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Redes são fundamentais para transformar Pacto Global, diz Soren
Petersen
O dinamarquês Soren Petersen, coordenador de Redes e Parcerias do
Pacto Global, esteve no Brasil para o lançamento do novo site da Rede
Brasileira. O Pacto Global é um conjunto de dez princípios, elaborados
pela Organização das Nações Unidas, que orientam as atividades das
empresas e aos quais elas aderem voluntariamente.Segundo suas
palavras, Petersen estava particularmente feliz em ver tamanha
mobilização no Brasil, pois "o Pacto Global, em si, não é nada. Só se
torna algo quando as empresas internalizam seus princípios e começam
a agir em rede". Petersen falou com exclusividade ao Notícias da
Semana sobre o estado atual e os possíveis obstáculos ao crescimento
do Pacto Global no mundo.
Instituto Ethos: Como você avalia o Pacto Global? Tem sido de fato uma
ferramenta para que as empresas façam mais do que cumprir as
obrigações legais e contribuam de forma positiva para a sociedade?
Soren Petersen: O Pacto Global começou como um compromisso para
que a empresa fosse além do que é exigido legalmente. E tem deixado
de ser apenas um trabalho de organização de redes para gradualmente
aumentar as atividades que aconteçam nos contextos locais, como
aprendizado, treinamento, engajamento em diálogos de políticas e em
parcerias. O número de atividades que estão acontecendo dentro das
redes claramente indica que as empresas estão fazendo alguma coisa.
Os relatórios das companhias também estão ficando cada vez mais
sérios, e estão aumentado os mecanismos por meio dos quais os
relatórios têm credibilidade nos contextos locais. Os números em si de
empresas que assinaram o Pacto e de redes que foram estabelecidas
são um claro indicativo de que estamos no caminho certo, e de que
estamos sendo aceitos provavelmente como a mais importante iniciativa
voluntária em todo o mundo.
IE: O Pacto Global tem hoje 4600 empresas signatárias em todo o
mundo. A quantas empresas signatárias se pode chegar? Qual o
potencial de crescimento?
SP: Metade das empresas signatárias são pequenas e médias. E há
limites para quantas empresas "Fortune 500" podemos conseguir, pois
nunca serão mais de 500. Mas, nem todas podem ser as "campeãs". Nós
precisamos das campeãs para mostrar o caminho, mostrar que há um
business case quando se leva a sério a sustentabilidade. Quanto mais
essas empresas estabelecem esse business case, mais as outras vão
segui-las, porque faz sentido do ponto de vista dos negócios. Elas só
vão sustentar sua lucratividade se continuarem a ser responsáveis e
provarem sua responsabilidade. Eu diria que o número de empresas
signatárias pode ser ilimitado. Tudo vai depender de como o Pacto será
organizado localmente. Enquanto plataforma global, nós só realmente
oferecemos os dez princípios. A partir daí, tudo tem de ser local. E as
redes ainda nem sequer chegaram perto do seu potencial, há uma
enorme oportunidade de crescimento. Muitas empresas realmente
mostraram que elas podem ir de uma fase inicial para uma fase de
implementação, e podem também implementar redes. Com esse nível
de atividades acontecendo na rede aqui no Brasil, a rede mostrou
claramente que isso faz sentido para as empresas. E rede do Pacto
Global agrega valor. Não vejo motivo para acreditar, em um futuro
próximo, que não possamos continuar a crescer. Não será um
crescimento exponencial, mas tenho certeza de que vamos crescer
muito no futuro.
IE: Quais são os maiores obstáculos para que esse crescimento não seja
tão grande, para que mais empresas não se tornem signatárias do Pacto
Global?
SP: Provavelmente o mais importante obstáculo será o que vai
acontecer com a globalização e com o livre comércio se houver uma
recessão, e se os governos reagirem a uma potencial recessão com
protecionismo. Isso pararia o livre comércio e tornaria temas como o
Pacto Global irrelevantes, pois não se pode nem sequer fazer negócios
através das fronteiras. Isso seria provavelmente o que eu vejo, no
futuro, como uma nuvem negra pairando no ar.
IE: Como você avalia o avanço do Pacto Global no Brasil e a atuação da
Rede Brasileira?
SP: O Brasil está bem. É o país da América Latina que tem os melhores
relatórios de comunicação das empresas sobre a implementação dos
princípios do Pacto. E a rede tem atividades muito criativas, como o
novo site e a campanha de comunicação, que definitivamente vão servir
como inspiração para outras redes de outras partes do mundo. Temos
algumas redes pelo mundo que estão um pouco à frente, que sempre
apresentam soluções criativas, e a rede brasileira é uma delas.
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