INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA – IBRATI SOCIEDADE BRASILEIRA DE TERAPIA INTENSIVA – SOBRATI MESTRADO PROFISSIONAL EM TERAPIA INTENSIVA CUIDADO NA PREVENÇÃO E NO CONTROLE DE LESSÃO POR PRESSÃO EM PACIENTES CRITICAMENTE ENFERMOS TERESINA – PI 2016 1 MARIA DE JESUS MONTEIRODA SILVA CUIDADO NA PREVENÇÃO E NO CONTROLE DE LESSÃO POR PRESSÃO EM PACIENTES CRITICAMENTE ENFERMOS Trabalho de conclusão de curso do mestrado profissional em terapia intensiva da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI, como requisito parcial para obtenção de notas para o título de mestre em terapia intensiva. Orientador: Prof. Dr. Marttem Costa de Santana TERESINA - PI 2016 2 MARIA DE JESUS MONTEIRO DA SILVA CUIDADO NA PREVENÇÃO E NO CONTROLE DE LESSÃO POR PRESSÃO EM PACIENTES CRITICAMENTE ENFERMOS Trabalho de conclusão de curso do mestrado profissional em terapia intensiva da Sociedade Brasileira de Terapia Intensiva – SOBRATI, como requisito parcial para obtenção de notas para o título de mestre em terapia intensiva. Aprovado em: 10/09/2016. BANCA EXAMINADORA Prof. Dr. Marttem Costa de Santana Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Presidente (Orientador) Prof. Dr. Douglas Ferrari Carneiro Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador Interno Prof. M.e Edilson Gomes de Oliveira Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinador Interno Prof.ª M.a Vicença Maria Azevedo de Carvalho Gomes Instituto Brasileiro em Terapia Intensiva – IBRATI Examinadora Interna (Suplente) 3 SUMÁRIO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS.........................................................................04 2 METODOLOGIA........................................................................................... 08 3 AS LESÕES POR PRESSÃO E A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ....09 4 A AÇÃO INTERDISCIPLINAR NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ....11 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS...........................................................14 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................18 REFERÊNCIAS..............................................................................................19 4 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS As feridas são lesões teciduais que acometem a epiderme, derme, fáscias, músculos ou qualquer outra estrutura do corpo e podem se agravarem em idosos, principalmente os que possuem pouca ou nenhuma mobilidade. Dentre as lesões de pele mais comuns dentro do hospital estão às úlceras por pressão, lesão por pressão ou lesão especial dermatológica, que adia o tempo de hospitalização do paciente, comprometendo o tratamento e a recuperação do mesmo, o diagnóstico preciso do tipo e estágio da lesão vai permitir a tomada de decisão sobre medidas a serem implementadas e os recursos utilizados. A ferida deverá ser avaliada pela borda, quanto à presença de tecido novo, descoloração, maceração, eritema, palidez ou erosão, assim como a profundidade, área e perfusão do tecido, que envolve o sistema cardiovascular, respiratório, nutricional, digestório e locomotor (IRION, 2005). Sabendo da magnitude do problema das úlceras tanto para o paciente, familiares e instituição, é importante que os profissionais da saúde atuem no sentido de prevenir essas feridas, sendo que para tratar ou prevenir pressupõe a necessidade de conhecimento da etiologia e a realidade da instituição. A UTI é um local específico e preparado para atender pacientes graves, possui diversas tecnologias onde se presta cuidados altamente complexos e formada por uma equipe de profissionais de saúde interdisciplinar com grande aporte de conhecimento, habilidade, destreza e capazes de oferecer um cuidado humanizado, composto por médicos intensivistas, fisioterapeutas, enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem, além de pessoal de limpeza e auxiliar administrativo exclusivos (SALICIO; GAIVA 2009). A presença de úlcera por pressão tem sido um indicador de qualidade da assistência nos serviços de saúde. O exame físico diário realizado pela enfermagem é falho. É essencial que a enfermagem realize a avaliação da sensibilidade do paciente, durante o exame físico observar algum tipo de lesão dermatológica como bolhas, vesículas, máculas, etc. Avaliar a sensibilidade é obrigatório principalmente em pacientes que relatam história de neuropatias 5 periféricas, considerando também, seu estado cardiovascular, respiratório, nutricional, digestório e locomotor. O National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) realizou a mudança da terminologia úlcera por pressão para lesão por pressão e atualiza os estágios da lesão, essa mudança descreve com mais precisão as lesões de pressão em ambos os estágios em que se apresentam. Fala sobre como melhorar os resultados dos pacientes na prevenção de úlcera por pressão e o tratamento através de políticas públicas, educação e cultura, agora com números árabes, antes romanos, para determinar as fases de desenvolvimento dessas lesões (NPUAP, 2016). As lesões por pressão representam as principais complicações que acometem pacientes hospitalizados, aqueles graves, imobilizados e principalmente os que estão na Unidade de Terapia Intensiva-UTI. Essas lesões na pele ocorrem com o rompimento da pele em consequência da falta de irrigação sanguínea ou irritação da pele que reveste uma saliência óssea pressionada. É considerada uma ferida crônica por ser de longa duração, difícil cicatrização e reincidência frequente, um problema para os pacientes, pois prolonga sua internação, acarreta desconforto além de afetar a autoestima, problemas emocionais, psicossociais e econômicos, é considerada como resultante de uma assistência de enfermagem precária. A equipe de saúde tem consciência dos fatores que influenciam a resposta tecidual à pressão, esses fatores deve ser uma preocupação para toda a equipe, tendo como meta a eliminação ou redução do desenvolvimento da úlcera (MATTIA et al., 2010). As úlceras por pressão são lesões na pele ou tecido resultante da pressão do peso do próprio corpo do paciente combinada com a fricção ou cisalhamento e umidade, além de fatores intrínsecos que são determinados pelas condições do próprio paciente, como estado nutricional alterado, incontinência urinária e fecal, hipertermia, tabagismo, idade avançada, insuficiência arterial ou venosa e diabetes mellitus. Além de fatores extrínsecos que são a pressão exercida sobre um tecido, bem como a duração e a intensidade. As alterações de sensibilidade dolorosa e tátil podem prejudicar a avaliação pelo paciente, das regiões que estão sofrendo pressão (DICCINI; CAMADURO; IIDA, 2009). 6 De acordo com Moro et al., 2007, o risco para o desenvolvimento de lesão por pressão foi determinado pela escala de Braden, que é composta por seis subescalas que refletem a percepção sensorial do paciente, grau de umidade a qual a pele está exposta, atividade física, mobilidade, fricção e cisalhamento e estado nutricional do paciente. Todas são pontuadas de 1 a 4, com exceção da fricção e do cisalhamento, que varia de 1 a 3. Durante a internação vários fatores de risco expõem os pacientes com déficit de mobilidade ou sensibilidade a desenvolverem úlceras de pressão ou ter o problema agravado. Os grupos de maior risco são idosos com diabetes mellitus, acidente vascular cerebral e problemas ortopédicos, aqueles com lesão medular e que realizaram cirurgias de grande porte ou internados em unidade de terapia intensiva. A natureza multifatorial do problema requer assistência de todos da equipe multidisciplinar para prevenção e tratamento cabe à equipe de enfermagem a maior parcela do cuidado (RANGEL et al., 1999). Os locais mais comuns de aparecimento das lesões são região sacral, calcâneos, cotovelos, maléolos, trocanter maior e região isquiática. São formadas quando o tecido recebe oxigênio e nutrientes, eliminando os produtos tóxicos por via sanguínea. Qualquer fator que interfira neste mecanismo, afeta o metabolismo celular, aumenta a pressão, havendo uma diminuição ou bloqueio da circulação seguido de isquemia tecidual gerando a ulcera (SMELTZER; BARE, 2009). O National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) descreve sobre como melhorar os resultados dos pacientes na prevenção das suas úlceras de pressão e tratamento através das políticas, educação e pesquisa, anuncia a mudança da terminologia e atualiza os estágios da lesão, essa mudança de terminologia descreve com mais precisão as lesões para ambos de pele intacta ou ulcerada, determinando as lesões com números árabes e incluindo as seguintes definições: lesão por pressão estágio 1: pele íntegra com eritema que não embranquece, pode indicar dano tissular profundo; lesão estagio 2: perda da pele em sua espessura parcial com exposição da derme, pode apresentar bolas intacta ou rompida; lesão estágio 3: perda da pele em sua espessura total, onde a gordura é visível, a profundidade varia de acordo com a localização anatômica, pode haver descolamento e túneis; lesão estágio 4: perda da pele em sua espessura total, com expressão ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, 7 cartilagem ou osso; lesão por pressão não classificável: perda da pele em sua espessura total e perda tissular não visível quando não pode ser confirmada por que está coberta por esfacelo ou escaras; lesão por pressão tissular profunda: descoloração vermelho escura, marrom ou púrpura, persistente e que não embranquece; lesão com leito escurecido (NPUAP, 2016). Elegeu-se como questão de pesquisa: Quais os cuidados na prevenção e controle de Lesão Por Pressão em pacientes criticamente enfermos em unidades de terapia intensiva? Delineou-se como objetivo geral: Identificar, nas evidências científicas, as medidas de prevenção e de controle das lesões por pressão em pacientes criticamente enfermos implementadas pelos intensivistas. As lesões dermatológicas são interrupções da integridade da pele que afetam pacientes que apresentam alguma dificuldade de mobilização, muito comum nas unidades de terapia intensiva, o estudo favorece um aprendizado amplo sobre as úlceras por pressão e demostra a importância de conhecer a prevalência da úlcera e avaliar a dimensão do problema e a ação multiprofissional na qualidade da assistência. A UTI por ser uma área considerada restrita, o número de pacientes por profissional é menor, pela intensidade e complexidade do cuidado, também por que não temos a participação dos familiares no cuidado, essa quantidade reduzida de pacientes por profissional favorece a qualidade da assistência, mas a realidade é que as lesões apresentadas pelos pacientes são contraditórias, que não é apenas o número de profissionais. A preocupação com a qualidade na assistência na UTI constitui um processo de trabalho complexo, constituído de práticas complexas, interdisciplinares, com dependência da atuação individual e da equipe em condições ambientais. Os profissionais que atuam na UTI devem ter habilidades para avaliarem os pacientes com as lesões dermatológicas, autonomia para decidirem o tipo de tratamento a ser seguido, realizando um plano de cuidado específico para cada cliente em conjunto com os demais profissionais. 8 2 METODOLOGIA Trata-se de uma Pesquisa Bibliográfica de revisão integrativa da literatura, de abordagem qualitativa com a pretensão de detalhar os significados e descrever a complexidade do problema que são a ação multiprofissional e a presença de lesões por pressão em pacientes na terapia intensiva, proporcionando ao pesquisador maior conhecimento sobre o problema possivelmente evitável. Para obtenção de dados utilizou-se uma estratégia de pesquisa eletrônica, livros e artigos científicos, com o objetivo de identificar estudos e pesquisas relacionados com a temática. Foram selecionados 20 artigos relacionados ao tema proposto. Os critérios de inclusão foram: os artigos referentes a esta temática, escritos em português, na íntegra, considerados relevantes para nossa pesquisa. Publicados no período de 1999 a 2016. Disponibilizados na base de dados: Google acadêmico, BVS, PUBMED, Scielo e Lilacs. Utilizando como descritores: Assistência. Úlceras por Pressão. Unidade de Terapia Intensiva. Terapêutica. Prevenção & Controle. 9 3 AS LESÕES POR PRESSÃO E A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA As atuais unidades de terapia intensiva são vistas e consideradas como o último recurso para se restituir a vida de pessoas que têm sua saúde comprometida por agravos, são locais de grande aparato tecnológico e mecânico, são aparelhos como ventiladores artificiais, bombas de infusão, monitores multiparâmetros, máquinas para hemodiálise, entre outros. A unidade de terapia intensiva torna-se um ambiente pleno de experiências e situações que permeiam o cotidiano dos profissionais de enfermagem no qual estão inseridos initerruptamente nas 24 horas, é a vivência desse rico cotidiano, repleto de possibilidades, que tornam importante o estudo desse ambiente e dos profissionais de enfermagem ali inseridos (DUARTE; ALVES, 2014). A UTI é uma área critica, com tecnologias diversas, que exige dos profissionais competências, habilidades e atitudes para a prestação do cuidado seguro. Faz-se necessário o dimensionamento desse pessoal, de forma sistemático de previsão do quantitativo de enfermeiros, técnico e auxiliares de enfermagem com enfoque qualitativo de acordo com as normas mínimas estabelecidas pela Resolução COFEN nº 293/2004. Deve contar ainda com apoio de médicos plantonistas e fisioterapeutas em tempo integral (COREN, 2011). Mas a presença desses profissionais não é suficiente para evitar danos, as úlceras por pressão abrangem intervenções relacionadas ao acompanhamento integral do cliente em risco de adquirir a lesão, por meio da utilização de escalas de predição de risco para lesão, conhecimento dos fatores de risco e da realidade das unidades de saúde, havendo a necessidade de desenvolver protocolos para acompanhamento dos pacientes para a prevenção e tratamento das lesões (MEDEIROS; LOPES; JORGE, 2009). A úlcera pode ser definida como uma área de necrose tissular que tende a se desenvolver quando o tecido mole é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um longo período. É classificada em estágios de I a IV, de acordo com a profundidade dos danos observados nos tecidos, quanto menor a mobilidade ativa ou passiva com esse paciente maior as chances de 10 desenvolver a úlcera e mais difícil a sua cicatrização (NOGUEIRA; CALIRI; HAAS, 2006). Essas lesões que por muito tempo foram descritas como um problema estritamente da enfermagem, decorrentes de cuidados inadequados, passaram a ser vista como um problema decorrente de fatores múltiplos, não sendo de responsabilidade exclusiva da enfermagem. E que a prevenção é mais importante que o tratamento, visto que o custo é menor e o risco inexistente, que envolve uma equipe multidisciplinar, integrada, com melhores resultados (GOULART et al., 2008). Os fatores mais comuns relacionados ao risco ou presença de lesões estão a pressão, umidade, força de cisalhamento, atrito, agentes tóxicos, doenças metabólicas além de imobilidade ou mobilidade reduzida, déficit sensorial, idade avançada, desidratação, tabagismo, estresse, ansiedade, carência de vitaminas e deficiência de proteínas, algumas estratégias podem favorecer a prevenção ou tratamento dessas lesões como educação continuada, colchão pneumático, mudança de decúbito, solução tópica, dentre outras. A avaliação da ferida deve ser realizada quanto a localização, tamanho, área de envolvimento, cor, extensão, odor, exsudado, sangramento, dor, prurido, descamação, sinais de infecção, acometimento de órgãos e sistemas, progressão da lesão, definir produtos apropriados para a ferida, identificar as necessidades educacionais do paciente quanto aos cuidados com a ferida após alta, encaminhar o paciente à psicologia ou serviço social (BRASIL, 2009). O uso de dispositivos estáticos a base de gel também foram considerados de baixa eficácia como medida de prevenção de lesão de pele e os dispositivos à base de fluidos foram considerados eficazes na prevenção dessas lesões, os dispositivos estáticos a base de polímero de visco elástico seco e colchão a ar, embasado cientificamente, para implementar intervenções eficazes e que atendam as necessidades reais do paciente (URSI; GALVÃO, 2006). As lesões dermatológicas são preocupantes para os profissionais de saúde, a prevenção e o tratamento são um desafio para a enfermagem e representam alto custo para as instituições de saúde, por isso que devemos sempre priorizar as ações preventivas, com apoio da equipe interdisciplinar. 11 4 A AÇÃO INTERDISCIPLINAR NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA A atuação da equipe de saúde na unidade de terapia intensiva é de extrema relevância, pois os profissionais precisam estar aptos a prestar cuidados específicos, de alta complexidade e individualizados a pacientes submetidos aos mais diversos procedimentos. Tem como características o trabalho coletivo, realizado por uma equipe multidisciplinar, pode ser constituída por médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, equipe de enfermagem, contando ainda com o apoio de técnico em radiologia e de bioquímico, técnico de Rx, assistente administrativo e auxiliar de serviços diversos. O pessoal de enfermagem representa, em termos quantitativos, parcela significativa dos recursos humanos alocados nos hospitais, portanto interferem diretamente na eficácia, na qualidade e custo da assistência à saúde, o enfermeiro necessita, além de qualificação adequada, mobilizar competências profissionais específicas durante a execução do seu trabalho eficazmente, aliando conhecimento técnico-cientifico, domínio da tecnologia, humanização, individualização do cuidado e qualidade da assistência (CAMELO, 2012). Simeão, 2010 também cita em seus estudos que os profissionais de enfermagem são os principais responsáveis na prevenção do aparecimento das úlceras, mas a atuação deve ser multiprofissional, pois a predisposição para o desenvolvimento das úlceras por pressão é multifatorial e requer uma atenção especial por toda a equipe de saúde, já que existem inúmeros produtos e dispositivos para a prevenção e tratamento das úlceras, que exige conhecimento prévio, pois cada tratamento tem sua especificidade, individualidade e custos diferentes, exigindo conhecimento por parte dos profissionais de saúde. Os profissionais da UTI, em especial, o enfermeiro deve estar consciente de que o objetivo final do seu trabalho é o cuidado, que significa garantir a manutenção da vida, com capacidade de identificar o prognóstico preciso da morte, na descoberta de analgésico capazes de aliviar a dor e fundamentos psicológicos para aliviar a ansiedade e o sofrimento (CAETANO et al., 2007). São importantes as atividades de uma equipe interdisciplinar no atendimento aos pacientes internados na unidade de terapia intensiva, isso 12 mostra o relato de experiências adquiridas através do trabalho diário e enriquecidas pela participação dinâmica de cada elemento de uma equipe multiprofissional. Necessita-se que o grupo trabalhe em conjunto, é imprescindível que o mesmo esteja estreitamente unido e motivado para um objetivo comum, que é a recuperação do paciente em tempo hábil, com atitude particular de cada membro da equipe aliadas a um bom relacionamento humano. A Enfermagem possui papel fundamental tanto no cuidado holístico do paciente como também desempenha um trabalho relevante no tratamento de feridas, estabelecendo medidas terapêuticas uma vez que tem maior contato com o paciente, acompanha a evolução da lesão, orienta e executa o curativo (MORAIS; OLIVEIRA; SOARES, 2008). O enfermeiro é importante na elaboração de protocolos para atendimento do paciente com úlcera por pressão, para que possa planejar a assistência enfermagem e realizar orientações aos familiares ou pessoas que cuidam dos acamados no domicílio, visando diminuir custos, melhorando a qualidade de vida destes indivíduos, disponibilizando uma equipe multiprofissional para dar suporte nas orientações e intervenções do cuidar (PESSOA; ROCHA; BEZERRA, 2011). A prevenção de úlceras de decúbito é de total responsabilidade da enfermagem, assim é importante a investigação das práticas realizadas pelos graduandos durante o curso de enfermagem referente à prevenção e tratamento da úlcera por pressão. A prevenção e o tratamento exigem mais que a redistribuição mecânica do peso corporal sendo necessária a identificação precoce dos fatores de risco (RANGEL et al., 1999). Os cuidados de enfermagem devem ser planejados e realizados individualmente, de acordo com o tipo de lesão e grau de dependência de cada paciente, assim como o da equipe interdisciplinar, sempre em acordo com os demais profissionais. Diante das mudanças e com vistas no desenvolvimento do conhecimento da equipe de saúde, se faz necessário uma reflexão sobre as ações realizadas no cotidiano dos intensivistas, e mais preparo dos profissionais, sob o aspecto teórico, técnico e humanitário. É preciso refletir até como o progresso tecnológico disponível é saudável e promove o crescimento e harmonização das pessoas. É um local estressante e considerado negativo. Esta polêmica é constante e os 13 profissionais não desejam uma vaga de UTI para si mesmo e menos ainda para seus entes queridos (CAETANO et al., 2007). A questão do aumento do conhecimento dos profissionais sobre úlcera por pressão, decorrente de participação em programas educacionais, cursos de certificação, participação em palestras sobre o tema e busca na internet foi confirmada em estudo recente com enfermeiros americanos com diferentes níveis educacionais utilizando o mesmo teste, a questão com menor índice de acerto pelos enfermeiros americanos foi similar à encontrada neste estudo com enfermeiros e técnicos e auxiliares de enfermagem referente ao tempo para reposicionamento da pessoa sentada em cadeira, evidenciando ser este um aspecto não bem compreendido pelos profissionais em ambos os contextos (FERNANDES; CALIRI; HAAS, 2008). Ao prestar o cuidado de enfermagem na UTI o enfermeiro se envolve, se realiza, aprende a exercitar seu compromisso, favorece estreita relação com o paciente e contribui para a assistência de qualidade, o trabalho do enfermeiro não se resume apenas em articular os diversos meios de trabalho da equipe de saúde e de enfermagem, mas também, na prestação direta de cuidados de maior complexidade ao paciente (CAMELO, 2012). Em relação aos dispositivos estáticos à base de espuma sejam eles colchões, almofadas ou coberturas de colchão que, apesar das diferentes apresentações de espuma, sejam elas tradicionais de diferentes densidades, ou as chamadas alternativas como as torcidas ou moldadas, os autores dos artigos incluídos na revisão integrativa apontam que, para que esses dispositivos sejam eficazes como alivio de pressão, necessitaria ter densidade tão baixa que ao posicionar o paciente, haveria colapso do dispositivo, anulando o benefício potencial. Dessa forma, os dispositivos à base de espuma de forma geral foram considerados de baixa eficácia na prevenção de lesões por pressão, sendo aconselhado o uso de dispositivos estáticos à base de fluidos e polímeros de visco elástico na prevenção de lesão, (URSI; GALVÃO, 2006). A atuação profissional vai além do fazer técnico, pois traduz uma concepção política e a adesão a um determinado projeto. O fazer do profissional de saúde materializa no cotidiano as concepções sobre o processo de saúde e doença, trabalho e vida (CHAYAMITTI et al., 2011). 14 5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS As úlceras por pressão são a causa mais comum de complicação que acomete os pacientes acamados ou com mobilidade prejudicada, tanto no ambiente hospitalar quanto no domiciliar, sendo que nosso foco será os hospitalizados, por estarem sob os cuidados de profissionais habilitados e cientes dos fatores de risco para esse tipo de lesão e os fatores que influenciam na tolerância da pele à pressão. E mesmo sabendo do risco prévio para essas lesões em pacientes idosos e acamados os profissionais não realizam ou desconhecem a atenção adequada, além da importância do assunto e a escassez de pesquisas publicados sobre o assunto. No Brasil, existe um número significativo de pacientes que apresentam algum tipo de lesão antes, durante e após a internação. O número de morbidades acometidas por úlceras de pressão ainda é um problema sem solução (BLANES et al., 2004). As úlceras crônicas possuem características que dificultam o processo de cicatrização, podendo apresentar microambiente com hipóxia, levando à proliferação de fibroblastos e aumento da fibrose tecidual. O acúmulo de metaloproteinas, colagenases e elastases degradam prematuramente o colágeno e fatores de crescimento, são colonizados por fungos e bactérias que retardam a cicatrização (ABADE, 2011). Dos tipos de lesões encontradas, houve a prevalência de úlceras por pressão no sexo feminino, com doenças pré-existentes como AVE, DM, HAS e Alzheimer, que representou uma das principais complicações que acomete pacientes críticos. As úlceras por pressão prolongam o tratamento, dificultam a recuperação do doente e aumenta os riscos para o desenvolvimento de outras complicações (FERRARI et al., 2010). Sabendo da magnitude do problema de úlceras por pressão tanto para o paciente quanto para a família e instituição, é importante que os profissionais da área da saúde atuem no sentido de prevenir essas feridas. Como se sabe um bom trabalho de prevenção pressupõe o conhecimento da etiologia e também da realidade na instituição. A úlcera prolonga a hospitalização, dificulta a 15 recuperação do doente e aumenta o risco para desenvolver outras complicações como infecções ou osteomielite (BLANES et al., 2004). De acordo com Nogueira, Caliri e Haas (2006), descrevem em suas pesquisas que os dados encontrados em seus estudos merecem ser analisados pelos profissionais de saúde com vistas à documentação adequada quanto à localização, descrição da dimensão e características da úlcera de pressão, com o intuito de nortear a seleção das intervenções adequadas, que incluem o alívio da pressão local e o tipo de tratamento tópico. A detecção precoce e o tratamento adequado podem evitar as complicações. A mudança de decúbito, hidratação da pele com hidratante e o colchão piramidal são algumas medidas preventivas para a úlcera por pressão de fácil operacionalização. Porém, a utilização do colchão piramidal depende de sua compra pela instituição, enquanto a mudança de decúbito e a hidratação da pele dependem exclusivamente da prescrição realizada pela enfermagem e das intervenções pela equipe de enfermagem (DICCINI; CAMADURO; IIDA, 2009). Torna-se necessário o oferecimento de programas educativos, esclarecendo aos alunos e profissionais como deve ser feita uma anotação sobre as características da úlcera por pressão e as intervenções realizadas para a prevenção e tratamento, assim como sobre as implicações legais do registro no prontuário (NOGUEIRA; CALIRI; HAAS, 2006). De acordo com Miyazaki (2009), a busca pela qualidade da assistência nos serviços de saúde, enfatiza-se na necessidade de conhecimento científico dos profissionais de enfermagem relacionados à prevenção de úlcera por pressão, visto que frequentemente a prática não é baseada em evidências e sim em mitos, tradições e experiências do cotidiano. As instituições de saúde buscam melhorar a qualidade assistencial e segurança do paciente reduzindo agravos como a ocorrência de úlcera por Pressão (UPP), pela análise dos processos que interferem neste resultado, um indicador de qualidade da enfermagem e serviços de saúde. As úlceras por pressão por muito tempo foram descritas como sendo um problema estritamente da enfermagem, decorrentes de cuidados inadequados por parte desses profissionais, várias evidências científicas têm mostrado que a úlcera é decorrente 16 de fatores múltiplos, não sendo de responsabilidade exclusiva da equipe de enfermagem (SIMEÃO, 2010). Torna-se necessário o oferecimento de programas educativos, esclarecendo aos alunos e profissionais como deve ser feita uma anotação sobre as características da úlcera e as intervenções realizadas para a prevenção e tratamento, assim como sobre as implicações legais do registro no prontuário. A literatura destaca que a negligencia do registro no prontuário pode ser decorrente do tempo que é gasto para uma anotação descritiva das condições da úlcera (NOGUEIRA; CALIRI; HAAS, 2006). A prevenção e o tratamento das úlceras por compressão constituem um grande desafio para a enfermagem, principalmente porque a ocorrência de lesões aumenta a propensão do cliente a apresentar infecções, interfere na qualidade de vida, eleva o índice de permanência nos leitos hospitalares e, consequentemente, interfere no custo hospitalar (MAIA; MONTEIRO, 2010, p. 315). A avaliação diária, descrever a dimensão, localização e característica da úlcera são essenciais para selecionar as intervenções de enfermagem. As úlceras por pressão surgem comumente em pacientes com pouca ou nenhuma mobilidade, associado à fricção, cisalhamento e vários outros fatores. Apesar de a etiologia ser multifatorial, vários fatores interferem em sua evolução, como déficits nutricionais, umidade, ventilação mecânica, alterações circulatórias, perfusão tissular alterada, idade, sepses, doenças crônicas, lesões medulares, períodos prolongados de hospitalização, dentre outros. A úlcera por pressão é um problema sério que afeta pacientes acamados, pode ser longo o tratamento, resulta em dor, deformidade, alterando a qualidade de vida do paciente, necessitando de assistência efetiva e individualizada. A avaliação da lesão deve ser diária, a equipe faz a inspeção e descrição individualizada da ferida, os locais críticos e os fatores de risco para desenvolver a úlcera, monitorar e documentar as intervenções, bem como avaliar os resultados obtidos com o cuidado planejado (FREITAS et al., 2011). A prevalência de úlceras por pressão no ambiente hospitalar é muito alta, a prevenção é mais importante que as propostas de tratamento, visto que o custo é menor e os riscos para o paciente é praticamente inexistente. Este processo deve envolver uma equipe multidisciplinar integrada para obtenção dos melhores 17 resultados. O conhecimento e entendimento da definição, causas e fatores de risco por parte dos profissionais de saúde se faz necessário, a fim de se implantar medidas de prevenção e tratamento mais eficazes (SIMEÃO, 2010). A úlcera pode ser definida como uma área de necrose tissular que tende a se desenvolver quando o tecido mole ou desvitalizado é comprimido entre uma proeminência óssea e uma superfície dura por um longo período. É classificada em estágios de I a IV, de acordo com a profundidade dos danos observados nos tecidos, quanto menor a mobilidade ativa ou passiva com esse paciente maior as chances de desenvolver a úlcera por pressão e mais difícil a sua cicatrização (NOGUEIRA; CALIRI; HAAS, 2006). Os cuidados básicos que se deve ter com a ferida são: limpar a lesão com solução fisiológica 0,9% para remoção superficial de bactérias e debris, conter o exsudato, eliminar espaço morto, eliminar adesão de gazes nas bordas da ferida, manter o leito da ferida úmido, visando a analgesia (BRASIL, 2009). A mobilidade deve ser avaliada, caso o paciente possua algum grau de dependência deve-se reforçar a frequência na mudança de decúbitos, não havendo, esta tarefa deve ser executada pelo cuidador a cada duas horas no mínimo. As intervenções de posicionamento são elaboradas para reduzir a pressão e a força de cisalhamento na pele. O primeiro passo é manter a cabeceira do leito com angulação igual ou inferior a 30º. Durante as mudanças de decúbitos a fricção deve ser evitada, por tanto o paciente deve ser levantado e não arrastado (CHAYAMITTI et al., 2011). 18 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na área da saúde todos os profissionais são de igual importância durante a assistência ao paciente, e os que cuidam dos portadores de feridas crônicas sabem que não basta apenas cuidar das lesões na pele, deve cuidar também, de forma abrangente, das necessidades básicas de cada indivíduo. Além de intensificar as lesões por pressão, na UTI, os pacientes representam um alto risco para infecções devido à diminuição sensorial, por consequência de ansiolíticos, sedativos, analgésicos, relaxante muscular, dentre outros, além de outras complicações, retardando sua cicatrização, favorecendo a hospitalização, agravando o quadro clínico do paciente, principalmente dos idosos. Um bom exame físico facilita o diagnóstico da lesão e o estágio da ferida facilitando a decisão adequada em relação à terapêutica e intervenções de enfermagem a serem implantadas. É importante manter um grupo especializado em ostomias e lesões de pele para o sucesso e redução significativa dos índices desse tipo de lesão e utilização adequada dos recursos disponíveis. Na UTI atuam equipes multiprofissionais que assistem aos pacientes críticos e o dimensionamento da equipe deve ser diferenciado já que engloba cuidados intensivos, para evitar infecções e reduzir os riscos de desenvolver úlceras por pressão, que é uma das portas de entrada para outras complicações que são consideradas como doenças secundárias e passíveis de internações recorrentes e prolongadas, relacionadas a essas lesões, ainda sem resolutividade. A intervenção preventiva e terapêutica para as lesões por pressão ainda são mitos para alguns serviços de saúde, consequentemente ocorre pouca adesão por profissionais de saúde. 19 REFERÊNCIAS ABADE, Luciana P. Fernandes. Preparo do leito da ferida. In: Malagutti, Willian; KAKAHARA, Cristiano Tárzia (Org.). Curativos, Estomias e Dermatologia: uma abordagem multiprofissional. 2. ed. São Paulo: Martinari, 2011. BLANES, Leila. DUARTE, Ivone da Silva. CALIL, José Augusto. FERREIRA, Lídia Masako. Avaliação clínica e epidemiológica das úlceras por pressão em pacientes internados no hospital São Paulo. Rev. Assoc. Med. Bras., v. 50; n. 2, p. 182 – 7. São Paulo, SP. 2004. BLANES, Leila. Tratamento de feridas. Baptista-Silva JCC (Ed.). Cirurgia vascular: guia ilustrado. São Paulo: 2004. Disponível em: <http://www.bapbaptista.com>. Acesso em: 12 maio 2016. BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer – INCA. 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