A Política como uma abordagem Filosófica

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A Política como uma abordagem Filosófica
Decorridos mais de 2500 anos desde sua fundação na Grécia Antiga, a Filosofia
Ocidental conta com um acervo incomparável de reflexões, de idéias e de conceitos
sobre Tolerância e Direitos Humanos.
Devido ao caráter peculiar da civilização Ocidental, em particular a contínua
presença da religião, seja sob a forma do Paganismo, seja a da Revelação, a
Filosofia, enquanto disciplina de busca racional por conhecimento, traz as marcas
de suas relações, nem sempre harmônicas, com outras modalidades de saber e de
agir, e em particular com o fenômeno religioso.
Esta convivência em um mesmo espaço civilizacional tem representado para a
Filosofia um notável desafio, e mesmo um perigo extremo: perseguições por
acusações de impiedade e de ateísmo são moeda corrente em sua história, e
durante toda a Idade Média ela viveu sob a supervisão eclesiástica. Entretanto, na
medida em que ambas ocupam duas sólidas posições rivais, não excludentes de
Saber, esta rivalidade tem sido ocasião também de aprimoramento para ambas. A
filosofia, em particular, tem sabido, ao longo de toda a sua história, tirar bom
partido deste fato, seja afinando seus conceitos, seja formulando suas críticas com
a correta medida de acribia.
Desta contingência que afetou a Filosofia é prova não apenas a condenação a
morte de Sócrates por impiedade, mas também as lições extraídas deste fato pelos
filósofos que, a seguir, souberam criar um ‘lugar’ na Terra para ela, como diz
Merleau-Ponty.
Assim é que, na mesma Idade Média, os chamados ‘falasifa’,
filósofos Islâmicos como Averróes, Alfarabi , Avicena e Judeus, como Moises
Maimônides , ou ainda Cristãos como S.Tomas de Aquino, na elaboração de suas
reflexões sobre as relações entre Filosofia e Revelação, nunca abandonaram a
busca de inspiração nas filosofias de Platão e Aristóteles.
Mas, se tanto a Filosofia quanto a Revelação souberam tirar partido deste
movimento dialético em que se desenvolveram, muito mais aproveitaram as
sociedades Ocidentais, desde a aurora dos tempos modernos. Herdeiras de uma
concepção filosófico-clássica da República souberam introduzir novos elementos no
quadro republicano, de modo a alargar singularmente o domínio da Liberdade para
a humanidade, inclusive os de proveniência do próprio Cristianismo, como a
santidade da pessoa humana.Rechaçando o emprego da violência, os filósofos
modernos introduziram novos instrumentos de análise que deram ensejo a
liberdade de consciência, de religião e posteriormente a liberdade de imprensa, de
reunião, de associação em uma nova perspectiva.
Assim é que, desde o século XVII, B.Spinoza e John Locke podiam publicar,
respectivamente na Holanda e na Inglaterra, suas primeiras reflexões a favor da
Tolerância, constituindo-se ambos em marco e matriz de uma linhagem de
pensadores comprometidos com a criação de uma lógica cujo resultado mais
espetacular culminaria na separação entre as esferas do Estado e da Igreja e na
invenção do Estado de Direito, isto é, na realização de uma sociedade aberta.
À partir daí, paulatinamente, o Ocidente assistiu a um reconhecimento e a uma
propagação
dos
Direitos
do
Homem
que,
consagrados
nas
Declarações
e
Constituições do nosso ecúmeno, vem alargando a esfera de abrangência de nossas
Democracias, tendo em vista não apenas a redução das desigualdades econômicas
e sociais, como também os direitos das minorias, de modo a assegurar a todos uma
convivência mais justa.
Herdeiros desta notável tradição humanista, ao traçarmos no âmbito do LEI uma
‘filosofia para a Tolerância’ nossa intenção é a de perpetuá-la em sua busca de
definir os princípios da coexistência dos diferentes grupos e comunidades, e não a
de flertar com horizontes utópicos. Não nos é permitido ignorar que vivemos em
uma época recém saída dos totalitarismos de esquerda e de direita, e agora
assolada pelas ameaças gêmeas do fanatismo e do relativismo. Por isso mesmo,
pensamos que é justamente neste nosso horizonte ‘chiaro oscuro’ que, assim o
esperamos, pode ganhar sentido uma reflexão que saiba, como souberam nossos
antepassados, fazer prevalecer a razão, oferecendo alternativas à violência e às
imposições arbitrárias, garantindo a diversidade e a divergência.
Aluno: Bruna 2º Ano
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