DEPUTADO FEDERAL JÚLIO CAMPOS (DEM/MT) DISCURSA EM GRANDE EXPEDIENTE E DEFENDE MAIOR CELERIDADE NA LOGÍSTICA DE TRANSPORTE FERROVIÁRIO DO ESTADO DE MATO GROSSO. Senhor presidente, senhores deputados e senhoras deputadas, gostaria de destacar nesta Casa conteúdo muito bem abordado pelo Jornal “O Globo”, em reportagens e editorial. Trata-se de um projeto que já nasceu falido em função da incompatibilidade de investimentos do Brasil neste projeto extremamente caro e desnecessário, o Trem de Alta Velocidade (TAV), com trajeto que pretende interligar o Rio de Janeiro à São Paulo e a Campinas, com investimentos estimados em até R$ 50 bilhões. Senhor presidente, estou me referindo a um Trem de Alta Velocidade, que sem sair do papel já onerou os cofres públicos em 1 bilhão de reais. Este valor compreende somente os gastos até o momento com estudos de viabilidade econômica, contratação de consultoria, assim como a expectativa de gastos da Empresa Púbica de Planejamento e Logística (EPL) com o projeto executivo do trembala, com prazo de conclusão previsto para dezembro de 2014. 1 Conforme a notícia do Jornal “O Globo” a EPL habilitou o consórcio Geodata Italferr para gerenciar os projetos do TAV. A empresa receberá pelos serviços o montante de R$ 77 milhões, desse valor 25 milhões receberá este ano. Ficará a cargo da empresa a contratação de uma empresa para a elaboração do projeto Executivo, que abordará em sua abrangência detalhes deste da parte da engenharia. O projeto que aparentemente já nasceu falido têm recebido críticas contundentes por parte de formadores de opinião e até mesmo economistas que o avaliam como inviável. Em Editorial do Jornal “O Globo”, intitulado: “A insistência no erro chamado trem-bala”, de 14 de agosto de 2013, o Jornal faz críticas a insistência e obsessão do Governo Federal em investir no projeto do trem bala, que liga Rio/ São Paulo/ Campinas. A crítica é cabível, pois como bem pontua, o trem tem um altíssimo custo diante da escassez de recursos públicos para investimentos no transporte urbano, problema que não é peculiar do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas é epidemia da qual sofre todo o país, o déficit de mobilidade urbana. 2 Outro erro apontado é o adiamento consecutivo, pela terceira vez do projeto, devido a falta de interessados em executar as obras do Trem. O projeto do trem de alta velocidade teria sentido sê o Brasil estivesse em dias com sua infraestrutura de forma geral, atendendo às necessidades de movimentação de carga e deslocamento de pessoas, no entanto, não é isso que acontece. Além disso, as contas públicas não suportam investimentos que compreendem esta obra bilionária. Por falta de sanidade política e visão do Governo Federal, o vergonhoso projeto ainda encontra-se entre os investimentos do Palácio do Planalto. Inicialmente, ele ficou estimado em R$ 12 bilhões, depois pulou para 20 bilhões, posteriormente orçado em 33 bilhões, e já chegou até a estimativa absurda dos 50 bilhões. Contrariamente, realmente vivemos um caos logístico no país na forma mais elementar de transporte tanto de escoamento de grãos, como no deslocamento de pessoas. Como bem colocado a “imobilidade urbana”, a malha ferroviária ainda é extremamente tímida no país e as capitais estão a cada dia mais intransitáveis, em função da falta de prioridade de construção de trens ferroviários, trem suburbanos, que seria a 3 resposta mais adequada e eficiente ao caos que o país se encontra. Fica bem pontuado no editorial do Jornal “O Globo que é esta obra bilionária é dispensável, sê olhada pelo prisma do que é essencialmente é a carência do país. Se considerarmos que a principal matriz econômica do país é a agricultura, a presidente Dilma Rousseff teria que ter como prioridade investimentos nesta área, e também tratar como essencial o transporte de pessoas nas capitais, como construção de trens urbanos, e não preocupar-se em interligar estados, sendo que nem as capitais dos estados tem mobilidade urbana, pois interligar estados é secundário diante do apagão de mobilidade e transporte das capitais. É indiscutível que São Paulo e Rio de Janeiro tenham extrema necessidade de mobilidade urbana, fato que também não se dispensa em todos os estados brasileiros. Este projeto sendo prioridade do Governo Federal ou não já onerou os cofres públicos em R$ 1 bilhão, mesmo sem sair do papel. 4 O ministro dos Transportes, César Borges, já comunicou o adiamento do leilão do trem-bala por um ano, ou seja, pode ser um projeto que já custou R$ 1 bilhão e não deve começar a ser executado até o fim do Governo da presidente Dilma Rousseff. Será que este investimento bilionário será mais investimento perdido? Ainda destaque em matéria do Jornal “O Globo”, o economista Paulo Rabello de Castro, avalia que os consecutivos adiamentos mostram falhas no projeto do Governo. Primeiramente, dá a entender que mesmo em um projeto bilionário com altos investimentos, o Governo não sabia o queria e foi adaptando o projeto ao interesse do investidor. Para Castro, um projeto dessa proporção deveria ser cercado de cuidados especiais de comunicação com o público, ainda ponderou que o Governo deveria regulamentar o artigo 67 da Lei de Responsabilidade Fiscal, que manda criar um Conselho Fiscal com representantes do Governo e da sociedade, para analisar a natureza e necessidade dos gastos. 5 Senhor presidente, gostaria de destacar que meu Estado, o Mato Grosso é o maior produtor de grãos do país, e tem contribuído constantemente para equilibrar a balança comercial do Brasil, sendo essencial no equilíbrio da economia do país. A ocasião é importante para lembrar que o meu Estado, Mato Grosso, passa por um caos na logística de transportes. Enquanto isso, vemos a presidente insistir em um investimento de um trem para interligar estados, e que já foi adiado por três vezes por falta de interessados em executar as obras. O Brasil tem necessidades mais elementares, Mato Grosso, sofre com o apagão na logística de transporte para o escoamento de sua produção. Meu Estado tem um extremo potencial produtivo, no entanto, as obras para o escoamento da produção não caminham na mesma velocidade que sua produção, o que encarece muito o frete e a produção, e torna a nossa produção pouco competitiva do ponto de vista econômico. As estimativas produtivas para o nosso Estado são sempre positivas, com expectativas de bater novo recorde em 2013 e 2014. De acordo com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), a área de soja no Estado está estimada em 6 8,27 milhões de hectares em 2013/2014. Comparado com o ano de 2012/2013, o aumento é de 4,9% na área ocupada pelo plantio. O Estado deve colher 25,28 milhões de toneladas de soja em 2013/2014. O volume é 7,16% maior em relação ao ciclo anterior. Se esse número se confirmar, a produção será recorde. O Estado liderou o ranking em sua safra total 2012/2013 com 45,7 milhões de toneladas, o correspondente a 24,2% da produção nacional, conforme dados da Conab. Mato Grosso cresceu 13,3% enquanto a média brasileira é de 12%, o Estado desponta com produção superior à média nacional. O aumento da produção em MT na última temporada é resultado do aumento em 12% passando de 10,9 milhões de hectares para 12,2 milhões, figurando em primeiro lugar no ranking de produção nacional. Mesmo com todo este histórico potencial e com recordes acumulados em torno de seu histórico e excelentes perspectivas no setor, Mato Grosso sofre com o apagão logístico para escoamento de sua produção. 7 Atualmente, o escoamento da produção de MT é a mais cara do mundo. O setor chegou a pagar na safra 2012/2013 145 dólares por tonelada. Senhor presidente, a região Centro-Oeste é considerada o verdadeiro celeiro brasileiro na produção de soja, milho, algodão, girassol, cana e à produção de carnes suína, bovina e de aves e leite. Somente a região é responsável por quase 60% de toda a produção de grãos e fibras do país. De acordo com último levantamento da Conab a região deverá produzir 75,57 milhões de toneladas de um total de 185 milhões estimados ao país. Não há nada mais plausível e mais coerente do que o Governo Federal priorizar e dar celeridade nestes investimentos para esta região, e principalmente para Mato Grosso, tendo em vista que é o Estado que mais produz no país. É preciso que o Governo Federal tenha Mato Grosso em sua lista prioritária de investimentos na logística intermodal de transportes. A logística de transportes, o gargalo logístico é um dos maiores entraves para que Mato Grosso desponte ainda muito mais, o gargalo logístico. 8 Em função disto, o escoamento da produção fica extremamente caro, aumentando gastos em até 2,4 bilhões por safra. Esse montante é a diferença nos custos de frete no comparativo entre duas grandes rotas de escoamento de safra, considerando os mesmos pontos de partida e chegada, o polo de Lucas do Rio Verde e Shangai, na China: os tradicionais portos de Santos (SP) e Paranaguá (PR) e as vias de Miritituba e Santarém (PA), pela rota da BR-163, ainda não pavimentada no Estado vizinho. Pesquisa aponta que o preço pago pelo produtor para escoar uma tonelada de grãos pelos dois maiores portos do Centro-Sul do país é de R$ 333, ao passo que a despesa cai para R$ 238 a tonelada com o caminho pavimentado BR-163 Norte afora. Esses e outros dados fazem parte do estudo inédito elaborado pelo Projeto Centro-Oeste Competitivo, apresentado na Bienal dos Negócios da Agricultura Brasil Central. Atualmente, Mato Grosso tem previstos no Plano Nacional de Ferrovia investimentos para logística de transportes 30 bilhões de reais, sem contar com os terminais ferroviários. No entanto, o Governo Federal deve por questão estratégica deveria priorizar em seus investimentos o Estado Mato Grosso, dada a 9 importância da sua contribuição econômica para a balança comercial e para a economia do país. Por isso, solicito mais celeridade nos investimentos para dar celeridade as obras desse Estado com grande potencial de produção. Infelizmente, o Brasil nos últimos 50 anos não teve um Planejamento para implantar um Sistema Ferroviário no país. Se o país já estivesse investindo no decorrer destes anos em ferrovias não somente para escoamento, mas também para as capitais para deslocar pessoas não estaríamos vivendo este caos logístico e nem a imobilidade urbana. Pelo contrário, estaríamos em pleno desenvolvimento, e nossas cidades estariam transitáveis. Mas, é incoerente percebermos que a presidente Dilma Rousseff quer construir um trem bala, projeto de elevadíssimo valor interligando dois estados, enquanto nem as capitais tem mobilidade urbana e nem a logística de transporte para escoar grãos existem. Interligar estados é projeto secundário. Com estes investimentos do trem bala daria para pagar toda a logística de transporte ferroviária do estado que é maior produtor de grãos do país, Mato Grosso. Pois os investimentos em 10 ferrovias para o escoamento de grãos do Estado está estimado em pouco mais de R$ 30 bilhões. Por isso, gostaria que a presidente se alertasse para o que realmente é prioridade para o país, precisamos de obras elementares nos Estados e capitais e não interligar estados. Atualmente, temos duas ferrovias encaminhadas no Estado e que precisam de mais celeridade em suas obras. A ferrovia Senador Vicente Vuolo com traçado de Alto Taquari à Rondonópolis com extensão de 360 quilômetros, de Cuiabá à Santarém, com extensão de 1800 quilômetros; de Rondonópolis à Cuiabá – 220 quilômetros. Uma boa notícia é a inauguração do terminal ferroviário de Rondonópolis que será inaugurado em setembro. Dois estudos dos traçados de Rondonópolis - Cuiabá e de Cuiabá- Santarém devem ser concluídos em abril de 2014. Foi lançado também na semana passada pelo secretário de Logística Intermodal de Transportes de MT, Francisco Vuolo, o desenho do traçado da ferrovia de Cuiabá à Porto Velho passando por Cáceres. A Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), que 11 vai ligar Mato Grosso a Goiás, com mais de 1000 quilômetros de extensão deve ser licitada em dezembro. A Fico tem início no entroncamento com a Ferrovia Norte-Sul, no Município de Campinorte, em Goiás, corta o Estado de Mato Grosso de Leste a Oeste na região Médio-Norte, e está projetada para chegar até Rondônia. Existe um planejamento para Mato Grosso desta ferrovia no traçado de Cuiabá-Santarém, Lucas-Campinorte, Cuiabá- Porto Velho, concessão antiga que integra Rondônia com Sul e Sudeste, a ligação por Cáceres- Santarém- Cuiabá liga Mato Grosso a países do Mercosul, um corredor que integra a América do Sul. Neste sentido, quero pontuar que Mato Grosso conta com previsão de investimentos do Governo Federal, no entanto, é preciso dar celeridade e priorizar estas obras, pois elas darão sustentação a economia de Mato Grosso, a balança comercial do país e a economia do país. E vejo o trem-bala que o Rio de Janeiro à São Paulo como investimento secundário e não como prioridade ao país. Sem mais, agradeço, senhor presidente. 12