Instituto de Educação Tecnológica Pós-graduação Engenharia Ambiental Integrada – ABEI1402 T27 30 Abril de 2015 Economia Verde: Um desafio a ser enfrentado Thamiris Gomes Belfi Tecnóloga em Gestão Ambiental [email protected] Cliviany Borges da Silva Bióloga [email protected] RESUMO A Economia Verde teve seu conceito lançado na Conferência das Nações Unidas em 1992 no Rio de Janeiro e foi novamente reforçado em 2012 na RIO+20, pelo PNUMA que na oportunidade apresentou o Relatório da Economia Verde (REV) com propostas e ações de um novo programa de desenvolvimento sustentável e erradicação da pobreza. O objetivo deste estudo é mostrar o verdadeiro significado de economia verde e como sua prática é um desafio para os gestores públicos municipais e estaduais de diferentes regiões. As ações de economia verde que serão citadas nesse trabalho por intermédio de modelos e programas adotadas em algumas regiões do Brasil e do mundo que buscam a integração e a construção de um espaço socialmente justo e equilibrado economicamente e ambientalmente. Para o desenvolvimento deste estudo foram utilizados diversos métodos para sua elaboração, como pesquisas em revistas, artigos científicos. Foram feitos também acessos à internet e em sites de órgãos públicos que proporcionaram maior embasamento técnico ao estudo. Ao final deste foi possível concluir que o Brasil necessita passar por uma transição de modelo econômico. Contudo, a mudança poderia servir como plataforma para erradicação da pobreza, algo que se faz extremamente necessário em um país com distribuição de renda completamente desigual. Palavras-chaves: Economia verde, social, econômico e ambiental. INTRODUÇÃO Atualmente, o desenvolvimento sustentável, é um conceito que está sendo amplamente utilizado pelos órgãos públicos, empresas privadas, ONGs, entre outros ao qual busca-se pressupor um modelo de desenvolvimento que estabeleça na prática os parâmetros de sustentabilidade, o que tem conduzido a constantes desafios e questionamentos, alguns conceitos que antes eram considerados antagônicos: Lucro, preservação do meio ambiente e bem estar social, hoje estão sendo tratados de forma indissociáveis. No entanto a falta de entendimento deste conceito tem levado a interpretação e adoção de posturas errôneas. A questão da igualdade entre gerações sob o prisma da sustentabilidade significa que cada geração deve ter o mesmo bem-estar, ou a mesma igualdade de oportunidades, que as demais, seja em um país rico ou pobre. Em termos do meio ambiente, não deve haver uma deterioração que impeça uma geração de alcançar o mesmo bem-estar que uma geração anterior. Segundo Diniz e Bermann (2012) “Logo, a preservação do meio ambiente surge como uma forma de evitar o aumento da desigualdade entre gerações.” Entretanto ninguém defende a preservação a qualquer custo, mas é necessário que haja critérios que norteiem o uso racional dos recursos naturais de modo sustentável, surgindo um novo paradigma que se baseia na economia verde. Para o PMUMA, 2012 a Economia Verde está fundamentada na diminuição dos riscos ambientais favorecendo a qualidade de vida humana e a igualdade social, para tanto deve-se ater aos parâmetros que favoreçam tal desempenho como: baixa emissão de carbono, diminuição da poluição e uso eficiente dos recursos energéticos. A busca por programas de inclusão social e combate a fome em diferentes cidades do mundo que visam a sustentabilidade foi reafirmado na Rio + 20 ao priorizar a economia verde como fonte de gerenciamento do capital natural e humano em direção ao novo mundo. O presente trabalho tem por objetivo relacionar os modelos e programas implantados em algumas cidades que buscam a sustentabilidade por intermédio de um novo olhar verde, que favorece o bem estar sócio ambiental e econômico. REVISÃO DE LITERATURA No contexto da evolução humana na busca pelo desenvolvimento e progresso da nação, na década de 80 o homem começou a ser verdadeiramente despertado, em razão dos prejuízos e do verdadeiro “custo” deste tão sonhado “progresso”, impulsionando o surgimento de novos conceitos e indução de um novo modelo de desenvolvimento. A expressão: sustentabilidade apareceu pela primeira vez em 1980, em um relatório da International Union for the Conservation of Nature and Natural Resources (IUCN), World Conservation Strategy, que sugeria esse conceito como uma aproximação estratégica à integração da conservação e do desenvolvimento coerente com os objetivos de manutenção do ecossistema, preservação da diversidade genética e utilização sustentável dos recursos. O conceito de desenvolvimento sustentável foi mais tarde efetivamente consagrado no relatório "O Nosso Futuro Comum", publicado em 1987 pela World Commission on Environment and Development, uma comissão das Nações Unidas, chefiada pela então Primeira-Ministra da Noruega, a Sr.ª Gro Harlem Brundtland, dando origem ao documento Relatório de Brundtland como ficou mundialmente conhecido, definindo-se então: “Desenvolvimento Sustentável: desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações vindouras satisfazerem as suas próprias necessidades". (RELATÓRIO DE BRUNDTLAND, 1987). Em 1992, com a realização da Eco 92 no Brasil, novamente foram reafirmados os compromissos do desenvolvimento sustentável , no entanto o ecodesenvolvimento cedeu lugar a um novo paradigma conhecido por Economia Verde, cuja expressão de significados estava relacionado à um conceito mais abrangente de desenvolvimento sustentável. Em 2012, o conceito foi novamente retomado e alvo de diversas e polêmicas discussões na Rio+20, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). “Economia verde é uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica.” (PNUMA, 2011). MATERIAL E MÉTODOS Para o desenvolvimento deste estudo foram utilizados diversos métodos para sua elaboração, como pesquisas em revistas e artigos científicos. Foram feitos também acessos à internet e em sites de órgãos públicos, onde foram retiradas informações e dados buscando melhor embasamento teórico e técnico ao trabalho e proporcionando um melhor entendimento para uma visão crítica em relação ao assunto abordado. Economia Verde: Ações propostas pelo PNUMA A proposta lançada em 2008 pelo Programa da Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) conceituada como Economia Verde em inglês GEI - Green ou IEV Economy Initative, vislumbra um resultado de melhoria do bem estar humano e da igualdade social, e a minimização de riscos ambientais e destruição ecológica. O documento traz argumentos que favorecem a todas as economias, sejam elas controladas pelo estado ou pelo mercado, não sendo uma substituição de um desenvolvimento sustentável, mas uma estratégia de melhoria para um mundo onde a água potável e a terra produtiva estão acabando, devido ao cenário de mudanças climáticas, eventos de condições extremas e o aumento da escassez de recursos naturais. Os Objetivos do Milênio criado na Rio- 92 é hoje interligado a economia verde e favorece à inserção da Agenda 21 de forma mais efetiva e vislumbra a prosperidade de 9 bilhões de habitantes até 2050. O Relatório Rumo a Economia Verde publicado pelo PNUMA, traz os mitos e verdades de um novo conceito econômico, social, político e ambiental que busca efetivamente trabalhar a economia no cenário de desenvolvimento sustentável. A inversão de valores favorece mitos para a tão idealizada economia verde, onde em primeira instância distancia o mercado verde da possibilidade de riqueza, desfavorecendo as oportunidades de emprego e em segundo plano a capacidade de apenas países ricos estarem preparados para tal mercado. Tais considerações são inverdades que podem ser exemplificadas em diferentes áreas do mundo com estratégias diversas. A expectativa é que o “esverdeamento” de mercado crie novas expectativas de emprego, bem estar social, econômico e ambiental, com ações simples, como uma “moeda de troca” já vivenciada no passado pela sociedade. O relatório também busca desmistificar a ideia de que existe uma permuta inevitável entre o desenvolvimento social, crescimento econômico e a sustentabilidade ambiental e desfazer a concepção equivocada de que economia verde é um luxo apenas os países desenvolvidos podem arcar. Segundo Pavesi (2011) a principal mensagem destacada pelo relatório é a de que: “Um investimento de 2% do PIB global em dez setores chave pode combater a pobreza e gerar um crescimento mais verde e eficiente”. Contudo, o mercado econômico, atualmente vem sendo baseado na exploração dos recursos naturais de forma desenfreada, fato que pode ser comprovado pelo crescimento quatro vezes maior da economia mundial nos últimos 25 anos, que favoreceu a população, no entanto causa uma redução dos produtos e serviços referentes ao ambiente natural. Segundo o PNUMA (2012), apenas 20% das reservas populacionais de peixes comerciais, em sua maioria de espécies de baixo preço, são sub exploradas; 52% são totalmente exploradas sem mais espaço para expansão; cerca de 20% são sobre exploradas e 8% estão esgotadas. A água está se tornando escassa e há previsão de que o estresse hídrico aumente quando a distribuição de água satisfizer apenas 60% da demanda mundial em 20 anos. Estudos mostram que setores como, agricultura, construção, pesca, silvicultura, abastecimento de energia, indústria, turismo, transportes, manejo de resíduos e água, apresentam como fundamentais para inverter o mercado econômico deixando a economia global mais verde. Ações determinadas pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente apresentadas em 2012, indicam que 10 setores são estratégicos para uma transição econômica, ambiental e social. Para isso tornam-se necessários modelos públicos e privados de gestão nas cidades, que favoreçam a preservação socioambiental e o fortalecimento econômico de forma a reconstruir o capital natural, aprimorando a sustentabilidade no mundo, por intermédio da economia verde. O Atual Cenário Brasileiro Segundo Brown (2001) apud Vieira (2015) a economia global atual não se formou pelos princípios ecológicos e sim pela força de mercado e isso criou um cenário de economia distorcido, fora de sincronia com os ecossistemas terrestres, destruindo seus sistemas naturais de suporte. Cenário este totalmente aplicável ao contexto brasileiro. Vieira (2015) ainda afirma que “A questão ambiental no Brasil revela os seguintes aspectos de mudança: a) de reestruturação do espaço competitivo de mercado em função das transformações do setor produtivo sob o viés ambiental; b) a ideia de sustentabilidade do negócio; c) a participação governamental, e, d) a participação das instituições (fundações, ONG’s, privadas, etc) envolvidas com a questão ambiental.”. De acordo com Vasconcelos (2012) nas últimas décadas o impacto das políticas neoliberais no cenário nacional, vem configurando um quadro bastante sombrio no que diz respeito á condições de vida e implicações sociais e psicossociais para os grupos sociais mais pauperizados. Entretanto, sua compreensão, em toda a sua dimensão, requer anteriormente traçar um quadro das principais tendências demográficas. Na avaliação do cenário brasileiro recente, há também dimensões políticas fundamentais que vem gerando um processo maciço de despolitização do debate político sobre as mudanças em curso e sobre a gestão governamental. A isso se somam as perdas na dimensão ética na prática política. Tudo isso, está intimamente ligado à estabilidade econômica do país e que refletem diretamente na ideia da economia verde e da gestão política das cidades brasileiras. Atualmente o Brasil encontra-se na lista entre os dez países com pior distribuição de renda do planeta. A mudança para o esverdeamento da economia poderia, no entanto, servir como base para erradicação da pobreza, algo que se faz extremamente necessário em um país com distribuição de renda completamente desigual. Além disso, o Brasil é um país que possui condições que viabilizam a adoção da política de economia verde em razão da sua riqueza e diversidade de recursos naturais de biodiversidade, recursos hídricos, apesar do atual cenário de crise hídrica ao qual estamos enfrentando, enfim, um verdadeiro tesouro natural como pode-se dizer, ao qual mesmo ameaçado, ainda é extenso. Trabalhar a economia verde dentro de um país, significa alterar a sua estrutura política e implementar um sistema inclusivo, que visem as práticas sociais, ambientais e econômicas. Ainda de acordo com o BNDES (2012) o país ainda precisa avançar muito em aspectos básicos para a sociedade e a questão do saneamento ambiental, talvez seja um dos principais desafios a ser superado, fator este apontado pela OMS em 2009 como a 11° causa de mortes no mundo. Diante do exposto é necessário considerar a gravidade desta situação, algo que está diretamente ligado a questão social, no que diz respeito à qualidade de vida da população e o aumento da incidência de doenças, o cenário econômico que terá que disponibilizar infraestrutura necessária para atender a demanda da população, principalmente para tratamento de doenças causadas pela carência de saneamento adequado e a questão ambiental ocasionando a degradação dos recursos naturais. Segundo Irigaray (2011), o Brasil possui um marco regulatório sólido no que diz respeito á questões jurídicas, mas que deve ser estruturada para que a economia verde seja realmente aplicada dentro de um contexto de sustentabilidade. Para que haja uma transição é necessário uma estruturação de ações nas políticas públicas, interligadas a instrumentos econômicos e mecanismos de comando e controle que favoreça a equidade intra e intergeracional e justiça social. O reconhecimento do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, associado ao dever do poder público e da coletividade de defender e preservar esse direito fundamenta a gestão pública, no entanto as políticas efetuadas atuam vagarosamente em relação à legislação, repercutindo timidamente para que a economia verde seja implantada no país. A Economia Verde na prática As estratégias apontadas pelo relatório Rumo a Economia Verde (2011), estão embasadas em três questões: O “esverdeamento” da economia por intermédio de investimentos em setores chave; a redução da pobreza e a Gestão ou políticas que favoreçam mudanças para atingir a economia verde. No Japão, o Ministério da Economia, Comércio e Indústria (METI) promoveu o programa de Eco-Cidade sendo a primeira experiência em Kitakyushu. O foco do projeto é promover uma sociedade orientada para a reciclagem. Para isso, construiu-se um complexo industrial ambiental, que permite que as empresas lidem com os materiais recicláveis gerados numa área ampla, considerada como um Pólo, formando uma cadeia de reciclagem entre elas, em um ciclo de diferentes materiais. O Projeto foi bem sucedido sendo que em 2003, já podiam ser encontradas 36 organizações no local onde, além do complexo industrial ambiental, existia uma área de prática e pesquisa e uma área de reciclagem, “Hibiki” como é denominada, está localizada ao lado do Complexo industrial Ambiental tem como objetivo apoiar as empresas de reciclagem de pequeno e médio porte. A área de prática e pesquisa tem como objetivo promover a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias ambientais de ponta. Durante a semana são oferecidos cursos sobre reciclagem. No ano de 2010, Kitakyushu se uniu com a Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (UNIDO) para promover a indústria verde. Assim em 2013, este acordo de cooperação foi renovado por um período de três anos em que serão realizados seminários anuais para a formação de gestores de Eco-Cidades. A cada ano representantes de países em desenvolvimento da Ásia e da África participam desses seminários e aprendem como replicar as boas práticas de Kitakyushu. A União Europeia, segundo European Environmental Agency (2013) propôs em seu programa o qual vem sendo chamado de Estratégia “Europa 2020” a integração dos desenvolvimentos inteligente, inclusivo e sustentável. Outra estratégia foi à criação do Livro Verde sobre a energia, o qual busca desenvolver uma política energética que irá atingir o primeiro lugar em gestão energética, que favoreçam a economia, o meio ambiente e a sociedade. Os objetivos giram em torno da sustentabilidade, competitividade e segurança de aprovisionamento que favorece a oferta e procura. As estratégias e programas adotados globalmente por intermédio da economia verde favorecem o mercado de trabalho e a esfera social diretamente, conhecidos como empregos verdes, que por sua vez favorece a dinâmica ambiental nas áreas agrícolas, energética, móvel, industrial entre outras. Segundo o relatório “Empregos Verdes” do PNUMA (2008), em Bangladesh, uma iniciativa de empresários favoreceu de forma direta e indireta a inserção da comunidade rural no mercado de trabalho ao investir em sistemas solares. A organização não governamental South-South-North, também citada no relatório do PNUMA (2008), criou o programa de Modernização de Habitações de Baixa Renda em Kuyasa, na Cidade do Cabo, África do Sul. Implantado em 2008 o programa capacitou jovens e artesãos para execução de serviços que favoreceram o aquecimento da água por intermédio de energia solar, o isolamento térmico das residências e o uso de lâmpadas mais eficientes, o que favorece o ambiente, melhora a qualidade de vida da população e a economia local. A criação de um novo cenário de serviços já está sendo observado no mercado de investimentos de fluxo de capital de riscos em países mais desenvolvidos como os Estados Unidos, os investimentos em tecnologias limpas já se encontra em terceiro lugar, podendo criar 400 a 500 novos postos de emprego. Até 2020 conforme analisado pela empresa Roland Berger Strategy Consultants (2008) apud PNUMA (2008), o mercado global nas áreas de eficiência energética, meios de transporte, sistemas de abastecimento d’água, saneamento e gestão de resíduos deve duplicar seus investimentos, favorecendo o mercado de trabalho. No Brasil, na cidade de Curitiba, no Paraná foi criado programa Câmbio Verde. Segundo a Prefeitura, este programa nasceu de uma “derivação do Programa Compra do Lixo e do Programa Lixo que não é Lixo, criado na cidade. E consiste na troca de material reciclável por produtos hortigranjeiros de época” (PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA (PR), 2013). A razão da criação do programa se deve ao ano de 1991, quando houve uma super safra de produtos hortigranjeiros na Região Metropolitana de Curitiba em face a grande quantidade de produtos, os pequenos produtores encontraram dificuldades para a comercialização de suas safras e muitos estavam transformando sua produção em adubo orgânico e alimento para criações. Diante daquela realidade o poder público, resolveu auxiliar os pequenos produtores no escoamento de suas safras. Para tanto, firmou convênio com a FEPAR - Federação Paranaense das Associações dos Produtores Rurais, e passou adquirir o excedente da produção e repassar estes produtos às famílias com renda salarial entre 0 a 3,5 salários mínimos. O Programa tem como objetivo incentivar os moradores a separarem o Lixo orgânico do inorgânico e em contra partida reforçar a alimentação de famílias carentes. No estudo "Rumo à Economia Verde: Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza", a capital do Paraná é citada como referência de "cidade verde" pelo PNUMA. Na região Sul do país em Santa Catarina o Projeto “Economia Verde e Solidária” foi lançado pelo governo do estado em parceria com Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (FAPESC), segundo a FAPESC (2014) o programa tem como objetivo de ajudar empreendimentos produtivos coletivos catarinenses, como associações e cooperativas, de baixa renda e sem fins lucrativos. A principal ideia lançada pelo programa é fortalecer esses empreendimentos de economia solidária e que usam resíduos de outras cadeias produtivas para criar uma economia forte e sustentável utilizando o que antes eram considerados lixo ou resíduos, e transformando em matéria-prima para uma nova atividade econômica, capaz de gerar emprego e renda para a população. Outro exemplo é a Bunge Environmental Markets (BEM), uma organização que atua na cadeia de alimentos, e exerce um trabalho global auxiliando as empresas a gerenciar suas emissões de gases de efeito estufa e a desenvolver projetos de redução de emissões. Esses projetos podem gerar créditos de carbono comercializáveis com outras empresas e governos, criando incentivos econômicos para investimentos na chamada economia verde. Baseado em Genebra, na Suíça, e com presença ativa no mercado de carbono desde 2004, o grupo supervisiona serviços de redução de emissões a partir da subsidiária da Bunge Ecoinvest Carbon S.A., Bunge Emissions Fund e Climate Change Capital. No Brasil, em 2012, conforme o programa Planeta Sustentável, da editora Abril (2012) foi implementado um projeto da BEM que teve como objetivo gerar créditos de carbono no bioma amazônico em uma área de floresta nativa, localizada em propriedade privada, trata-se da redução de emissões por desmatamento e degradação, onde a renda do produtor tornou-se uma forma de viabilizar a preservação da floresta. Anteriormente a adoção do programa a maior parte dos créditos de carbono florestais eram provenientes das áreas públicas ou de florestas plantadas. Aplicou-se às emissões evitadas pela manutenção da floresta nativa em pé, iniciando uma nova fase na geração de créditos de carbono no país, com a valorização real da vegetação. Os créditos de carbono têm valor comercial e podem gerar recursos financeiros significativos, representando um impulso na Economia Verde. CONSIDERAÇÕES FINAIS A implantação efetiva da economia verde no Brasil pode beneficiá-lo em diversos sentidos, pois esta economia exige uma maior igualdade social, o que é algo especialmente necessário no país. Na economia verde, o “capital natural” como diz Young (2011) passa a ser considerado como um elemento ativo, sendo considerado um diferencial competitivo no atual cenário econômico que atualmente está em crise. A implantação de políticas que favorecem e promovem o tão almejado desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza com efetividade é transmitida pelo PNUMA em seu relatório que traduz a economia verde como sendo algo desejável e possível. O “esverdeamento econômico” no Brasil favorece a geração de empregos, a renda das famílias, a saúde (por meio das questões sanitárias) e o ambiente natural. Com vários requisitos, principalmente de sua biodiversidade, o país pode ser não apenas palco de mudanças internas, mas exemplo de autonomia de transição de mercado econômico para o mundo. Nesse sentido a economia verde deve ser ampliada através de politicas públicas bem elaboradas e aplicadas de forma que todos os setores, públicos, privados, coletivos ou individuais atuem de forma a produzir um aumento contínuo no estoque de capital natural, não devendo ser compreendida como um problema, mas, como uma solução, que possa ser fonte de benefícios para o Brasil e o mundo, garantindo o bem estar humano a igualdade social, a minimização de riscos ambientais e destruição ecológica. REFERÊNCIAS BROWN, L. Eco-Economy. EPI-Earth Policy Institute / UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica, 2001. BANCO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO. O saneamento ambiental no Brasil: Cenário atual e perspectivas. 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