PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR ENSINO MÉDIO DISCIPLINA: FILOSOFIA 1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA “Que terá levado o homem, a partir de determinado momento de sua história, a fazer ciência teórica e filosofia? Por que surge no Ocidente, mais precisamente na Grécia do século VI a.C., uma nova mentalidade, que passa a substituir as antigas construções mitológicas pela aventura intelectual, expressa através de investigações científicas e especulações filosóficas?” Esta é uma indagação que, no mínimo coloca o homem numa condição de busca, e esta busca por uma explicação e interpretação dos clássicos gregos pode ser considerado o ponto de partida da filosofia: o que pensavam a respeito do homem, do mundo e do além-matéria. Para tanto, não significa encontrar respostas prontas sobre as mais variadas dúvidas da realidade circundante, mas enquanto conceitos acerca destas temáticas como ferramentas capazes de causar uma profunda reflexão no entendimento dos por quês e, ao mesmo tempo, enquanto um “desnudamento” do mundo. A proposta da filosofia alimenta-se do investigar e do compreender. Conforme HORN e FERNANDES (2006) pg. 72. Debruçar-se sobre textos, buscando entender as linhas e entrelinhas para ‘admirar-se’, ‘espantar-se’, através de um pensar livre e autônomo, que constitui no instrumento primeiro da formação do espírito, na atualidade, é realizar a tarefa da filosofia. Sendo o objeto de estudo da filosofia a criação de conceitos, a disciplina deve assegurar a cada um a possibilidade de se construir como ser pensante e autônomo dotado de uma identidade social, referida na dimensão local da sociedade, com suas especialidades e temporalidade, concretas e específicas, quanto à dimensão mundializada, construir conhecimento, pela análise/leitura, ação/ reflexão sobre temas específicos da realidade contemporânea. Numa sociedade tão influenciada pelos meios de comunicação de massa que instrumentalizam as relações sociais e “amputa” o vocabulário, torna-se cada vez mais desafiador a proposta de desenvolver um espírito livre e autônomo. O homem contemporâneo encontra-se mergulhado numa luta estafante contra o tempo e não lhe é permitido pensar sobre suas atitudes frente à própria vida. Vive-se por viver, faz-se por fazer, e um vazio existencial instala-se com mais freqüência. Urge a necessidade de encontrar um sentido para a existência humana. De acordo com ARANHA e MARTINS (2005) A filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. Ela não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. Ela é, antes de mais nada, um modo de se colocar diante da realidade, procurando refletir sobre os acontecimentos a partir de certas posições teóricas. Essa reflexão permite ir além da pura aparência dos fenômenos, em busca de suas raízes e de sua contextualização em um horizonte amplo, que abrange os valores sociais, históricos, econômicos, políticos, éticos e estéticos. Na atual polêmica mundial acerca dos possíveis sentidos dos valores éticos, políticos, estéticos e epistemológicos, a Filosofia tem um espaço a ocupar e muito a contribuir. Seus esforços dizem respeito, basicamente, aos problemas e conceitos criados no decorrer de sua longa história, os quais por sua vez geram discussões promissoras e criativas que desencadeiam, muitas vezes, ações e transformações. Por isso, permanecem atuais. Um dos objetivos do Ensino Médio é a formação pluridimensional e democrática, capaz de oferecer aos estudantes a possibilidade de compreender a complexidade do mundo contemporâneo, suas múltiplas particularidades e especializações. Nesse mundo, que se manifesta quase sempre de forma fragmentada, o estudante não pode prescindir de um saber que opere por questionamentos, conceitos e categorias e que busque articular o espaço-temporal e sócio-histórico em que se dá o pensamento e a experiência humana. Como disciplina na matriz curricular do Ensino Médio, considera-se que a Filosofia pode viabilizar interfaces com as outras disciplinas para a compreensão do mundo da linguagem, da literatura, da história, das ciências e da arte. Quando se trata do ensino de Filosofia, é comum retomar a clássica questão a respeito da cisão entre Filosofia e filosofar: ensinamos a filosofar ou ensinamos Filosofia? Para Kant (1985), só é possível ensinar a filosofar, isto é, exercitar a capacidade da razão em certas tentativas filosóficas já realizadas. É preciso, contudo, reservar à atividade filosófica em sala de aula o direito de investigar as ideias até suas últimas consequências, conservando-as ou recusando-as. Em Hegel, o conhecimento do conteúdo da Filosofia é indispensável a sua prática, ou seja, do filosofar. A Filosofia se apresenta como conteúdo filosófico e como exercício que possibilita ao estudante desenvolver o próprio pensamento. O ensino de Filosofia é um espaço para análise e criação de conceitos, que une a Filosofia e o filosofar como atividades indissociáveis que dão vida ao ensino dessa disciplina juntamente com o exercício da leitura e da escrita. Assumir uma postura frente à realidade não é tão fácil, dada às circunstâncias dos múltiplos discursos ideológicos que aprisionam o homem em seus ditames. É mais cômodo deixar que as coisas continuem como estão do que tomar uma iniciativa, mudar posturas, opiniões, sair de um estado de “falsa segurança”. Perguntar-se sobre o sentido que move o ser humano nas suas tarefas cotidianas tem sido uma necessidade. A humanidade clama por isso. Nesse momento, as ciências exatas encontram-se fragilizadas para realizar tal tarefa. O pensamento filosófico pode iniciar uma reflexão e, quisera causar uma mudança de postura capaz de conduzir o homem à contemplação de sua natureza pensante. Para conceituar filosofia, pode-se utilizar, a partir da obra de CHAUÍ (2005), o que afirmavam alguns pensadores Platão definia a filosofia como um saber verdadeiro que deve ser usado em benefício dos seres humanos. Descartes dizia que a filosofia é o estudo da sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos podem alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção das técnicas e das artes. Kant afirmou que a filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si mesma para saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade a felicidade humana. Marx declarou que a filosofia havia passado muito tempo apenas contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para transformá-lo, transformação que traria justiça, abundância e felicidade para todos. Merleau-Ponty escreveu que a filosofia é um despertar para ver e mudar o nosso mundo. Espinosa afirmou que a filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade. Todos os autores citados comungam da mesma idéia: a filosofia é necessária; necessária porque o homem não está satisfeito com a sua condição, com a sua vida, com o seu estado de miserabilidade. O homem quer mais e pode ter mais. Por quê? Porque dentre as infinitas opções escolhe uma e não se contenta e volta, num ciclo eterno, a ter que efetuar novas escolhas. Para tanto, requer um pensar antes de agir e não pode ser um pensar precipitado. Pode-se afirmar que a filosofia abre portas para acessar degraus maiores de reflexão que permitam ao homem construir seu próprio caminho, haja vista que nunca está pronto, mas sempre a fazer-se. Como afirma APRESSIAN; BONI-KONÉ e BOYADJIEV (1995) A atividade filosófica, como prática livre da reflexão, não pode considerar alguma verdade como definitivamente alcançada, e incita a respeitar as convicções de cada um; mas ela não deve, em nenhum caso, sob pena de negar-se a si mesma, aceitar doutrinas que neguem a liberdade de outrem, injuriando a dignidade humana e engendrando a barbárie. 2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES/CONTEÚDOS BÁSICOS /ESPECÍFICOS. 1ª ANO 2.1 CONTEÚDO ESTRUTURANTE MITO E FILOSOFIA 2.2 CONTEÚDOS BÁSICOS - Saber mítico; - Saber filosófico; - Relação Mito e Filosofia; - Atualidade do mito; - O que é Filosofia? 2.3 CONTEÚDO ESPECÍFICO Filosofia: origens - etimologia do termo “filosofia”; - contexto histórico-social do surgimento da filosofia; - condições para o surgimento da filosofia. Saber mítico - características do mito; - funções do mito; - mitos e rituais gregos; - mitos e rituais de outros povos. Saber filosófico - características da filosofia inicial; - condições históricas, políticas e culturais para o surgimento da Filosofia; - filósofos pré-socráticos (possibilidade de trabalho com fragmentos de textos). Relação Mito e Filosofia - Mito e Filosofia: formas de conhecimento do real; - surgimento da filosofia: ruptura abrupta do conhecimento mítico ou formulação progressiva de uma nova forma de conhecimento?; - as implicações político-sociais do surgimento da filosofia (conservação de privilégios x novas reivindicações das classes emergentes). Atualidade do mito - os possíveis significados/necessidades do pensamento mítico (imaginação, fabulação, interpretação do real, expressão de desejos humanos...); - mitos e rituais contemporâneos. O que é Filosofia? - características da atitude filosófica (reflexão, questionamento, criticidade, radicalidade, sistematicidade...); - principais períodos da história da filosofia e suas características essenciais; - campos de investigação da filosofia (antes e a partir da modernidade). 2.4 CONTEÚDO ESTRUTURANTE TEORIA DO CONHECIMENTO 2.5 CONTEÚDOS BÁSICOS - Possibilidade do conhecimento; - As formas de conhecimento; - O problema da verdade; - A questão do método; - Conhecimento e lógica. 2.6 CONTEÚDO ESPECÍFICO O que é conhecimento? - conhecimento enquanto compreensão e explicação do real, enquanto crença justificada; - sujeito e objeto: elementos do processo de conhecer. O problema da verdade - distinção entre realidade (coisa) e verdade (juízo sobre a coisa); - concepções de verdade (aletheia – verdade como evidência das coisas; veritas – verdade como correspondência, como enunciado correto acerca de coisas; emunah – verdade como confiança nas coisas que virão, convenção e consenso); - critérios de verdade (evidência, coerência, consenso, comunicabilidade...); As formas de conhecimento - conhecimento de senso comum; - conhecimento científico; - conhecimento filosófico; - conhecimento intuitivo; - conhecimento religioso. Origens do conhecimento - conhecimento inato; - conhecimento empírico ou sensorial; - conhecimento racional; - conhecimento a priori e a posteriori. Possibilidade do conhecimento - Dogmatismo: a certeza do conhecimento verdadeiro; - Ceticismo absoluto: impossibilidade do conhecimento verdadeiro; - Ceticismo relativo: suspensão do juízo – conhecimento apenas no domínio do provável; -Criticismo: as condições de possibilidade do conhecimento. - reflexão sobre possíveis conseqüências de cada postura na vida prática (moral, política, ciência, religião...). A questão do método - o que é método, importância do método; - método indutivo; - método dedutivo; - formulação de hipóteses; - ciências, métodos e suas implicações. Conhecimento e lógica - o problema de Parmênides e Heráclito e o surgimento da lógica; - lógica: princípios e critérios para o pensar racional; - lógica tradicional/aristotélica (termos, proposições, princípios lógicos, relações entre proposições, silogismo); - lógica matemática/simbólica (noções: símbolos, tabelas de verdade). 2º ANO 2.7 CONTEÚDO ESTRUTURANTE ÉTICA 2.8 CONTEÚDOS BÁSICOS - Ética e moral; - Pluralidade ética; - Ética e violência; - Razão, desejo e vontade; - Liberdade: autonomia do sujeito e a necessidade das normas. 2.9 CONTEÚDO ESPECÍFICO Ética e moral - diferentes valores/ valores morais; - o que é moral?; - o que é ética? - a construção dos valores morais no tempo e no espaço; - a finalidade da moral; Liberdade: autonomia do sujeito e necessidade das normas - liberdade e determinismo; - o caráter histórico e social da moral: - o caráter pessoal da moral; - a formação do sujeito moral; - responsabilidade, dever e liberdade; - características do sujeito moral. Razão, desejo e vontade - desejo/paixões e vida moral; - vontade/decisão e vida moral; - razão (conhecimento/ignorância) e vida moral; - a heteronomia e a autonomia do sujeito. Ética e violência - as diferentes formas de violência; - diferentes conceitos de violência em culturas diversas; - violência e ideologias implícitas em formulações éticas; - ética e controle da violência. Pluralidade ética - algumas elaborações éticas no curso da história ocidental (ética racional, ética dos desejos, ética da vontade, ética do dever, ética das possibilidades...); - implicações éticas na condução da política, da ciência, das religiões, etc. 2.9 CONTEÚDO ESTRUTURANTE FILOSOFIA POLÍTICA 2.10 CONTEÚDOS BÁSICOS - Relações entre comunidade e poder; - Liberdade e igualdade política; - Política e Ideologia; - Esfera pública e privada; - Cidadania formal e/ou participativa. 2.11 CONTEÚDO ESPECÍFICO Relações entre comunidade e poder - o que é Filosofia Política?; - o que é poder; o que é poder político?; - o que é o Estado; - finalidade do Estado; - Estado, poder e violência; - comunidade e exercício da política. Esfera pública e privada - características e delimitações da esfera pública e da esfera privada; - interesse particular e interesse comum; - individualismo, consciência de si e consciência social; - interferências e limites da esfera pública na esfera privada e vice-versa. Origens do poder político - poder despótico ou patriarcal; - a “invenção” da política; - o poder teológico-político; - as teorias contratualistas; - as teorias revolucionárias. Liberdade e igualdade política - o conflito entre liberdade e igualdade política; - proposta liberal x proposta socialista; - regimes totalitários e regimes democráticos. Cidadania formal e/ou participativa - cidadania de direito e cidadania de fato; - cidadania participativa; - democracia e representatividade política. Política e Ideologia - o que é ideologia? - conhecimento, política e ideologia; - ideologia e totalitarismos; - implicações políticas na ciência, na ética, na arte, na religião, etc. 3ª ANO 2.12 CONTEÚDO ESTRUTURANTE FILOSOFIA DA CIÊNCIA 2.13 CONTEÚDOS BÁSICOS - Concepções de ciência; - A questão do método científico; - Contribuições e limites da ciência; - Ciência e ideologia; - Ciência e ética. 2.14 CONTEÚDO ESPECÍFICO Concepções de ciência - o que é Filosofia da Ciência?; - a etimologia do termo “ciência”; - características da atitude científica; - ciência x tecnologia; -.concepções de ciência: racionalista/dedutiva, empirista/indutiva e construtivista. A questão do método científico - a separação entre filosofia e ciência; - método científico tradicional (positivista/verificacionista) e o critério de verdade; - etapas do método indutivo tradicional; - as críticas ao método tradicional (falseacionismo, revoluções científicas, anarquismo epistemológico...). Contribuições e limites da ciência - o estabelecimento da ciência como instituição social; - o desenvolvimento científico: cumulativo ou por ruptura?; - provisoriedade do conhecimento científico. Ciência e ideologia - cientificismo; - ilusão da neutralidade científica; - razão instrumental. Ciência e ética - o problema do uso das ciências; - possibilidades e limites para as ciências da natureza e para as ciências humanas; - direcionamento dos benefícios da ciência; - ciência e poder. 2.14 CONTEÚDO ESTRUTURANTE ESTÉTICA 2.15 CONTEÚDOS BÁSICOS - Natureza da arte; - Filosofia e arte; - Categorias estéticas – feio, belo, sublime, trágico, cômico, grotesco, gosto, etc.; - Estética e sociedade. 2.16 CONTEÚDO ESPECÍFICO Natureza da arte - o que é arte?; - arte e conhecimento intuitivo, sensibilidade, imaginação, sentimento, expressão, criação; - finalidades/funções da arte (função utilitarista: finalidade pedagógica, social, religiosa, política; função naturalista: foco no conteúdo com finalidade representativa; função formalista: foco nos elementos composicionais com finalidade contemplativa); Filosofia e arte - o que é a Estética?; - etimologia do termo “estética”; - a experiência estética e a produção artística como questão determinada históricosocialmente ; - a questão do gosto. Categorias estéticas - o feio, o belo, o sublime, o trágico, o cômico e o grotesco. Estética e sociedade - culturas / contextos histórico-sociais e conceitos diversos de arte; - arte erudita, arte popular, arte de massa; - indústria cultural; - a educação estética. 3 METODOLOGIA Os temas referentes à História e Cultura Afro, História do Paraná, Meio Ambiente, História e Cultura dos Povos Indígenas e Desafios Educacionais serão abordados em todos os momentos, como por exemplo, quando estiver trabalhando o Mito, Ética, Violência, Valores, Liberdade, Política, Democracia, bioética, estética, beleza, arte, entre outros assuntos, que sempre que forem abordados serão ilustrados com estes temas . No universo brasileiro, onde se questionam os sentidos dos valores éticos, políticos, estéticos e epistemológicos, a Filosofia tem um espaço a ocupar e uma contribuição relevante: enquanto investigação de problemas que têm recorrência histórica e criação de conceitos que são ressignificados também historicamente, geram, em seus processos, discussões promissoras e criativas que podem desencadear ações transformadoras, individuais e coletivas, nos sujeitos do fazer filosófico. As aulas de filosofia serão espaços da filosofia e do filosofar, criando formas diversificadas de trabalhar os conhecimentos filosóficos que possam explicar os problemas cotidianos, desafiando os alunos a buscar, pesquisar, estudar, discutir a sua compreensão de mundo, tomando a sua experiência reflexiva. A filosofia tem como disposição promover a perplexidade, o deslumbre, o espanto e a admiração que leve o educando a um posicionamento ativo em busca do conhecimento. O professor como mediador organiza aula propondo questionamentos que priorizem o discente a reconhecer-se como sujeito ético, autônomo, superando as dificuldades para encontrar o equilíbrio da existência, enquanto ser humano (subjetividade); a compreender as diversas culturas e a linguagem, valorizando-as, sem apontar uma hierarquia de valores ou uma referência, considerando-as dentro do seu próprio conceito. Deve existir relação entre os conteúdos estruturantes e os problemas a serem trabalhados com os alunos. Esses problemas serão estudados e analisados à luz da história da filosofia com o auxílio de textos filosóficos, de modo que a leitura deve dar subsídio para que o aluno possa pensar o problema, pesquisar, fazer relações e criar conceitos. Conforme ASPIS (2004, p.310) o professor busca ensinar a pensar filosoficamente, a organizar perguntas num problema filosófico, a ler e escrever filosoficamente, a investigar e dialogar filosoficamente, a avaliar filosoficamente, a criar saídas filosóficas para o problema investigado. E vai ensinar tudo isso na prática, sem fórmulas a serem reproduzidas. Para uma aula de filosofia, faz-se indispensável percorrer os “quatro momentos: a sensibilização, a problematização, a investigação e a criação de conceitos”. Um recurso importante para as aulas de filosofia é o Livro Didático Público, que poderá auxiliar o professor e seus alunos, bem como o acervo da Biblioteca do Professor e o Portal Dia-a-Dia Educação, entre outros. É muito importante que o aluno observe ao término de cada assunto as sugestões contidas no Livro Didático Público de bibliografias, filmes e sites, não se limitando ao que é trabalhado única e exclusivamente em sala. Esse hábito de pesquisa é importante que o educador desperte em seu educando, onde o professor fará uso desses aparatos tecnológicos para uma melhor compreensão do assunto abordado. Deve-se lembrar que cada profissional da educação tem a sua própria metodologia, que aliada aos recursos tecnológicos podem dar um “tempero” todo especial nessa busca incansável pelo saber – incomensurável e inesgotável. 4 AVALIAÇÃO Para que o professor realize uma avaliação durante as aulas de filosofia, fazse importante observar que não se deve esperar do educando que o mesmo reproduza pensamentos de filósofos ou doutrinas para aferir uma nota. Pelo contrário, a questão em jogo é perceber a capacidade de argumentação e os limites de suas posições (conceitos, capacidade de construir e tomar posições...). Essa tarefa não é simples. O educando dirige-se ao recinto escolar com uma bagagem de conhecimento, opiniões acerca do mundo. Todo esse aparato pode ser usado para direcionar a um pensamento menos superficial, mais alargado e extenso. Para tanto, deve-se observar os conceitos trabalhados, criados e recriados pelos discentes, o discurso que o mesmo tinha e o que se apropriou no decorrer do processo ensino-aprendizagem, a coerência na exposição, seja escrita ou falada, isto é, se há contradição ou se as idéias fazem parte do discurso filosófico. Podem-se avaliar os discentes usando algumas ferramentas como: debate, criatividade, ajuda mútua e respeito à diferença por parte dos discentes; capacidade de relacionamento com o próximo, o que implica tolerância, paciência e solidariedade; participação dos alunos durante as aulas expositivas dialogadas, o que permite averiguar a capacidade de análise, linguagem, posicionamento diante dos conteúdos trabalhados; elaboração de dissertações sobre os mais variados temas, sugeridos pelo professor e, em outros momentos, deixando à escolha do próprio aluno; desenvolvimento de trabalhos escritos sobre os temas estudados em sala, pinçando as idéias principais, como forma de recapitular os conteúdos através de sínteses críticas e não meramente resumos; apresentação oral de trabalhos para o grande grupo, possibilitando exercitar a oralidade e “familiarizar” com esta ferramenta; elaboração de relatórios críticos sobre filmes assistidos; avaliação escrita, com questões objetivas e descritivas; avaliação oral individual. A avaliação é somatória de zero a dez pontos e serão usados no mínimo três instrumentos diferentes. A recuperação é concomitante e oferecida a todos os alunos, não apenas àqueles que estão com média inferior a 6,0 (seis pontos). O aluno tem direito à recuperação de todos os temas onde não ocorreu ensino e aprendizagem. Procurar e encontrar é igual a comodismo; procurar e não encontrar significa mistério; procurar por procurar, torna-se vazio; procurar e procurar continuamente pode levar o homem a um estado de desequilíbrio, mas, ao mesmo tempo, passível de conviver com a procura sem limites, o lançar-se corajosamente para o além de si mesmo – eis o espaço da filosofia” (Marcio Gonçalves). 1º ANO MITO E FILOSOFIA compreender fundamentalmente oque é mito e oque é filosofia, a relação que existe entre esses dois âmbitos; Conhecer como se deu e quais foram as condições que permitiram a passagem do mito à filosofia ; Compreender a diferença entre mito e filosofia e como ocorreu o nascimento da filosofia pela superação dos mitos. Perceber que os mesmos conflitos entre mito e razão, vividos pelos gregos, são problemas presentes, ainda hoje,em nossa sociedade; TEORIA DO CONHECIMENTO Qual a importância da teoria do conhecimento para a história da filosofia; Compreender historicamente que o surgimento do pensamento racional, conceitual , entre os os gregos, foi decisivo no desenvolvimento da cultura da civilização ocidental; Conhecer o contexto histórico e político do surgimento da filosofia; Compreender as questões sobre a origem, essência e certeza do conhecimento humano; As diferentes formas de conhecimentos, suas metodologias e o problema da verdade. 2º ANO ÉTICA Compreender os fundamentos e a finalidade da Ética bem como a sua relação com a política; Entender a relação entre o sujeito e a norma. Verificar o entendimento dos alunos sobre a ética e moral, bem como as diferenças éticas existentes na sociedade; Ser capaz de perceber que o agir fundamentado propícia consequências melhores e mais racionais que o agir sem razões ou justificativas. FILOSOFIA POLÍTICA Compreender as relações de poder e os mecanismos que estruturam e legitimam os diversos sistemas políticos; Problematizar conceitos como o de cidadania, democracia, soberania, justiça, dentre outros; Analisar a compreensão dos alunos sobre a realidade politica, seu entendimento das relações de poder existentes, das ideologias, desenvolvendo o senso critico sobre as formas de governo e politicas existentes na sociedade contemporânea; 3º ANO FILOSOFIA DA CIÊNCIA Compreender o que é ciência, suas condições e possibilidades, sua intenção; Refletir criticamente o conhecimento cientifico; Entender que o conhecimento cientifico é provisório, jamais acabado ou definitivo, sempre tributário, de fundo ideológico, religioso, econômico, político e histórico; Verificar os avanços científicos no campo da bioética e suas implicações ético-politicas e sociais; ESTÉTICA Compreender o fundamentos da Estética enquanto reflexão sobre a beleza, a sensibilidade e a arte. Compreender a apreensão da realidade pela via da sensibilidade, percebendo que o conhecimento não é apenas resultado da atividade intelectual, mas fruto também da imaginação, da intuição e da fruição; O entendimento dos educandos para a realidade estética, verificando como esta pode estar a serviço de interesses econômicos, religiosos, sociais, políticos etc., ao longo da história. Os diferentes padrões de beleza e a relação belo e o grotesco. 5 REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 3ed. Rev. São Paulo: Moderna, 2005. CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 1ed. São Paulo: Ática, 2005. HORN, Geraldo Balduino; FERNANDES, Sandro; BORGES, Anderson de Paula et al. Textos Filosóficos em Discussão. Curitiba: Editora Elenco, 2006. SEED. Diretrizes Curriculares de Filosofia para a Educação Básica. Curitiba: Editora MEMVAVMEM, 2006. VÁSQUEZ, Adolfo S. Convite à Estética. Tradução de Gilson Baptista Soares. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999. _________________. Estética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. ZINGANO, Marco. Platão e Aristóteles – Os Caminhos do Conhecimento. São Paulo: Odysseus, 2002.