Diversidade e Relações Étnico Raciais

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DIVERSIDADE E RELAÇÕES
ÉTNICO RACIAIS
As origens do homem, Homo sapiens sapiens –
uma única raça humana e várias etnias
ENTENDENDO A AULA...
Antes de falar em diversidade e etnia devemos
compreender as origens do ser humano;
 Enquanto espécie, atualmente existe apenas uma
raça humana, resultado de um longo processo
evolutivo que remonta sete milhões de anos antes do
presente;
 Entender isso é fundamental para saber que embora
existam diferentes etnias, elas compõe uma única
espécie humana, nós, o Homo sapiens sapiens;
 Compreendendo isso, percebemos que as diferenças
étnicas
representam
apenas
adaptações
morfológicas (forma: cor do cabelo, cor de pele,
formato do rosto, etc.) ao meio ambiente.
 No entanto, não existem diferenças entre os seres
humanos, independente de etnia.

PRÉ-HISTÓRIA – UMA DEFINIÇÃO

De acordo com Antonio Guglielmo (1999, p. 22) a préhistória é um largo período temporal que vai desde o
surgimento dos primeiros hominídeos até a invenção da
escrita no mundo ocidental em torno de 4.000 a.C.
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COMO FAZER UMA HISTÓRIA ANTES DA ESCRITA?




Mas como fazer uma História antes da escrita?
Ela é feita através da apropriação de conhecimentos
desenvolvidos por outras áreas;
Em linhas gerais a Pré-História é um campo de atuação de
outras ciências, que utilizam métodos e técnicas diversos
daqueles utilizados pelos historiadores;
Tanto que se olharmos em uma biblioteca universitária
perceberemos que praticamente todos os livros que abordam o
período foram escritos por outros cientistas e/ou foram
embasadas em levantamentos de dados desses pesquisadores.
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QUAIS CIÊNCIAS ESTUDAM A PRÉ-HISTÓRIA?

Em linhas gerais podemos afirmar que a PréHistória é estudada quatro áreas distintas:
1.
Arqueologia;
2.
Paleontologia;
3.
Antropologia;
4.
Genética.
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REGISTROS FÓSSEIS, LÍTICOS E RUPESTRES
Os vestígios utilizados para a reconstrução da PréHistória são diferentes daqueles utilizados para a
História;
 Tanto que a divisão entre as áreas é a invenção da
escrita. Se olharmos o “modelo histórico” proposto
pela comunidade científica fica claro esta distinção:

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REGISTROS FÓSSEIS, LÍTICOS E RUPESTRES


-

Como aponta Gordon Childe (1981, p32) esta periodização
acontece pelo fato das sociedades ao se sedentarizarem
passavam por transformações que geravam registros
arquitetônicos e escritos;
Esse processo segundo o autor é chamada de “Revolução
Urbana”, entre elas destacamos:
Construções de obras públicas;
Divisão social e criação de especializações;
Invenção da matemática;
Sistema coercivo;
Utilização de ciências exatas;
Invenção da escrita para controle da produção e dos
tributos.
Esses elementos permitem aos historiadores resgatar o
passado através da análise de fontes escritas,
arquitetônicas, além de obras de arte, etc.
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REGISTROS FÓSSEIS, LÍTICOS E RUPESTRES


Porém para o estudo da Pré-História os
vestígios utilizados para esse resgate
são diferentes;
Se por um acaso, a invenção da escrita
garantiu que o ser humano deixasse
registros de suas atividades, no caso da
pré-história, os registros são esparsos e
pictográficos, com um grande caráter
simbolismo e que nos permite apenas
uma interpretação factível ao erro
(como as pinturas rupestres), ou os
restos mortais dos próprios indivíduos
preservados pelo tempo e datados a
partir de técnicas científicas como o C14
(os registros fósseis) e produção lítica,
ou seja, instrumentos
criados pelo
homem primitivo.
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REGISTROS FÓSSEIS, LÍTICOS E RUPESTRES
Outra diferenciação entre a PréHistória e a História é o “rasgo
temporal”;
 A Pré-História representa em torno
de seis milhões de anos enquanto a
História apenas 4.000 anos antes do
presente;
 Contudo,
enquanto
o
período
histórico
é
vastamente
documentado, deixando espaço para
poucas dúvidas no tocante às suas
datações e periodicidades o tempo
anterior à invenção da escrita é
literalmente um “quebra cabeças”
em que pouquíssimos vestígios estão
à disposição.

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VESTÍGIOS PARA A COMPREENSÃO DO PASSADO
Para Richard Klein e Blake Edgar a somatória das
provas científicas acumuladas nos últimos cento e
cinquenta anos permite-nos traçar um vasto esboço
que provavelmente resistirá ao teste do tempo
(KLEIN & EDGAR, 2005, P. 7):
a) Os seres humanos, definidos pelo ato de caminhar
como bípedes, evoluíram de um macaco africano há
mais ou menos seis milhões de anos;
b) Múltiplas espécies bípedes apareceram entre 6 e
2,5 milhões de anos;
c) Esses
bípedes primitivos permaneceram, em
termos de tamanho do cérebro e da forma corpórea
superior, bastante semelhantes ao macaco;
d) Algumas espécies – talvez as primeiras cujo cérebro
era maior que de um macaco – inventaram a pedra
lascada há 2,5 milhões de anos;

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VESTÍGIOS PARA A COMPREENSÃO DO PASSADO
e)
f)
g)
h)
Os mais antigos utensílios de pedra foram usados
para acrescentar carne animal e o tutano a uma dieta
essencialmente vegetariana;
Os seres humanos pré-históricos saíram pela
primeira vez da África em direção à Eurásia por volta
de dois milhões de anos antes do presente e
começaram a se separar em diferentes tipos físicos
em continentes diversos há um milhão de anos;
O tipo moderno de ser humano evoluiu
exclusivamente na África;
Os africanos expandiram-se há mais ou menos
cinquenta mil anos em direção à Eurásia, onde
subjugaram ou substituíram os neandertais e outros
euroasiáticos existentes.
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SÍTIOS AFRICANOS QUE REGISTRAM OS ACHADOS DOS
FÓSSEIS DE AUSTRALOPITECOS
África, “berço” da humanidade
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ANCESTRAIS – OS PRIMEIROS BÍPEDES
Neves e Piló (2008, p. 34) apresentam o ser humano
atual como o resultado de um longo processo evolutivo;
 Dentro da visão dos autores, a partir de uma leitura
darwinista, o ser humano é uma evolução dentro da
ordem dos primatas. Como pode ser vista no modelo:

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ANCESTRAIS – OS PRIMEIROS BÍPEDES



Os primatas (como os demais mamíferos) teriam surgido há
cinquenta e cinco milhões de anos, irradiando-se por um vasto
território, outrora ocupado pelos grandes répteis;
Neves & Piló (2008, p. 37) argumentam que a separação final
entre os primatas quadrúpedes e os bípedes ocorreu em torno
de sete milhões de anos antes do presente;
Ainda segundo os autores, esse espécime seria uma espécie de
“elo perdido”, no entanto, ainda não foi descoberto e o próprio
termo é perigoso, pois é baseado em cálculos matemáticos e
estatísticos. Ou seja, ainda é uma teoria.
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ANCESTRAIS – OS PRIMEIROS BÍPEDES

Ainda de acordo com Neves e Piló (2008, p. 37) os
achados fósseis colocam os seguintes espécimes
conhecidos em uma espécie de escala evolutiva entre sete
e dois milhões de anos:
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O SURGIMENTO DO GÊNERO HOMO
Para Klein e Edgar (2005, p. 36), porém ocorreu um
“gargalo” no processo evolutivo;
 Disso
resultou que apenas o Australopitecos
afarensis teria sobrevivido;
 Isso ocorreu em um período entre 3,5 e 3 milhões de
anos antes do presente;
 Em um período entre 2,8 e 2,5 milhões de anos
ocorreram uma série de mudanças climáticas que
extinguiram uma série de espécies e levaram outras
tantas a se adaptaram e passar por processos
evolutivos;
 A partir de 2 milhões de anos há uma divisão que
leva posteriormente ao surgimento do gênero Homo
e o Australopitecos africanus (ou robusto).

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O SURGIMENTO DO GÊNERO HOMO
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OS PRIMEIROS HUMANOS VERDADEIROS





Entre 1,8 e 1,7 milhões de anos no
passado surgiu uma nova etapa no
processo evolutivo;
Antecipou
a
anatomia
e
comportamento
dos
seres
humanos atuais, com exceção de
um cérebro menor;
Por isso, podem ser chamados de
“seres humanos verdadeiros”;
Isso fica claro não apenas pela
anatomia, mas pelo grande
desenvolvimento de tecnologia de
pedra lascada;
A comparação dos achados fósseis
mostra bem a diferença entre o
Homo ergester e o Australopitecus
afarensis:
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OS PRIMEIROS HUMANOS VERDADEIROS
19
EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA I





Neves & Piló (2008, p43) aferem o gênero
Homo que logo após seu surgimento e já se
expandiram para fora de suas fronteiras;
Teriam atingido o Cáucaso por volta de
1,75 milhões de anos, assim como a China e
a Indonésia por volta de 1,6 milhões de
anos;
Nesse período podem ter existido duas
espécies: Homo ergester (África) e Homo
erectus (Ásia);
Um dado interessante é que por volta de
1,6 milhões de anos começam a surgir
ferramentas de pedras lascadas que
demandavam uma pré-concepção do objeto
desejado. Ou seja, não importava o
tamanho do bloco original, ele seria
trabalhado até atingir o tamanho desejado;
Um desses instrumentos era o “machado de
mão” (também chamado de “canivete suíço
da Pré-História”).
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA II
Ainda de acordo com os arqueólogos
(NEVES & PILÓ), por volta de 800 mil
anos antes do presente teria surgido os
primeiros grandes cérebros humanos,
com em torno de 1200 cm3;
 Não apenas isso como atingiram a
Europa Ocidental (feito que seus
antecessores não conseguiram);
 Referimo-nos ao Homo heildebergensis.
Não desenvolveram nenhuma evolução
na
produção
lítica,
porém
desenvolveram três grandes inovações:
(i) Caça ativa de grandes mamíferos; (ii) a
construção dos primeiros abrigos; (iii) a
domesticação do fogo (hipótese).

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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA II
Há 300 mil anos no passado o
Heidelbergensis
começaram
a
apresentar uma morfologia craniana
notável; (NEVES & PILÓ, p. 43-45)
 Seus
cérebros
apresentavam
mudanças que permitiram em torno
de 200 mil anos o surgimento do
Homo
neandertalensis,
como
capacidade cerebral de 1500 cm3;
 Embora
tivessem uma massa
encefálica maior que a do homem
atual isso não significou que eram
mais inteligentes que nós, apenas
que eram mais corpulentos.
 Por terem surgidos fora da África
eram mais adaptados ao frio que os
outros espécimes do gênero Homo.

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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA II
ÁREA DE HABITADA PELOS NEANDERTAIS
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA III
Mais ou menos na mesma época do
surgimento do neandertal, no
continente africano surgiu o Homo
sapiens (não confundir com o sapiens
sapiens);
 Em 200 mil anos antes do presente
surgia nosso ancestral direto;
 Entre 200 e 40 mil anos antes do
presente o Homo sapiens vivia de
forma
muito
semelhante
aos
neandertais: sobrevivia da caça e da
coleta pouco seletiva, lascava pedras
e
aparentemente
ainda
não
enterrava os mortos de forma ritual
(ainda não tinha concepção de
cultura)

24
EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA III
Ou seja, os homens que viveram
entre 130 mil e 50 mil anos podem
ter sido modernos ou semimodernos,
porém agiam como neandertais;
 Klein & Edgar (2005, p. 8) sugerem
que provavelmente não ocorreu uma
mudança morfológica, porém teria
acontecido diretamente no cérebro;
 Isso teria ocorrido em torno de 50
mil anos antes do presente, essa
mudança
teria
permitido
o
surgimento
do
Homo
sapiens
sapiens;
 Também teria sido responsável pela
rápida sua expansão territorial em
todo o globo terrestre.

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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA III
A EXPANSÃO ORIGINAL DOS HUMANOS MODERNOS
50 MIL ANOS ANTES DO PRESENTE
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EXPANSÃO ALÉM DA ÁFRICA III
A ÚLTIMA EXPANSÃO DOS HUMANOS MODERNOS
20-12 MIL ANOS ANTES DO PRESENTE
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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HUMANA



Apesar de terem objetos de pesquisa
diferentes Klein & Edgar (2005), Neves
& Piló (2008) e Guglielmo (1999)
chegam a mesmas conclusões sobre um
tema específico: “o despertar da cultura
humana”;
Também defendem que a rápida
expansão humana ocorreu graças a
esse “despertar cultural” que permitiu
criar novos conhecimentos de forma
muito acelerada, levando a melhorias
tecnológicas extremamente rápidas;
Se ao longo de seis milhões de anos foi
lenta e gradual (tanto do ponto de vista
morfológico como tecnológico), o Homo
sapiens sapiens embora não tenha tido
mudanças físicas significativas, os
saltos de saber foram exponenciais.
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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HUMANA
Se compararmos o Homo neandertalensis com o
Sapiens sapiens perceberemos que a indústria lítica
dos neandertais praticamente não sofreu mudanças
significativas ao longo de 170 mil anos, ao passo que as
descobertas arqueológicas mostram uma significativa
evolução tecnológica, que em um curto espaço de
tempo;
 Segundo Guglielme (1999, p. 34) essa diferença foi
fundamental para compreender como na última era
glacial os neandertais, cujo desenvolvimento genético
era mais propenso ao frio que nós, preparado para
temperaturas mais amenas;
 No entanto, a capacidade de se adaptar ao meio,
desenvolver instrumentos melhores para caça e pesca
(que se tornavam mais difíceis de ser obtidas), além de
fazer vestuários mais eficientes para reter o calor
foram fundamentais para nossa sobrevivência.

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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HUMANA
Mas o que é essa cultura que estamos nos referindo?
 Podemos afirmar que cultura é o conjunto de
distintos materiais, intelectual, emocional, espiritual
(construção de crença que posteriormente viria a se
tornar religiosa);
 Isso leva à consciência de si mesmo;
 O homem moderno deixa de agir meramente por
instinto;
 Também tem uma capacidade nata, não apenas de
transmitir conhecimentos de forma mais eficiente
que, mas de melhorar e criar novos saberes;
 Ou seja, uma geração supera a anterior;
 Com isso, o ser humano paulatinamente passa a
dominar o meio ambiente;
 Também passa a ter noção de sua finitude e da
morte: daí surgem os rituais funerários.

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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HUMANA






Com isso o ser humano se espalha pelo planeta
atingindo locais inóspitos;
A consciência trazida pela cultura ainda vai
gerar um afastamento do homem da natureza
– ou uma relação natural com ela;
O ser humano passa a perceber a hostilidade
do meio e procura vencê-la utilizando seu
cérebro para entendê-la e controlá-la;
Nesse objetivo de compreender a natureza e
seus poderes e tentar controlá-la recorre à
magia. Disso, surge nossa concepção original
de religião: a compreensão da natureza;
A arte passa a fazer parte de seu dia a dia, ao
representar os acontecimentos do cotidiano de
forma artística.
E com essa revolução cultural pré-histórica o
homem passou de um animal frágil como era
há seis milhões de anos antes do presente à
espécie dominante no planeta.
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