ALTERAÇÃO AMBIENTAL NA SUB-BACIA DO RIO TIMBÓ: EXPANSÃO URBANA E DEGRADAÇÃO AMBIENTAL. Nadjacleia Vilar Almeida estud. de Geografia - UFPB-I, [email protected] Paulo Roberto de O. Rosa Prof. Ms. de Geografia - UFPB-I, [email protected] A cidade de João Pessoa, capital do Estado da Paraíba, tem seu sítio urbano quase que totalmente sobre os Baixos Planaltos Costeiros, onde a litologia predominante é de sedimentação possivelmente do período Terciário. Terrenos estes que, diante da ação erosiva das águas, permitem o processo de sulcamento do solo formando vales encaixados em forma de “V”. Esses vales contêm rios ou riachos como centro de recepção das águas oriundas da drenagem nas bacias hidrográficas que são ocupadas pelo o sítio urbano da cidade de João Pessoa. A cidade é cortada pelas seguintes bacias hidrográficas: rio Jaguaribe, que mantém como sub-sistema o rio Timbó e micro-sistema o riacho Timbó; rio Cuiá, com os sub-sistemas do riacho Laranjeiras, Mangabeira; rio Cabelo; rio Mandacaru e, mais ao sul, limitando o município de João Pessoa ao de Conde, o rio Gramame e seus afluentes Mumbaba e Mamuaba; ao norte o rio Paraíba que limita o município de João Pessoa ao de Santa Rita, o rio Sanhauá e o rio Marés que limita o município de João Pessoa ao de Bayeux. A sub-bacia do rio Timbó e seu conjunto de tributários que a drenam, passam a ser o enfoque principal da nossa observação, considerando esta sub – bacia como um sistema aberto, onde há constante troca de matéria e energia e seu equilíbrio é atingido quando o fornecimento e a perda de matéria e energia permanecem semelhantes. Segundo Guerra e Sandra(orgs.) no livro Avaliação e Perícia Ambiental, Rio de Janeiro; Bertrand Brasil, 1999, p.121 a ruptura em um sistema só será possível “quando o estímulo exterior apresentar magnitude suficiente, ultrapassando a capacidade de absorção”, provocando modificações no sistema que buscará um novo estado de equilíbrio. Ao consultar a carta topográfica de 1949 do Serviço Geográfico do Exército, verificamos na sub – bacia do rio Timbó uma forte presença de vegetação de grande porte, assim como, áreas alagadas ao longo do leito do rio e dos riachos com uma pequena área utilizada para agricultura. A forte presença da cobertura vegetal na maior parte da sub – bacia caracterizava esta área morfodinamicamente estável. De acordo com Jean Tricart no seu livro Ecodinâmica, Rio de Janeiro: IBGE, 1977, p 36-7, considera-se assim (estável) desde que a cobertura esteja “suficientemente fechada para por um freio eficaz ao desencadeamento dos processos mecânicos da morfogênese (...)” e que quando “a vegetação é capaz de fornecer detritos tem lugar a pedogênese”. Analisando a carta topográfica de 1974 da SUDENE verificamos (em overlay com a carta de 1949) que a subbacia do rio Timbó fora totalmente modificada, pois esta área pertencia à fazenda São Rafael, totalmente florestada, e com a implantação de alguns equipamentos urbanos como o conjunto referente ao Campus I da Universidade Federal da Paraíba na década de 1960, com a implementação da segunda via da BR 230 e vias secundárias e a construção de conjuntos residenciais, ocorreu um desflorestamento de quase toda a área, ficando apenas alguns fragmentos de floresta no Campus da Universidade. Este desmatamento acabou por provocar fortes alterações na paisagem, enfraquecendo o sistema ambiental devido à presença freqüente das atividades humanas, tornando então estes meios totalmente instáveis, denotando assim a presença da morfogênese. Estando o solo desprotegido, fica susceptível aos efeitos da insolação, da precipitação e com a retirada da serrapilheira acaba dificultando o processo de infiltração, permitindo a maior ação das gotas da chuva junto ao solo e espalhando os materiais finos (splash). O resíduo de vegetação florestal que ainda resiste é aquele que se encontra abrigado no interior do campus universitário. Porém nesta área ainda verificamos, em campo experimental, que a administração, por desconhecimento de causa, ainda retira em alguns lugares a serrapilheira e em outros pratica a capina, deixando o solo desnudo, o que permite seu carreamento. No entanto, nas áreas que ainda se mantêm florestadas há, de forma nítida, a pedogênese e nestas áreas quase não há movimentação de solo mesmo nas enxurradas, por isso podemos inferir que nesta áreas os meios são estáveis.