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Focos vermelhos na agricultura global
O aumento dos preços dos alimentos será o primeiro indicador de crise da
economia global, afirmam especialistas
Estima-se que a demanda mundial por alimentos crescerá até 60% até o ano de
2030, e, se não forem adotadas medidas urgentes, a crise do setor agrícola
colocará em xeque a economia global, alertaram especialistas de 60 países
reunidos na cidade de Monterrey, no México. De acordo com as projeções das
Nações Unidas, cerca de 78 milhões de pessoas se somarão à população mundial a
cada ano. Não é uma questão trivial, estamos falando em somar anualmente uma
população equivalente ao dobro da do Canadá. Como vamos alimentá-la?, se
perguntou o norte-americano Lester Brown, uma das vozes que se destacam no
debate ambiental global.
Os atuais estoques globais de alimentos são os mais baixos em 30 anos. Expandir a
produção agrícola para atender a demanda futura enfrenta dois formidáveis
obstáculos: a queda nos aqüíferos e o aumento global da temperatura, alertou
Brown, fundador do Earth Policy Institute e do World Watch Institute, dois
importantes centros de pensamento dos Estados Unidos. Nos próximos anos, disse
o especialista, o aumento dos preços dos alimentos será o primeiro indicador
econômico global da crise ambiental que envolve os 6,3 bilhões de seres humanos
e os recursos naturais dos quais dependem.
O autor de Plano B: Ecologia para um Mundo em Perigo, participou, nos dias 15 e
16 de novembro, do oitavo Seminário Internacional de Consumo e Produção
Sustentável, organizado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente –
PNUMA. Na chamada Iniciativa Monterrey, o grupo de especialistas exortou no
sentido de serem introduzidas estratégias de consumo e produção limpa no setor
agrícola para promover o uso sustentável de recursos como água, terra e energia.
Segundo um informe de Garrete Clark e Charles Arden-Clake, da Divisão de
Indústria, Economia e Tecnologia do PNUMA, 26% da superfície terrestre foi
transformada em terra de cultivo e pastagem desde os anos 70, provocando
contaminação, perda de biodiversidade, esgotamento de aqüíferos e deterioração
da qualidade de vida de milhões de pequenos agricultores. A agricultura em
pequena escala emprega pelo menos um bilhão de pessoas na América Latina e
Caribe, no Sudeste Asiático e na África.
A agricultura, disseram os especialistas do PNUMA, é a maior consumidora global
de água doce, e os lençóis freáticos estão diminuindo nos três principais produtores
de grãos do mundo: Índia, China e Estados Unidos. O esgotamento da água é mais
sério do que o do petróleo. Vivemos milhões de anos sem o óleo, podemos viver
apenas alguns dias sem água, advertiu Brown.
Por outro lado, a elevação da temperatura, que segundo o consenso científico
aumentou 0,7 graus centígrados no último quarto de século devido aos gases
causadores do efeito estufa, também exerce uma perversa pressão sobre os
cultivos e a segurança alimentar. Apenas a demanda da China, que deixou de
produzir 70 milhões de toneladas de alimentos em 2003, poderia provocar uma alta
de preços global, alertou o especialista. Os preços internacionais da farinha
registraram, em 2004, aumento de 38%, o do milho de 36% e o do arroz de 39%.
Cerca de 850 milhões de pessoas sofrem fome no mundo, e sua subsistência é
crítica para o manejo sustentável dos recursos naturais, afirmou, por sua vez, Klaus
Toepfer, diretor-executivo do PNUMA. Os países do Sul têm uma vantagem
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comparativa de comércio no setor agrícola que, se for explorada de maneira
sustentável, pode oferecer um caminho claro para o desenvolvimento, destacou.
A Iniciativa de Monterrey também pediu urgência aos governos no sentido de
tomarem medidas concretas para a produção limpa e o consumo sustentável no
setor de água, energia e recursos naturais, tecnologia e produtos. Acreditamos que
o consumo e a produção sustentáveis são ferramentas básicas para alcançar as
Metas de Desenvolvimento do Milênio – 2000 –, em particular os relacionados com
a erradicação da pobreza extrema e da fome, para garantir a sustentabilidade
ambiental, assinalaram.
Fonte
TERRAMÉRICA. Focos vermelhos na agricultura global. Disponível em:
<http://www.tierramerica.net/2004/1120/pacentos2.shtml>. Acesso em: 01 dez.
2005.
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