FTC – FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS CURSO DE ENFERMAGEM – CUIDAR II PROFª.: CYNTIA BARROS E EQUIPE PROBLEMAS GÁSTRICOS O trato gastrointestinal é um tubo contínuo com comunicação externa em ambas as extremidades. O trajeto estende-se desde a boca, através do esôfago, do estômago, e dos intestinos, até o ânus. O esôfago está localizado no mediastino, na cavidade torácica. Ele é um tubo passível de colapso, de cerca de 25 cm de comprimento, que se distende quando os alimentos passam através dele. O estômago está situado na porção superior do abdome (região epigástrica), à esquerda da linha média, logo abaixo do diafragma. É uma bolsa distensível com uma capacidade de aproximadamente 1.500 ml. A entrada do estômago é chamada junção esofágica. Ela é circundada por um anel de músculo liso, denominado esfíncter esofagiano inferior, que, ao contrair-se, fecha a passagem do esôfago para o estômago. A saída do estômago é chamada piloro. A musculatura lisa circular existente na parede do piloro forma o esfíncter pilórico e controla o tamanho da abertura entre o estômago e o intestino delgado. O estado nutricional de uma pessoa reflete o equilíbrio mantido entre as necessidades de nutrientes e energia do organismo e a ingestão real de alimentos. Depende, pois, de três fatores principais: (1) as necessidades de nutrientes e energia do indivíduo; (2) sua ingestão de alimentos; (3) a eficiência de seus processos corporais em absorver, armazenar, utilizar e excretar os nutrientes. Se uma pessoa ingerir mais alimentos do que aquilo que o corpo necessita, ou, inversamente, se não comer o bastante para atender as suas necessidades de energia e nutrientes, surgem problemas. Os problemas mais comumente encontrados nos pacientes são: dispepsia, pirose, náusea, vômitos, diarréia e constipação. Dispepsia: a indigestão pode resultar de uma perturbação no controle nervoso do estômago ou de outro local do corpo. Os alimentos gordurosos tendem a causar maior desconforto porque eles ficam mais tempo no estômago do que as proteínas a os carboidratos. Pirose: a azia, eructação ácida, é decorrente de peristalse invertida, provavelmente refluxo gastroesofagiano. Anorexia: Falta de apetite na presença de necessidade fisiológica de alimentação. Náusea: Sensação de aversão profunda aos alimentos ou sensação de vômito iminente. Vômito ou êmese: Expulsão forçada do conteúdo gástrico através da boca; Caracteristicamente precedido pela náusea; Resulta de uma seqüência coordenada de contrações musculares abdominais associadas com peristalse esofagiana reversa. Distúrbios associados a estes problemas: a) Fatores Psíquicos e Neurológicos b) Distúrbios Intra-abdominais c) Náuseas e Vômitos da Gravidez d) Outros fatores: Doença febril; uremia; doença hepatocelular; etc... ANOREXIA Conceito: Falta de apetite na presença de necessidade fisiológica de alimentação. Causas: Distúrbios endócrinos Distúrbios do TGI Distúrbios psicológicos graves (Anorexia nervosa) Ansiedade Dor crônica Má higiene oral Aumento da temperatura sanguínea por febre ou clima quente Alterações no paladar ou olfato (Envelhecimento) Tratamento medicamentoso Uso abusivo de fármacos Assistência de Enfermagem: 1. Instrua o cliente sobre a sua condição; 2. Explique a importância da boa nutrição; 3. Prepare o paciente para as refeições: lavar as mãos, encoraje-o a realizar higiene oral antes da refeições; 4. Mantenha o ambiente limpo e agradável; 5. Oferecer alimentos de sua preferência; 6. Dispor os alimentos no prato de forma bela e agradável; 7. Estimular a aceitação da dieta; 8. Afastar as ansiedades e as tensões; 9. Oferecer alimentos e líquidos na quantidade ideal para o cliente. NÁUSEAS Conceito: Sensação de aversão profunda aos alimentos ou sensação de vômito iminente. Sinais: Hipersalivaçao Sudorese Taquicardia Palidez Taquipnéia Causas: Distúrbios TGI (gastrite, apendicite, diverticulite) Distúrbios Hidroeletrolíticos Distúrbios metabólicos (Tireotoxicose) Distúrbios renais e urológicos (insuficiência supra-renal) Intolerância à lactose Doença cardíaca ( IAM, ICC) Uso de fármacos (Antineoplásicos, opióides, antibióticos) Hiperemese gravídica; pré-eclâmpsia Intoxicação por álcool Dor; Ansiedade Ingestão excessiva de alimentos Assistência de Enfermagem: 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. Encorajar repouso e respiração profunda Oferecer refeições em pequenas porções e frequentemente Ingerir o alimento lentamente Proporcionar um ambiente agradável para as refeições Manter o quarto ventilado e livre de odores desagradáveis Remover cuba rim com materiais sujos Manter a mesa limpa e livre de equipamentos Realizar procedimentos desagradáveis antes ou após as refeições (lavagem intestinal, curativos) 9. Manter posição confortável no momento das refeições 10. Proporcionar higiene pessoal adequada 11. Recolher a bandeja com restos da refeição após tê-la concluído 12. Manter cuba rim limpa ao alcance das mãos 13. Oriente evitar leitura o movimento dos olhos agravam náuseas 14. Evitar mudanças bruscas de posição 15. Evitar alimentos que agravem a sensação de náuseas (condimentados) ÊMESE OU VÔMITO Conceito: Expulsão forçada do conteúdo gástrico através da boca; Caracteristicamente precedido pela náusea; Resulta de uma seqüência coordenada de contrações musculares abdominais associadas com peristalse esofagiana reversa. Causas: 1. 2. 3. 4. Primeiro trimestre da gravidez Estresse, ansiedade, dor Intoxicação alcoólica, terapia medicamentosa, radiação; Ingestão excessiva de líquidos ou alimentos contaminados; 5. Distúrbios do TGI, metabólicos, endócrinos, cardíacos e do SNC (labirintite) 6. Desequilíbrio hidroeletrolítico; infecções; terapia cirúrgica Assistência de Enfermagem: 1. Segurar a cuba sobre queixo para aparar o vômito 2. Se deitado: lateralizar ou erguer a cabeça para evitar broncoaspiração do material 3. Se pós-operatório: apoiar a incisão com as mãos enquanto o cliente vomita 4. Permanecer ao lado do cliente enquanto vomita 5. Proporcionar privacidade ao cliente 6. Aceitar a situação com naturalidade 7. Higiene oral e lavagem das mãos 8. Trocar a roupa pessoal e de cama se estiverem sujas 9. Arejar o quarto 10. Recolher material vomitado imediatamente 11. Promover o repouso do cliente 12. Se necessário, guardar amostra do vômito 13. Comunicar ao médico assistente 14. Anotar no prontuário: características, natureza e freqüência do vômito. Quanto a natureza o vômito pode ser: Em jato (meningites) Regurgitando (mais comum) Observar a natureza e a qualidade do material vomitado: Cor amarelada ou esverdeada – pode conter bile, que indica que o piloro está aberto; Componentes fecalóides – podem indicar obstrução ou infarto intestinal; Sangue vermelho rutilante – (arterial) – pode indicar hemorragia ou úlcera péptica; Sangue vermelho escuro – (venoso) – pode sugerir hemorragia por varizes esofágicas ou gástricas; “Borra de café” – pode indicar sangue digerido proveniente da lesão gástrica ou duodenal; Alimentos não digeridos - podem indicar tumor gástrico ou obstrução por úlcera; Se o gosto é “amargo” – sugestivo de bile; Se o gosto é “azedo” ou ácido – pode indicar conteúdo gástrico; Inodoro; Líquido; Com cheiro acre; Contendo muco ou pus. Atuação da Enfermagem: Informar ao paciente sobre a importância de uma nutrição e hidratação adequadas para seu tratamento e bem estar. Supervisionar a nutrição e hidratação do paciente quanto à qualidade, quantidade, e aceitação pelo mesmo. Atentar para o uso de medicamentos que interferem na função gastrointestinal. Prever possíveis desconfortos gastrointestinais que o paciente pode vir a sentir. Assegurar atendimento imediato no caso de surgir tais desconfortos. Estar preparado para realizar, se necessário, qualquer procedimento como: sondagem gástrica, aspiração gástrica, lavagem gástrica, e lavagem intestinal. Anotar as intercorrências no prontuário. SONDAGEM NASOGÁSTRICA (SNG) È a introdução de uma sonda de calibre variado, através do nariz (mais usado) ou da boca até a cavidade gástrica permanecendo: - ABERTA: tem por finalidade drenar a secreção existente na cavidade gástrica. Números: 18 ou 20. -FECHADA: em geral, é indicada para alimentar e/ou medicar pacientes impossibilitados de deglutir. Números: 12 ou 14. Indica-se a SNG em: Preparo pré-operatório de algumas cirurgias. Lavagem gástrica. Coleta de material para exame de suco gástrico. Alívio das distensões abdominais. Tratar uma obstrução ou área sangrante. Alimentação dos pacientes impossibilitados de deglutir. Administração de medicamentos. Possíveis complicações: o Erosão nasal; o Sinusite, esofagite; o Ulceração gástrica; o Complicações pulmonares. Material utilizado: Sonda (SNG - LEVIN): em geral nos 14 a 16 nas mulheres, e nos 16 a 18 nos homens; Lubrificante: recomenda-se uma pomada com anestésico; Gaze, esparadrapo; Toalha; Seringa e estetoscópio; Luvas de procedimento. Procedimento: Orientar o paciente sobre os procedimentos, e colocá-lo na posição de Fowler ou em decúbito dorsal. Lavar as mãos. Colocar a toalha sobre o tórax do paciente. Calçar as luvas. Medir o comprimento da sonda a ser introduzida: da base da orelha até a ponta do nariz e descendo até o apêndice xifóide,final do esterno. Marcar com uma tira de esparadrapo. Lubrificar mais ou menos 10 cm da sonda, introduzir por uma das narinas, e, após a introdução da parte lubrificada, flexionar o pescoço de tal forma que o queixo se aproxime do tórax. Pedir para o paciente fazer movimentos de deglutição durante a passagem da sonda pelo esôfago (observar se a sonda não está na cavidade oral). Introduzir a sonda até a marca do esparadrapo. Testar se a sonda está na cavidade gástrica através de um dos seguintes métodos. o Aspirar com uma seringa o conteúdo gástrico; o Colocar o diafragma do estetoscópio no abdômen do paciente e injetar rapidamente 10 cc de ar. Se ouvirmos o ruído, a sonda está no local correto; o Colocar a extremidade da sonda em um copo com água. Se a água borbulhar, a sonda deverá ser retirada e o procedimento repetido. Fixar a sonda com esparadrapo na asa do nariz. Se for SNG aberta, a sonda deverá ser conectada a uma extensão e frasco coletor. Durante o procedimento, observar reações do paciente: dispnéia, tosse, cianose. Deixar a unidade em ordem e anotar no prontuario. Na SNG aberta, controlar diariamente (a cada plantão), o volume e características (cor, presença de grumos ou sangue). Manter o paciente em posição de Fowler, a fim de evitar esofagite de refluxo. SONDAS ENTÉRICAS: São sondas especiais para alimentação enteral em pacientes que não podem comer, mas cujo trato gastrointestinal apresenta absorção adequada. A mais utilizada é a DOBHOFF. Elas possuem um peso de mercúrio ou chumbo na sua extremidade e é necessário aguardar 24 horas após sua passagem para que a sonda migre para o duodeno – colocar o paciente em DLD. O material é o mesmo da SNG, com exceção da sonda (Dobhoff) e o fio guia. No procedimento, o que difere, é que: - Ao medir deve-se acrescentar mais 15 a 25 cm e marcar; - Introduzir o fio guia no interior da sonda; - Depois de passada, não retirar o fio guia; * Verificar a colocação da sonda através de raios-X; - Depois de confirmada a posição, retirar o fio guia, usando tração suave. GAVAGEM GÁSTRICA É uma alimentação administrada ao paciente por SNG. Ela é feita quando o paciente não consegue se alimentar por via oral. A alimentação pode ser feita de duas maneiras: a intervalos prescritos (por exemplo, de 4 em 4 horas) ou como perfusão contínua durante as 24 horas. Material utilizado: Seringa de 20ml; ou ainda equipo; Recipiente com alimentação na temperatura ambiente; Copo com água. Procedimento: Avisar ao paciente sobre o procedimento a ser realizado. Posicionar o paciente em Fowler, a não ser que exista contra indicações. Dobrar a SNG, abri-la e conectar a seringa para realizar aspiração, para avaliar a quantidade do conteúdo gástrico, e possível obstrução. Dobrar a sonda e desconectar a seringa para retirar o êmbolo, e reconecta-la a SNG. Colocar na seringa a dieta, e desdobrar a sonda lentamente para que não cause espasmo gástrico. Se a dieta vier em recipiente que seja possível, conectar um equipo de soro, e controlar o gotejamento, para que seja administrado lentamente. Ao final da dieta, administrar uns 20 ml de água, para lavar a SNG, evitando assim obstrução da mesma. Quando a água estiver acabando, dobrar a sonda, para que não entre ar pela mesma. Retirar a seringa, fechar a sonda, e só então desdobrá-la. Durante a administração da dieta, observar qualquer reação do paciente. Observações: - A altura da seringa depende da espessura da dieta, quanto mais líquida, mais baixa deve ficar a seringa, e vice-versa, para que seja possível controlar a velocidade da administração. - Para desconectar o equipo, proceder da mesma forma usada para desconectar a seringa. GASTROSTOMIA: É uma cirurgia realizada para criar uma abertura no estômago com a finalidade de administrar alimentos e líquidos. Em alguns casos, a gastrostomia é usada para nutrição prolongada, como no paciente idoso ou debilitado. ILEOSTOMIA: É a formação de uma abertura temporária ou permanente através do íleo, que pode ser usada para alimentação de pacientes impossibilitados de receber alimentos pelo estômago. Tanto na gastrostomia como na ileostomia, precisa-se ter um cuidado especial com a pele, mantendo-a limpa e protegida com gaze. ASPIRAÇÃO GÁSTRICA È a retirada de ar ou conteúdo gástrico, com a finalidade de retirar material para exame e diminuir ou prevenir as distensões abdominais por retenção de líquidos ou ar no estômago (realiza-se de duas em duas horas, quatro em quatro horas ou sempre que necessário). Material utilizado: Gaze; Seringa de 20 cc; Cuba-rim; Luva de procedimento. Procedimento: Calçar as luvas. Dobrar a SNG e desconectar da extensão, protegendo-a com gaze. Conectar a seringa à extremidade da SNG, envolvendo-a com gaze e desdobrar a sonda. Aspirar, dobrar a sonda, desconectar a seringa e desprezar o conteúdo gástrico na cuba-rim (estéril se necessário). Repetir o procedimento tantas vezes quantas forem necessárias. Medir o volume da secreção aspirada e anotar. Reunir o material e deixar a unidade em ordem. LAVAGEM GÁSTRICA É a introdução, através da SNG, de líquido na cavidade gástrica, seguida da sua remoção. Tem por objetivo retirar o conteúdo gástrico excessivo ou nocivo (intoxicação medicamentosa ou alimentar, retenção de alimentos não digeridos), preparar a cavidade gástrica para exames ou cirurgia e estancar hemorragia gástrica ou esofágica. Indicações: HDA Envenenamentos Alimentos não digeridos Preparo para alguns exames/cirurgias Material utilizado: Seringa de 20 cc, ou diretamente na ampola de soro, Balde, Jarro, Solução prescrita, Cuba-rim, Gaze e toalha. Procedimento: Explicar ao paciente o procedimento, colocá-lo em decúbito dorsal e proteger o seu tórax com a toalha. Nos inconscientes, colocá-lo com a cabeceira ligeiramente elevada; Conectar o soro na extremidade da sonda. Obs: Pode-se também aspirar na seringa, a solução que está no jarro. Conectar a seringa na sonda dobrada, desdobrá-la e introduzir a solução; Introduzir todo o conteúdo no estômago; Abaixar o frasco do soro abaixo do nível do leito; Se necessário fazer leve compressão gástrica ou mudança de decúbito; Repetir quantas vezes forem necessárias; Em casos de envenenamento – Utilizar carvão ativado; Durante o procedimento, observar reações do paciente: dispnéia, cianose, palidez; Anotar no prontuário as características do líquido de retorno e volume injetado e drenado;