Filosofia

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PROPOSTA PEDAGÓGICA CURRICULAR
ENSINO MÉDIO
DISCIPLINA: FILOSOFIA
1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
“Que terá levado o homem, a partir de determinado momento de sua história,
a fazer ciência teórica e filosofia? Por que surge no Ocidente, mais precisamente na
Grécia do século VI a.C., uma nova mentalidade, que passa a substituir as antigas
construções mitológicas pela aventura intelectual, expressa através de investigações
científicas e especulações filosóficas?”
Esta é uma indagação que, no mínimo coloca o homem numa condição de busca, e
esta busca por uma explicação e interpretação dos clássicos gregos pode ser
considerado o ponto de partida da filosofia: o que pensavam a respeito do homem,
do mundo e do além-matéria. Para tanto, não significa encontrar respostas prontas
sobre as mais variadas dúvidas da realidade circundante, mas enquanto conceitos
acerca destas temáticas como ferramentas capazes de causar uma profunda
reflexão no entendimento dos por quês e, ao mesmo tempo, enquanto um
“desnudamento” do mundo.
A
proposta
da
filosofia
alimenta-se
do
investigar
e
do
compreender.
Conforme HORN e FERNANDES (2006) pg. 72.
Debruçar-se sobre textos, buscando entender as linhas e entrelinhas para
‘admirar-se’, ‘espantar-se’, através de um pensar livre e autônomo, que constitui no
instrumento primeiro da formação do espírito, na atualidade, é realizar a tarefa da
filosofia.
Sendo o objeto de estudo da filosofia a criação de conceitos, a disciplina deve
assegurar a cada um a possibilidade de se construir como ser pensante e autônomo
dotado de uma identidade social, referida na dimensão local da sociedade, com suas
especialidades e temporalidade, concretas e específicas, quanto à dimensão
mundializada, construir conhecimento, pela análise/leitura, ação/ reflexão sobre
temas específicos da realidade contemporânea.
Numa sociedade tão influenciada pelos meios de comunicação de massa que
instrumentalizam as relações sociais e “amputa” o vocabulário, torna-se cada vez
mais desafiador a proposta de desenvolver um espírito livre e autônomo.
O homem contemporâneo encontra-se mergulhado numa luta estafante contra o
tempo e não lhe é permitido pensar sobre suas atitudes frente à própria vida. Vive-se
por viver, faz-se por fazer, e um vazio existencial instala-se com mais freqüência.
Urge a necessidade de encontrar um sentido para a existência humana.
De acordo com ARANHA e MARTINS (2005)
A filosofia é um modo de pensar, é uma postura diante do mundo. Ela não é um
conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo.
Ela é, antes de mais nada, um modo de se colocar diante da realidade, procurando
refletir sobre os acontecimentos a partir de certas posições teóricas. Essa reflexão
permite ir além da pura aparência dos fenômenos, em busca de suas raízes e de
sua contextualização em um horizonte amplo, que abrange os valores sociais,
históricos, econômicos, políticos, éticos e estéticos.
Na atual polêmica mundial acerca dos possíveis sentidos dos valores éticos,
políticos, estéticos e epistemológicos, a Filosofia tem um espaço a ocupar e muito a
contribuir. Seus esforços dizem respeito, basicamente, aos problemas e conceitos
criados no decorrer de sua longa história, os quais por sua vez geram discussões
promissoras e criativas que desencadeiam, muitas vezes, ações e transformações.
Por isso, permanecem atuais.
Um dos objetivos do Ensino Médio é a formação pluridimensional e
democrática, capaz de oferecer aos estudantes a possibilidade de compreender a
complexidade do mundo contemporâneo, suas múltiplas particularidades e
especializações.
Nesse mundo, que se manifesta quase sempre de forma fragmentada, o estudante
não pode prescindir de um saber que opere por questionamentos, conceitos e
categorias e que busque articular o espaço-temporal e sócio-histórico em que se dá
o pensamento e a experiência humana.
Como disciplina na matriz curricular do Ensino Médio, considera-se que a
Filosofia pode viabilizar interfaces com as outras disciplinas para a compreensão do
mundo da linguagem, da literatura, da história, das ciências e da arte.
Quando se trata do ensino de Filosofia, é comum retomar a clássica questão a
respeito da cisão entre Filosofia e filosofar: ensinamos a filosofar ou ensinamos
Filosofia? Para Kant (1985), só é possível ensinar a filosofar, isto é, exercitar a
capacidade da razão em certas tentativas filosóficas já realizadas. É preciso,
contudo, reservar à atividade filosófica em sala de aula o direito de investigar as
ideias até suas últimas consequências, conservando-as ou recusando-as. Em Hegel,
o conhecimento do conteúdo da Filosofia é indispensável a sua prática, ou seja, do
filosofar.
A Filosofia se apresenta como conteúdo filosófico e como exercício que possibilita
ao estudante desenvolver o próprio pensamento. O ensino de Filosofia é um espaço
para análise e criação de conceitos, que une a Filosofia e o filosofar como atividades
indissociáveis que dão vida ao ensino dessa disciplina juntamente com o exercício
da leitura e da escrita.
Assumir uma postura frente à realidade não é tão fácil, dada às circunstâncias dos
múltiplos discursos ideológicos que aprisionam o homem em seus ditames. É mais
cômodo deixar que as coisas continuem como estão do que tomar uma iniciativa,
mudar posturas, opiniões, sair de um estado de “falsa segurança”.
Perguntar-se sobre o sentido que move o ser humano nas suas tarefas cotidianas
tem sido uma necessidade. A humanidade clama por isso. Nesse momento, as
ciências exatas encontram-se fragilizadas para realizar tal tarefa. O pensamento
filosófico pode iniciar uma reflexão e, quisera causar uma mudança de postura
capaz de conduzir o homem à contemplação de sua natureza pensante.
Para conceituar filosofia, pode-se utilizar, a partir da obra de CHAUÍ (2005), o que
afirmavam alguns pensadores
Platão definia a filosofia como um saber verdadeiro que deve ser usado em
benefício dos seres humanos. Descartes dizia que a filosofia é o estudo da
sabedoria, conhecimento perfeito de todas as coisas que os humanos podem
alcançar para o uso da vida, a conservação da saúde e a invenção das técnicas e
das artes. Kant afirmou que a filosofia é o conhecimento que a razão adquire de si
mesma para saber o que pode conhecer e o que pode fazer, tendo como finalidade
a felicidade humana. Marx declarou que a filosofia havia passado muito tempo
apenas contemplando o mundo e que se tratava, agora, de conhecê-lo para
transformá-lo, transformação que traria justiça, abundância e felicidade para todos.
Merleau-Ponty escreveu que a filosofia é um despertar para ver e mudar o nosso
mundo. Espinosa afirmou que a filosofia é um caminho árduo e difícil, mas que pode
ser percorrido por todos, se desejarem a liberdade e a felicidade.
Todos os autores citados comungam da mesma idéia: a filosofia é necessária;
necessária porque o homem não está satisfeito com a sua condição, com a sua vida,
com o seu estado de miserabilidade. O homem quer mais e pode ter mais. Por quê?
Porque dentre as infinitas opções escolhe uma e não se contenta e volta, num ciclo
eterno, a ter que efetuar novas escolhas.
Para tanto, requer um pensar antes de agir e não pode ser um pensar precipitado.
Pode-se afirmar que a filosofia abre portas para acessar degraus maiores de
reflexão que permitam ao homem construir seu próprio caminho, haja vista que
nunca está pronto, mas sempre a fazer-se.
Como afirma APRESSIAN; BONI-KONÉ e BOYADJIEV (1995)
A atividade filosófica, como prática livre da reflexão, não pode considerar alguma
verdade como definitivamente alcançada, e incita a respeitar as convicções de cada
um; mas ela não deve, em nenhum caso, sob pena de negar-se a si mesma, aceitar
doutrinas que neguem a liberdade de outrem, injuriando a dignidade humana e
engendrando a barbárie.
2 CONTEÚDOS ESTRUTURANTES/CONTEÚDOS BÁSICOS /ESPECÍFICOS.
1ª ANO
2.1 CONTEÚDO ESTRUTURANTE
MITO E FILOSOFIA
2.2 CONTEÚDOS BÁSICOS
- Saber mítico;
- Saber filosófico;
- Relação Mito e Filosofia;
- Atualidade do mito;
- O que é Filosofia?
2.3 CONTEÚDO ESPECÍFICO

Filosofia: origens
- etimologia do termo “filosofia”;
- contexto histórico-social do surgimento da filosofia;
- condições para o surgimento da filosofia.

Saber mítico
- características do mito;
- funções do mito;
- mitos e rituais gregos;
- mitos e rituais de outros povos.

Saber filosófico
- características da filosofia inicial;
- condições históricas, políticas e culturais para o surgimento da Filosofia;
- filósofos pré-socráticos (possibilidade de trabalho com fragmentos de textos).

Relação Mito e Filosofia
- Mito e Filosofia: formas de conhecimento do real;
- surgimento da filosofia: ruptura abrupta do conhecimento mítico ou formulação
progressiva de uma nova forma de conhecimento?;
- as implicações político-sociais do surgimento da filosofia (conservação de
privilégios x novas reivindicações das classes emergentes).

Atualidade do mito
- os possíveis significados/necessidades do pensamento mítico (imaginação,
fabulação, interpretação do real, expressão de desejos humanos...);
- mitos e rituais contemporâneos.

O que é Filosofia?
- características da atitude filosófica (reflexão, questionamento, criticidade,
radicalidade, sistematicidade...);
- principais períodos da história da filosofia e suas características essenciais;
- campos de investigação da filosofia (antes e a partir da modernidade).
2.4 CONTEÚDO ESTRUTURANTE
TEORIA DO CONHECIMENTO
2.5 CONTEÚDOS BÁSICOS
- Possibilidade do conhecimento;
- As formas de conhecimento;
- O problema da verdade;
- A questão do método;
- Conhecimento e lógica.
2.6 CONTEÚDO ESPECÍFICO

O que é conhecimento?
- conhecimento enquanto compreensão e explicação do real, enquanto crença
justificada;
- sujeito e objeto: elementos do processo de conhecer.

O problema da verdade
- distinção entre realidade (coisa) e verdade (juízo sobre a coisa);
- concepções de verdade (aletheia – verdade como evidência das coisas; veritas –
verdade como correspondência, como enunciado correto acerca de coisas; emunah
– verdade como confiança nas coisas que virão, convenção e consenso);
- critérios de verdade (evidência, coerência, consenso, comunicabilidade...);

As formas de conhecimento
- conhecimento de senso comum;
- conhecimento científico;
- conhecimento filosófico;
- conhecimento intuitivo;
- conhecimento religioso.

Origens do conhecimento
- conhecimento inato;
- conhecimento empírico ou sensorial;
- conhecimento racional;
- conhecimento a priori e a posteriori.

Possibilidade do conhecimento
- Dogmatismo: a certeza do conhecimento verdadeiro;
- Ceticismo absoluto: impossibilidade do conhecimento verdadeiro;
- Ceticismo relativo: suspensão do juízo – conhecimento apenas no domínio do
provável;
-Criticismo: as condições de possibilidade do conhecimento.
- reflexão sobre possíveis conseqüências de cada postura na vida prática (moral,
política, ciência, religião...).

A questão do método
- o que é método, importância do método;
- método indutivo;
- método dedutivo;
- formulação de hipóteses;
- ciências, métodos e suas implicações.

Conhecimento e lógica
- o problema de Parmênides e Heráclito e o surgimento da lógica;
- lógica: princípios e critérios para o pensar racional;
- lógica tradicional/aristotélica (termos, proposições, princípios lógicos, relações
entre proposições, silogismo);
- lógica matemática/simbólica (noções: símbolos, tabelas de verdade).
2º ANO
2.7 CONTEÚDO ESTRUTURANTE
ÉTICA
2.8 CONTEÚDOS BÁSICOS
- Ética e moral;
- Pluralidade ética;
- Ética e violência;
- Razão, desejo e vontade;
- Liberdade: autonomia do sujeito e a necessidade das normas.
2.9 CONTEÚDO ESPECÍFICO

Ética e moral
- diferentes valores/ valores morais;
- o que é moral?;
- o que é ética?
- a construção dos valores morais no tempo e no espaço;
- a finalidade da moral;

Liberdade: autonomia do sujeito e necessidade das normas
- liberdade e determinismo;
- o caráter histórico e social da moral:
- o caráter pessoal da moral;
- a formação do sujeito moral;
- responsabilidade, dever e liberdade;
- características do sujeito moral.

Razão, desejo e vontade
- desejo/paixões e vida moral;
- vontade/decisão e vida moral;
- razão (conhecimento/ignorância) e vida moral;
- a heteronomia e a autonomia do sujeito.

Ética e violência
- as diferentes formas de violência;
- diferentes conceitos de violência em culturas diversas;
- violência e ideologias implícitas em formulações éticas;
- ética e controle da violência.

Pluralidade ética
- algumas elaborações éticas no curso da história ocidental (ética racional, ética dos
desejos, ética da vontade, ética do dever, ética das possibilidades...);
- implicações éticas na condução da política, da ciência, das religiões, etc.
2.9 CONTEÚDO ESTRUTURANTE
FILOSOFIA POLÍTICA
2.10 CONTEÚDOS BÁSICOS
- Relações entre comunidade e poder;
- Liberdade e igualdade política;
- Política e Ideologia;
- Esfera pública e privada;
- Cidadania formal e/ou participativa.
2.11 CONTEÚDO ESPECÍFICO

Relações entre comunidade e poder
- o que é Filosofia Política?;
- o que é poder; o que é poder político?;
- o que é o Estado;
- finalidade do Estado;
- Estado, poder e violência;
- comunidade e exercício da política.

Esfera pública e privada
- características e delimitações da esfera pública e da esfera privada;
- interesse particular e interesse comum;
- individualismo, consciência de si e consciência social;
- interferências e limites da esfera pública na esfera privada e vice-versa.

Origens do poder político
- poder despótico ou patriarcal;
- a “invenção” da política;
- o poder teológico-político;
- as teorias contratualistas;
- as teorias revolucionárias.

Liberdade e igualdade política
- o conflito entre liberdade e igualdade política;
- proposta liberal x proposta socialista;
- regimes totalitários e regimes democráticos.

Cidadania formal e/ou participativa
- cidadania de direito e cidadania de fato;
- cidadania participativa;
- democracia e representatividade política.

Política e Ideologia
- o que é ideologia?
- conhecimento, política e ideologia;
- ideologia e totalitarismos;
- implicações políticas na ciência, na ética, na arte, na religião, etc.
3ª ANO
2.12 CONTEÚDO ESTRUTURANTE
FILOSOFIA DA CIÊNCIA
2.13 CONTEÚDOS BÁSICOS
- Concepções de ciência;
- A questão do método científico;
- Contribuições e limites da ciência;
- Ciência e ideologia;
- Ciência e ética.
2.14 CONTEÚDO ESPECÍFICO

Concepções de ciência
- o que é Filosofia da Ciência?;
- a etimologia do termo “ciência”;
- características da atitude científica;
- ciência x tecnologia;
-.concepções de ciência: racionalista/dedutiva, empirista/indutiva e construtivista.

A questão do método científico
- a separação entre filosofia e ciência;
- método científico tradicional (positivista/verificacionista) e o critério de verdade;
- etapas do método indutivo tradicional;
- as críticas ao método tradicional (falseacionismo, revoluções científicas,
anarquismo epistemológico...).

Contribuições e limites da ciência
- o estabelecimento da ciência como instituição social;
- o desenvolvimento científico: cumulativo ou por ruptura?;
- provisoriedade do conhecimento científico.

Ciência e ideologia
- cientificismo;
- ilusão da neutralidade científica;
- razão instrumental.

Ciência e ética
- o problema do uso das ciências;
- possibilidades e limites para as ciências da natureza e para as ciências humanas;
- direcionamento dos benefícios da ciência;
- ciência e poder.
2.14 CONTEÚDO ESTRUTURANTE
ESTÉTICA
2.15 CONTEÚDOS BÁSICOS
- Natureza da arte;
- Filosofia e arte;
- Categorias estéticas – feio, belo, sublime, trágico, cômico, grotesco, gosto, etc.;
- Estética e sociedade.
2.16 CONTEÚDO ESPECÍFICO

Natureza da arte
- o que é arte?;
- arte e conhecimento intuitivo, sensibilidade, imaginação, sentimento, expressão,
criação;
- finalidades/funções da arte (função utilitarista: finalidade pedagógica, social,
religiosa, política; função naturalista: foco no conteúdo com finalidade representativa;
função formalista: foco nos elementos composicionais com finalidade contemplativa);

Filosofia e arte
- o que é a Estética?;
- etimologia do termo “estética”;
- a experiência estética e a produção artística como questão determinada históricosocialmente ;
- a questão do gosto.

Categorias estéticas
- o feio, o belo, o sublime, o trágico, o cômico e o grotesco.

Estética e sociedade
- culturas / contextos histórico-sociais e conceitos diversos de arte;
- arte erudita, arte popular, arte de massa;
- indústria cultural;
- a educação estética.
3 METODOLOGIA
Os temas referentes à História e Cultura Afro, História do Paraná, Meio
Ambiente, História e Cultura dos Povos Indígenas e Desafios Educacionais serão
abordados em todos os momentos, como por exemplo, quando estiver trabalhando o
Mito, Ética, Violência, Valores, Liberdade, Política, Democracia, bioética, estética,
beleza, arte, entre outros assuntos, que sempre que forem abordados serão
ilustrados com estes temas .
No universo brasileiro, onde se questionam os sentidos dos valores éticos, políticos,
estéticos e epistemológicos, a Filosofia tem um espaço a ocupar e uma contribuição
relevante: enquanto investigação de problemas que têm recorrência histórica e
criação de conceitos que são ressignificados também historicamente, geram, em
seus processos, discussões promissoras e criativas que podem desencadear ações
transformadoras,
individuais
e
coletivas,
nos
sujeitos
do
fazer
filosófico.
As aulas de filosofia serão espaços da filosofia e do filosofar, criando formas
diversificadas de trabalhar os conhecimentos filosóficos que possam explicar os
problemas cotidianos, desafiando os alunos a buscar, pesquisar, estudar, discutir a
sua
compreensão
de
mundo,
tomando
a
sua
experiência
reflexiva.
A filosofia tem como disposição promover a perplexidade, o deslumbre, o espanto e
a admiração que leve o educando a um posicionamento ativo em busca do
conhecimento.
O professor como mediador organiza aula propondo questionamentos que priorizem
o discente a reconhecer-se como sujeito ético, autônomo, superando as dificuldades
para encontrar o equilíbrio da existência, enquanto ser humano (subjetividade); a
compreender as diversas culturas e a linguagem, valorizando-as, sem apontar uma
hierarquia de valores ou uma referência, considerando-as dentro do seu próprio
conceito.
Deve existir relação entre os conteúdos estruturantes e os problemas a serem
trabalhados com os alunos. Esses problemas serão estudados e analisados à luz da
história da filosofia com o auxílio de textos filosóficos, de modo que a leitura deve
dar subsídio para que o aluno possa pensar o problema, pesquisar, fazer relações e
criar conceitos.
Conforme ASPIS (2004, p.310) o professor busca ensinar a pensar filosoficamente,
a organizar perguntas num problema filosófico, a ler e escrever filosoficamente, a
investigar e dialogar filosoficamente, a avaliar filosoficamente, a criar saídas
filosóficas para o problema investigado. E vai ensinar tudo isso na prática, sem
fórmulas a serem reproduzidas.
Para uma aula de filosofia, faz-se indispensável percorrer os “quatro
momentos: a sensibilização, a problematização, a investigação e a criação de
conceitos”.
Um recurso importante para as aulas de filosofia é o Livro Didático Público, que
poderá auxiliar o professor e seus alunos, bem como o acervo da Biblioteca do
Professor e o Portal Dia-a-Dia Educação, entre outros. É muito importante que o
aluno observe ao término de cada assunto as sugestões contidas no Livro Didático
Público de bibliografias, filmes e sites, não se limitando ao que é trabalhado única e
exclusivamente em sala. Esse hábito de pesquisa é importante que o educador
desperte em seu educando, onde o professor fará uso desses aparatos tecnológicos
para uma melhor compreensão do assunto abordado.
Deve-se lembrar que cada profissional da educação tem a sua própria metodologia,
que aliada aos recursos tecnológicos podem dar um “tempero” todo especial nessa
busca incansável pelo saber – incomensurável e inesgotável.
4 AVALIAÇÃO
Para que o professor realize uma avaliação durante as aulas de filosofia, fazse importante observar que não se deve esperar do educando que o mesmo
reproduza pensamentos de filósofos ou doutrinas para aferir uma nota. Pelo
contrário, a questão em jogo é perceber a capacidade de argumentação e os limites
de suas posições (conceitos, capacidade de construir e tomar posições...). Essa
tarefa não é simples.
O educando dirige-se ao recinto escolar com uma bagagem de conhecimento,
opiniões acerca do mundo. Todo esse aparato pode ser usado para direcionar a um
pensamento menos superficial, mais alargado e extenso.
Para tanto, deve-se observar os conceitos trabalhados, criados e recriados pelos
discentes, o discurso que o mesmo tinha e o que se apropriou no decorrer do
processo ensino-aprendizagem, a coerência na exposição, seja escrita ou falada,
isto é, se há contradição ou se as idéias fazem parte do discurso filosófico.
Podem-se avaliar os discentes usando algumas ferramentas como: debate,
criatividade, ajuda mútua e respeito à diferença por parte dos discentes; capacidade
de relacionamento com o próximo, o que implica tolerância, paciência e
solidariedade; participação dos alunos durante as aulas expositivas dialogadas, o
que permite averiguar a capacidade de análise, linguagem, posicionamento diante
dos conteúdos trabalhados; elaboração de dissertações sobre os mais variados
temas, sugeridos pelo professor e, em outros momentos, deixando à escolha do
próprio aluno; desenvolvimento de trabalhos escritos sobre os temas estudados em
sala, pinçando as idéias principais, como forma de recapitular os conteúdos através
de sínteses críticas e não meramente resumos; apresentação oral de trabalhos para
o grande grupo, possibilitando exercitar a oralidade e “familiarizar” com esta
ferramenta; elaboração de relatórios críticos sobre filmes assistidos; avaliação
escrita,
com
questões
objetivas
e
descritivas;
avaliação
oral
individual.
A avaliação é somatória de zero a dez pontos e serão usados no mínimo três
instrumentos diferentes.
A recuperação é concomitante e oferecida a todos os alunos, não apenas àqueles
que estão com média inferior a 6,0 (seis pontos). O aluno tem direito à recuperação
de todos os temas onde não ocorreu ensino e aprendizagem.
Procurar e encontrar é igual a comodismo; procurar e não encontrar significa
mistério; procurar por procurar, torna-se vazio; procurar e procurar continuamente
pode levar o homem a um estado de desequilíbrio, mas, ao mesmo tempo, passível
de conviver com a procura sem limites, o lançar-se corajosamente para o além de si
mesmo – eis o espaço da filosofia” (Marcio Gonçalves).
1º ANO
MITO E FILOSOFIA

compreender fundamentalmente oque é mito e oque é filosofia, a relação que
existe entre esses dois âmbitos;

Conhecer como se deu e quais foram as condições que permitiram a
passagem do mito à filosofia ;

Compreender a diferença entre mito e filosofia e como ocorreu o nascimento
da filosofia pela superação dos mitos.

Perceber que os mesmos conflitos entre mito e razão, vividos pelos gregos,
são problemas presentes, ainda hoje,em nossa sociedade;
TEORIA DO CONHECIMENTO

Qual a importância da teoria do conhecimento para a história da filosofia;

Compreender historicamente que o surgimento do pensamento racional,
conceitual , entre os os gregos, foi decisivo no desenvolvimento da cultura da
civilização ocidental;

Conhecer o contexto histórico e político do surgimento da filosofia;

Compreender as questões sobre a origem, essência e certeza do
conhecimento humano;

As diferentes formas de conhecimentos, suas metodologias e o problema da
verdade.
2º ANO
ÉTICA

Compreender os fundamentos e a finalidade da Ética bem como a sua
relação com a política;

Entender a relação entre o sujeito e a norma.

Verificar o entendimento dos alunos sobre a ética e moral, bem como as
diferenças éticas existentes na sociedade;

Ser capaz de perceber que o agir fundamentado propícia consequências
melhores e mais racionais que o agir sem razões ou justificativas.
FILOSOFIA POLÍTICA

Compreender as relações de poder e os mecanismos que estruturam e
legitimam os diversos sistemas políticos;

Problematizar conceitos como o de cidadania, democracia, soberania, justiça,
dentre outros;

Analisar a compreensão dos alunos sobre a realidade politica, seu
entendimento
das
relações
de
poder
existentes,
das
ideologias,
desenvolvendo o senso critico sobre as formas de governo e politicas
existentes na sociedade contemporânea;
3º ANO
FILOSOFIA DA CIÊNCIA

Compreender o que é ciência, suas condições e possibilidades, sua intenção;

Refletir criticamente o conhecimento cientifico;

Entender que o conhecimento cientifico é provisório, jamais acabado ou
definitivo, sempre tributário, de fundo ideológico, religioso, econômico, político
e histórico;

Verificar os avanços científicos no campo da bioética e suas implicações
ético-politicas e sociais;
ESTÉTICA

Compreender o fundamentos da Estética enquanto reflexão sobre a beleza, a
sensibilidade e a arte.

Compreender a apreensão da realidade pela via da sensibilidade, percebendo
que o conhecimento não é apenas resultado da atividade intelectual, mas
fruto também da imaginação, da intuição e da fruição;

O entendimento dos educandos para a realidade estética, verificando como
esta pode estar a serviço de interesses econômicos, religiosos, sociais,
políticos etc., ao longo da história. Os diferentes padrões de beleza e a
relação belo e o grotesco.
5 REFERÊNCIAS
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de
Filosofia. 3ed. Rev. São Paulo: Moderna, 2005.
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 1ed. São Paulo: Ática, 2005. HORN, Geraldo Balduino;
FERNANDES, Sandro; BORGES, Anderson de Paula et al. Textos Filosóficos em
Discussão. Curitiba: Editora Elenco, 2006.
SEED. Diretrizes Curriculares de Filosofia para a Educação Básica. Curitiba: Editora
MEMVAVMEM, 2006.
VÁSQUEZ, Adolfo S. Convite à Estética. Tradução de Gilson Baptista Soares. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.
_________________. Estética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
ZINGANO, Marco. Platão e Aristóteles – Os Caminhos do Conhecimento. São Paulo:
Odysseus, 2002.
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