Gilson Carvalho SAÚDE: O MAIOR PROBLEMA DOS MUNICÍPIOS

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Gilson Carvalho
SAÚDE: O MAIOR PROBLEMA DOS MUNICÍPIOS?
Gilson Carvalho1
Na maioria das cidades brasileiras os serviços de saúde estão na berlinda.
Alguns têm mais de 50% de má avaliação. Errada ou certa? Saúde mais dá ou
mais tira votos dos munícipes?
A insatisfação com os serviços de saúde é grande. Por mais que se queira
não é possível esperar que esta tendência se reverta rapidamente.
Numa avaliação não tão profunda e detalhada podemos dizer que o problema
central é o alto nível de demanda e a insuficiência de resposta satisfatória.
Do ponto de vista do aumento da demanda podemos identificar algumas
faces:
1) Mudança do perfil de doenças onde temos dois agravantes: o aumento
exorbitante do número de adoecimentos e morte por causas externas
(acidentes, homicídios, violência doméstica etc) e o aumento da expectativa
de vida das pessoas o que acaba por aumentar em cerca de 40% o uso de
ações e serviços de saúde.
2) O consumo de ações e serviços de saúde desencadeado pelo poderio
econômico financeiro com altíssimos interesses comerciais; Maior divulgação
na mídia de ações e serviços de saúde de diagnóstico, tratamento inclusive
com insinuações de efeitos milagrosos aproveitando-se da desinformação
das pessoas e muitas vezes de sua capacidade de fazer avaliação crítica
melhor.
3) O uso dos serviços de saúde, principalmente ambulatoriais, em busca de
atestados médicos. Estima-se que em determinados dias e locais de pronto
atendimento cerca de 30% dos atendimentos sejam em busca de atestados
médicos. Esta é uma discussão à parte e que precisa ser aprofundada. Há um
erro intrínseco onde se coloca nas mãos dos serviços de saúde a
possibilidade de abonar faltas em trabalho: umas legítimas e reais e outras
com forte suspeita de fraude. Aos serviços de saúde atribui-se o papel de
juiz neste quesito o que é ruim para os cidadãos e para os serviços e
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Gilson Carvalho - Médico Pediatra e de Saúde Pública - [email protected]. O autor adota a
política do copyleft podendo este texto ser multiplicado, editado, distribuído independente de
autorização.Textos disponíveis: www.idisa.org.br
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profissionais de saúde. Os empregadores que arcarão com o prejuízo dos
atestados falsos poderiam criar outro mecanismo para fazer este controle.
Do ponto de vista da oferta, que se caracteriza pela insuficiência dos
serviços, podemos ver as outras faces das ações e serviços de saúde.
1)O modelo, o jeito de fazer saúde, está equivocado. Descumpre os
princípios e diretrizes do SUS. O sistema não pode ser baseado em prontoatendimento de queixas, fazendo a pior combinação de queixa-conduta. Dói
aqui, toma este remédio. Aqui, toma este outro. As pessoas têm que ser
vistas com calma na integralidade de seres humanos.
2) O modelo tem que se basear nos primeiros cuidados de saúde com
atendimento preventivo e curativo. A possibilidade de acompanhar as
pessoas tanto para evitar agravos e doenças, como para tratar no começo
delas.
3) Posso fazer mutirão de saúde para resolver a fila de espera. É uma
providência heróica para ajudar as pessoas, mas se não houver mudanças
estruturais do modelo logo nos dias seguinte começará a se formar nova
fila. Fila tem sua gênese na insuficiência de serviços e no modelo
insuficiente de fazer saúde.
Temos, em cada município de saber as causas desta insatisfação das
pessoas com as ações e serviços de saúde. Minha percepção é de que o maior
problema seja mesmo o da insuficiência. Mas, é urgente que se descubram
as causas para que se busque a solução mais adequada a cada tempo e local.
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