09.08.2011

Propaganda
Clipping - Departamento DST/AIDS e Hepatites Virais
ÍNDICE
Vereadores agora querem "desaprovar" dia do hétero ........................................................................2
Chance de viver (Tendências/Debates) (Artigo) ....................................................................................3
Homofobia(Anclemo Gois) ........................................................................................................................4
Jogo da memória (Artigo) ..........................................................................................................................4
Presídio na mão dos chaveiros ................................................................................................................6
Hora certa, palavra errada .........................................................................................................................6
A infantaria antiaborto ................................................................................................................................7
O preconceito sai do armário (A Semana) .............................................................................................8
O preservativo é nosso ..............................................................................................................................9
A grande guerra virtual (Clayton Netz) .................................................. Error! Bookmark not defined.
Entre a vida e a morte ..............................................................................................................................10
Polícia deve divulgar até terça retrato falado de suspeitos de estupro em MS ..............................13
08/08/2011 - Em entrevista à VEJA, chefe do setor de bioética dos EUA, Ezekiel Emanuel,
afirma que prevenir HIV na África e Ásia está entre os maiores desafios do mundo na área da
saúde ..........................................................................................................................................................13
08/08/2011 - Dr. Drauzio Varella alerta no Fantástico que hepatite A atinge mais crianças
pobres .........................................................................................................................................................16
08/08/2011 - Levantamento feito em São Paulo mostra que 1 em cada 10 transplantados de
fígado bebe álcool em excesso ..............................................................................................................16
FOLHA DE S. PAULO - SP | COTIDIANO
LGBT
09/08/2011
Vereadores agora querem "desaprovar" dia do hétero
PT e PSDB se articulam para pedir veto a lei
JOSÉ BENEDITO DA SILVA
DE SÃO PAULO
PT e PSDB se articulam para convencer o prefeito Gilberto Kassab (PSD) a vetar o projeto que cria o Dia do Orgulho
Heterossexual, aprovado na Câmara paulistana há menos de uma semana.
Juntos, eles têm 18 dos 55 votos -para manter um veto, são necessários 19. O gesto do prefeito tornou peça-chave para
resolver a crise política iniciada após a aprovação da proposta, do vereador Carlos Apolinario (DEM).
A aprovação foi simbólica -em tese, de toda a Casa, já que não há o voto individual.
Na prática, os dois partidos têm responsabilidade na aprovação. O PT podia ter pedido votação nominal e abriu mão. O PSDB
se omitiu. A militância gay cobrou.
Hoje, os líderes dos dois partidos -Italo Cardoso (PT) e Floriano Pesaro (PSDB)- se reúnem com entidades LGBT para discutir
como impedir que o projeto vire lei.
A saída mais à mão é convencer Kassab a vetar.
Mas há outra opção: Kassab não veta nem sanciona e o projeto volta ao Legislativo para sanção automática -a Câmara não
pode vetar projeto que ela mesmo aprovou.
Com isso, a alternativa restante seria votar outro projeto revogando a lei, o que seria embaraçoso para a Câmara.
O presidente, José Police Neto (sem partido), que é contra o Dia do Orgulho Hétero, diz que irá à reunião, mas que não pode
pedir a Kassab que vete projeto aprovado pela Casa que preside.
"Não faz nenhum sentido."
A Câmara optou pela votação simbólica para tentar encerrar um impasse que vinha se arrastando desde junho.
Parte da Casa -PT à frente- não queria votar o projeto de Apolinario, que, em represália, obstruía as votações. Na quarta-feira
passada, o líder do PT jogou a toalha.
Aceitou não pedir votação nominal e só manifestou a contrariedade da bancada.
Os tucanos não fizeram o mesmo. Segundo Pesaro, a bancada estava desmobilizada, pois naquele dia só havia previsão para
decidir projetos em primeira votação, o que não era o caso da proposta.
RIDÍCULO
Em entrevista ao programa "Hebe" (RedeTV), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse ontem que considera o projeto
"ridículo".
"Você faz isso [criar um dia] para defender uma minoria que está sendo discriminada.
O heterossexual não está sendo discriminado."
Colaborou AGUIRRE TALENTO
FOLHA DE S. PAULO - SP | OPINIÃO
AIDS
09/08/2011
Chance de viver (Tendências/Debates) (Artigo)
ANDREA MATARAZZO
A internação compulsória não é prisão, não é criminalização, tampouco é varrer o problema das drogas para debaixo do
tapete; a questão é urgente
Desde a época em que implantei as melhorias na infraestrutura da região da Luz, como então subprefeito da Sé e depois
secretário das Subprefeituras de São Paulo, há seis anos, venho observando atentamente o flagelo dos dependentes químicos
na cracolândia.
Posso afirmar: viver em completo estado de degradação não é uma escolha consciente. Ninguém que esteja gozando
minimamente de sua vontade própria pode considerar como opção a realidade dessas pessoas que seguem, todos os dias, a
única alternativa que a droga lhes proporcionou como uma dura sentença de morte.
Todos sabemos quão forte e destrutivo é o vício e quão difícil é sair dele. Nos últimos dias, a internação compulsória tem sido
citada como uma possibilidade real de tratamento para quem chegou ao último estágio da dependência.
O tema surge envolto em polêmica e contraposto ao direito de escolha, que é e deve continuar sendo um direito sagrado; mas
se tal liberdade já está tolhida pelo uso indiscriminado de drogas, não vejo como desconsiderar a prioridade do direito à vida.
Quando um dependente ainda tem a atenção de sua família, e esta tem condições para tanto, a internação compulsória é um
ato de amor. No nível mais alto do flagelo causado pela droga, ele já abandonou a família ou foi abandonado por ela. Não pode
também ser abandonado pelo poder público. A meu ver, isso é omissão de socorro.
Obviamente, a internação compulsória deve ser o último estágio de uma política pública baseada na prevenção e na repressão
ao tráfico, e isso não se faz apenas com polícia. Enquanto estivemos na prefeitura, lavamos as ruas duas vezes ao dia,
iluminamos a região da Luz, fechamos bares, hotéis, ferros-velhos e diversos estabelecimentos ilegais usados pelo crime.
Tudo isso inibiu a presença do traficante, mas em nada melhorou as condições de saúde daqueles que por lá vagavam
acendendo seus cachimbos. Para mim, essa experiência deixou claro que se aquelas pessoas não fossem afastadas dali para
tratamento adequado, nada seria capaz de salvar suas vidas.
A internação compulsória não é prisão, não é criminalização, tampouco é varrer o problema para debaixo do tapete. A questão
é urgente. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) divulgou recentemente os resultados de uma pesquisa com 131
usuários de crack atendidos em uma enfermaria de desintoxicação em São Paulo.
Em 12 anos, dos 107 pacientes, 27 tinham morrido, a maior parte de morte violenta ou de AIDS; dois estavam desaparecidos;
13 foram presos e outros 22 continuavam usando a droga. Apenas 43 deles conseguiram se curar do vício. Número pequeno,
mas que dá esperança.
Na edição da Folha de 31 de julho, o psicólogo americano Adi Jaffe, ele mesmo um ex-dependente, defendeu que "até a
reabilitação feita à força é melhor do que nada".
Jaffe foi tratado compulsoriamente, sobreviveu e retomou o controle sobre sua vida. Hoje, trabalha estabelecendo critérios para
avaliar a qualidade do tratamento para dependentes químicos. Está vivo. Creio que todos deveriam ter a mesma chance.
*ANDREA MATARAZZO é secretário da Cultura do Estado de São Paulo. Foi secretário municipal de Coordenação das
Subprefeituras de São Paulo e subprefeito da Sé (gestões Serra-Kassab), ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da
Presidência da República (1999-2001), embaixador do Brasil na Itália (2001-2002) e secretário de Energia do Estado de São
Paulo (governo Covas).
O GLOBO | RIO
LGBT
09/08/2011
Homofobia(Anclemo Gois)
Quinta agora, darão depoimento na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, RJ, as testemunhas do caso de Alexandre Thomé Ivo
Rajao, aquele rapaz de 16 anos morto em julho de 2010.
Os acusados, Erick Boa Hora Debruim, Allan Siqueira de Freitas e André Luiz Marcoge da Cruz Souza, teriam cometido o
crime por homofobia.
O ESTADO DE S. PAULO - SP | ESPAÇO ABERTO
CAMISINHA
09/08/2011
Imagem 1
Jogo da memória (Artigo)
Xico Graziano - O Estado de S.Paulo
Quem não se comunica se estrumbica. O conselho do saudoso Chacrinha parece ter atingido a turma da roça, acostumada a
levar paulada da opinião pública. Surgiu uma campanha de mídia para valorizar a agricultura. Tomara que funcione.
"Sou agro", diz o mote principal da campanha, que, segundo o ex-ministro Roberto Rodrigues, articulador do movimento,
concretiza uma ideia cultivada há tempos. Ferrenhamente, ele defende, com conteúdo e graça, a necessidade de mostrar ao
cidadão a importância da agricultura na vida da sociedade. Comunicação, afinal, é a alma do negócio.
Ninguém valoriza o que desconhece. O difícil jogo da mensagem começa por esclarecer a força econômica do campo. O Brasil
deixou de ser essencialmente agrícola. Mas sua agropecuária movimenta um complexo produtivo que, desde antes da roça até
o consumo, representa cerca de um quarto das riquezas do País.
O dinamismo do agro tem superado a média nacional. Entre 1980 e 2008, o PIB agropecuário cresceu à média de 3,8% ao
ano, enquanto o PIB geral se expandiu à taxa de 2,8%. Valiosa, e desconhecida, informação. No interior do Brasil, quando a
agricultura vai bem, o comércio se movimenta, o emprego se aquece, as pessoas se alegram.
Assusta o mundo o Brasil agropecuário. O saldo das exportações menos importações gerou, ano passado, superávit de US$
61 bilhões. Muita gente não sabe disso. São, porém, as exportações do agronegócio que pagam a conta das mercadorias
importadas. Sem as divisas oriundas da soja, de carnes, café, açúcar, suco de laranja, frutas, celulose, o padrão de consumo
dos brasileiros estaria bem abaixo do atual. E a inflação, mais elevada.
Sobram desempregados nos grandes centros urbanos. Nas movimentadas regiões agrícolas, ao inverso, faltam trabalhadores
para a faina, como agora na colheita nos cafezais mineiros e capixabas. Em todo o Centro-Oeste, requerem-se operadores de
máquinas e gerentes de produção, com salários que dobram a média nacional. Chega a ser surpreendente.
Nada disso aconteceria sem a incrível modernização tecnológica que transformou a produção agropecuária nos últimos 30
anos. Mas o passado condena. O brilho da modernidade rural se ofusca nas reminiscências do coronelismo e do escravismo,
somadas às do desmatamento histórico, marcas indeléveis cravadas nas costas dos fazendeiros.
Aqui reside o grande desafio do marketing rural: superar a imagem negativa herdada do sistema latifundiário, substituindo os
traumas idos pelas benesses presentes. Difícil jogo da memória coletiva.
Novos obstáculos se criaram, obviamente, pelas luzes da urbanização. Rápido demais, no processo do êxodo rural se gerou
uma espécie de rejeição ao modo antigo de vida, depreciando os pés sujos, que ficaram para trás. Infelizmente, o Jeca Tatu,
de Monteiro Lobato, mais alguns filmes de Mazzaropi destruíram a reputação do homem do campo. Uma tragédia cultural.
Começa, recentemente, a ser vencida essa sina. Em face dos dramas da violência e da poluição, famílias retornam ao interior,
encontrando bom emprego e melhor qualidade de vida. Jovens citadinos vestem-se de xadrez para agradar às meninas nas
festas de peão boiadeiro. Chácaras servem de palco para o bom churrasco do fim de semana campestre. Turismo de aventura
se embrenha nas matas. Revaloriza-se o espaço rural.
Está correta a campanha "Sou agro" ao destacar o vínculo, geralmente inconsciente, das pessoas com as coisas da terra.
Começa pelo alimento. Parece banal, mas muita gente perdeu a noção da labuta rural no provimento da própria mesa.
Alimentos processados e embalados escondem sua verdadeira origem.
Arroz dá em árvore ou no cacho? Brincadeiras à parte, falta transmitir conhecimentos básicos para mostrar que o labor agrário
se espraia pela sociedade. Os jovens, certamente, pouco se lembram dos cotonicultores ao vestirem seus cômodos jeans.
Muito menos os santistas sabem que aquele memorável gol do Neymar, na Vila Belmiro, contra o Flamengo contava com a
presença da pecuária no couro da bola de futebol.
Na cevada que fermenta a cerveja, no látex da seringueira que estica a CAMISINHA, na celulose do eucalipto que fabrica o
caderno escolar, na sola do sapato, no tanque de combustível do carro, no xampu, no chiclete, por onde se procura facilmente
se encontram, transfigurados em mercadorias, rastros da agropecuária.
A turma da roça está feliz, até mesmo orgulhosa, escutando no rádio e vendo na televisão atores famosos falando bem do seu
mundo. Em geral, nos noticiários, quando sai assunto sobre a agropecuária, só ressalta o lado negativo. E nas novelas,
caricaturas ridículas obrigam jovens atores ao linguajar caipira sem nunca terem eles visto uma galinha na vida.
Eu desconheço o resultado que essa campanha de mídia agora trará. Mas de uma coisa tenho certeza: as lideranças da
agropecuária também precisam ajudar a melhorar a sua imagem na sociedade. Começa pela renovação, das posições e dos
antigos discursos. Deixem os jovens ocupar o seu lugar.
Não custa, também, acertar o vocabulário. Não me refiro ao linguajar do erre carregado. Falo do cuidado com os termos.
Noutro dia, por exemplo, lá em Ribeirão Preto, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, empolgado, desatou a discursar: "Aqui
está a cadeia do café, ali vejo a cadeia do etanol, lá a cadeia do boi...". Coisa mais pejorativa!
Cadeia é lugar de bandido. Agronegócio já anda uma palavra estigmatizada. Agora, referir-se à cadeia produtiva excluindo seu
complemento adjetivado complica mais. Economiza palavra, mas destrói a comunicação da turma da agropecuária.
Assim, nem Lima Duarte e Giovanna Antonelli resolvem isso!
AGRÔNOMO, FOI SECRETÁRIO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DE SÃO PAULO.
E-MAIL: [email protected]
DIÁRIO DE PERNAMBUCO - PE | VIDA URBANA
DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS
09/08/2011
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Presídio na mão dos chaveiros
Um grupo de extermínio administra o Presídio Professor Aníbal Bruno. A informação faz parte da série de denúncias contidas
num relatório produzido pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O material foi encaminhado ao Ministério das Relações Exteriores, com o pedido de urgência para que medidas cautelares
sejam tomadas, evitando maus-tratos aos detentos. Cerca de 4,8 mil homens estão presos no Aníbal Bruno, quando a
capacidade máxima é de 1,4 mil. Desde janeiro de 2008, segundo relatório, 94 pessoas foram mortas no presídio, sendo a
maioria de forma violenta. O governo federal deve se pronunciar sobre as irregularidades até o dia 24. Já a Secretaria de
Ressocialização do estado promete mudanças em setembro, quando as obras que dividem o espaço em três unidades serão
concluídas. O relatório aponta que um grupo conhecido por "milícia dos chaveiros" é responsável por ditar as regras e
desempenhar a função dos agentes de segurança, que, por conta da superlotação na unidade, não conseguem manter o
controle necessário. "O Aníbal Bruno funciona na base da violência", descreve o relatório. O documento encaminhado à OEA é
assinado por organizações de direitos humanos, entre elas a Pastoral Carcerária e o Serviço Ecumênico de Militância nas
Prisões. O secretário de Ressocialização, coronel Romero Ribeiro, disse que o relatório foi elaborado a partir de uma análise
feita em 2008. "Os questionamentos já foram respondidos no mês passado. Os governos estadual e federal investiram R$ 26
milhões na reforma do presídio. Em setembro, as três unidades distintas serão inauguradas. A mudança vai acontecer de
forma tranquila. Também vamos nomear novos agentes penitenciários e acabar com os chaveiros", garantiu.
Saúde A denúncia feita pela OEA também destaca a falta de tratamento médico aos presos. Segundo o relatório, os doentes
com ferimentos graves, TUBERCULOSE ou doenças sexualmente transmissíveis são mantidos num pavilhão separado. No
entanto, não recebem tratamento de saúde adequado e ainda ficam expostos a infecções. O secretário Romero Ribeiro disse
que a qualidade de vida dos detentos também irá melhorar com a reforma do presídio. "Serão três ambulatórios médicos e três
setores psicossociais." A previsão inicial de inauguração era no ano passado.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO - PE | VIVER
LGBT
09/08/2011
Imagem 1
Hora certa, palavra errada
Sei não. Algo de estranho acontece em Insensato coração. Sugiro acionar a clarividência de O astro para ajudar o
telespectador a não fomentar a ideia de que a trama das nove da Globo adquiriu status de insensata direção. Mas a novela tem
dado sinais de fraqueza de argumentos, o que pode ser visto tanto nos rumos dos casais gays quanto na condução dos
destinos de personagens - chave da trama, como Norma (Glória Pires) e Léo (Gabriel Braga Nunes). Norma, segundo se
especula, teria uma boa carta na manga para mostrar antes do fim da história, que está próximo.
Espetacular, a propósito, é o verbo do momento a compor a aura da novela de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Pelo menos
em efeitos especiais. A fuga de Horácio (Herson Capri), por exemplo, só perde para aquelas clássicas passagens de desenhos
animados em que um personagem, do nada, saca uma banana de dinamite e coloca no bolo de aniversário (também surgido
de repente) para explodir na mão do outro, bobão. Difícil imaginar como um preso consegue não chamar a atenção ao sacudir
os braços para o alto, sinalizando para o helicóptero de seu salvador, que atira e mata todo mundo - menos, claro, Horário,
milagrosamente içado às alturas da liberdade.
Ok, esses recursos over fazem parte. Mas há exageros mais interessantes de se degustar em Insensato coração. O mais
prazeroso deles é a inconveniente Tia Neném (Ana Lúcia Torre). No decorrer da trama, a atriz entregou-se com tamanha
paixão à sua personagem que prolongou sua estada (estava fadada a durar pouco tempo, na sinopse original). Dissimulada,
ela tem o dom de constranger, sempre chegando na hora certa com a palavra errada - é o terror de quem tem algo a esconder.
Com jeitinho, Ana Lúcia emplacou Tia Neném no gosto popular. Desenvolveu, pouco a pouco, um dom oficialmente criado para
a Natalie (Deborah Secco). Questão de estrada. Por mérito próprio, Deborah ainda chega lá, após sucessivos casos de
insistência da produção das novelas da Globo. Mas a bola da vez, a meu ver, é de Ana Lúcia. Ela distrai a gente enquanto a
direção parece não saber o que fazer.
CARTA CAPITAL |
AIDS
08/08/2011
A infantaria antiaborto
DIREITOS CIVIS | No Congresso, há mais projetos para aumentar as punições e restringir a opção da mulher do que o
contrário
DESDE O FIM da ditadura, a pauta antiaborto nunca esteve tão forte no Congresso. Ao todo, há 30 projetos de lei que, entre
outras medidas, pedem a inclusão do aborto no rol de crimes hediondos, o endurecimento das penas aplicadas às mulheres
que interrompem a gravidez ou aos profissionais de saúde que as auxiliem, bem como a oferta de pensão à mãe que abdicar
do direito de abortar em caso de estupro ou o reconhecimento da vida desde a concepção, o que, em tese, inviabiliza as
pesquisas com células-troco embrionárias,liberadas pelo Supremo Tribunal Federal em 2008.
Na outra ponta, apenas um projeto prevê uma legislação mais branda. Apresentado em 2004, ele admite o aborto em caso de
anomalia fetal, tema sobre o qual o STF deve se pronunciar antes do Legislativo. Nenhuma proposta prevê o abortamento sem
restrições dentro de determinado tempo gestacional, como ocorre nos Estados Unidos e na maioria dos países da Europa
Ocidental.
Além disso, após a conturbada eleição de 2010, o governo federal decidiu retirar-se de qualquer discussão sobre mudanças no
marco regulatório "A sociedade brasileira não amadureceu o debate sobre o tema e não faz sentido propor mudanças na lei a
favor da descriminalização do aborto. Tampouco vamos compartilhar de qualquer agenda que proponha endurecimento de
penas ou reforce a lógica punitiva", diz o secretário nacional de Atenção à Saúde, Helvécio Magalhães. "Nosso foco é investir
no planejamento familiar e orientar a rede pública a oferecer atendimento humanizado às mulheres que abortaram,
independentemente de a prática ter sido legal ou não."
Diante do avanço da agenda conservadora, pesquisadores e movimentos feministas organizam um abaixo-assinado contra o
que chamam de "retrocesso em matéria de direitos sexuais e reprodutivos". Questionam, sobretudo, a tentativa de acrescentar
ao artigo 5° do texto constitucional a expressão "desde a concepção" na parte que trata da inviolabilidade do direito à vida. A
iniciativa, avaliam, "pode criar barreiras desnecessárias para o acesso à contracepção e à anticoncepção de emergência."
A medida está contemplada no projeto do Estatuto do Nascituro, que prevê a possibilidade de o Poder Executivo conceder
pensão à mãe que mantenha a gravidez decorrente de estupro até que o filho complete 21 anos. O texto, relatado pela
deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) na Comissão de Seguridade, encontra-se agora na banca de Finanças. "A sociedade
está dizendo que não aceita o aborto", observou a relatora.
A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro preparou, porém, um parecer contrário ao projeto para apresentar ao
Congresso em breve. "A proposta atropela princípios ético-jurídicos e legitima a violência contra a mulher, ao se propor que ela
seja "paga" pelo Estado para ter um filho gerado por estupro", diz Maíra Fernandes, presidente da comissão de bioética da
OAB-RJ.
De acordo com Sônia Corrêa, pesquisadora associada da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS, as iniciativas não são
novas. Em 1988, grupos conservadores haviam tentado, em vão, incluir no texto da Constituição a "inviolabilidade do direito à
vida desde a concepção". Em1995, a bancada religiosa apresentou proposta de emenda constitucional para, outra vez, tentar
criminalizar o aborto em qualquer circunstância. A PEC foi rejeitada em abril de 1996, com 351 votos contra e 33 a favor. Em
2003, o ex-deputado Severino Cavalcanti fez nova proposta com teor semelhante, arquivada em 2007. "Parlamentar
escatólicos, evangélicos e espíritas se unem nessa pauta e, a cada legislatura, reapresentam projetos outrora rejeitados".
Entre 2004 e 2005, o presidente Lula encampou o debate com a formação de uma comissão tripartite, com representantes do
Executivo, do Legislativo e da sociedade civil. O comitê propôs uma legislação que permitia o aborto até os três primeiros
meses de gestação. Desgastado com as denúncias do mensalão, o governo recuou na hora de apresentar o texto ao
Congresso. Coube à deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) bancar a proposta na forma de projeto substitutivo, que acabou
arquivado.
"A lei pretende inibir o aborto, mas isso não ocorre na prática. Trata-se de uma política criminal inócua.A mulher interrompe a
gravidez de qualquer jeito, em clínicas clandestinas ou sozinha. Isso expõe a mãe a riscos desnecessários, sobretudo as mais
pobres", comenta o advogado Pedro Abramovay, secretário nacional de Justiça à época em que o projeto foi apresentado.
Todos os anos, o Sistema Único de Saúde interna mais de 200 mil mulheres para realizar curetagens ou tratar complicações
decorrentes de abortos, boa parte deles, senão a maioria, por procedimentos não autorizados pela lei. Os abortos malsucedidos matam 3,4 mulheres para cada 100 mil nascidos vivos e são uma das cinco principais causas de morte materna do
País. Além disso, estudo da Universidade de Brasília (UnB), divulgado em 2010, revela que uma em cada cinco brasileiras já
abortou na vida. Dentre elas, 29% têm mais de 30 anos, 64% são casadas e 81% têm filhos.
"Até quando vamos fingir que esse problema de saúde pública não existe?", pergunta a advogada Beatriz Galli, integrante do
Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher. "Hoje, em Mato Grosso do Sul, continuam a
ocorrer mais de mil processos contra mulheres que realizaram abortos desde o estouro de uma clínica clandestina em 2007,
todas ela perseguidas após a polícia violar o sigilo dos prontuários médicos."
A persistência dessa lógica punitiva, avalia Galli, representa um descumprimento de acordos assumidos pelo Brasil, como as
diretrizes aprovadas pelas Nações Unidas nas Conferências do Cairo (1994) e de Pequim (1995), nas quais os países
assumiram o compromisso de encarar o aborto como tema de saúde pública e de rever as leis punitivas. Hoje, 61% da
população mundial vive em nações que preveem o aborto sem restrições até certo período da gestação, segundo o Center for
Reproductive Law and Police.
Com o crescimento da bancada religiosa no Congresso - que aumentou sua representação em mais de 50% nas últimas
eleições -, a perspectiva de legalização do aborto está distante."A Frente Parlamentar em Defesa da Vida está inundando a
Câmara de projetos retrógrados para evitar qualquer ampliação do debate. A verdade é que os deputados mais progressistas
se sentem até acuados, porque somos rotulados como assassinos por muitos colegas", reclama o deputado Dr. Rosinha (PTPR). "Sou cristão e contra o aborto. Mas não faço legislação para mim.
"A esperança, agora, é com o avanço desse debate nos demais países da América Latina. A Cidade do México liberou o aborto
recentemente. A Argentina está prestes a votar uma legislação mais permissiva. Espero que o Brasil siga o exemplo dos
países vizinhos e pare de criminalizar as mulheres", avalia Maria José Rosado, da ONG Católicas pelo Direito de Decidir. POR
RODRIGO MARTINS
------------Após as baixarias na eleição de 2010, o governo Dilma decidiu ficar longe do tema. A ala conservadora aproveita
CARTA CAPITAL |
LGBT
08/08/2011
O preconceito sai do armário (A Semana)
AUTOAFIRMAÇÃO? | Vereadores paulistanos aprovam o "Dia do Orgulho Heterossexual"
CAUSOU REBULIÇO o projeto de lei aprovado pela Câmara Municipal de São Paulo, na terça-feira 2, que instituiu o Dia do
Orgulho Heterossexual. A proposta, segundo seu autor, o vereador Carlos Apolinário (DEM-SP), é uma forma de provocar
reflexão sobre o que ele chama de "excesso de proteção" e "privilégios" dispensados aos homossexuais nos dias de hoje.
Entre as "regalias" citadas por ele, está o direito de a comunidade gay se reunir, uma vez por ano, na Avenida Paulista, para
manifestar que não tem medo ou vergonha da própria orientação sexual "Hoje em dia a pessoa vai para a televisão e só falta
dizer:"não basta ser gay, tem de participar"", queixou-se o vereador em entrevista ao site de CartaCapital.
Horas depois da aprovação da lei, 237 associações do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e TRANSEXUAIS) se
uniram para pedir ao prefeito Gilberto Kassab que vete a lei. Em carta, as entidades declararam: "Quantas pessoas LGBT mais
serão agredidas diante da mensagem, dada pelo próprio poder público, que somente a heterossexualidade faz de alguém uma
pessoa moral e boa cidadã?"
Na quinta-feira 4, a tensão chegou ao site pessoal do vereador, atacada por hackers que protestavam contra o que chamavam
de contribuição à "propagação de ódio e discriminação". "No Brasil, um HOMOSSEXUAL é morto a cada 36 horas, esse tipo
de crime aumentou 113% nos últimos cinco anos. Em 2010, foram 260 mortos. Apenas nos três primeiros meses deste ano
foram 65 assassinatos", lembraram os autores da ação.
ÉPOCA |
AIDS | CAMISINHA | DOENÇAS SEXUALMENTE TRANSMISSIVEIS | CONTRACEPTIVOS
08/08/2011
O preservativo é nosso
O que leva o governo federal a gastar R$ 18 milhões por ano numa fábrica de camisinhas?
Keila Cândido
Rogério Cassimiro/Época
A MÃO DO ESTADO
Produção de camisinhas da Natex, no Acre. A fábrica estatal incentiva o extrativismo de látex no Amazonas
O complexo de edifícios verde-claros da Natex, com 4.600 metros quadrados, fica a 6 quilômetros de Xapuri, no Acre. Dentro,
as paredes são brancas, assim como os uniformes, as toucas e as máscaras dos funcionários. Ali o Brasil defende sua
soberania na produção de CONTRACEPTIVOS masculinos do tipo barreira, conhecidos popularmente como camisinhas. A
empresa foi criada com investimento conjunto do governo federal e o do Acre, em 2006. Sua implantação custou R$ 31
milhões. É administrada pela Fundação de Tecnologia do Acre, entidade sem fins lucrativos ligada ao governo estadual.
Emprega 160 funcionários públicos, alguns deles nomeados. O Ministério da Saúde compra toda a produção da fábrica, o que
garante seus custos de manutenção, de R$ 18 milhões por ano. A empreitada vai crescer. Em fevereiro, o governador Tião
Viana anunciou que o Acre e o governo federal vão investir R$ 36 milhões, até 2014, para dobrar a produção. O investimento,
no entanto, levanta dúvidas. Por que o Brasil precisa de uma estatal da CAMISINHA? Qual seria o interesse estratégico para
manter esse negócio sob a tutela do Estado?
O grande motivo seria a garantia de abastecimento. O Ministério da Saúde distribui 1,2 bilhão de camisinhas por ano em
campanhas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DST), como a AIDS. Cerca de 80% dos PRESERVATIVOS
distribuídos pelos serviços de saúde dos Estados são fornecidos pelo governo federal. "O mercado não atende à quantidade de
que o governo precisa, e a Natex garante parte", afirma Ellen Zita Ayer, assessora técnica do DEPARTAMENTO DE
DST/AIDS e Hepatites Virais do ministério.
Mas esse argumento tem duas falhas. Primeiro, a produção da Natex atende a apenas 8% da demanda do governo. E,
segundo, a necessidade brasileira pode ser facilmente atendida pelo mercado mundial, que tem capacidade para produzir 9
bilhões de camisinhas por ano. Comprar do exterior é financeiramente mais vantajoso. O governo importa 92% de suas
camisinhas da Índia e da Tailândia, ao preço unitário de R$ 0,07. As camisinhas Natex custam mais que o dobro: R$ 0,18.
Se a garantia de abastecimento não explica a existência da fábrica estatal, ela pode ter uma justificativa ecológica e social. É
uma forma de aumentar a renda dos seringueiros, que vivem do extrativismo em reservas florestais do Acre. Sem esse
negócio, eles dependeriam da venda da castanha. A venda do látex incentiva a manutenção da floresta em pé. A Natex
compra anualmente 500.000 litros de látex, coletado por 700 famílias de seringueiros da Reserva Ecológica Chico Mendes.
"Para desenvolver uma política pública com base na economia florestal, o governo do Acre fez a parceria com o governo
federal e criou a Natex", afirma o gerente-geral da fábrica, Dirlei Bersch. "Assim, foi possível industrializar o interior do Acre e
criar mais oportunidades para quem mora lá."
No entanto, há outras formas de o governo garantir o sustento das famílias de seringueiros sem precisar se envolver em algo
que não é sua especialidade. O economista Mario Monzoni, diretor do Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação
Getulio Vargas, em São Paulo, diz que o governo não deveria atuar diretamente nesse tipo de atividade econômica. Para
incentivar a produção das comunidades extrativistas, sugere outras estratégias mais eficazes. "O governo poderia estimular a
ida de empresas para essa região dando isenção de alguns impostos." Uma alternativa seria privatizar a administração da
fábrica, obrigando o concessionário a comprar dos seringueiros locais.
VEJA | ENTREVISTA
AIDS
07/08/2011
Entre a vida e a morte
Entrevista EZEKIEL EMANUEL
O chefe do setor de bioética do governo americano diz que nenhum sistema público do mundo consegue atender em igualdade
de condições todas as pessoas necessitadas
O médico Ezekiel Emanuel. 54 anos, é diretor de bioética dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). Com
dois diplomas de Harvard (medicina e filosofia política), universidade da qual foi também professor, foi assessor de dois
presidentes (Bill Climon e Barack Obama) e escreveu nove livros sobre os dilemas morais da medicina. Fora do ambiente
acadêmico, contudo, tornou-se mais conhecido pelo apelido maldoso de "Dr. Morte", cunhado por uma colunista de jornal que o
acusava de estar, no fundo, pregando a negação de tratamento pelo sistema de saúde pública a velhos e doentes terminais.
Filho de um imigrante israelense, ele é irmão de Rahm Emanuel, prefeito de Chicago e ex-chefe de gabinete de Obama. Em
São Paulo, onde esteve na semana passada para uma conferência médica, Ezekiel Emanuel concedeu a seguinte entrevista a
VEJA.
----------------------------"Todas as vidas humanas têm o mesmo valor. Mas ética no setor de saúde também é salvar o maior número possível de vidas,
e não uma pessoa apenas"
------------------------------O senhor tentou realmente instituir no serviço de saúde americano uma comissão para decidir sobre a eutanásia de pacientes
idosos e pobres?
Durante meu mandato como conselheiro do presidente Barack Obama, escrevi um artigo para a revista científica The Lancer
que discorria sobre quais pacientes deveriam ser privilegiados pelo sistema de saúde em situações de falta aguda de recursos.
Referia-me a situações extremas, como a vacinação em casos de pandemia, quando faltam vacinas para todos e é preciso
decidir quem será ou não imunizado. Nessas condições, a recomendação do governo dos EUA e de outros países é que se
favoreçam os mais jovens. O mesmo acontece quando você tem apenas um fígado para transplante, mas três pacientes
precisam do órgão com urgência, outro caso mencionado no meu texto. Quem será o beneficiado? Uma criança de 2 anos, um
jovem de 20 ou um idoso de 70? Qualquer pesquisa de opinião, em qualquer lugar do planeta, vai mostrar que 70% da
população, seja americana, seja brasileira, decidirá pelo jovem de 20 anos. E eticamente defensável. Nesse caso, a maioria do
público concorda comigo.A filosofia também. Não estou nem um pouco constrangido por ter escrito isso. Na medicina, muitas
vezes é preciso fazer escolhas difíceis. Isso acontece com muito mais frequência do que as pessoas imaginam ou querem crer.
O senhor está dizendo que o sistema de saúde escolhe quem vai viver, quem vai morrer?
Isso ocorre nos países mais pobres, sem infraestrutura. Nos Estados Unidos, esse tipo de situação não existe no dia a dia da
medicina, Só temes racionamento em situações-limite. Não há como negar que, em relação ao transplante de fígado, há, sim,
um problema a ser resolvido. No passado, a preocupação era o número limitado de máquinas de diálise. Chegou a ser formado
um "Comitê de Deus", composto de médicos que decidiam quem seria tratado. Isso não existe mais..No restante da saúde
americana, não há racionamento. Hoje, o gasto do sistema de saúde por pessoa nos Estados Unidos, em relação ao PIB per
capita, é um dos maiores do mundo. E uma vantagem e tanto. Não temos de decidir para onde vão as verbas. Talvez os
médicos brasileiros tenham de tomar decisões difíceis com mais frequência, infelizmente. Quando os hospitais públicos não
dispõem de vagas suficientes nas UTIs para atender a população, é preciso decidir quem ocupará o leito da forma mais ética e
moral possível.
Como é possível decidir que uma vida humana tem mais valor que outra?
Existe, sim, um princípio ético de igualdade segundo o qual todas as vidas humanas têm o mesmo valor e merecem o mesmo
tratamento. Concordo com isso. O problema é que não há somente um princípio ético. Existe uma lista enorme de outros
princípios. Para ser ético quando se trata da saúde da população de um país, é preciso salvar o maior número de vidas
possível. não pensar em salvar uma vida apenas. Outro princípio estipula que é preciso salvar pacientes com mais anos de
vida pela frente. As pessoas são muito simplistas ao tratar de um assunto tão complexo.
A tecnologia permite manter vivos miihares de pessoas com pouquíssimas chances de recuperação. O sonhar é a favor da
eutanásia nesses casos? Sou oncologista. Durante meus anos de prática médica, tive de vivenciar, centenas de vezes,
situações em que não existe tratamento capaz de diminuir um tumor e em que o paciente vai morrer inevitavelmente. Nesses
casos, acho que é dever do médico conversar com a família e decidir o que é melhor para garantir ao paciente um fim digno,
sem sofrimento, como tornar menos dolorosas as últimas semanas ou meses. Só uma pessoa totalmente insensível negaria a
um paciente o direito de morrer quando a vida se toma pior do que a morte. Apesar de pensar assim, sou totalmente contra a
legalização da eutanásia, o que 6 bem diferente. Isso abriria precedentes para a ocorrência de milhares de mortes
desnecessárias.
Por que o senhor é contra a legalização da eutanásia?
Por três razões principais. Primeira, porque, num mundo cada vez mais cheio de velhos, pessoas mal-intencionadas podem se
apropriar de uma legislação que permite a eutanásia para matar quem ainda quer e tem o direito de continuar vivo. Segunda,
porque para muitos médicos, é mais fácil aplicar uma injeção em um paciente à beira da morte do que tratá-lo. E
emocionalmente exaustivo, um verdadeiro fardo para os médicos e outros profissionais de saúde, acompanhar diariamente um
paciente assim e presenciar o sofrimento de seus familiares. Terceira, porque a eutanásia não é um assunto relevante para a
maioria da população. Basta olhar a experiência holandesa. Na Holanda, onde a eutanásia é legalizada, só 3% das pessoas
morrem dessa forma. Os outros 97% dos pacientes não estão interessados nisso. E preciso gastar energia para criar uma
legislação que beneficie a vida dos 97% que querem continuar respirando, não o contrário.
O senhor é contra a eutanásia mesmo quando se trata de pôr término a uma existência em estado vegetativo ou a dores
insuportáveis, que droga nenhuma é capaz de eliminar?
É um equívoco achar que a maior parte das pessoas que pedem para morrer está sofrendo imensa dor. A maioria delas está
deprimida ou perdeu as esperanças. Para essas pessoas, melhor do que dar uma injeção mortal é tratá-las com ajuda
psiquiátrica, terapia, antidepressivos e medicamentos adequados.
O que fazer com os pacientes em come irreversível?
Muitos médicos, em diversos países, já optam por interromper o tratamento em casos de pacientes em estado vegetativo. Um
médico responsável pode decidir se é hora de desligar os tubos ou parar com a.medicação. Isso não é o mesmo que dar uma
injeção letal em uma pessoa à beira da morte. Não é eutanásia. E uma medida ética, que garante um fim digno. Os Estados
tinidos são o país que mais gasta.em saúdes Apesar disso, a sistema de saúde pública americano é considerado inferior em
comparação ao de muitos países industrializados. O que há de errado?
------------"Há situações em que não existe tratamento e o paciente vai morrer inevitavelmente. Nesses casos, é dever do médico
conversar com a família e decidir o que é melhor para garantir um fim digno e sem sofrimento"
------------Quando os países enriquecem, eles passam a gastar mais com saúde. Na década de 30 os Estados Unidos gastavam 3% do
PIB em saúde e as pessoas viviam até os 60 anos. Atualmente, o país despende cinco vezes mais, algo em torno de 2 trilhões
de dólares por ano. Isso garante assistência a 200 milhões de americanos, cuja expectativa de vida beira os 80 anos. A
projeção é que os gastos com saúde dupliquem ou tripliquem em três décadas. Não vejo problema nenhum em gastar dinheiro
com saúde pública. O problema é gastar e distribuir essa montanha de dólares de forma eficiente. É preciso adaptar o sistema
americano e outros sistemas de saúde a uma nova realidade. A população mundial está envelhecendo. Isso implica mais
doenças crônicas, mais tratamentos, mais internações e, obviamente, maiores gastos.
Como um sistema de saúde pode lidar com o envelhecimento da população?
Sou otimista em relação ao futuro da saúde tanto nos Estados Unidos quanto em outros países, como o Brasil, mesmo com o
aumento da longevidade. O envelhecimento da população por si só tem pouco impacto sobre o custo do sistema. Nos Estados
Unidos, as mudanças demográficas respondem por apenas 2% no aumento total dos gastos com saúde. O que realmente pesa
no custo do sistema de saúde americano é a necessidade de acompanhar os avanços tecnológicos. Novas técnicas,
equipamentos e remédios encarecem em 40% a 60% o custo dos tratamentos. No decorrer da próxima década, porém, a
tecnologia médica tende a ficar menos onerosa, da mesma forma que ocorreu com os televisores e, mais recentemente, com
os telefones celulares. Até que isso se reflita no custo dos tratamentos é vital investir em prevenção. Por isso as campanhas
contra o fumo, a obesidade e a favor de uma vida mais saudável são imprescindíveis neste período de transição. A médio e
longo prazo, as tecnologias vão ajudar a reduzir o custo da saúde, aumentando o grau de segurança dos hospitais, diminuindo
a incidência de erros médicos e prevenindo mais eficientemente as doenças crônicas.
O que um governo deve oferecer à população em termos de assistência médica?
Nenhum sistema público de saúde consegue solucionar todos os problemas e atender todas as pessoas. O estado tem o dever
de fornecer a assistência básica de forma eficiente. Ou seja, prover hospitalização em casos graves, estabelecer programas de
prevenção, dar vacinas. Mas quem não quer dividir o quarto de um hospital com outra pessoa tem de pagar por esse luxo;
Quem quer se tratar com medicina alternativa também tem de enfiar a mão no bolso. Para mim, isso é eticamente aceitável. O
problema é que as pessoas olham o tratamento que os ricos conseguem ter e acham que o governo tem a obrigação de
fornecer a mesma qualidade e diversidade. Nunca foi e nunca será assim. Os ricos sempre vão ter mais do que os pobres
porque eles podem pagar. Não podemos definir o que é ético e moralmente aceitável em um sistema de saúde com base no
tratamento que os ricos conseguem obter. Para saber se um governo cumpre sua obrigação moral em relação à saúde, devese perguntar o que é garantido pelo governo aos pobres. Se os pobres têm direito ao básico, de forma eficaz, então o sistema
cumpre seu papel.
A Constituição brasileira estabelece que a saúde é um direito do cidadão e um dever do estado. O senhor considera esses
enunciados realistas? Os economistas dizem que tudo o que 6 gratuito acaba provocando abusos. E uma regra econômica
básica. Quando se estipula que a saúde é um dever do estado, qualquer cidadão pode pleitear na Justiça tratamentos caros e
dispendiosos que não são cobertos automaticamente pelo sistema público. Quem vai aos tribunais tem muita chance de
ganhar. Que juiz não se comove diante do sofrimento de um doente? O problema 6 que isso não é ético, não é justo com as
outras pessoas que dependem do mesmo sistema. Como determinar que parte dos recursos destinados à compra de
medicamentos, por exemplo, pode ser redirecionada para tratamentos caros autorizados pela Justiça? É uma questão muito
delicada. Não sei o que os governantes brasileiros estavam pensando quando inseriram isso na Constituição.
Qual é seu maior desafio atual no cargo que ocupa?
Durante os oito anos do presidente George W. Bush, o governo americano cortou as verbas para pesquisas com células-tronco
embrionárias. Conseguimos reverter essa situação em 2009, o que foi uma grande vitória para todos os americanos. Além
dessa quest90, que já foi resolvida, acredito que um dos desafios é tornar mais eficiente a prevenção da malária e da AIDS em
países da África e da Ásia com os 10 bilhões de dólares destinados anualmente para esses fins. Há quem pense que os
americanos são muito conservadores e que, todos os dias, tenho de lidar com manifestantes contra o aborto ou o uso de
células-tronco embrionárias. Isso é um equívoco. Meu maior desafio é gastar bem o dinheiro público para melhorar a vida dos
outros.
----------------"As pessoas olham o que os ricos têm e acham que o governo deve lhes dar o mesmo. Não é isso que determina o que é ético.
Se os pobres têm direito ao básico, de forma eficaz, então o sistema de saúde cumpre seu papel"
G1 |
AIDS | ANTICONCEPCIONAIS
09/08/2011
Polícia deve divulgar até terça retrato falado de suspeitos de estupro em MS
A perícia coletou nesta segunda-feira impressões digitais no local do crime.
Ela foi violentada após sair do trabalho em um shopping de Campo Grande.
8/08/2011 19h24
A Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) deve divulgar até está terça-feira (9) o retrato
falado dos dois suspeitos de terem estuprado uma adolescente de 16 anos, na avenida Afonso Pena, a principal de Campo
Grande, na noite deste domingo (8).
Com base nas informações da vítima, a delegada Regina da Mota, diz que o perito começou a elaborar nesta segunda-feira à
tarde o desenho dos suspeitos.
Regina comenta que ainda no domingo, a vítima passou por exames de corpo de delito que comprovaram a violência sexual.
Além disso, ela recebeu em uma unidade de saúde o coquetel de remédios para evitar a infecção pelo vírus HIV e
ANTICONCEPCIONAIS.
De acordo com a delegada, nesta segunda-feira também foram feitas novas investigações no local onde teria ocorrido o
estupro. A perícia coletou, inclusive, impressões digitais que podem auxiliar a identificar os suspeitos pelo crime.
O caso
Segundo relato à polícia, por volta das 20h15, a garota havia saído do trabalho, em um shopping, quando foi rendida por dois
homens em um ponto de ônibus em frente ao centro comercial.
Após o estupro, a adolescente entrou em contato com a família, pedindo ajuda. De acordo com a polícia, familiares a
encontraram e a levaram para a delegacia de plantão.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AIDS |
AIDS
08/08/2011
08/08/2011 - Em entrevista à VEJA, chefe do setor de bioética dos EUA, Ezekiel Emanuel,
afirma que prevenir HIV na África e Ásia está entre os maiores desafios do mundo na
área da saúde
08/08/2011 - 10h30
O médico Ezekiel Emanuel. 54 anos, é diretor de bioética dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH). Com
dois diplomas de Harvard (medicina e filosofia política), universidade da qual foi também professor, foi assessor de dois
presidentes (Bill Climon e Barack Obama) e escreveu nove livros sobre os dilemas morais da medicina. Fora do ambiente
acadêmico, contudo, tornou-se mais conhecido pelo apelido maldoso de "Dr. Morte", cunhado por uma colunista de jornal que o
acusava de estar, no fundo, pregando a negação de tratamento pelo sistema de saúde pública a velhos e doentes terminais.
Filho de um imigrante israelense, ele é irmão de Rahm Emanuel, prefeito de Chicago e ex-chefe de gabinete de Obama. Em
São Paulo, onde esteve na semana passada para uma conferência médica, Ezekiel Emanuel concedeu entrevista à VEJA.
Ele disse à revista, por exemplo, que quando se estipula que a saúde é um dever do Estado, como acontece no Brasil,
qualquer cidadão pode pleitear na Justiça tratamentos caros e dispendiosos que não são cobertos automaticamente pelo
sistema público. O problema, segundo ele, é que isso não é ético, e não é justo com as outras pessoas que dependem do
mesmo sistema. "Como determinar que parte dos recursos destinados à compra de medicamentos, por exemplo, pode ser
redirecionada para tratamentos caros autorizados pela Justiça? É uma questão muito delicada. Não sei o que os governantes
brasileiros estavam pensando quando inseriram isso na Constituição", comentou.
Ezekiel disse ainda que um dos maiores desafios do mundo na área da saúde é tornar mais eficiente a prevenção da malária e
da AIDS em países da África e da Ásia com os 10 bilhões de dólares destinados anualmente para esses fins.
Leia a seguir a entrevista na íntegra:
VEJA: O senhor tentou realmente instituir no serviço de saúde americano uma comissão para decidir sobre a eutanásia de
pacientes idosos e pobres?
Ezekiel: Durante meu mandato como conselheiro do presidente Barack Obama, escrevi um artigo para a revista científica The
Lancer que discorria sobre quais pacientes deveriam ser privilegiados pelo sistema de saúde em situações de falta aguda de
recursos. Referia-me a situações extremas, como a vacinação em casos de pandemia, quando faltam vacinas para todos e é
preciso decidir quem será ou não imunizado. Nessas condições, a recomendação do governo dos EUA e de outros países é
que se favoreçam os mais jovens. O mesmo acontece quando você tem apenas um fígado para transplante, mas três
pacientes precisam do órgão com urgência, outro caso mencionado no meu texto. Quem será o beneficiado? Uma criança de 2
anos, um jovem de 20 ou um idoso de 70? Qualquer pesquisa de opinião, em qualquer lugar do planeta, vai mostrar que 70%
da população, seja americana, seja brasileira, decidirá pelo jovem de 20 anos. É eticamente defensável. Nesse caso, a maioria
do público concorda comigo. A filosofia também. Não estou nem um pouco constrangido por ter escrito isso. Na medicina,
muitas vezes é preciso fazer escolhas difíceis. Isso acontece com muito mais frequência do que as pessoas imaginam ou
querem crer.
O senhor está dizendo que o sistema de saúde escolhe quem vai viver, quem vai morrer?
Isso ocorre nos países mais pobres, sem infraestrutura. Nos Estados Unidos, esse tipo de situação não existe no dia a dia da
medicina, Só temes racionamento em situações-limite. Não há como negar que, em relação ao transplante de fígado, há, sim,
um problema a ser resolvido. No passado, a preocupação era o número limitado de máquinas de diálise. Chegou a ser formado
um "Comitê de Deus", composto de médicos que decidiam quem seria tratado. Isso não existe mais. No restante da saúde
americana, não há racionamento. Hoje, o gasto do sistema de saúde por pessoa nos Estados Unidos, em relação ao PIB per
capita, é um dos maiores do mundo. É uma vantagem e tanto. Não temos de decidir para onde vão as verbas. Talvez os
médicos brasileiros tenham de tomar decisões difíceis com mais frequência, infelizmente. Quando os hospitais públicos não
dispõem de vagas suficientes nas UTIs para atender a população, é preciso decidir quem ocupará o leito da forma mais ética e
moral possível.
Como é possível decidir que uma vida humana tem mais valor que outra?
Existe, sim, um princípio ético de igualdade segundo o qual todas as vidas humanas têm o mesmo valor e merecem o mesmo
tratamento. Concordo com isso. O problema é que não há somente um princípio ético. Existe uma lista enorme de outros
princípios. Para ser ético quando se trata da saúde da população de um país, é preciso salvar o maior número de vidas
possível. não pensar em salvar uma vida apenas. Outro princípio estipula que é preciso salvar pacientes com mais anos de
vida pela frente. As pessoas são muito simplistas ao tratar de um assunto tão complexo.
A tecnologia permite manter vivos miihares de pessoas com pouquíssimas chances de recuperação. O sonhar é a favor da
eutanásia nesses casos?
Sou oncologista. Durante meus anos de prática médica, tive de vivenciar, centenas de vezes, situações em que não existe
tratamento capaz de diminuir um tumor e em que o paciente vai morrer inevitavelmente. Nesses casos, acho que é dever do
médico conversar com a família e decidir o que é melhor para garantir ao paciente um fim digno, sem sofrimento, como tornar
menos dolorosas as últimas semanas ou meses. Só uma pessoa totalmente insensível negaria a um paciente o direito de
morrer quando a vida se toma pior do que a morte. Apesar de pensar assim, sou totalmente contra a legalização da eutanásia,
o que é bem diferente. Isso abriria precedentes para a ocorrência de milhares de mortes desnecessárias.
Por que o senhor é contra a legalização da eutanásia?
Por três razões principais. Primeira, porque, num mundo cada vez mais cheio de velhos, pessoas mal-intencionadas podem se
apropriar de uma legislação que permite a eutanásia para matar quem ainda quer e tem o direito de continuar vivo. Segunda,
porque para muitos médicos, é mais fácil aplicar uma injeção em um paciente à beira da morte do que tratá-lo. E
emocionalmente exaustivo, um verdadeiro fardo para os médicos e outros profissionais de saúde, acompanhar diariamente um
paciente assim e presenciar o sofrimento de seus familiares. Terceira, porque a eutanásia não é um assunto relevante para a
maioria da população. Basta olhar a experiência holandesa. Na Holanda, onde a eutanásia é legalizada, só 3% das pessoas
morrem dessa forma. Os outros 97% dos pacientes não estão interessados nisso. E preciso gastar energia para criar uma
legislação que beneficie a vida dos 97% que querem continuar respirando, não o contrário.
O senhor é contra a eutanásia mesmo quando se trata de pôr término a uma existência em estado vegetativo ou a dores
insuportáveis, que droga nenhuma é capaz de eliminar?
É um equívoco achar que a maior parte das pessoas que pedem para morrer está sofrendo imensa dor. A maioria delas está
deprimida ou perdeu as esperanças. Para essas pessoas, melhor do que dar uma injeção mortal é tratá-las com ajuda
psiquiátrica, terapia, antidepressivos e medicamentos adequados.
O que fazer com os pacientes em coma irreversível?
Muitos médicos, em diversos países, já optam por interromper o tratamento em casos de pacientes em estado vegetativo. Um
médico responsável pode decidir se é hora de desligar os tubos ou parar com a medicação. Isso não é o mesmo que dar uma
injeção letal em uma pessoa à beira da morte. Não é eutanásia. É uma medida ética, que garante um fim digno. Os Estados
tinidos são o país que mais gasta em saúde. Apesar disso, a sistema de saúde público americano é considerado inferior em
comparação ao de muitos países industrializados.
O que há de errado?
Quando os países enriquecem, eles passam a gastar mais com saúde. Na década de 30 os Estados Unidos gastavam 3% do
PIB em saúde e as pessoas viviam até os 60 anos. Atualmente, o país despende cinco vezes mais, algo em torno de 2 trilhões
de dólares por ano. Isso garante assistência a 200 milhões de americanos, cuja expectativa de vida beira os 80 anos. A
projeção é que os gastos com saúde dupliquem ou tripliquem em três décadas. Não vejo problema nenhum em gastar dinheiro
com saúde pública. O problema é gastar e distribuir essa montanha de dólares de forma eficiente. É preciso adaptar o sistema
americano e outros sistemas de saúde a uma nova realidade. A população mundial está envelhecendo. Isso implica mais
doenças crônicas, mais tratamentos, mais internações e, obviamente, maiores gastos.
Como um sistema de saúde pode lidar com o envelhecimento da população?
Sou otimista em relação ao futuro da saúde tanto nos Estados Unidos quanto em outros países, como o Brasil, mesmo com o
aumento da longevidade. O envelhecimento da população por si só tem pouco impacto sobre o custo do sistema. Nos Estados
Unidos, as mudanças demográficas respondem por apenas 2% no aumento total dos gastos com saúde. O que realmente pesa
no custo do sistema de saúde americano é a necessidade de acompanhar os avanços tecnológicos. Novas técnicas,
equipamentos e remédios encarecem em 40% a 60% o custo dos tratamentos. No decorrer da próxima década, porém, a
tecnologia médica tende a ficar menos onerosa, da mesma forma que ocorreu com os televisores e, mais recentemente, com
os telefones celulares. Até que isso se reflita no custo dos tratamentos é vital investir em prevenção. Por isso as campanhas
contra o fumo, a obesidade e a favor de uma vida mais saudável são imprescindíveis neste período de transição. A médio e
longo prazo, as tecnologias vão ajudar a reduzir o custo da saúde, aumentando o grau de segurança dos hospitais, diminuindo
a incidência de erros médicos e prevenindo mais eficientemente as doenças crônicas.
O que um governo deve oferecer à população em termos de assistência médica?
Nenhum sistema público de saúde consegue solucionar todos os problemas e atender todas as pessoas. O Estado tem o dever
de fornecer a assistência básica de forma eficiente. Ou seja, prover hospitalização em casos graves, estabelecer programas de
prevenção, dar vacinas. Mas quem não quer dividir o quarto de um hospital com outra pessoa tem de pagar por esse luxo;
Quem quer se tratar com medicina alternativa também tem de enfiar a mão no bolso. Para mim, isso é eticamente aceitável. O
problema é que as pessoas olham o tratamento que os ricos conseguem ter e acham que o governo tem a obrigação de
fornecer a mesma qualidade e diversidade. Nunca foi e nunca será assim. Os ricos sempre vão ter mais do que os pobres
porque eles podem pagar. Não podemos definir o que é ético e moralmente aceitável em um sistema de saúde com base no
tratamento que os ricos conseguem obter. Para saber se um governo cumpre sua obrigação moral em relação à saúde, devese perguntar o que é garantido pelo governo aos pobres. Se os pobres têm direito ao básico, de forma eficaz, então o sistema
cumpre seu papel.
A Constituição brasileira estabelece que a saúde é um direito do cidadão e um dever do estado. O senhor considera esses
enunciados realistas?
Os economistas dizem que tudo o que é gratuito acaba provocando abusos. E uma regra econômica básica. Quando se
estipula que a saúde é um dever do Estado, qualquer cidadão pode pleitear na Justiça tratamentos caros e dispendiosos que
não são cobertos automaticamente pelo sistema público. Quem vai aos tribunais tem muita chance de ganhar. Que juiz não se
comove diante do sofrimento de um doente? O problema é que isso não é ético, não é justo com as outras pessoas que
dependem do mesmo sistema. Como determinar que parte dos recursos destinados à compra de medicamentos, por exemplo,
pode ser redirecionada para tratamentos caros autorizados pela Justiça? É uma questão muito delicada. Não sei o que os
governantes brasileiros estavam pensando quando inseriram isso na Constituição.
Qual é seu maior desafio atual no cargo que ocupa?
Durante os oito anos do presidente George W. Bush, o governo americano cortou as verbas para pesquisas com células-tronco
embrionárias. Conseguimos reverter essa situação em 2009, o que foi uma grande vitória para todos os americanos. Além
dessa questão, que já foi resolvida, acredito que um dos desafios é tornar mais eficiente a prevenção da malária e da AIDS em
países da África e da Ásia com os 10 bilhões de dólares destinados anualmente para esses fins. Há quem pense que os
americanos são muito conservadores e que, todos os dias, tenho de lidar com manifestantes contra o aborto ou o uso de
células-tronco embrionárias. Isso é um equívoco. Meu maior desafio é gastar bem o dinheiro público para melhorar a vida dos
outros.
Fonte: VEJA
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AIDS |
HEPATITE
08/08/2011
08/08/2011 - Dr. Drauzio Varella alerta no Fantástico que hepatite A atinge mais crianças
pobres
08/08/2011 - 11h
Nos últimos domingos, o médico Drauzio Varella tem apresentado no Fantástico, da TV Globo, um quadro especial sobre as
hepatites, doenças que milhões de brasileiros têm e não sabem.
No último episódio da série, transmitido ontem, 07 de agosto, Dr. Drauzio falou sobre a hepatite tipo A, que atinge
principalmente crianças em regiões pobres do país.
AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA AIDS |
AIDS
08/08/2011
08/08/2011 - Levantamento feito em São Paulo mostra que 1 em cada 10 transplantados
de fígado bebe álcool em excesso
08/07/2011 - 13h
Um lebantamento no Hospital de Transplantes "Dr. Euryclides de Jesus Zerbini", na capital paulista, mostra que a cada 10
transplantes de fígado, pelo menos um é realizado em paciente com cirrose hepática decorrente de alcoolismo.
O consumo excessivo de álcool desencadeia complicações gradativas, como acúmulo de gordura e a inflamação do fígado.
Lentamente, o órgão passa a sofrer lesões e a perder células hepáticas. Nesta etapa, de todos os tratamentos possíveis
(medicação, dieta, entre outros procedimentos) o principal é que o doente pare de beber.
"Não existe alguém que seja resistente ao álcool e nem há como prever o tempo esperado até que os malefícios
desencadeados pela ingestão apareçam", destaca o médico coordenador do serviço de hepatologia, Carlos Baía.
A cirrose é a fase final dos danos trazidos pelo álcool. Estima-se que em torno de 15% dos alcoólatras cheguem a esta etapa
entre 10 e 15 anos de vício. Os estragos causados pela doença são irreversíveis e comprometem as funções vitais do fígado.
É este quadro que leva o paciente a necessitar de um transplante de órgão.
Os pacientes tratados no Hospital de Transplantes também fazem acompanhamento multidisciplinar, envolvendo psicólogos e
assistentes sociais. No processo pós-operatório, o apoio psicológico é fundamental para que o paciente transplantado não
volte a beber. "Não abusar de bebidas alcoólicas é fundamental para prevenir o aparecimento e o avanço de doenças
hepáticas, cardíacas e também cerebrais", afirma o especialista.
Redação da Agência de Notícias da AIDS
Dica de entrevista:
Assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde
Tel. (0XX11) 3066-8701 / 8702/ 8064
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