CURSO ON LINE: COMO INVESTIR NAS BOLSAS DE VALORES Módulo 1 – As Bolsas de Valores 1.1 - Alerta para o principiante Desde 2002, a Bolsa de Valores de São Paulo – BOVESPA – vem buscando atrair um público novo a participar do mercado de ações, através de programas de incentivo e de educação do investidor, a fim de mostrar os inúmeros pontos positivos desse investimento. A performance verificada nas Bolsas de Valores nos últimos anos, bastante superior aos investimentos tradicionais de renda fixa, tem ajudado a essa busca de popularização. Ao adquirir ações de empresas listadas em Bolsas de Valores, o investidor torna-se acionista de uma empresa submetida à vigilância da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), da Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA) e as regras de governança corporativa, que objetivam dar transparência e credibilidade ao mercado de ações. Ações representam as empresas e suas variações de preços refletem primeiramente os resultados obtidos pelas empresas, ao final de mais um ano de trabalho. Qualquer investimento em ações inferior a um ano faz com que o investimento em bolsa tenha um caráter fortemente especulativo. São aproximadamente 400 empresas listadas na bolsa brasileira. São 400 oportunidades de negócios. A poupança individual e a poupança das empresas (lucros) constituem a fonte principal do financiamento dos investimentos de um país. Esses investimentos são o motor do crescimento econômico que, por sua vez, gera aumento de renda e conseqüentemente aumento da poupança e do investimento, e assim por diante. Este é o esquema da circulação do capital. As empresas, à medida que se expandem, carecem de mais e mais recursos, que podem ser obtidos por meio de empréstimos de terceiros, participação dos acionistas e reinvestimento de lucros. Porém é pela participação de novos sócios – o acionista – que uma empresa ganha condições de obter novos recursos não exigíveis, como contrapartida à participação no seu capital. Com os recursos necessários, as empresas têm condições de investir em novos equipamentos ou no desenvolvimento de pesquisa, melhorando seu processo produtivo, tornando-os mais eficientes e beneficiando toda a comunidade. O investidor em ações contribui assim para a produção de bens, dos quais ele também é consumidor. Como acionista, ele é sócio da empresa e se beneficia da distribuição de dividendos sempre que a empresa obtiver lucros. As ações se constituem em uma excelente alternativa de investimentos de longo prazo, inclusive para formação de poupança de longo prazo, por exemplo, para garantir o pagamento da Universidade do seu filho no futuro. 1.2 – O que são as Bolsas de Valores As Bolsas de Valores são organizadas como associações civis, sem fins lucrativos, exercendo auto-regulação, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial e com funções de interesse público. As bolsas atuam como auxiliares da CVM na fiscalização do Mercado de Capitais, em especial de seus membros, que são as Sociedades Corretoras, e têm ampla autonomia na sua esfera de responsabilidade. São os mais importantes centros de negociação das ações, devido ao expressivo volume e maior transparência das operações. O Mercado de Ações pode ser dividido em mercado primário, quando são lançadas novas ações e, o mercado secundário, no qual as ações são comercializadas através das Bolsas de Valores. As operações de mercado primário são conhecidas por Oferta Pública de Ações (OPA) ou operações de “Underwriting”, que é o mesmo que subscrição ou operação de lançamento de novas ações. O objetivo é o mesmo: captar recursos através do Mercado de Capitais. Resulta no aumento do capital da Sociedade e, sendo assim, tal operação é por prazo indeterminado. Após seu lançamento (mercado primário), as ações passam a ser negociadas no mercado secundário, formado pelas Bolsas de Valores e pelos Mercados de Balcão, organizados ou não. Existe uma operação chamada de Entesouramento – que permite às Empresas recomprarem suas próprias ações na Bolsa de Valores para deixálas em tesouraria – demonstra credibilidade na empresa e sustenta o valor da ação no mercado. Tem um limite definido pela CVM para entesouramento (atualmente é 10%). 1.3 – Tipos de ações As ações conforme a natureza dos direitos e vantagens que conferem aos seus titulares podem ser: - Ordinárias (ON) – concedem o direito de voto na Assembléia de Acionistas, o direito de participar dos lucros da Sociedade mediante o recebimento de dividendos na proporção de suas ações, bem como a participar das decisões destinadas à votação das Demonstrações Financeiras, eleição do Conselho de Administração/Diretoria Executiva e eventuais alterações no Estatuto Social. Cada ação ordinária dá o direito de um voto nas deliberações da Assembléia de Acionistas. Quem quer participar das decisões da empresa, detém ações ordinárias. - Preferenciais (PN) – tem como característica não possuir o direito a voto, mas oferecem em contrapartida algumas vantagens ou preferências, tais como, a prioridade no recebimento de dividendos (em percentual mais elevado) e preferência no reembolso do capital em caso de dissolução da Sociedade. Dividendos – é uma parcela do lucro obtido pela Sociedade que, obrigatoriamente, deve ser distribuído aos acionistas (no mínimo de 25% do lucro). Bonificações – As Companhias podem pagar, por decisão da Assembléia dos Acionistas, o pagamento de bonificações em ações. As ações devem ser nominativas e assim são conhecidas por ações ON e/ou PN. As ações PN – preferenciais nominativas -são uma característica exclusiva do Brasil, não existindo esse tipo de ação em mercados mais desenvolvidos. As Sociedades por ações (S/A) tem a necessidade de publicação dos atos em jornais de grande circulação e as S/As abertas ainda são obrigadas a se registrar na CVM – Comissão de Valores Mobiliários, ou seja, as abertas tem de se sujeitar a todas as regras de “disclosure” (transparência). Assim sendo, há uma grande fonte de informações a respeito das empresas. Outro título ligado ao mercado de ações que o público em geral pode ter acesso é a chamada: Debênture – a empresa poderá emitir debêntures que se constituem em títulos que conferirão aos seus titulares direito de crédito contra ela. O objetivo é captar recursos, pelo prazo mínimo de um ano. Pode ser uma debênture simples ou conversível em ações. ´ A deliberação sobre emissão de debêntures é de competência exclusiva da Assembléia de Acionistas que fixará o valor da emissão, o número e o valor nominal, a conversibilidade ou não, as garantias oferecidas, a data de vencimento, as condições de pagamento dos juros e a forma de colocação dos títulos junto ao mercado. Tal operação sujeita-se também à autorização da CVM. 1.4 – Como investir em ações É muito fácil investir em ações e mesmo vender as ações, mas, para tanto, deve sempre haver a intermediação das Corretoras de Valores, ou seja, para negociar ações é necessário sempre ser via corretor de valores. Existem cerca de 40 (quarenta) Corretoras de Valores da Bolsa de Valores de São Paulo. Sociedades Corretoras de títulos e valores mobiliários - instituições típicas do mercado de ações, operam com compra, venda e distribuição de títulos e valores mobiliários, por conta de terceiros. Fazem a intermediação com as Bolsas de Valores e de mercadorias, as chamadas BM&F. Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) - objetivo maior é organizar, operacionalizar e desenvolver um mercado de futuros livre e transparente. São realizadas operações de HEDGE contra a flutuação de preços das commodities - produtos agropecuários, taxas de juro e de cambio, metais, índices de ações. As Sociedades Corretoras dependem de autorização da CVM para se constituírem. Suas atividades principais são: Operam nos recintos das Bolsas de Valores Efetuam lançamentos públicos de ações Administram carteiras de ações Intermediam operações de câmbio Compram e vendem títulos do governo. Existe a necessidade de comprar ou vender uma ação sempre através de uma Corretora de Valores e a transparência deve se constituir em fator fundamental para qualquer situação. É recomendável se consultar o corretor antes de uma tomada de decisão sobre compra ou venda de uma ação. A bolsa é um investimento de risco, é preciso ter paciência para aplicações de longo prazo e o corretor de valores detém o maior número de informações sobre o mercado, o que é fundamental não só para principiantes, como também para investidores experientes. Pregão – recinto onde se reúnem os Corretores da Bolsa de Valores para executar as ordens de compra e venda de ações dadas pelos investidores. Não há um valor mínimo para investir. Na BOVESPA – Bolsa de Valores do Estado de São Paulo - existem duas formas integradas de negociação com ações: - Viva Voz: os representantes das Corretoras apregoam suas ofertas de viva voz, especificando o nome da empresa, o tipo da ação e a quantidade e preço de compra ou de venda. No pregão de Viva Voz, são negociadas apenas as ações de maior liquidez. (deixou de existir recentemente na BOVESPA). - Mega Bolsa (Sistema Eletrônico de Negociação): é um sistema que permite às Sociedades Corretoras cumprir as ordens de clientes diretamente de seus escritórios. Pelo Sistema Eletrônico de Negociação, a oferta de compra ou venda é feita através de terminais de computador. O encontro das ofertas e o fechamento de negócios é realizado automaticamente pelos computadores da BOVESPA. A consolidação da negociação eletrônica na BOVESPA permitiu o desenvolvimento de facilidades como a negociação via internet (Home Broker), sem sair de casa, e a extensão do horário de negociação (After Market). Todas as Bolsas de Valores possuem seus indicadores de desempenho médio das cotações do mercado de ações: IBOVESPA – é o mais importante índice ou indicador de desempenho da BOVESPA, porque retrata o comportamento das cerca de 55 principais ações negociadas na BOVESPA, ponderando volume, quantidade e presença nos pregões. É o valor atual de uma carteira teórica de ações criada em 1968 e atualizada periódicamente. É medido em pontos para facilitar o acompanhamento da evolução ou da involução do comportamento da BOVESPA e sua finalidade básica é retratar o comportamento do mercado. Tem oscilado na faixa de 40.000 pontos, com desempenho bastante positivo nos últimos meses. Assim, quando a Bolsa de Valores de São Paulo apresenta movimento de alta, isso não significa que as ações de todas as empresas que negociam seus títulos diáriamente subiram e, sim, preponderantemente, as ações que fazem parte do IBOVESPA. Isso vale também para movimentos de baixa. A apuração do IBOVESPA é feita em tempo real, de fácil apuração e, nada mais é do que a somatória dos pesos (quantidade teórica da ação multiplicada pelo último preço da mesma) das ações integrantes da carteira teórica. Outros indicadores de desempenho DOW JONES – indicador de comportamento das ações na Bolsa de Valores de Nova York; NASDAQ – indicador do comportamento das empresas de tecnologia dos Estados Unidos; Índice Nikkei – indicador de desempenho da Bolsa de Valores de Tóquio; Índice Merval - indicador de desempenho da Bolsa de Valores de Buenos Aires. 1.5 – O Mercado de Ações Uma operação é realizada no Mercado de ações à vista quando ocorre a compra ou venda, em pregão, de determinada quantidade de ações para liquidação imediata. Sempre existe a necessidade de se fazer a operação via Corretora de Valores e o pagamento ou recebimento, ou seja, a liquidação financeira, é feita em D + 3, o que significa 3 dias após a transação. Ao se cadastrar em uma Corretora, os dados bancários do investidor são registrados e a Corretora debita ou credita a conta corrente do investidor. Pode-se fazer operações de compra e venda de uma mesma ação num mesmo pregão, operação essa conhecida como “day trade”. As ações são classificadas em ações de primeira linha (“blue chips”) e de segunda linha(“small caps”), em função da liquidez apresentada pela ação. As ações na BOVESPA que possuem alto grau de liquidez são as mais negociadas e, portanto, são as mais fáceis de vender ou de comprar. Já as ações de segunda linha apresentam menor liquidez ou volume de negócios diário menor, embora isso não signifique menor rentabilidade. Os maiores exemplos de ações de primeira linha são : Petrobrás PN e ON; Vale do Rio Doce PN e ON; Embraer PN e ON. Exemplos de ações de segunda linha: Gol PN e CPFL Energia ON. As operações com ações podem ainda ser realizadas nos seguintes mercados, além do mercado à vista: - Mercado a Termo – o investidor se compromete a comprar ou vender uma certa quantidade de uma determinada ação , por um preço fixado e dentro de um prazo pré-determinado. - Mercado Futuro – é um aperfeiçoamento do Mercado a Termo, pois se negociam lotes padrão de ações com data de liquidação futura, dentre aquelas datas fixadas periódicamente pela bolsa. - Mercado de Opções – quem compra uma ação tem um direito. Se a opção for de compra (call) e se a opção for de venda (put). O Mercado de Opções negocia esses direitos de compra e venda de ações, mas não as ações diretamente. Módulo 2 – O que é importante saber 2.1 – Mercados de Renda fixa x Renda variável O mercado de renda fixa compreende as operações com títulos que tem prazo definido (data de vencimento pré-estabelecida) e rendimento também definido no momento da aplicação ou no momento da aquisição do título. Podemos citar como exemplo os CDB – Certificado de Depósito Bancário, que são títulos vendidos pelos bancos, Fundos de investimento de renda fixa e Fundos de investimento DI. Já um título de renda variável não possui tais características, sendo que o rendimento da aplicação somente será conhecido quando do resgate do título. As ações se constituem em títulos de renda variável e por essa razão que são consideradas aplicações de risco. Com a queda das taxas de juros da economia brasileira, com as taxas de inflação comportadas, com a redução do risco Brasil e com o crescimento econômico esperado, a tendência é a migração das aplicações de renda fixa para as aplicações de renda variável, pois esse cenário favorável deve ajudar a melhorar os resultados das empresas e consequentemente do desempenho das Bolsas de Valores. Outra conseqüência positiva da melhora de cenário: com melhores resultados obtidos pelas empresas, os ganhos com dividendos (parcela do lucro distribuída aos acionistas) passarão a ter maior relevância. 2.2 - O preço de uma ação O preço de uma ação em bolsa reflete as condições de mercado como qualquer outro produto (oferta e procura), aliado ao desempenho da empresa, do segmento de atuação da empresa, da economia do país e da economia mundial. Os agentes econômicos costumam antecipar tendências e traduzem isso em movimentos de compra e venda de ações e, assim, pode ocorrer a variação de preços nas ações. Decorre daí o fato de a Bolsa de Valores ser considerada um investimento de risco e quem se predispõe a correr maior risco exige uma taxa de retorno também maior. O preço de uma ação representa o valor da empresa dividido pela quantidade de ações. É dessa forma que se busca conhecer o preço “justo” de uma ação no mercado de ações e, a partir daí, se tomar as decisões de compra e venda. Para tanto, se busca conhecer as futuras entradas e saídas de caixa de uma determinada empresa, alcançar assim o valor líquido da empresa e se utilizando de uma taxa de desconto, refletida pelo momento da economia, apurar o valor presente da empresa. Tal metodologia se chama “Fluxo de caixa descontado”. Assim busca-se conhecer o valor da empresa e através da divisão pela quantidade de ações, encontrar-se o “preço justo” das ações. 2.3 – Análise fundamentalista x Análise técnica Existem basicamente duas técnicas para analisar e decidir sobre a compra e venda de ações: Análise Fundamentalista Requer conhecimentos de economia, administração e matemática financeira. Os analistas do Mercado de Capitais se especializaram nos diversos segmentos de negócio – alimentos, petróleo, energia, siderurgia – e assim suas análises de compra e venda de uma ação passam necessariamente por uma análise do segmento de atuação da empresa. Análise Técnica Utilizada pelos investidores pessoas físicas, pois trata-se de uma análise gráfica do comportamento histórico de preços de uma ação. Ajuda a entender a flutuação dos preços das ações, via gráfico de preços. 2.4 – Relação Risco x Retorno Risco é a possibilidade de que os resultados a serem obtidos possam ser diferentes dos esperados. Retorno é o total dos ganhos ou prejuízos dos investidores durante um determinado período de tempo. As pessoas de uma forma geral são avessas a correr riscos e daí o conceito de aversão ao risco, que nada mais é do que a determinação de evitar riscos. Assim sendo, investimentos associados a um grau maior de risco exigem taxas de retorno mais altas – ex: aplicações em Bolsas de Valores; investimentos associados a um baixo grau de risco exigem taxas de retorno igualmente baixas – ex: aplicações em caderneta de poupança. Retorno histórico e Retorno esperado: Retorno histórico é o retorno já ocorrido e pode ser apurado de forma estatística. O retorno histórico de uma ação tende a ter um desvio-padrão maior que o retorno histórico de uma carteira de ações, ou seja, o retorno histórico de uma carteira de ações não deve se afastar muito da média de retornos do mercado de ações e, dessa forma, o risco torna-se menor. Retorno esperado é o que se espera obter de ganhos nos próximos períodos, ou seja, são ganhos não previsíveis e pode ser estimado através da média histórica dos retornos. Tais prognósticos ou estimativas podem ser feitos através de modelos de precificação de ativos como o CAPM – Capital Asset Price Management. Módulo 3 – Indicadores de compra e venda de uma ação 3.1 – O Balanço Patrimonial de uma Empresa As Sociedades por Ações ou as Sociedades de capital aberto ou ainda as Companhias são obrigadas a divulgar suas Demonstrações Financeiras em jornais de grande circulação dos seus estados de origem e do país. Assim sendo, justifica-se deter o conhecimento de determinados conceitos na compreensão dos resultados de uma empresa: - ATIVO - os valores gravados nos ativos das empresas representam os bens e direitos da Sociedade. Ex: o quanto ela possui de recursos financeiros na conta corrente dos bancos, nas aplicações financeiras de curto prazo, o quanto ela aplicou na constituição dos seus estoques, o quanto ela comprou de máquinas, equipamentos e veículos, ou seja, representa os investimentos feitos pelas empresas. É o que a empresa tem. E quando aparece a palavra investimento, exige-se que ela seja acompanhada de outra palavra – retorno. Isso mesmo, investimentos foram feitos para gerar retornos. Os bens e direitos com prazo de realização de até doze meses (curto prazo) ficam gravados no Ativo Circulante. - PASSIVO – os valores gravados nos passivos das empresas constituem os compromissos e obrigações assumidas no curto e longo prazos. É o que a empresa deve para terceiros: fornecedores de mercadorias e serviços, instituições financeiras, impostos, obrigações sociais, etc. Também chamado de Capital de Terceiros. As obrigações com pagamento previsto para até doze meses (curto prazo) ficam gravadas no Passivo Circulante. - PATRIMÔNIO LÍQUIDO - é o que a empresa tem menos o que ela deve; é a peça do Balanço Patrimonial que se refere ao dinheiro injetado na Sociedade pelos acionistas, via Capital Social. E os resultados obtidos pela empresa, que a contabilidade das empresas apura periódicamente, também é levado para o Patrimônio Líquido. O Patrimônio Líquido é também chamado de Capital Próprio. Assim, o Patrimônio Líquido é formado pelo Capital Social mais determinadas reservas exigidas e mais os resultados acumulados pela empresa que podem ser de lucro ou de prejuízo. Esses resultados já são encontrados via uma outra peça contábil obrigatória que é a Demonstração de Resultados, onde a contabilidade apura as Receitas menos custos menos despesas menos impostos a fim de apurar o lucro ou o prejuízo. 3.2 – Capital de Terceiros x Capital Próprio O Capital de Terceiros são todos os empréstimos de longo prazo contraídos pela empresa. O Capital próprio é representado pelos fundos de longo prazo proporcionados pelos proprietários da empresa, ou seja, seus acionistas. Uma empresa pode obter capital próprio internamente, retendo lucros em lugar de distribuí-los como dividendos a seus acionistas, ou externamente, vendendo ações ordinárias ou preferenciais. Ao contrario dos credores (fornecedores de capital de terceiros) os fornecedores de capital próprio (acionistas ordinários e preferenciais), são proprietários da empresa. Os acionistas têm direitos sobre resultados e ativos secundários em relação aos credores. Seus direitos sobre resultados não podem ser atendidos até que os direitos de todos os credores tenham sido pagos. 3.3 – Indicadores de balanço Principais indicadores de desempenho obtidos das Demonstrações Financeiras - Lucratividade das Vendas – encontrado pela divisão do Lucro Líquido pelas Vendas Líquidas (LL/VL) – mede o lucro gerado por cada unidade vendida. Dizse que quanto maior for esse indicador, melhor. - Liquidez Corrente – encontrado pela divisão do Ativo Circulante pelo Passivo Circulante (AC/PC) – mede a capacidade de pagamento – quanto maior, melhor. - Retorno ou Rentabilidade do Ativo ou do Investimento - encontrado pela divisão do Lucro Líquido pelo Ativo Total (LL/AT) – mede o retorno dos investimentos feitos – quanto maior, melhor. - Retorno ou Rentabilidade sobre o Patrimônio Líquido – encontrado pela divisão do Lucro Líquido pelo Patrimônio Líquido (LL/PL) – mede o retorno do acionista – quanto maior, melhor. - Endividamento – encontrado pela divisão do Passivo pelo Patrimônio Líquido (P/PL) – mede a disposição da empresa em trabalhar mais com Capital de Terceiros ou com Capital Próprio – quanto menor, melhor (em tese). 3.4 – Indicadores de mercado Os indicadores mais utilizados para influenciar os investidores na compra e venda de ações são: Valor Patrimonial da Ação (VPA) - É o resultado da divisão do patrimônio líquido pelo total de ações existentes de acordo com o último Balanço Patrimonial publicado pela empresa. É o valor contábil da ação. É o que a ação vale. Valor de Mercado da Ação - É o valor de negociação das ações na Bolsa de Valores .O valor de mercado varia em função do desempenho da empresa, da situação do mercado acionário e da avaliação dos participantes quanto ao momento econômico. É o que ela custa ou o preço que se paga por ela. A boa decisão de investimento é aquela que se compra um ativo pagando um preço inferior ao que esse ativo vale. Por essa razão é que prevalece a frase de comprar a “ação na baixa”. Isso significa pagar um preço menor do que o preço contábil da ação. Índice valor de mercado/valor patrimonial da ação – indicador que influencia os investidores na decisão de compra/venda de uma ação. Representa teoricamente o preço da ação no mercado e seu potencial de crescimento – graficamente, se faz tal acompanhamento; Índice preço/lucro – P/L – outro indicador que influencia os investidores na decisão de compra/venda de uma ação. Representa em quantos anos o investidor terá o retorno do seu investimento sobre a forma de lucro líquido. Teoricamente, quanto menor o P/L, mais atrativo é o investimento. É muito utilizado para comparar o preço de uma ação com o preço de outra ação do mesmo setor. Uma empresa que obtém um rentabilidade sobre seu Patrimônio Líquido de 25%, significa que em 04 anos o investidor terá o retorno do dinheiro investido, ou P/L = 4; Uma boa medida é solicitar ao seu corretor de valores tais comparações desse índice e buscar informações junto aos analistas de mercado sobre a perspectiva de lucro das empresas cujas ações se deseja comprar. Dividendo por ação = é resultante da divisão do valor do dividendo pela quantidade de ações; Lucro por ação (LPA) = é resultante da divisão do quantidade de ações; Módulo 4 – Investindo em ações lucro líquido pela 4.1 – Ações de curto/longo prazo A característica maior do investidor no mercado de ações não deve ser o retorno imediato, ter sangue frio para enfrentar os solavancos do mercado e ter em mente que aplicar em ações tem como objetivo a formação de patrimônio, tendo como horizonte o longo prazo. Ações de longo prazo – Investimentos em ações são investimentos que se caracterizam por ser de longo prazo. E nesse horizonte, certamente o setor de mineração, de petróleo, o setor de varejo e o setor bancário se constituem em ótimas opções de investimento. Isso se deve ao fato do provável crescimento da economia brasileira, da acomodação da inflação, dos investimentos feitos pela indústria de mineração e pela auto suficiência em petróleo alcançada pela Petrobrás. Ações de curto prazo – nesse caso, deve-se levar em conta o desempenho do passado recente das ações, pois não deve haver fortes mudanças do cenário atual. Dessa forma, o setor bancário e o de telecomunicações se apresentam como alternativas interessantes. 4.2 – Olho nos dividendos A tendência que se verifica é as empresas reservarem uma parcela maior dos lucros para serem distribuídas aos acionistas, que é o caso do setor de energia elétrica, telecomunicações e veículos e peças. Com referência ao lucro obtido em 2005, tais setores pagaram 82% dos lucros a título de dividendos (energia elétrica), 94% dos lucros (telecomunicações) e 75% do lucro (veículos e peças). Empresas como Eternit e a Souza Cruz já chegaram a distribuir 100% do lucro aos seus acionistas, de acordo informações de revistas especializadas. Trata-se de segmentos de atuação que estão valorizando fortemente suas políticas de dividendos com o objetivo de atrair cada vez mais o público em geral para o seu corpo de acionistas. Lembre-se que ao fazer um investimento em ações, pode-se ganhar duas vezes: com a valorização das ações e com o recebimento de dividendos. 4.3 – Conheça a ação que vai comprar Existe um conjunto de critérios utilizados para tentar diminuir o risco das aplicações em Bolsas de Valores. Esses critérios podem evitar surpresas maiores para os aplicadores, quando o propósito final do investidor for a formação de poupança de longo prazo e tornar-se sócio de grandes empresas que alavancam o crescimento da economia brasileira. Esses critérios passam por conhecer a fundo o desempenho da ação que se deseja comprar – são eles: - liquidez – ações com maior liquidez facilitam as transações de compra e venda; coloque-se na situação de precisar vender uma ação por questões financeiras, não conseguir e acompanhar a caída de preços da ação que deseja vender – é complicado. - volatilidade – ações com histórico de menor instabilidade provocam menores solavancos nos seus preços e menores sustos nos detentores das ações; é normal as ações serem influenciadas por notícias animadoras ou desanimadoras, mas é importante ter em sua carteira ações que reagem de forma menos brusca com as notícias; - rentabilidade sobre o patrimônio líquido – esse indicador mede o retorno dos acionistas e o desempenho econômico-financeiro da empresa, além de incentivar uma boa performance da ação nas Bolsas. Não que esse fato seja garantia de bom desempenho nas Bolsas, mas, sem dúvida, é um aspecto importante, pois ninguém gosta de comprar ação de empresa que apresenta prejuízo em seus resultados; - pulverização das ações – são ações de empresas que tem o controle acionário mais descentralizado e, assim sendo, as decisões não são tomadas para favorecer número mínimo de acionistas; o jogo de interesses é menor e a transparência é maior e o espírito das boas práticas de Governança Corporativa prevalece; - política de dividendos- deve ser transparente e colocada em prática todos os anos. Assim, se pode ganhar com a valorização do preço da ação e também com essa “renda extra” chamada dividendo; A combinação desses indicadores certamente levará o investidor a alcançar seus objetivos. Possuir uma carteira de ações com essas características pode levar o investidor a se dar bem. 4.4 – Como minimizar prejuízos e buscar lucros Para diluir riscos, recomenda-se diversificar. Possuir uma carteira de ações é bem menos arriscado do que possuir uma determinada ação. Quando se possui uma carteira representada por diferentes segmentos de atuação, a possibilidade de se perder dinheiro diminui bastante, pois no caso de uma ação apresentar rentabilidade negativa, as outras poderão apresentar taxas de retorno positivas e assim, compensar a perda. Daí, a importância da diversificação Além de investimentos nas ações que participam das Bolsas de Valores, o aplicador tem outros dois caminhos que podem levar aos ganhos e diminuir prejuízos: Fundos de Investimentos em Ações Caso o investidor não queira se arriscar diretamente na Bolsa de Valores, existe a opção de adquirir cotas de Fundos de Ações, onde se transfere a profissionais a incumbência da gestão de comprar e vender ações. Ao fazer um investimento em Fundos de Ações, se adquire cotas dos chamados FIFVM – fundos de investimento em títulos e valores mobiliários, que são Fundos de renda variável, referenciados - seguem o IBOVESPA - e são considerados agressivos, pois devem manter seu patrimônio aplicado majoritariamente em ações. É uma forma de diversificação dos investimentos, buscando suportar a volatilidade do mercado e a diluição do risco. Clubes de Investimento Ao participar de um clube de investimentos você está ao lado de pessoas que tem o mesmo objetivo. Mas é necessário que uma Corretora de Valores efetue o registro do clube, as operações de compra e venda e também orientações sobre a forma de operar. O número mínimo de participantes é três e o máximo é de 150 pessoas. Também funciona no sistema de aquisição de cotas (a exemplo dos Fundos de Ações) e os critérios de operação são discutidos em um grupo maior de pessoas. Os custos também são menores que os de um Fundo de Ações. Consulte o site da BOVESPA – www.bovespa.com.br Exercícios - Qual a diferença entre uma ação ordinária e uma ação preferencial? - Qual a principal razão para uma Empresa promover a abertura do seu Capital, através do lançamento de novas ações no Mercado de Capitais? - O investidor que realiza operações junto às Bolsas de Valores está operando no mercado financeiro primário ou secundário? Justifique sua resposta. - Qual a principal característica de uma ação de primeira linha? E de segunda linha? - Quais os tipos de pregão existentes nas Bolsas de valores? - Como é possível adquirir uma ação? - A empresa XYZ foi constituída em janeiro de 2005 e apresentou em suas Demonstrações Financeiras de 31/12/05 a seguinte posição: quantidade de ações que compõem seu capital social = 1.000.000 ON valor do Capital Social = R$ 10.000.000,00 lucro líquido obtido ao final do ano de 2005 = R$ 2.000.000,00 Com base nos dados acima, responda: a) Qual foi a rentabilidade sobre o patrimônio líquido em 2005? b) Qual o VPA - valor patrimonial da ação na data de sua constituição ? E após o fechamento do Balanço Patrimonial em 31/12/2005, mas antes da distribuição de dividendos? c) Qual o LPA - lucro por ação em 2005 ? d) Qual o dividendo por ação que a empresa vai pagar agora em 2006, referentes a 2005, considerando que a Assembléia de Acionistas (AGO) deliberou que fosse na proporção de 50% do lucro obtido? e) Supondo que o preço da ação da empresa XYZ na Bolsa de Valores seja, hoje R$ 5,00 (após a deliberação sobre a distribuição de dividendos), qual o percentual da relação VM/VPA? Você recomendaria ou não a compra dessa ação? Por que? f) Que tipo de empresa é a empresa XYZ? Aberta ou fechada? Por que? g) Defina os tipos de ação existentes que compõe o capital das empresas. h) Supondo agora que o preço dessa ação na Bolsa de Valores seja de R$ 10.00 qual o P/L (Preço sobre Lucro) dessa ação? Você recomendaria a compra dessa ação, tendo em vista o custo de oportunidade do dinheiro atualmente no Brasil? - O que é o IBOVESPA? - Cite o nome e tipo de ação índice IBOVESPA. de 05 (cinco) empresas que fazem parte do - José é acionista de uma empresa e detém ações ordinárias. Maria também é acionista da mesma empresa, porém detém ações preferenciais. A empresa anuncia dividendos de R$ 0,30 por ação para ambos os tipos de ações. José e Maria reclamam, pois entendem que o tipo de ação que cada qual possui dá direito a um dividendo maior. Tal reclamação procede? - Duas empresas do mesmo segmento de atuação, empresas X e Y são sociedades de capital aberto. As projeções feitas pelos analistas e corretoras de valores indicam que o P/L da empresa X é 4 e o P/L da empresa Y é 6. Analisando somente tais informações, qual deve ser a decisão de compra de um investidor? Por que? - Como se caracteriza os princípios de Governança Corporativa recém criado no chamado Novo Mercado da BOVESPA?