INSTITUTO BRASILEIRO DE TERAPIA INTENSIVA MESTRADO PROFISSIONALIZANTE EM TERAPIA INTENSIVA COMPORTAMENTO DA EQUIPE DE SAÚDE FRENTE AO PACIENTE TERMINAL NA UTI Marilda de Carvalho Arantes Orientador: Profº Dr. Rodrigo...... São Paulo 2010 Marilda de Carvalho Arantes Comportamento da equipe de saúde frente ao paciente terminal na UTI Monografia apresentada como prérequisito para obtenção do grau de mestre em terapia intensiva São Paulo 2010 Marilda de Carvalho Arantes Comportamento da equipe de saúde frente ao paciente terminal na UTI BANCA EXAMINADORA Orientador Nome do Professor _____________________________________ Data: _____________ De acordo: ___________________________. Coordenador Nome do Professor _____________________________________ Data: _____________ De acordo: ___________________________. Professor Convidado Nome do Professor _____________________________________ Data: _____________ De acordo: ___________________________. São Paulo 2010 Agradeço ao Professor e Orientador Rodrigo..., pelo apoio e encorajamento contínuos na pesquisa, aos demais Mestres da casa, pelos conhecimentos transmitidos, e à Presidência da SOBRATI, pelo apoio e pelas facilidades oferecidas. Quem nada conhece, nada ama. Quem nada pode fazer nada compreende. Quem nada compreende nada vale. Mas quem compreende também ama, observa,vê... Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa, tanto maior o amor... Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas. Paracelso RESUMO O presente trabalho visa analisar o comportamento da equipe de saúde frente ao paciente terminal na UTI. Observa-se que atualmente o avanço tecnológico tem possibilitado ampliar o conhecimento sobre o funcionamento do corpo humano, o que vem sendo aplicado na forma intensiva com a finalidade de prolongar, a existência gerando uma expectativa de vida maior, em função da aplicação destas tecnologias nas Unidades de Terapia Intensivas - UTIs. No âmbito tecnológico, observa-se que a UTI cumpre a função de fornecer o máximo da ciência médica disponível, na busca da cura e controle das doenças além do prolongamento da vida, mas, no âmbito emocional, geralmente o médico e a equipe de saúde evita o vínculo com pacientes em estados graves ou terminais livrando-lhes do envolvimento com a dor e a morte, dando-lhes a ilusão de que foi feito todo o possível, deixando de lado os outros aspectos que compõem um ser humano, como por exemplo, o relacionamento afetivo, a qualidade de vida ou o respeito à autonomia. Observa-se, contudo que na prática diária, aliada ao seu “Estado de Iminente Risco de Vida”, o paciente que se encontra na UTI perde a sua autonomia, sendo a relação profissional baseada quase que exclusivamente na beneficência e não maleficência. Nas UTIs, a morte é uma realidade muito presente e contra a qual se luta de toda forma. Neste contexto, observa-se que os dilemas éticos e morais a respeito dos tratamentos ou a suspensão do mesmo leva a maioria da equipe a enfrentar problemas durante a sua vida profissional. Desta forma, a equipe de saúde ao se deparar com o paciente em fase terminal, se depara com a dor e angústia dos familiares, bem como as suas dificuldades próprias em lidar com tais situações, sendo frequente o envolvimento emocional da equipe em relação à dor e a perda do paciente. Neste contexto busca-se analisar de forma sintética os aspectos que envolvem a rotina das equipes de saúde em relação aos pacientes terminais. Palavras-Chaves: UTI, Risco de Vida, Paciente Terminal. ABSTRACT The present study aims to examine the behavior of the team of health front of the terminal patient in the ICU. It is observed that the current technological advance has enabled expand the knowledge on the functioning of the human body, which has been applied with particular intensity in order to prolong the life of the human being, generating a greater expectation of life, depending on the application these technologies in Units of Therapy Intensives - UTIs. Within technology, it is observed that the ICU fulfills the function of providing the best of medical science possible, in the search for cures of diseases and prolong life, but under emotional, usually the team of medical and health avoids the link with patients in states serious or terminal rid them of involvement with pain and death, giving them the illusion that everything possible was done, leaving aside the other aspects that make up a human being, such as the relationship affective, the quality of life and respect for autonomy. There is, however that in daily practice, along his "State of Pending Risk of Life", the patient who is in the ICU loses its autonomy, and the professional relationship based almost exclusively in charity and not withcrafy the doctor. In UTIs, death is a reality very present and against which all forms of struggle. In this context, it is observed that the moral and ethical dilemmas about the treatments or even lead to suspension of most doctors and his team to face problems during their working life. Thus, a team of health to be patient encounter with end-stage, it is confronted with the pain and anguish of family members and their own difficulties in dealing with such situations, and is often the emotional involvement of the team in relation to the pain and loss of the patient. In this context search is reviewing summarizes the issues that involve the routine of teams of health in relation to patients terminals. Key-words: UTI, Risk of Life, Patient Terminating. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 09 1. REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 11 1.1. Definição de paciente terminal ...................................................................... 12 1.2. Métodos Paliativos ........................................................................................ 16 1.3. A Equipe de Saúde e os Aspectos Psicológicos ........................................... 18 1.4. Os Pacientes Terminais e a UTI .................................................................... 21 1.5. A Morte e o Morrer na UTI............................................................................. 24 1.6. O Profissional e a Humanização da Dor........................................................ 27 CONCLUSÃO....................................................................................................... 30 REFERÊNCIAS .................................................................................................... 32 9 INTRODUÇÃO Nos dias atuais observamos um avanço tecnológico importante no que se refere à cura e tratamento de doenças existentes, porém infelizmente nem sempre isto ocorre acompanhado da busca pela qualidade de vida dos pacientes, nem tão pouco embasado no conceito do cuidado humanizado, onde preconiza-se o atendimento ao indivíduo em todas as suas necessidades, não apenas nas relacionadas aos aspectos físicos Em relação aos objetivos da medicina, Hipócrates em 400 a.C. já mencionava a necessidade de reconhecer a impotência terapêutica em face de determinados casos e de recusar o tratamento de doentes já vencidos pela enfermidade (HANSEN-FLASCHEN, 1991, pp. 1191/1192). Nesses casos ocorrem cada vez mais dúvidas sobre até que ponto um tratamento deve prosseguir ou quando o mesmo será considerado efetivo e/ou inútil. Conforme se observa pela literatura,existe a necessidade cada vez mais iminente da definição de qual tratamento é fútil ou inútil (LANTOS, 1989, pp. 811/814; SCHNEIDERMAN e col., 1990, pp. 949/953; PREDERGAST, 1995, pp. 836/844). De acordo com o consenso elaborado pelo Comitê de Ética da Society of Critical Care Medicine, se considera como tratamento fútil todo aquele que não atinge as metas pretendidas, enquanto tratamento inútil ou desaconselhável é aquele que possui pouca probabilidade de trazer benefícios ao paciente (HANSENFLASCHEN, 1991, pp. 1191/1192). É verdade que com o desenvolvimento tecnológico, principalmente no que se refere ao suporte avançado de vida, têm trazido à tona questões moral e práticas quanto à habilidade de prolongar artificialmente a vida de pacientes sem expectativa de recuperação (CORDEIRO, 1993, pp. 50/60; PRENDERGAST & LUCE, 1997, pp. 15/20; SLOMKA, 1992, pp. 251/259), em relação especial as UTIs, esta discussão se torna necessária, pois desde a admissão de um paciente com diagnostico reservado até a percepção de uma evolução indesejável e a avaliação de que os limites terapêuticos foram ultrapassados, pois diante de tais situações é necessário optar entre manter um tratamento provavelmente fútil, retirá-lo ou recusar novas terapêuticas. Neste contexto, ao decidir recusar o início de um tratamento ou retirar uma terapêutica já instituída, o médico e sua equipe enfrentam ainda outros dilemas: 10 Existem diferenças éticas entre as duas condutas? Existe diferença moral quando se avalia qual tratamento deva ser retirado ou recusado? Apesar de essas decisões serem tomadas nas UTIs brasileiras, inexistem normas que qualifiquem essas ações. Este trabalho foi proposto visando um melhor conhecimento do comportamento dos profissionais de saúde que trabalham em UTI, diante dos pacientes terminais. Como objetivo, busca-se avaliar a atitude das equipes intensivistas diante da decisão sobre a retirada ou a suspensão de um tratamento frente a um paciente terminal. Além de determinar os aspectos psicológicos que envolvem as equipe de saúde em UTI, visando aprimorar conhecimentos sobre o conceito “paciente terminal” e “cuidados paliativos”, por fim, busca-se analisar possíveis condutas frente ao paciente terminal. Sendo a pesquisa bibliográfica, o instrumento utilizado para a coleta de dados foram realizadas as anotações das informações mais relevantes sobre o assunto retirado desta bibliografia,no objetivo da otimização da pesquisa. Dessa forma, através destas anotações contendo registros de dados documentais necessários ao desenvolvimento e fundamentação do estudo, tem-se uma visão mais dinâmica do tema proposto de acordo com a óptica de diversos doutrinadores. Foram utilizados neste trabalho dois tipos de pesquisa, a saber: a pesquisa bibliográfica, constituída principalmente de artigos científicos e livros, visto que essa permitiu a cobertura de uma gama de fenômenos de forma mais ampla; e a pesquisa documental. Embora esta se assemelhe à pesquisa bibliográfica, permite que se tenha acesso a documentos tipo: reportagens de jornal, relatórios de pesquisa, documentos oficiais, entre outros foi realizado um levantamento bibliográfico, no qual foram identificados livros de referência em cuidados paliativos, trabalhos em UTI e outros assuntos relacionados à temática em análise, neste contexto foram consultadas as bases de dados na Internet (MEDLINE, LILACS e Biblioteca Cochrane), obras de interesse citadas nas referências (Livros e artigos), bem como textos de autores considerados fundamentais para esse trabalho. 11 1 REVISÃO DA LITERATURA Atualmente, observa-se que a saúde humana foi evidentemente beneficiada com o avanço tecnológico, possibilitando alguns fatos notáveis, como o aumento do tempo médio de vida, a prevenção e erradicação de uma série de males, e a reversibilidade de expectativas na evolução de um grande número de doenças. Entretanto, a relativa eficácia e segurança das novas modalidades terapêuticas motivam determinados questionamentos em relação aos aspectos econômicos, éticos e legais resultantes do emprego descomedido de medidas consideradas paliativas e das possíveis indicações inadequadas de sua aplicação. Um caso clássico do uso demasiado de equipamentos de vida artificial, com ônus desnecessários ao paciente, à família e à sociedade, seria a manutenção, por métodos artificiais, das funções cardiocirculatórias, em pacientes com morte cerebral(1, 2). Ressalta-se que nas UTIs é observado um grupo especial de pacientes que se caracteriza por receber uma infinidade de recursos tecnológicos e, mesmo assim, apresenta resultados persistentemente desanimadores em sua grande maioria. Desta forma, questiona-se cada vez mais, e avaliação com maior rigor os benefícios que tais pacientes conseguem em troca de tanto sofrimento e investimento tecnológicos(3). Na última década foram testados inúmeros escores clínicos que, entre outros objetivos, tentavam identificar aqueles pacientes que mantinham essa alta mortalidade a despeito dos maciços investimentos médicos e tecnológicos. Os escores mais aceitos foram o TISS, o APACHE, o MOF e, em pediatria, o PRISM. Tais escores mostraram-se eficazes apenas quando aplicados a grupos de pacientes, não sendo confiáveis quando utilizados em casos individuais (4, 5). Em análise aos possíveis efeitos maléficos e/ou injustiça em contraposição aos possíveis benefícios, observa-se que a sociedade em geral estar num patamar bem distante dos tempos em que prevalecia o pressuposto de que "se algo poderia ser feito, então deveria ser feito". Atualmente o benefício provável, obtido por intermédio de um ato médico é equilibrado com outros valores, tendo por intenção fornecer da melhor forma cuidada possível metodologias compatíveis com a evolução e sobretudo de acordo com os recursos disponíveis e possíveis(6). 12 Sob o aspecto ético, pretende-se evitar que esta tecnologia venha a se transformar em instrumento que prolongue o sofrimento e retarde, a qualquer custo, o inevitável processo de morte, submetendo o paciente a uma agonia por métodos artificiais(7). 1.1 Definição de paciente terminal No cotidiano de uma UTI, pode-se verificar que em um determinado momento na evolução de uma doença, mesmo estando presentes todos os recursos médicos e tecnológicos, a morte do paciente é considerada irreversível, ou seja, está em processo de morte inevitável. Nota-se que esta definição deixa de abordar unicamente a potencialidade de cura ou a reversibilidade de uma função orgânica atingida, mesmo em se referindo aos órgãos principais, o mesmo foca aquele momento em que as medidas terapêuticas não potencializam a sobrevida do paciente, mas somente prolongam o processo lento de morrer. Nesse caso, observa-se que a terapêutica, torna-se fútil ou pressupõe sofrimento. Assim, a morte não mais é encarada como um inimigo a ser temido e combatido, muito pelo contrário, deve ser bem-vinda e recebida como um amigo que trará alívio aos sofrimentos do paciente e de seus familiares(6-8). Neste contexto, observa-se que é impreciso determinar no momento em que o paciente deixa de ser salvável e passa a fazer parte do período inevitável de morte, variável e dependente de uma série de fatores, sendo arbitrado de maneira diferente pela comunidade científica e a sociedade em geral. Em estudo envolvendo cinquenta pacientes terminais, constatou-se que este momento foi identificado, em média, no 24º dia de internação na UTI, demonstrando a dificuldade e o caráter temporal desta decisão(8). Dentro de uma visão bidimensional da linha da vida, pode-se considerar este momento como uma faixa elástica e móvel com limites imprecisos, sendo esta faixa de inversão de expectativas difícil de delimitar e definir, pois é amplo o número de fatores envolvidos (paciente, família, equipe médica, Comissão de Ética, e outros), e a linguagem utilizada também não é concordante e uniforme (7). A caracterização e definição do período de inversão na expectativa de vida envolvem todo um processo de racionalização, exigindo uma postura crítica, 13 neutra e isenta de conceitos pré-concebidos, que considerem as opções terapêuticas utilizáveis ou dispensáveis no atual estágio de doença. Ressalta-se que esta racionalização levará em consideração três fatores, no mínimo, a saber: a) Objetivos: obtidas por meios de imagens, exames laboratoriais e anatomopatológicos, assim como mensuração de variáveis fisiológicas, que confirmem ou não o estágio avançado e irreversível da doença; b) Subjetivos: por meio da verificação de reações observadas no exame clínico, como ausência de interação com o meio ambiente, resposta à dor, pulso, perfusão, padrão ventilatório, entre outros; e, c) Intuitivos: sendo estes avaliados tanto no grupo médico como no paciente(6-7). Com a análise integrada destes parâmetros e outros que se fizerem necessários, tem-se uma concepção do paciente como um todo, e a sua interação com o atual estágio da doença. Esta avaliação deve ser centralizada sob a ótica dos princípios da moral e da ética, as quais nortearão as medidas e atitudes a serem adotadas. Os princípios mitos e morais têm pesos e hierarquias diferentes, devendo, portanto, ser obedecida uma seqüência lógica na sua avaliação e aplicação. Neste contexto, observa-se ainda, que um dos conflitos mais freqüentes na prática clínica diária em UTI é o de decidir, junto com o paciente e sua família ou seu responsável, que condutas ou estratégias de cuidado devem ser tomadas na situação de óbito iminente, ou quando medidas clínicas mostram-se insuficientes para controlar sintomas e sofrimento. Dependendo da escolha, é possível o profissional médico se deparar com diferentes processos de morrer, sendo que de um lado, pode se observar à denominada distanásia - morte lenta e com muito sofrimento - em que o médico, com o objetivo de manter o paciente vivo, submete-o, ainda que de forma nãointencional, a tratamentos fúteis ou inúteis, não prolongando propriamente a vida, mas o processo de morrer. Em outro extremo, observa-se a eutanásia, que é a prática pela qual se procura abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável, entre estes dois posicionamentos, encontra-se um meio term a ortotanásia - morte no seu tempo certo, sem tratamentos desproporcionados e sem abreviação do processo de morrer(9). 14 Segundo Kipper(10) o paciente terminal conforme as suas condições irreversíveis apresenta uma grande probabilidade de morrer num período relativamente curto de tempo que oscilaria sem precisão. No cotidiano hospitalar, em uma aproximação inicial do que seria um terminal para a equipe de saúde, tem-se uma definição muito próxima à fornecida por Kipper(10). Na realidade pode-se observar inclusive um determinado consenso em relação à definição quando isto é discutido de forma abstrata, desvinculado de caso específico. Neste contexto, em relação aos aspectos técnicos do qual se reveste inicialmente o diagnóstico de terminalidade submerge quando a discussão é levada a um plano mais concreto, ou seja, de um determinado paciente específico, surgindo, nesse momento, as questões subjetivas. Na prática médica a identificação do paciente terminal, sem esperança de vida ou com morte inevitável, é complexa e não envolve unicamente um raciocínio lógico(10). Ainda que as tendências para se chegar à identificação desses diagnosticam por intermédio de uma avaliação crítica, isenta de preconceito, e a ausência de parâmetros determinados sobre a questão leva a equipe a apresentar um determinado temor ao se considerar que um paciente esteja em estado terminal. Este item se deve ao fato de que a avaliação entre o paciente terminal e um paciente com possibilidade de cura ocorre sempre de forma arbitrária no aspecto de não existir uma linha limítrofe evidente entre ambos. Nota-se que esse desconforto é evidenciado pela ausência de um protocolo que permita obter o diagnóstico da indefinição em que se encontra o paciente e esse pode ser o fundamento para a reduzida frequência na utilização do diagnóstico “paciente terminal”. Na realidade, o mesmo parece ser substituído por uma forma mais informal de denominação que não aparece nos prontuários dos doentes e refere-se às expressões SPP – Se Parar Parou; ou SIR – Sem Indicação para Reanimação, observa-se que ambos indicadores denotam a intenção de não mais investir nesse paciente. Desta forma, a resistência em diagnosticar um paciente como terminal é relacioanda da mesma forma ao fato de se referir a um diagnóstico definitivo que, no entanto, pode não se confirmar com a evolução clinica do caso. Assim, pelo exposto, considera-se que após avaliar um paciente como terminal, o profissional de saúde fique em uma situação paradoxal, em que a sua 15 melhora assinalaria a falha do profissional na realização do prognóstico. Desta forma ressalta-se que ao diagnosticar um paciente como terminal é um caminho sem volta e esse diagnóstico torna angustiante para o profissional de saúde. A ausência da uma exatidão frente ao prognóstico de morte foi assinalada por Pitta (1999), que menciona que os progressos da terapêutica e da cirurgia tornam difícil determinar quando uma doença grave será mortal ou não. O que se questiona então, é a participação da equipe de saúde no exercício do princípio da autonomia na situação do paciente terminal? Neste contexto, abre-se a perspectiva deles participarem da decisão no que se refere ao tipo de atendimento que será prestado. Ou seja, participar de uma decisão com características únicas, que implicará inclusive em pronunciar uma sentença sobre a vida de seu paciente. Em razão da dificuldade e abrangência de tal decisão, mesmo para aqueles que não estejam emocionalmente envolvidos, a mesma deve ocorrer de uma forma gradativa e com a celeridade adequada a cada caso. Observa-se que em nenhum momento, essa decisão deve ser unilateral, muito pelo contrário, ela deve ser consensual entre a equipe de saúde e a família do paciente(8). Dessa forma para se atingir tal objetivo, a família deve passar pela mesma sequência de racionalização que a equipe médica passou para compreender o atual estágio da doença. Apenas após este estágio, a família estará capacitada a participar das decisões juntamente com a equipe de saúde, ressalta-se que neste momento, é imprescindível que o médico e toda equipe, estejam seguros, tendo suas dúvidas já resolvidas. Assim, a sua função para com a família é o de apresentar de forma imparcial a evolução do caso, discutir pormenorizadamente as possíveis opções, levando em conta aspectos dos princípios éticos e morais. A equipe de saúde deve de alguma forma, nortear e recomendar uma opção, para que a família se associe ou não à decisão. Não sendo permitido neste momento um ato inconsequente tal como de jogar toda a responsabilidade da decisão para a família. Caso uma decisão de consenso deixe de existir, reinicia-se o processo, com a ajuda, inclusive, de outros profissionais, como o médico da família, psiquiatra, psicólogo ou, então, com a ajuda de pessoas que tenham credibilidade no circulo familiar(7, 8, 11, 12). 16 O princípio da justiça deve ser levado em consideração na decisão final, muito embora não se deva predominar sobre os princípios da beneficência, da nãomaleficência e da autonomia. Desta forma, se é consenso que um paciente, mesmo em estado crítico, seja beneficiado com um determinado tipo de medicação, a despeito de que o produto esteja escasso no hospital, preservam-se os princípios da beneficência e da autonomia sobre os da justiça. Em contrapartida, o uso indevido dos princípios de beneficência, não-maleficência e autonomia podem caracterizar e induzir a uma aplicação incorreta do princípio da justiça. Ou seja, se o paciente encontra-se na fase terminal inevitável e são oferecidos cuidados desproporcionais, ocorre, com esta atitude, o uso de recursos (leito de UTI, medicamentos, etc.) que poderiam ser aplicados em outros pacientes com maior probabilidade de vida(7, 8) 1.2 Métodos Paliativos Em relação aos cuidados paliativos, contata-se que é reconhecido como uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos indivíduos e familiares na presença de doenças terminais, além do controle dos sofrimentos físico, emocional, espiritual e social são aspectos essenciais e orientadores do cuidado. Dessa forma, os cuidados paliativos podem ser oferecidos em instituições de saúde bem como na própria residência. Pode e devem ser oferecidos aos indivíduos com doença terminal (desde seu diagnóstico até o momento da morte) e aos seus familiares (durante o curso da doença e em programas de enlutamento). A primeira definição sobre este tema, dado pela OMS para cuidados paliativos, foi em 1998, estes foram categorizados como o último estágio de cuidado: Cuidados oferecidos por uma equipe interdisciplinar voltados para pacientes com doença em fase avançada, ativa, em progressão, cujo prognóstico é reservado e o foco da atenção é a qualidade de vida (DOYLE) (13) No entanto, é de conhecimento geral que os cuidados paliativos podem e devem ser oferecidos o mais rápido possível no fluxo de qualquer doença crônica potencialmente fatal, para que esta não se torne difícil de tratar nos últimos dias de vida(14). A recente definição da OMS institui que: Cuidados paliativos é uma abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares frente a problemas associados à doença terminal, 17 através da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando a dor e outros problemas, físicos, psicossociais e espirituais (14). Além da dor, o sintoma mais frequente, outros sintomas são destacados nos indivíduos com câncer, por exemplo: anorexia, depressão, ansiedade, constipação, disfasia, dispnéia, fraqueza, entre outros. Todos estes sintomas de uma forma ou outra repercutem negativamente na qualidade de vida do paciente. Portanto, a atenção dos profissionais de saúde é imprescindível no atendimento à esse cliente. À medida em que a doença evolui, a necessidade de cuidados paliativos aumenta, o que os torna quase que exclusivos ao final da vida. Focando o câncer segundo a OMS(14), a proporção de indivíduos com a patologia e que requerem cuidados paliativos nos países menos desenvolvidos economicamente é de 80%.O sofrimento de um indivíduo pode se apresentar sob diversas dimensões (físico, psicológico, espiritual, social, econômico), assim também devem ser as dimensões do cuidado paliativo. Na atuaidade a maior discussão se direciona para a possibilidade de entender cuidados paliativos como um conceito que permeia todo o cuidado, ou seja, do diagnóstico à morte, incluindo o processo de luto,cuidados paliativos afirmam seis princípios(15), a saber: a) Valoriza a vida e considera a morte como um processo natural; b) Nem abrevia nem prolonga a vida; c) Provê o alívio da dor e outros sintomas; d) Integra os aspectos psicológicos e espirituais dos cuidados, permitindo oportunidades para o crescimento; e) Oferece uma equipe interdisciplinar f) Sistematiza o suporte para a família durante a doença do indivíduo e no período de enlutamento. 18 1.3 A Equipe de Saúde e os Aspectos Psicológicos Devido à natureza da sua atividade, a equipe da UTI está ativamente envolvida na situação e com freqüência atuando intuitivamente no cuidado de pacientes terminais bem como no apoio aos seus familiares (16). Neste contexto é importante ajustar a sensibilidade ao conhecimento teórico, com a finalidade de oferecer uma assistência de apoio esquematizada e estruturada, com o objetivo de nortear os familiares a respeito do que ocorre e estimulando a expressão dos seus sentimentos. Segundo KÜBLER-ROSS(17), os familiares de pacientes terminais ou com pouca expectativa de vida, experimentam sentimentos diversos diante da ameaça da perda de seu semelhante, as quais se defrontam com situações trágicas. Inicialmente, o que se observa é que o choque desta noticia leva à negação, a qual se caracteriza pela recusa em aceitar a realidade. Posteriormente são seguidos de sentimentos de raiva contra a equipe de saúde, contra eles próprios, entre outras. Estes tentam fazer concessões, promessas, tentando adiar o inevitável. Logo após este choque inicial, seque-se a realidade dos fatos, as quais dão lugar a sentimentos de tristeza, raiva e em muitos casos a aceitação, antecipando a perda, esse processo psicológico promove uma espécie de redução da angustia e a possibilidade de expectativas do que vira a ocorrer, com uma relativa passividade. A equipe que assiste o paciente, deve centralizar sua atenção no tratamento bem como nas informações a serem passadas aos familiares, Estas devem ser claras e verdadeiras sobre o que ocorre dentro da unidade de tratamento, procurando harmonizar o equilíbrio e manter a família no verdadeiro contexto do que ocorre18). Em relação à literatura pertinente a questão, observa-se que são poucas as referências encontradas especificamente sobre o assunto, ou seja, em relação aos pacientes terminais e as equipes de saúde, bem como o lidar com seus familiares no cotidiano hospitalar, entretanto alguns deles citam especificamente a relação entre, as equipes medicas e o doente em fase terminal. Segundo estudo de Jefidoff & Gasner (1993), são descritos experiências de orientação aos familiares de pacientes em fase terminal concluindo que o papel 19 mais importante desempenhado pelas equipes são o de apoio ao paciente e seus familiares, enfatizando que os mesmos devam expressar os seus sentimentos. Para Groot-Bollüjt & Mourik(16), o corpo de enfermagem faz parte do sistema de suporte aos familiares, atuando nos setores interdisciplinares que vão dos cuidados medico, apoio psicológico, orientação e informação. Neste contexto, os referidos autores citam que os mesmo devem observar como os familiares enfrentam a situação através da comunicação verbal e não verbal e compreender as fases do processo de aceitação da morte, conforme mencionado em sua obra por Kübler Ross(17), desta forma para poder compreender a reação dos familiares e esclarecer os seus questionamentos que deverão ser levados a sério e devidamente respondidos. No Brasil, pode-se observa-se que na bibliografia consultada, os respectivos autores descrevem as reações dos profissionais e familiares diante do estado terminal de paciente do setor pediátrico, dessa forma os sentimentos de tristeza e a culpa da criança ao não se observar o ente querido com um futuro em vista, impossibilitada de realizar seus sonhos, expectativas e desejos, e gerando ainda uma profunda decepção aos seus familiares, frustrando-os também nas suas expectativas. Boemer(19) ressalta em sua análise que a situação que se encontra o paciente terminal é um desafio para a equipe de saúde, principalmente para a enfermagem que, no exercício da profissão, convive nos hospitais com situações de vida e morte diariamente. Em outro estudo, Boemer & Valle(20), referindo-se a assistência de criança portadora de câncer, descrevem a percepção que os enfermeiros têm de si mesmos nesses cuidados: seus sentimentos de angústia, dúvidas, receios, preocupações, considerando que os profissionais da área de saúde devam ser devidamente preparados para uma visão da morte como uma das possibilidades ao cuidar do paciente terminal, com a finalidade de que possam compartilhar da sua experiência de limitação. Focando por exemplo as reações dos pais frente à morte iminente da criança com câncer, foram descritas as dificuldades em aceitar a situação, e ressaltado que a função da equipe de saúde é a de preparar os pais, que é de extrema importância. Segundo a referida autora, ocorre ainda a necessidade de 20 acompanhamento da criança que está perecendo de forma que esta não demonstre estar morta pelos pais e pela equipe que a assiste, ou seja, buscando expressar, pelo cuidado constante, que há esperança e que a equipe trabalha intensamente e com todas as forças para mantê-la viva(19). Ressalta-se que o presente trabalho, procura analisar o ponto de vista da equipe de saúde em função dos pacientes terminais, observando que o apoio psicológico e afetivo é a forma elementar no processo de relação de ajuda que se estabelece entre o enfermeiro, o paciente e familiares, podendo ser implantada de forma mais eficiente através da utilização das técnicas de comunicação terapêutica(21, 22) Stefanelli et al(21) e Stefanelli(23) sugerem a utilização de formas de comunicação planejadas e estruturadas com a finalidade de minimizar a ansiedade do paciente em relação às situações que vivencia, estimulando a sua conscientização e a sua participação na assistência. Desta forma, são utilizados os recursos de comunicação terapêutica, tais como: metodologias de comunicação que visem estimular a expressão dos pensamentos e sentimentos do paciente bem como em relação às medidas terapêuticas de enfermagem: oferecimento de apoio e estabelecimento de limites, que favoreçam a diminuição da ansiedade e estimulem os sentimento de confiança para o paciente e seus familiares. Desta forma, pelo exposto, observa-se que é inquestionável que a morte se faz de certa forma em determinadas situações de sofrimento e agonia até desejável, pois coloca fim a uma agonia interminável, tanto em relação ao paciente em estado terminal bem como a de seus familiares que sofrem conjuntamente (24). Segundo Grenvik(25), "a UTI se tornou uma câmara de tortura moderna, onde médicos jovens consideram a morte o seu pior inimigo e não percebem que ela pode ser um velho amigo" Evidentemente, com o avanço tecnológico da medicina, a aceitação de determinadas terapias extraordinária de suporte de vida, que eram inconcebíveis num passado recente, tem dificultado cada vez mais a determinação de limites terapêuticos nos diversos cuidados intensivos, em contraposição aos princípios éticos da beneficência e não maleficiência. Posturas tais como a restrição terapêutica na UTI em relação a pacientes terminais que passam a incidir conforme 21 os diversos conceitos éticos e morais defensáveis, mas não incomuns vem acompanhadas de conflitos bioéticos, entre os integrantes das equipes de saúde (24) 1.4 Os Pacientes Terminais e a UTI Ressalta-se que no Brasil, cerca de 20 a 30% dos leitos utilizados em uma UTI são ocupados por pacientes que necessitam de cuidados paliativos. Quando já não há mais possibilidade de cura, observa-se que os cuidados paliativos contribuem significativamente para o controle da dor e de outros sintomas. Desta forma, boa parte desses pacientes poderia receber uma assistência adequada em uma unidade de internação destinada a cuidados paliativos ou mesmo em casa, mantendo os cuidados e a assistência em domicílio. O ideal é que haja mais serviços específicos nesta área até para que os leitos das UTIs possam ser liberados para pessoas que precisam de outras intervenções terapêuticas avançadas. Observa-se neste contexto que inúmeros trabalhos referenciam que os hospitais adotam determinadas formas ao se referir sobre a morte, sendo que uma delas é colocá-la em um lugar de exclusão, o do silêncio(26). Em relação a esta questão, nada deve ser comentado, bem como demonstrar os sentimentos que a mesma transmite as equipes de saúde que lidam cotidianamente com ela. Entretanto, deve-se ressaltar que a morte, bem como o paciente que dela se aproxima, é um assunto que não deixa de inquietar, incorrendo a preocupação do ser humano desde sempre. Os escritos rudimentares encontrados em cavernas, as representações da morte a qual se constituem em uma questão relevante, demonstrando ser essa uma apreensão que remonta a gênese humana. Da mesma forma na literatura internacional, a morte foi objeto de inúmeros trabalhos. O que se constata nesta questão é que a dificuldade encontrada está em se estabelecer um dialogo com o paciente terminal e sem esperança de cura. Este tem inicio a partir da conformação do diagnostico, quando é normal em muitos casos a ocultação de informação, na maioria das vezes sustentada pela argumentação de que a partir do recebimento dessa notícia, o processo que se segue, normalmente a depressão, poderia gerar o agravamento prematuro da respectiva noticia. 22 Entretanto, em muitos casos, sobre o escudo de proteção, que encobrem as dificuldades dos profissionais da área de saúde, que temem que a comunicação de um diagnóstico desfavorável minimize a impressão que recebe do paciente e, fundamentalmente que o conduza a se envolver no sofrimento que essas determinadas situações inexoravelmente se apresentem(27). Assim, o que se observa é que essas dificuldades apresentadas, de forma geral, se fazem presentes na equipe de saúde que tem problemas em se comunicar com os pacientes agonizantes(26, 28, 29), da mesma forma também essas problemáticas estão relacionadas ao receio desses profissionais de que os pacientes ou seus familiares direcionem sua fúria contra eles, imaginando-se que este estado, seja originário de uma falha do profissional, bem como seja em função de um deslocamento de sentimentos de culpa(30). Por conseguinte, o avanço tecnológico observado no setor da saúde e a crescente dependência da equipe em relação ao mesmo aumentaram a distância entre o profissional e o paciente terminal, possibilitando, concomitantemente, o acréscimo do controle sobre o tempo e as circunstâncias da morte. Antes do período moderno, a equipe de saúde, em relação especial os médicos, eram os mediadores desse fenômeno natural. Atualmente eles têm se tornado os juízes de uma existência artificial, sendo esta transformação descrita como medicalização da morte(31). Nota-se que uma das causas do afastamento da equipe em relação ao paciente agonizante é, ainda, a confiança de que o paciente nada mais pode fazer do que esperar a sua morte. Desta forma, quando os sintomas físicos e os sofrimentos suscitados pela doença estiverem controlados, ele consegue direcionar suas atenções para os aspectos psicológicos e encontrar, desta forma, um novo significado em sua vida(32). A maioria das equipes de saúde que trata de pacientes terminais tem a idéia de que as preocupações destes se restringem à dor e aos sintomas da doença, o que leva esses profissionais a excluírem do tratamento a dimensão existencial. No entanto, Geppert(31), em sua analise aponta a existência de outras preocupações além da patologia os pacientes de saúde, tais como o receio de se tornar uma carga para seus familiares e a perda de relacionamentos importantes. Rever a vida, 23 solucionar conflitos pendentes, bem como se preocupar com a situação da família após sua morte são assuntos recorrentes entre diferentes pacientes terminais(33). Outro fator que influência diretamente na resistência do profissional da saúde para trabalhar devidamente com a morte está relacionado ao despreparo para trabalhar com a mesma(26, 27, 34), que se conecta ao papel da equipe de saúde na sociedade, que é encarado como o responsável de diagnosticar o mal e erradicá-lo de qualquer forma possível e impossível. Isso se evidência na relação do profissional de saúde, pois quanto mais evidente a ineficiência e impotência dele para manter a vida do seu paciente, maior a sua resistência em relação à morte(33). Uma importante contribuição sobre o tratamento para pacientes terminais vem sendo realizada pela área de tratamentos paliativos (27), sendo que nestes tratamentos os objetivos é buscar resgatar a dignidade do paciente respeitando a sua autonomia e dando prioridade ao principio de não-maleficiência como forma de se obstar a “obstinação terapêutica”(28). Considera-se dessa forma, que uma determinada aproximação ao respectivo de que a fase terminal da vida tem para os profissionais que dela se ocupam uma ferramenta importante que possibilite à equipe de saúde a adequada aproximação a esses pacientes. Dessa forma, poderia se obter um duplo beneficio, ou seja: pelo lado do paciente seria proveitoso, pois, na medida em que a equipe não mais o excluísse e pudesse dele se aproximar, sem receio de escutar as suas preocupações, estaria colaborando para a sua saúde mental e, conseqüentemente, produziria efeitos positivos em relação aos sintomas físicos como dores e falta de energia. Por outro lado, esta referida aproximação seria benéfica para os próprios profissionais de saúde, liberando-se da culpa pelo abandono a que submeteram seu paciente e propiciando-lhes o conforto de saber que ajudaram o doente a enfrentar uma das fases mais difíceis da vida. 1.5 A Morte e o Morrer na UTI O principio da instalação de unidades especiais para o tratamento de pacientes em estado crítico ou terminais surgiu em função da alta mortalidade durante as epidemias de poliomielite ocorridas na Dinamarca em 1952 e nos EUA em 1955. A ausência de um acompanhamento permanente e a insuficiência de métodos adequados de ventilação artificial foram considerados os fatores responsáveis pela alta mortalidade. 24 Neste contexto, a concentração de recursos, a par dos cuidados médicos e de enfermagem permanentes, objetivando proporcionar segurança aos pacientes submetidos a cirurgias que envolviam essas técnicas resultou, inicialmente, nas salas de recuperação pós-anestésica. O fato de que esses cuidados podiam prolongar a vida dos doentes levou à instalação de salas específicas para tal finalidade, as quais ganharam a denominação de Unidades de Terapia IntensivaUTI. Por conseguinte os cuidados de uma UTI foram estendidos para pacientes nãocirúrgicos. O resultado dessa implantação foi que nos três primeiros anos da unidade do Rhode Island 2,9% dos pacientes internados eram procedentes da área clínica(35). Em relação ao contexto brasileiro, observa-se que não há dados que possibilitem determinar com a respectiva precisão a instalação das primeiras salas de tratamento intensivo. Entretanto, observam-se indícios de que elas são representadas por uma unidade coronariana e por uma unidade respiratória instaladas em São Paulo(36). Define-se que a medicina intensiva se destina a diagnosticar, tratar e manter doentes em iminente risco de vida, porém potencialmente reversíveis(15). Entretanto, esses doentes podem desenvolver falência de múltiplos órgãos e os demais sistemas permanecendo vivos, em função das possibilidades tecnológicas disponíveis nas UTIs atuais. Esse fato propicia, em determinadas situações, o atraso da morte e não a recuperação da vida(33), e, desta forma, esses enfermos passariam a ser considerados terminais. Por conseguinte, quando um paciente é considerado terminal a equipe, o paciente e seus familiares se defrontam com os seguintes problemas: manter o esquema pleno de tratamento, manter o tratamento sem acrescentar uma nova terapia ou, suspender o tratamento que está sendo administrado, assim, em função dessa possibilidade, os profissionais sofrem um dilema diário sobre a manutenção de um tratamento definido como fútil, inútil ou desaconselhável(33). Ocorre que há décadas tem sido tentado definir o que seria um tratamento fútil ou inútil objetivando-se, a partir dessas definições, estabelecerem normas que possibilitem a recusa ou a suspensão desses tratamentos(37, 38). A partir da década de 80, tem início um amplo debate, onde são discutidos os critérios que possam justificar a suspensão da reanimação 25 cardiorrespiratória-RCR. Entretanto é difícil caracterizar esses parâmetros já que, de certa forma, eles estão diretamente relacionados com a experiência e com o treinamento do médico e da equipe e também com a complexidade hospitalar. Rosner(39) descreve que a vida humana é sagrada e tem de ser tratada com dignidade e respeito que todos merecem. Desta forma, considera-se que todo paciente tem o direito de receber, o devido apoio psicológico e emocional, bem como seus familiares. . Em pacientes terminais, os profissionais de saúde devem fornecer um tratamento de suporte físico, psicológico e digno. Pitta(40) depois de muita analise, propôs ao meio médico que a suspensão de qualquer tratamento deve se fundamentado em justificativas morais e técnicas e deve seguir critérios essenciais definidos como: a clareza de todo o processo terapêutico, a comunicação adequada entre a equipe multidisciplinar, o paciente e seus familiares, o cuidado no reconhecimento das necessidades emocionais de todos os envolvidos no processo e o adequado encaminhamento e respeito após a morte do paciente. Schneiderman & cols.(37) descreveram como tratamento fútil como sendo todo aquele que gera resultados, mas que a experiência sugere que é altamente improvável de se obter resultados favoráveis. Altamente improvável foi definido como uma chance de sucesso para cada cem. Posteriormente os mesmos autores(37), alteraram a sua proposta inicial atendendo as críticas recebidas e concluíram que a definição de futilidade aumenta o poder dos médicos e não leva em consideração à autonomia dos pacientes. Assim, observa-se que o conceito de futilidade é difícil de ser aplicado na prática, já que dados probabilísticos de tratamento não podem ser considerados nas decisões individuais. Assim, Prendergast(41) recomenda que a definição de futilidade deva ser analisada de forma probabilística avaliando, quando se opta por um determinado tratamento, o seu custo financeiro, emocional, a morbidade que o mesmo acarreta ao paciente e a tecnologia necessária para que ele seja administrado. Com o objetivo de determinar as normas para RCR, a American Heart Association(42), afirmou ser difícil definir quais os princípios de futilidade. Desta forma, o tempo e a qualidade de vida foram os fatores descritos como os maiores determinantes de futilidade médica. Neste caso, para a tomada de decisões sobre a 26 RCR foi definida como futilidade a baixa chance de sobrevivência e a má qualidade de vida prévia. As normas da Associação Nacional de Médicos de Emergência, no que refere ao atendimento de pacientes vítimas de Parada Cardiorrespiratória (PCR) não traumática(41) definem que a manutenção das manobras de RCR deve ser reavaliada quando a PCR é de causa clínica, quando as manobras demoraram mais de 6 minutos para serem iniciadas ou em vigência de assistolia. Luce(45) realizou um trabalho de revisão objetivando avaliar a obrigatoriedade, do ponto de vista ético, de os médicos manterem um tratamento considerado fútil ou inútil, neste estudo foram avaliados os aspectos éticos, legais e clínicos da recusa ou da suspensão de tratamentos considerados fúteis. Da mesma forma, denota-se que nos casos polêmicos foram descritos itens mostrando a desarmonia entre familiares e médicos, e neste caso a conclusão do autor foi a de que um médico não seria obrigado a manter um tratamento que considerasse fútil, principalmente em situações de morte cerebral, coma vegetativo, doença grave ou terminal, e que deveriam ser ponderados os princípios de beneficência e não-maleficência de um tratamento. Em outro trabalho, Luce(44) observou que a recusa ou a suspensão dos suportes de vida habitualmente eram recomendados pelos médicos e aceitos pelos familiares dos pacientes, assim se observou que a recusa era mais fácil de ser praticada do que a suspensão, e que o tratamento usualmente mais recusado era a RCR e o mais frequentemente suspenso a ventilação mecânica, desde que realizada de maneira gradual e facilitada pela administração de analgésicos e sedativos. Ressalta-se que o avanço tecnológico torna necessário o debate contínuo tanto do ponto de vista ético quanto legal sobre o tratamento considerado fútil (45), pois o que era considerado um tratamento fútil para pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) há uma década, atualmente poderá ser um tratamento apropriado(46, 47). 1.6 O Profissional e a Humanização da Dor 27 A OMS recomenda o efetivo controle da dor e dos sintomas corriqueiros em cuidados paliativos como uma das prioridades no sistema de saúde, ressaltando a importância do mesmo de forma a aliviar a dor e outros sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, sendo a humanização uma ferramenta fundamental para a obtenção do tratamento adequado e minimizar o sofrimento final dos pacientes terminais(14). Ressalta-se que a humanização cita que o alívio da dor e o controle dos sintomas em cuidados paliativos devem começar desde o diagnóstico da doença crônica até a fase avançada da doença e a inevitável morte do paciente. Assim, considera-se humanizar como sendo a garantia que busca atender às necessidades desse paciente; as equipes multiprofissionais reúnem médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e o serviço administrativo (recepção, triagem, segurança e transporte), enfim, todos são importantes para confortar o paciente e seus cuidadores. Entretanto, deve-se observar a diferença existente entre tratamentos paliativos de cuidados paliativos; o paciente com dor e doença avançada, mas que ainda é impossível de se solucionar cirurgicamente e/ou para tratamento adjuvante, difere daquele ao qual só é possível oferecer algum tipo de conforto, mas sem controle da doença. Os indivíduos são impares e não se deve pretender que todos respondam da mesma forma às intervenções aplicadas, nem que mantenham uniformemente suas respostas a longo prazo. Desta forma, para se tratar um paciente necessita não somente as considerações biológicas e psicológicas, como também as familiares, sociais, econômicas e aquelas que estão nas relações estabelecidas entre os sistemas envolvidos: o indivíduo e seu universo e o sistema de saúde e de tratamento, com suas múltiplas variáveis. Assim, é insuficiente controlar apenas os sintomas, mas também o paciente e, além dele, os sistemas que com ele interagem. Assim, é provável que se deva investir mais em sua melhora, mas da mesma forma é mais investido, tanto pela equipe quanto pelos familiares. Muitos acreditam que a equipe de profissionais esquece e muitos não acreditam no caráter paliativo do tratamento, que só ficará evidente quando ele receber o rótulo de “paciente fora de possibilidades terapêuticas”, que tem o significado da desistência médica e/ou institucional em 28 tentar reverter ou conter o avanço da doença, quando então interromperão os tratamentos são interrompidos exceto os cuidados clínicos, os de enfermagem e aqueles procedentes de outras categorias profissionais. Assim, o grau de solidariedade com este referido paciente cuidável, na maioria das vezes desmotivado, que está em fase terminal da doença, normalmente com o passar do tempo diminui. Acredita-se ser um mecanismo natural de defesa, pois nesta fase tem inicio a elaboração da idéia da separação, pela morte, antes mesmo dela advir. A humanização do atendimento abrange a necessidade de serem observados todos os aspectos ligados ao adoecer, o respeito aos temores, crenças e fragilidades dos pacientes e de seus familiares, além da ética na adoção das atividades técnico-científicas. Estimular a integração da equipe técnica com os usuários promove uma diminuição na ansiedade e angústia; é uma das ferramentas para alterar a impressão negativa da população sobre o nosso sistema de saúde. A tecnociência torna-se desumanizante quando o ser humano fica restringido a um simples objeto despersonalizado de uma investigação fria e objetiva. Um hospital pode ser referência do ponto de vista tecnológico e ser desumano em relação ao seu atendimento. Desta forma, o gerenciamento do processo de humanização deve ser monitorizado de forma profissional; devemos empregar todos os indicadores possíveis, tais como o uso de drogas que minimizam o sofrimento, a redução do quadro álgico, mensurar o óbito na residência e o intervalo das consultas ambulatoriais e domiciliares. Os indicadores tangíveis têm como finalidade nortear os administradores de forma objetiva, a gerenciar as atividades existentes e acrescentar ações que qualifiquem a assistência oferecida aos pacientes e aos familiares envolvendo todos os profissionais nessas atividades. Assim, a humanização em cuidados paliativos e dor tem o desafio de cuidar do paciente com competência humana, científica e ética, reivindicando a necessidade da inserção de forma imperativa na saúde do ser humano. 29 CONCLUSÃO Pelo exposto, pode-se observar que a inexistência de um protocolo especifico que defina de forma objetiva a partir de que momento um paciente passa a ser considerado “terminal” é um fator que incentiva a equipe de saúde a que, quando se identifique um paciente terminal, somente o faça num caráter informal, considerando-se uma atitude ambivalente para com o paciente, dificultando ainda mais o relacionamento com ele. Observa-se no que a situação de terminalidade, é muito difícil para a equipe de saúde. Constata-se que em função do aumento de doenças crônicas e progressivas, tem se elevado o número de pacientes em estado terminal internados nos hospitais. O tratamento desses pacientes, que estão fora de possibilidades terapêuticas, deixa de ser curativo e passa a ser paliativo, sendo o alívio da dor um dos seus objetivos principais. Evidentemente o pouco espaço dado à expressão de sentimentos frente à morte e a escassez de recursos que a equipe apresenta para enfrentar a problemática do fim da vida sejam determinados fatores que se apresentam como fundamentais para a existência do mal-estar que o paciente terminal gera na equipe. Deste modo, o paciente terminal imprime marcas no profissional que dele se ocupa. Entretanto, segundo as características pessoais desse profissional, aparecem determinadas possibilidades de manejo diante de tais problemáticas, sendo que a primeira se fundamenta no emprego de mecanismos de defesa contra a dor e o sofrimento a qual passa o doente e seus familiares indiretamente, outra possibilidade se refere aos que convivem com a dor e com uma ferida sempre aberta. Desta forma pode-se concluir que a primeira forma de abordagem impede um relacionamento com o paciente e, muitas vezes, geram determinadas manifestações somáticas ou psicológicas no profissional, em se referindo à segunda problemática, devido à questão de a mesma gerar uma angústia constante, impossibilitaria a ele de realizar a contento a sua tarefa. Entretanto, advém uma terceira possibilidade que é a do profissional ter espaços em que essa angústia e dor sejam elaboradas e, desta forma, construir metodologias que lhe ofereçam uma forma de manejo mais adequado com o paciente terminal. 30 Entretanto, nota-se que o despreparo da equipe de saúde para lidar com situações de terminalidade apresentam duas conseqüências para os profissionais. Sendo que a primeira concebe a sensação de fracasso do que seria o seu objetivo fundamental, ou seja: o de curar o doente, do qual decorre o abandono do paciente a seu próprio destino. Outra conseqüência se faz presente no afastamento que impede o profissional de conhecer o universo desse paciente, suas queixas, suas esperanças e desesperanças, em síntese, tudo o que ele sente e pensa nesse período de sua vida e cujo conhecimento o ajudaria a se aproximar do terminal. Por fim, observa-se que quando a morte é uma probabilidade muito próxima, existe concordância de que ela deva ser tranqüila, sem dor e desconforto para todos os pacientes, sejam crianças ou adultos, seja ela na UTI ou fora dela. Nessas circunstâncias, quando se caracterizam determinadas situações em que a adoção de novas terapias não mais trará benefícios aos pacientes, e pelo contrário, somente agregará mais sofrimento a eles, cabe a equipe da UTI abrir um processo de discussão baseado em conceitos éticos e morais, e que inclua todos os elementos da equipe e a família do paciente. Apesar dos dilemas éticos a respeito da retirada ou da suspensão de um tratamento considerado fútil ou inútil, a maioria das equipes que trabalham nas unidades de tratamento intensivo já enfrentou esse problema durante a sua vida profissional. Quanto mais se avança nas tecnologias dentro do âmbito da saúde, mais se acredita que é possível afastar a morte de dentro das instituições médicas. É possível realizar a cura em diferentes situações, porém não se pode atuar em nossa finitude e mortalidade. Assim, faz-se necessária a inclusão de serviços de cuidados paliativos, levando-se em consideração a demanda encontrada e o provável tratamento inadequado dos doentes. 31 REFERÊNCIAS 1. Pasternak LR, Rogers MC. Financial considerations of pediatric intensive care. In: Rogers MC, editor. Textbook of pediatric intensive care. Baltimore: Willians & Wilkins, 1997. 2 Tasker RC, Wetzel RC, Rogers MC. O futuro da terapia intensiva pediátrica. In: Piva JP, Carvalho PR, Garcia PC, editores. 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