UM LIVRO ESTRANHO José Reis Chaves

Propaganda
UM LIVRO ESTRANHO
José Reis Chaves
“Sim, Sim! Não, Não!”. Esse é o nome do livro do padre Jonas Abib, fundador
e dirigente da “TV Canção Nova”.
Segundo o autor, o Espiritismo e a reencarnação estão dominando os
católicos, o que, aliás, vem acontecendo também com muitos protestantes e
evangélicos E ele se propõe, com sua obra, a acabar de vez com essas doutrinas. Que
“santa pretensão”! Trata-se de um livreto comercial para um público específico, ou
seja, os carismáticos.
Mas o autor, que admiro muito, saiu-se mal, como tem acontecido com todos
os que ousam escrever contra o Espiritismo, que não é a religião do futuro, mas é o
futuro de todas elas. “Nada ficará encoberto.” Por oportuno, lembremos-nos aqui de
que, apesar da Inquisição, triunfou o Heliocentrismo de Galileu! E Abib diz coisas
estranhas em seu livro: mistura Espiritismo com “mesa branca”, pai-de-santo, mãede-santo e rituais afro-asiáticos da Umbanda, do Candomblé e da Quimbanda, que
respeito muito, mas que não é Espiritismo!
O autor cita 1 Co 10,20: “As coisas que os pagãos sacrificam, sacrificam-nas
aos demônios e não a Deus. E eu não quero que tenhais comunhão com os
demônios.” Mas o Espiritismo nada tem a ver com esse texto, pois não possui
nenhum ritual, e muito menos de sacrifício. Não usa sequer velas e incenso, pois
somente adora a Deus em espírito e verdade.
Também nada tem a ver com a astrologia, a cartomancia, a magia, a
feitiçaria, as superstições e a adivinhação.E os espíritas não possuem imagens em
seus centros, que são escolas de estudo do Evangelho, da filosofia e da ciência. No
mais, eles procuram praticar as boas obras de caridade recomendadas pelo
Evangelho, e esforçar-se para, moralmente, melhorarem sua vida. E é estranho que
as palavras “espiritismo”, “espírita” e “médium”, que só foram criadas por Kardec em
1850, aproximadamente, figurem em textos bíblicos com cerca de 4000 anos! Tudo
isso, estimado padre Jonas, é ignorância ou má-fé? Não se engana mais o povo o
tempo todo, que já não é mais tão bobo! E não seria, pois, o Catolicismo, com seus
“sacrifícios de mesa branca” (missas), velas e imagens, que teria de refletir sobre
certas práticas suspeitas de cheirarem a paganismo?
É verdade que Moisés (não Deus) condenou o contato com os espíritos
(Deuteronômio,capítulo 18). Mas ele mesmo o apóia no episódio de Hedade e
Meldade (Números 11, 26 a 29), quando esses dois personagens foram-lhe
denunciados por receberem espíritos. E João fala que devemos examinar os espíritos
(1a Carta 4,1 e 2), o apóstolo Paulo fala em discernimento de espíritos (1 Co 12,10)
e Jô (8,9) ensinou a reencarnação: “Somos de ontem, e nada sabemos!”
Download