os milagres segundo o espiritismo e a fe que transporta montanhas

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12ª AULA
PARTE A
OS MILAGRES SEGUNDO
O ESPIRITISMO
O milagre, entendido como “um ato do poder divino
contrário às leis conhecidas da natureza”, implica na crença em
um fato sobrenatural, maravilhoso, impossível de ser explicado
pela ciência dos homens, algo que foge à explicação das leis
comuns.
Geralmente, o milagre está associado ao sentido
teológico, acontecendo pela Vontade Divina ou pela intercessão
de seres angélicos em nosso favor.
Os Espíritos, porém, revelaram a Allan Kardec princípios
da lei natural, que antes não eram compreendidos e tidos como
milagres. "Esses fenômenos (...) ligam-se à existência dos
Espíritos e à sua intervenção no mundo material (...). Kardec
ainda complementa: "Os fenômenos espíritas, estando na
Natureza, produziram-se em todos os tempos; mas,
precisamente porque seu estudo não se podia fazer pelos meios
materiais de que dispõe a ciência comum, eles permaneceram
por mais tempo que outros no domínio do sobrenatural, de onde
o Espiritismo os faz sair hoje." 2
Portanto, o Espiritismo não faz milagres.
A codificação espírita nos dá explicações claras e
objetivas sobre o assunto, dizendo que os ditos milagres podem
ser explicados pelo estudo dos fluidos e do perispírito, do
pensamento e da vontade. Eles nada mais são do que
fenômenos regidos pelas leis do mundo espiritual e, portanto,
naturais.
Primeiramente, para que possamos entendê-los devemos
nos reportar ao Fluido Cósmico Universal, matéria elementar
primitiva, cujas transformações e modificações originam todos
os corpos da natureza. Em seu estado fluídico ou etéreo,
encontramos a explicação para os fenômenos espirituais; no
material ou ponderável, temos os fenômenos materiais.
"No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme;
sem deixar de ser etéreo, ele sofre modificações tão variadas
em seu gênero, e mais numerosas talvez que no estado de
matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos
distintos, ainda que procedentes do mesmo princípio, são
dotados de propriedades especiais, e produzem os fenômenos
particulares do mundo invisível." 3
Na sua origem, esses fluidos são neutros e adquirem suas
qualidades no meio onde são elaborados. Sob o ponto de vista
moral, trazem a impressão do sentimento de ódio, inveja,
orgulho, bondade, benevolência, doçura, etc. Sob o ponto de
vista físico, são excitantes, irritantes, calmantes, reparadores,
adstringentes, etc.
Os Espíritos agem sobre a matéria por intermédio de seu
corpo fluídico ou perispírito. Desencarnados, e na medida de
suas capacidades, como não tem mais o seu corpo carnal como
instrumento, servem-se dos órgãos materiais de um encarnado,
que é chamado médium.
"Os Espíritos agem sobre os fluidos espirituais (...) com a
ajuda do pensamento e da vontade. O pensamento e a vontade
são para os Espíritos o que a mão é para o homem. Pelo
pensamento, eles imprimem a esses fluidos tal ou tal direção;
eles os aglomeram, combinam ou dispersam; formam conjuntos
que tem aparência, forma e cor determinadas; mudam as
propriedades deles como um químico muda as dos gases, ou de
outros corpos, combinando-os segundo certas leis. Trata-se da
grande oficina ou laboratório da vida espiritual." 4
Contudo, tais fenômenos nunca podem fugir às leis Divinas
ou naturais, reguladoras da ordem universal, às quais tudo é
submetido.
O Espiritismo, explicando estes fenômenos, lhes dá uma
razão de ser. Ele demonstra a possibilidade de certos fatos que,
por não terem mais o caráter miraculoso, não são menos
extraordinários, por atestarem a grandiosidade da Criação
Divina.
"Se se tomar a palavra milagre em sua acepção
etimológica, no sentido de coisa admirável, teremos sem cessar
milagres sob nossos olhos; nós os aspiraremos no ar e os
pisamos com nossos passos, porque tudo é milagre na
Natureza." 5
O grande "milagre" que podemos fazer por nós mesmos é a
renovação no amor, contribuindo para a manutenção da
harmonia universal pelas boas ações. Como dizem-nos os
Espíritos, na questão 123 de O Livro dos Espíritos: "A sabedoria
de Deus se encontra na liberdade de escolha que concede a
cada um, porque assim cada um tem o mérito de suas obras."
1
2
3
4
5
KARDEC, A. A Gênese.1ª ed., São Paulo: FEESP, 2008, Cap. XIII, Item 4, p.271.
idem, Item 8, p.273.
Idem. Capo XIV, Item 3, p.284.
Idem. Item 14, p. 291-292.
Idem. Cap. XIlI, Item 19, p.281.
FIXAÇÃO DO APRENDIZADO:
1) Por que o Espiritismo não faz milagres?
2) Como os fluidos podem ser manipulados?
3) O que é "o grande laboratório do mundo invisível"?
PARTEB
AFÉ QUE TRANSPORTA
MONTANHAS
"Quando voltou para onde estava o povo, chegou-se a ele
um homem que, ajoelhando-se a seus pés, disse-lhe: Senhor,
tem piedade de meu filho, que é lunático e sofre cruelmente;
muitas vezes cai, ora no fogo, ora na água. Já o apresentei aos
teus discípulos, mas eles não o puderam curar. Jesus
respondeu: Ó geração incrédula e perversa, até quando estarei
entre vós? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino. E
tendo Jesus ameaçado o demônio, este saiu do menino que
ficou no mesmo instante curado. Então os discípulos vieram ter
com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não
pudemos nós expulsar esse demônio? Jesus lhes disse: Por
causa da vossa pouca fé; pois, em verdade vos digo que, se
tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis
àquela montanha: Passa daqui para ali, e ela passaria; nada vos
seria impossível. Não se expulsam os demônios desta espécie
senão por meio da prece e do jejum. "(Mateus, 17: 14-21)
Com pequenas variantes, essa passagem
narrada por outros dois evangelistas: Marcos, no
versículos 14 a 28, e Lucas, no capítulo 9, versículos
narrativa de Marcos consta o diálogo entre Jesus
menino: “Há quanto tempo isso lhe sucede? O pai
também é
capítulo 9,
37 a 42. Da
e o pai do
respondeu:
desde a infância; e o Espírito o tem muitas vezes lançado (ora à
água, ora ao fogo) para fazê-Io perecer. Se puderdes alguma
coisa, tem piedade de nós e socorre-nos. Jesus lhe disse: Se
puderes crer, tudo é possível àquele que crê. Logo o pai do
menino exclamou, banhado de lágrimas: ‘Senhor eu creio’, ajuda
a minha pouca fé”.
Muitas vezes, podemos encontrar nos Evangelhos
referências claras e precisas de Jesus ao poder da fé, sendo
comum depararmos com expressões semelhantes a essa: "A tua
fé te curou ".
Parece-nos que o Mestre ensina, dessa maneira, lições que
deveriam ficar gravados na memória de todos os que
presenciavam os fatos, além de séria advertência aos seus
futuros seguidores. Recordemos ainda que Jesus afirmou aos
apóstolos: "Quem crer em mim, fará o que eu faço e ainda fará
mais"
(João, 14: 12). Da mesma forma, guardemos a
observação feita por Jesus aos 70 discípulos que, regressando
de uma missão, diziam: "Senhor, até os demônios se nos
submetiam em teu nome"; recomendou-lhe então o Mestre que
"não se regozijassem por lhes estarem os espíritos submetidos,
mas antes por estarem os seus nomes escritos nos céus."
(Lucas, 10:20).
De tudo se depreende o amoroso cuidado do Mestre para
com os seus seguidores, alertando-os sempre contra as
tentações do orgulho, para que não se envaidecessem diante
dos resultados obtidos no desempenho de suas missões, na
cura e alívio dos sofrimentos.
Invariavelmente, todas as vezes que realizava as curas,
Jesus salientava a fé e a confiança daquele que recebia o
beneficio e, a respeito das poucas curas levadas a efeito em
sua terra, onde "apenas curou alguns poucos doentes", Jesus
"admirou-se da incredulidade deles". (Marcos, 6:5-6)
Assim, para ser obtida a cura, torna-se evidente a
necessidade da colaboração do doente, o seu desejo sincero de
ser curado, conjugado com a fé, confiança e vontade potente de
quem vai operar em nome do Senhor, tudo isso aliado ainda à
possibilidade da lei de ação e reação. Todas as doenças podem
ser aliviadas, mas nem todas podem ser curadas.
A confiança nas próprias forças nos torna capazes de
executarmos grandes coisas, mesmo materiais, que não
obteríamos se não confiássemos em nós mesmos. As
montanhas a serem removidas pela fé referidas no Evangelho
devem ser, antes de mais nada, as montanhas de nossas
imperfeições e inferioridade, constituídas de má vontade,
resistência, preconceitos, interesses materiais, egoísmo,
fanatismo, paixões orgulhosas, etc.
A fé sincera e verdadeira é sempre calma, paciente e
humilde. Deve ser cultivada, pela moralização de nossos
costumes, pela pureza de pensamentos, palavras e atos; pela
crescente confiança na ilimitada bondade Divina, para
desenvolver dentro de nós a força magnética que nos
possibilitará agir sobre o fluido universal. A fé que, usada
convenientemente pela nossa vontade, é capaz de operar
prodígios sempre que for utilizada em beneficio do nosso
próximo.
Jesus disse aos discípulos que aquele Espírito obsessor só
seria afastado através da oração e do jejum. Devemos entender,
então, que somente através de uma fé fervorosa, traduzida em
sentida prece, poderemos afastá-lo; e isso desde que estejamos
em jejum, isto é, em condições morais satisfatórias de
abstinência de pensamentos culposos, de sobriedade na
satisfação de nossas necessidades e austeridade no proceder.
Nas palavras repassadas de sentimento daquele pai, que
banhado em lágrimas, diz: "Eu creio, Senhor, ajuda a minha
pouca fé", podemos sentir a expressão de simplicidade e de
humildade, pois certo do poder de Jesus para lhe atender à
suplica, não se sentia ele próprio bastante forte na sua fé para
merecer tal graça.
FIXAÇÃO DO APRENDIZADO:
1) Qual o poder da fé?
2) Qual o sentido da palavra "montanha" no ensinamento de
Jesus?
3) Como desenvolvermos a verdadeira fé?
BIBLIOGRAFIA
- Kardec, Allan -A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
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