o espiritismo e seu triplice aspecto e a parabola da ultima hora

Propaganda
Curso O que é Espiritismo
Área de ensino – FEESP – Federação Espírita do Estado de São Paulo – 1ª Edição, 2011
5ª AULA
PARTE A
O ESPIRITISMO EM SEU
TRÍPLICE ASPECTO
O Espiritismo surgiu oficialmente em 18 de abril de 1857,
com a primeira edição de O Livro dos Espíritos, que viria a
alterar muitos dos conceitos até então vigentes, com relação a
Deus, à imortalidade da alma, à reencarnação, à comunicação
com os mortos e, principalmente, ao mundo dos Espíritos.
"Escrito na forma dialogada da Filosofia Clássica, em
linguagem clara e simples, para divulgação popular, este livro é
um verdadeiro tratado filosófico que começa pela Metafísica,
desenvolvendo em novas perspectivas a Ontologia, a
Sociologia, a Psicologia, a Ética e, estabelecendo as ligações
históricas de todas as fases da evolução humana em seus
aspectos biológico, psíquico, social e espiritual. Um livro para
ser estudado e meditado, com o auxilio dos demais volumes da
Codificação"1, escreveu José Herculano Pires, o mais celebrado
dos seus tradutores.
Como síntese de todo o conhecimento humano, a Doutrina
dos Espíritos é estruturada em O Livro dos Espíritos para a
análise da razão sob a forma de ciência, filosofia e religião.
Esses três aspectos foram convenientemente distribuídos no
conjunto de perguntas e respostas do notável Livro. Ademais,
no encerramento dos “Prolegômenos” podemos ver o nome de
Espíritos Veneráveis que ditaram as respostas e comandaram a
realização do livro e, enquanto encarnados na terra, foram
expoentes da filosofia, da ciência e da religião.
Em seus princípios, o Espiritismo é filosofia, com raízes na
própria tradição filosófica (a partir das escolas gregas). Essa é
a razão pela qual Sócrates e Platão figuram na Codificação
como precursores do Cristianismo e, por conseguinte, do
Espiritismo. O Livro dos Espíritos fora até mesmo escrito na
forma dos diálogos de Platão: perguntas e respostas. E, ao final
da obra, nas suas "Conclusões", Kardec analisa a doutrina e
afirma: "Sua força está na sua filosofia, no apelo que faz à razão
e ao bom senso" (item VI). Contudo, o Espiritismo não é só
filosofia.
No "Preâmbulo" do livro O que é o Espiritismo, Kardec
afirma: "O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de
observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele
consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os
Espíritos; como filosofia, compreende todas as conseqüências
morais que dimanam dessas mesmas relações”. 2 E conclui,
definindo com precisão: "O Espiritismo é uma ciência que trata
da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas
relações com o mundo corporal” 3.
Devemos recordar que o Espiritismo surgiu primeiro como
ciência, que é o seu outro aspecto. Contudo, a ciência espírita
difere da ciência materialista, rompendo definitivamente com a
barreira de pressupostos para firmar em bases lógicas e
experimentais seus princípios. Princípios esses revelados aos
homens por meio de provas irrecusáveis: a existência e a
natureza do mundo espiritual e suas relações com o mundo
corpóreo.
A
ciência espírita compreende duas partes: uma
experimental, sobre as manifestações em geral; outra,
filosófica,
sobre
as
manifestações
inteligentes
(LE,
"Introdução", item XVII). Ambos os casos apresentam como
base do conhecimento a fenomenologia mediúnica, coroada
pelo ensinamento dado pelos Espíritos, que nos revelam as leis
naturais. É representada, no Espiritismo, por O Livro dos
Médiuns e A Gênese.
Finalmente, como terceiro aspecto da Doutrina, fechando
o Triângulo de Forças Espirituais a que se referiu Emmanuel em
O Consolador (Definição), surge o aspecto religioso que Kardec
deixou para o final de sua missão. É representado no
Espiritismo por O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Nesse aspecto, porém, o Espiritismo é muito diferente das
religiões tradicionais, visto ser desprovido de rituais,
sacramentos, idolatria, paramentos, mitos e quaisquer cultos
exteriores. A doutrina espírita, por isso, como religião que
efetivamente é, surge do exercício da razão; daí a ideia da fé
raciocinada, "que se apóia nos fatos e na lógica e não deixa
nenhuma obscuridade: crê-se porque se tem a certeza, e só se
está certo quando se compreendeu” 4. Não se trata de uma
religião, com uma série de rituais, mas que “(....) repousa a sua
grandeza divina por constituir a restauração do Evangelho de
Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem,
para a grandeza de seu imenso futuro espiritual”, nas sábias
palavras do Espírito Emmanuel.
FIXAÇÃO DO APRENDIZADO:
1) Onde encontrar as raízes da Filosofia Espírita?
2) Quais são as partes da Ciência Espírita?
3) Como se caracteriza a fé na Religião Espírita?
1 KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 2ª ed., São Paulo: FEESP, Explicação, p.8, s.d.
2 KARDEC, A. O que é o Espiritismo. 37ª ed., Brasília: FEB, 1995, p.50.
3. Idem
4 KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 9ª Ed, São Paulo: FEESP, 1993,
Cap. XIX, Item 7, p. 242.
5 XAVIER, F. C. O Consolador. 16ª Ed., Brasília: FEB, 1993, Definição, p.19.
PARTE B
PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA
"O Reino dos Céus é semelhante a um homem pai de
família, que ao romper da manhã saiu a assalariar trabalhadores
para a sua vinha. E feito com os trabalhadores o ajuste de um
dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E tendo saído
junto da terceira hora (nove horas), viu estarem outros na praça,
ociosos. E disse-lhes: Ide vós também para a minha vinha, e darvos-ei o que for justo. E eles foram. Saiu, porém, outra vez, junto
da hora sexta (meio dia), e junto da hora nona (quinze horas), e
fez o mesmo. E junto da undécima hora (dezessete horas)
tornou a sair e, achou outros que lá estavam, e disse: por que
estais vós aqui todo o dia, ociosos? Responderam-lhe eles:
Porque ninguém nos assalariou. Ele disse: Ide vós também para
a minha vinha. Porém no fim da tarde, disse o senhor da vinha
ao seu mordomo: Chama os trabalhadores e paga-lhes o jornal,
começando pelos últimos e acabando nos primeiros. Tendo
chegado, pois os que foram juntos da hora undécima, recebeu
cada um seu dinheiro. E chegando também os que tinham ido
primeiro, julgaram que haviam de receber mais; porém, também
estes não receberam mais do que um dinheiro cada um. E ao
recebê-lo, murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes
que vieram por último não trabalharam senão uma hora, e tu os
igualaste conosco, que aturamos o peso do dia e da calma.
Porém ele, respondendo a um deles, lhe disse: Amigo, eu não te
faço agravo; não convieste tu comigo num dinheiro? Toma o que
te pertence e vai-te, que eu de mim quero dar, também, a este
último, tanto quanto a ti. Visto isso, não me é lícito jazer o que
quero? Acaso teu olho é mau, porque eu sou bom? Assim serão
últimos os primeiros e primeiros os últimos, porque são muitos
os chamados e poucos os escolhidos. "(Mateus, 20: 1-16)
Jesus disse: "O meu reino não é deste mundo" (10 18-36).
Por isso, os ensinamentos de Jesus partiam sempre de algo
concreto, do dia-a-dia vivenciado pelos ouvintes, para que
através do raciocínio, eles pudessem compreender a
abrangência do conceito abstrato do reino de Deus. Assim,
utilizou-se de muitas parábolas para ensinar. E a parábola nada
mais é do que uma narrativa alegórica na qual o conjunto de
elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem
superior, Pode ser considerada urna narração alegórica que
encerra uma doutrina moral.
Todos fornos chamados para uma nova encarnação,
objetivando perfeição relativa.
Qual o ensinamento da Parábola dos Trabalhadores da
Última Hora? No primeiro chamado, fornos convidados a
desenvolver os germens das virtudes com a primeira revelação
de Moisés, com os Dez Mandamentos. Porém nessa época ainda
enxergávamos Deus com características humanas, poderoso e
guerreiro.
No segundo chamado, com Jesus, o convite era para que
ampliássemos a compreensão do Decálogo, deixando de
praticar a lei do “olho por olho e dente por dente” e
aprendermos o amor universal através do “Amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
No terceiro chamado, somos convidados a estabelecer os
alicerces da prática do amor, quando começamos a
compreender que existem condições para que o o trabalho seja
bem realizado, corno: a assiduidade, o desprendimento, a boa
vontade e esforço com que o realizamos; condições essas
essenciais para que o salário faça jus ao esforço de cada um.
Quando o senhor da vinha diz: "Porque são muitos os
chamados e poucos os escolhidos”, enfatiza as oportunidades
que temos para o aprimoramento; porém poucos são os que se
dispõem a aceitar o convite.
A misericórdia Divina remunera todos os trabalhadores. O
salário irá depender da maneira como cada um desempenha
suas funções. Jesus nos ensina que sempre é tempo para
cuidarmos de nosso aperfeiçoamento; não importa a idade,
desde que aceitemos com boa vontade o convite para o
trabalho.
Deus não espera que todos trabalhem da mesma forma. A
meta é colaborarmos cada vez mais em Sua obra. Por isso,
estejamos sempre dispostos para o trabalho e confiantes no
Senhor, ajudando e compreendendo, perdoando e servindo,
porque o verdadeiro cristão será reconhecido pelas suas obras
e não por suas palavras.
Já estamos na última hora: empreguemos bem este tempo
que nos resta para recebermos o salário, pois, por mais longa
que nos pareça a presente encarnação, ela não passa de um
breve momento em relação à imortalidade do Espírito.
FIXAÇÃO DO APRENDIZADO:
1) Quais são os trabalhadores da última hora?
2) O salário é o mesmo para todos os trabalhadores?
3) Como será reconhecido o trabalhador da última hora?
BIBLIOGRAFIA
- CALLIGARIS, Rodolfo – Parábolas Evangélicas- Ed.FEB. I
- KARDEC, Allan – O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- KARDEC, Allan – O Que é o Espiritismo - Ed. FEB.
- KARDEC, Allan – O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed.
FEESP
- SCHUTEL, Caibar – Parábolas e Ensinos de Jesus - Ed. O Clarim
Download