aptos a cooperar socialmente e com vantagens
adaptativas superiores, dotados de maior agilidade e
inteligência?
- Havia uma desvantagem biológica dos Neandertais que
acabou por empurrá-los para a extinção, a saber, o facto de
terem uma infância mais curta e, portanto, menos tempo para
desenvolver o cérebro num contexto sociocultural? Menos
tempo de aprendizagem, mais riscos ambientais face à
exclusividade do seu regime alimentar, ambiente com
condições severas e escassos recursos para assegurar a
sobrevivência. Eis factores que conjugados podem ter
contribuído para a extinção dos Neandertais.
- Houve competição directa entre as duas espécies? Houve
ação da selecção natural – só sobreviveu a espécie mais
apta? Nem sempre os mais fortes são os melhores – os mais
inteligentes podem superar a força física. Podemos aplicar a
título de hipótese a chave de Darwin para o sucesso e
fracasso das espécies em competição, mesmo nos próprios
seres humanos.
Analisar outras fontes de informação
- Houve guerra ou amor entre as duas espécies?
- Será que houve miscigenação entre as duas espécies? Terá
havido cruzamento genético entre os dois tipos de
hominídeos? Um crânio descoberto pelo investigador
português, João Zilhão, na Roménia, parece sugerir esta
hipótese, mas não se pode concluir pela certeza.
- A descoberta da «criança do Lapedo», na zona de Leiria, por
parte de João Zilhão, veio lançar a hipótese de um
cruzamento entre as duas espécies, um intercâmbio
biológico. No entanto, esta hipótese carece de dados mais
fiáveis e consistentes. Admitindo esta hipótese, neste caso, o
acasalamento das duas espécies terá provocado uma
extinção gradual dos Neandertais.
- A extinção dos Neandertais terá sido rápida e em tudo
semelhante ao que aconteceu na época dos descobrimentos
e da conquista do Novo Mundo, quando o genocídio dos
índios das Américas foi provocado pelos espanhóis? Fará
sentido então falar de uma competição direta entre os seres
humanos modernos e os neandertais por território e
recursos? Se assim foi, o mecanismo da seleção natural,
proposto por Charles Darwin, é pertinente: os mais aptos, os
indivíduos da espécie mais adaptada e flexível,
sobreviveram. Os Neandertais ficaram pelo caminho, dada a
sua enorme especialização e fraca capacidade de adaptação
a um mundo em mudanças rápidas.
- Outras hipóteses: terá existido uma contaminação de
doenças, surtos epidémicos, por parte dos homens de CroMagnon, uma proliferação de agentes patogénicos que terão
dizimado os homens de Neandertal, cujo sistema imunitário
seria ineficaz?
- Alterações climáticas graduais podem ter provocado a
extinção lenta dos Neandertais – o degelo pode ter originado
inadaptação a ambientes mais quentes.
- Outra hipótese, aliada às alterações climáticas, prende-se
com a alteração dos territórios de caça dos Neandertais – as
florestas europeias deram lugar a planícies áridas e semidesérticas. Os métodos de caça dos Neandertais, que deviam
assentar em lanças, não eram eficazes para perseguir presas
em campos abertos. Além disso, a capacidade de corrida dos
Neandertais, lenta e pesada, era muito inferior à locomoção
dos seres humanos actuais. Estudos recentes de
biomecânica provam que os Neandertais precisavam de mais
30% de energia para correr, ou caminhar, do que os homens
de Cro-Magnon. Em combate intra-específico, isto representa
uma clara vantagem para os seres humanos modernos.
- A divisão social do trabalho foi um aspecto salientado como
factor de vantagem adaptativa dos homens de Cro-Magnon
relativamente aos Neandertais. Talvez esta divisão
sociocultural explique o carácter de maior resiliência dos
homens em relação às mulheres – os Neandertais corriam
mais riscos por não dividir as tarefas entre os sexos.
- Estima-se que há cerca de 50 mil anos havia uma população
de 100 mil indivíduos Neandertais. Expulsos dos vales e das
terras mais férteis, os Neandertais foram obrigados a viver
em regiões mais altas e inóspitas, regiões com pouca água e
com menos abrigos naturais para fazer face a um clima frio e
violento. Nestas regiões com menos recursos naturais para
garantir a subsistência, os Neandertais viram as suas
oportunidades de sobrevivência diminuir drasticamente. Esta
pressão competitiva terá originado a sua desagregação
social e a redução rápida da população.
- A competição entre espécies dominantes é a causa mais
provável para explicar a extinção dos Neandertais: foram
gradualmente extintos porque enfrentaram uma espécie
humana superior em inteligência e dotada de melhores
estratégias de sobrevivência. O mundo do Neandertal e o
mundo do Cro-Magnon eram bastante distintos, física e
culturalmente.
Para aprofundar o conhecimento deste tema
(facultativo)
podem ler o artigo da National
Geographic, que também segue em anexo.
Trabalho de casa individual: realizar uma reflexão
pessoal sobre o tema estudado, respeitando os seguintes
itens:
- Referência aos principais conceitos e teorias estudados
no âmbito da genética.
- Indicação de propostas de atividades a propósito do
estudo da genética.
- Investigação de um problema, facto ou fenómeno
relacionado com o estudo da genética.
- Expressão de opinião pessoal sobre o tema estudado.
Este trabalho será avaliado qualitativamente, descrito
na folha de registo anual, devolvido a cada aluno e fará
parte integrante do portefólio individual de
aprendizagem.
Nota: entrega desta reflexão na próxima aula de terçafeira (dia 2 de Outubro).
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