VULNERABILIDADE AMBIENTAL DA MICROBACIA DO RIACHO TIMBÓ A PARTIR DE INTERVENÇÕES SÓCIO – ECONÔMICAS. Nadjacleia Vilar Almeida estud. de Geografia - UFPB-I, [email protected]) Paulo Roberto de O. Rosa Prof. Ms. de Geografia - UFPB-I, [email protected]) Conrad Rodrigues Rosa estud. de Geografia - UFPB-I, [email protected]) Kallianna Dantas Araújo estud. de Geografia - UFPB-I, [email protected]) A microbacia do riacho Timbó, localizada no litoral sul da Paraíba sobre os Baixos Planaltos Costeiros, terrenos de sedimentação terciária, denominada geologicamente de grupo barreiras, possui uma área de 875,18ha cuja extensão do riacho entre sua cabeceira e a foz é de 1300m. Apresenta um variação altimétrica de 10m, com vales encaixados em forma de “V” e vertentes íngremes com aproximadamente 33º. Ao longo desses vales e através de seu topo observam-se resquícios de vegetação florestal, mas com elevado teor de degradação. O riacho Timbó e sua vertente direita pertencem aos domínios do território do Campus I da Universidade Federal da Paraíba na cidade de João Pessoa, servindo-se como linha limítrofe ao sul do território da UFPB com as propriedades vizinhas. Segundo a classificação proposta por José S. M. da Rocha em seu livro Manual de projetos ambientais, 1997 para a definição de bacias, sub-bacias e microbacias hidrográficas, estas se diferenciam pela extensão de sua área e pelo local de deságüe do curso principal. No caso da microbacia seu deságüe se dá em outro rio e sua dimensão superficial deve ser menor que 20.000 há. A microbacia do riacho Timbó faz parte de um sistema formado por vários subsistemas que são interligados entre si através dos fluxos de matéria e energia formando uma estrutura e qualquer alteração em um dos elementos dessa estrutura pode levar ao enfraquecimento do sistema. As intervenções em um sistema são sempre um elemento que constitui ruído na harmonia estrutural deste. No caso da microbacia do Riacho Timbó como sistema, não é diferente, pois após a instalação tanto do campus I da universidade quanto a construção dos conjuntos residenciais na vizinhança limítrofe, fez-se presente o desmatamento nas superfícies próximas à vertente e também nesta. A retirada da vegetação ou para implantação de equipamentos urbanos ou por algum morador do entorno ou do interior da área com objetivos agrícolas, provocou o desflorestamento de forma acentuada, alterando significativamente o ecossistema local. Essas intervenções são ainda somadas pela deposição de resíduos sólidos e líquidos no local ampliando as tensões no sistema, acabando por provocar o enfraquecimento deste tornando-o vulnerável aos processos erosivos decorrentes da ação abrasiva das águas torrenciais oriundas das precipitações de elevada magnitude e intensidade. Com a retirada da cobertura vegetal a área fica totalmente exposta permitindo um processo erosivo mais intenso e desestabilizando o sistema ambiental. Na área descoberta, os pingos da chuva atingem diretamente o solo espalhando os materiais finos que acabam por penetrá-lo proporcionando a compactação da sub-superfície. Este fato permite o aumento do escoamento superficial devido a rápida saturação da pequena camada de material areno argilosa no capeamento superficial. Estabelecemos de forma experimental duas estações para observação dos processos erosivos sendo que cada uma possui uma área de 1,50m², com finalidade de verificar o volume de sedimentos carreados laminarmente a partir da ação de precipitações concentradas. As estações foram estabelecidas em local de vegetação florestal densa e outra em local sem vegetação, ambas com topografia semelhante. Próximo a cada estação foram instalados pluviômetros para acompanhamento das precipitações e assim relacioná-las a quantidade de sedimentos carreados na área. As coletas são realizadas de acordo com a freqüência das chuvas, podendo acontecer uma vez por semana ou a cada 10 dias. Verificamos que, em uma precipitação de 0,51mm/m², na área sem vegetação, foram carreados dentro da estação, num intervalo de 08 dias 8.570,44g de sedimentos e neste mesmo intervalo de tempo houve na área com cobertura vegetal uma precipitação de 0,43mm/m² carreando dentro da estação 1.910,82g de sedimentos, incluindo matéria orgânica. Na área em que foi estabelecida a estação e que não há vegetação, observamos em sua proximidade um processo de ravinamento intenso, em que a ausência da camada de vegetação permite de forma acentuada a morfogênese sobre a pedogênese. Na área com cobertura vegetal verificamos que pedogênese supera a morfogênese, visto que a quantidade de sedimentos carreados nesta área é bem menor em relação aos dados da estação onde não há cobertura vegetal. A gestão administrativa do Campus Universitário parece não ter conhecimento desse fenômeno de aceleração erosiva em conseqüência da retirada da camada vegetal, e esta administração tem, de forma sistemática, retirado a cobertura vegetal duas vezes por ano, uma no período que antecede às chuvas e outro no que antecede a seca.