DISCIPLINA: QUÍMICA GERAL II PROFESSORA: ERIKA SOUZA VIEIRA CORROSÃO Os Problemas de Corrosão Selecionar material com inadequada resistência à corrosão para uma determinada aplicação pode ser um oneroso e lamentável equívoco. Perdas diretas e indiretas que podem resultar de um ataque corrosivo podem ser: · Quebra de equipamento e prejuízos a isto associados (exemplo, um recipiente com tinta cai mancha o ambiente porque o cabo da ponte rolante soltou devido a quebra de um parafuso inadequado para o ambiente de trabalho.). Este exemplo sugere infinita probabilidades de consequências por vezes trágicas. · Substituição prematura de equipamentos com reflexos no custo industrial. · Necessidade de projetos superdimensionados para suportar os efeitos da corrosão: exemplo aumento nas espessuras, diâmetros etc. · Paralisação inesperada do equipamento causando transtornos no planejamento de produção. · Perda de um produto (exemplo, se uma tubulação de um sistema hidráulico desenvolve um vazamento devido a uma corrosão induzida, contaminando o produto). · Perda de eficiência (exemplo, produtos gerados pela corrosão diminuem a velocidade de transferência de calor em um sistema de resfriamento) Algumas destas perdas indiretas podem custar mais que a diferença de preço entre um material que teria uma performance satisfatória e outro que não. Portanto é importante considerar o potencial de perdas indiretas devido a corrosão quando for feita a seleção do material a ser aplicado. Corrosão também constitui um significativo risco de segurança quando a falha ocorre em partes críticas de um meio de transporte. Além dos aspectos econômicos e segurança, corrosão é importante do ponto de vista de conservação de recursos de materiais. O que é corrosão ? Corrosão é um processo natural e resulta da inerente tendência dos metais reverterem para sua forma mais estável normalmente óxidos. A maioria dos metais são encontrados na natureza na forma de compostos estáveis como óxidos, sulfetos, silicatos etc. . denominados minérios. Durante o processo de extração e refino, é adicionada uma quantidade de energia ao minério para extrair o metal ou metais nele contido. É esta mesma energia que possibilita o aparecimento de forças capazes de reverter o metal à sua forma primitiva de composto mais estável. Pode-se também visualizar a corrosão como sendo um processo eletroquímico. Para que um metal cumpra a sua tendência de voltar a sua forma de composto mais estável deverão existir algumas condições mostradas na figura abaixo. Célula Eletrolítica Alguns conceitos básicos para uma boa compreensão do fenômeno: Anodo: O polo positivo de um sistema eletrolítico. Catodo: O polo negativo de um sistema eletrolítico. Série Galvânica: Uma lista de metais ou ligas classificados na ordem de sua resistência a corrosão. Exemplo de uma série Galvânica: METAL VOLT Magnésio comercialmete puro -1.75 Magnésio comercialmete puro -1.75 Liga de Magnésio (6% Al, 3% Zn, 0.15% -1.60 Mn) Zinco -1.10 Liga de Alumínio ( 5% Zn ) -1.05 Alumínio comercialmente puro -0.80 Aço doce ( limpo e lustroso ) -0.5 à 0.80 Aço doce (enferrujado) -0.4 à 0.55 Ferro Fundido Branco -050 Chumbo -050 Aço comum inserido no concreto -0.20 Cobre, latão, Bronze -020 Aço comum com carepa de laminação. -0.20 Potenciais típicos observados em solos neutros e água, medidos em relação a um eletrodo de sulfato de cobre como referência. Eletrólito: Uma substância que quando dissolvida em água separa-se em um ou mais ions podendo portanto conduzir corrente elétrica. Acidez (PH): Um número que varia de 1 à 14 e mede a acidez ou basicidade de um eletrólito, sendo que: PH MEIO 1à7 Ácido 7 Neutro 7 à 14 Alcalino Passividade: Quando um material sofre a ação corrosiva o produto desta corrosão é uma fina camada que poderá protegê-lo do efeito corrosivo. Exemplo: Uma chapa de alumínio ao entrar em contato com a atmosfera é recoberta com uma fina camada de alumina (Al2O3) extremamente aderente e alta resistência à corrosão que irá posteriormente protege-la da corrosão atmosférica. Embora o alumínio seja menos nobre que o ferro (aço carbono) segundo a fila de tensões eletrolíticas ele resiste mais as condições corrosivas que o ferro (aço carbono) graças à camada passivadora do Óxido de Alumínio. A excelente resistência à corrosão de um aço inoxidável depende da formação e manutenção de um invisível filme de óxidos complexos chamados Óxidos Passivadores. O conceito de Passividade apresenta a mais alta importância no entendimento e combate à corrosão. Certas condições deverão existir para que uma célula eletrolítica de corrosão possa funcionar: Deve haver um anodo e um catodo.; Deve haver uma diferença de potencial entre o anodo e o catodo; Deve haver um caminho elétrico conectando o anodo ao catodo; O anodo e o catodo devem estar imersos em um líquido condutor denominado eletrólito. A força matriz que ativa uma célula é a diferença de potencial ou voltagem entre o anodo e o catodo. Uma vez estabelecidas as condições elétricas mostradas na figura é inevitável o início da corrosão. Principais Formas de Corrosão Corrosão Uniforme Geral: Ataque corrosivo caracterizado por uma diminuição da espessura do material devido uma perda regular de metal da superfície corroída. Atmosférica: Corrosão ou degradação do material quando exposto ao ar e seus poluentes principalmente em atmosferas úmidas. Ex. Estrutura metálica de aço abandonada, caixa d’agua, pontes metálica, etc. Galvânica: Corrosão que ocorre quando metais ou ligas com potenciais eletroquímicos diferentes são acoplados um ao outro e entre eles houver um eletrólito ( meio ambiente ácido). Ex. corrosão do parafuso de ferro na antena de TV que é fabricada de alumínio. Corrente de Fuga: Corrosão causada por fuga de corrente elétrica contínua devido a um aterramento elétrico mal executado. Biológica Geral: Corrosão microbiológica refere-se a corrosão e perda de metal causada por microorganismos. É caracterizada por pequenas colônias dispersas. Ex. corrosão da hélice de barcos quando microorganismos a ela se agregam liberando ou absorvendo oxigênio. Este fenômeno é particularmente observado em indústrias de conservas alimentícias. Sais Fundidos: Corrosão de metais devido a ação de vapores de sais fundidos. Ex. Instalações de tratamento térmico de metais onde o aquecimento e feito através de sais fundidos. Metais Líquidos: Degradação corrosiva de metais em presença de certos metais líquidos como mercúrio, zinco, chumbo e cádmio. Esta ação corrosiva pode provocar: dissolução química metal/metal (amalgamação), fragilização e quebra. Alta Temperatura : Corrosão pela reação de metais expostos a agentes oxidantes a altas temperaturas provocando: Oxidação, Sulfetação, Carbonização e outras formas menos comuns. Ex. metais ou ligas quando aquecidos a partir de um combustível contaminado por exemplo, com enxofre ou descontrole de chamas, ora oxidante ora redutora. Corrosão Localizada Toda ou a maioria da perda metálica ocorre em discretas áreas. Filiforme: Ocorre em superfícies pintadas com um delgado filme de tinta base orgânica, tipicamente 0.1mm de espessura, caracterizado pela aparência de finos filamentos em direções semi-aleatórias de uma ou mais fontes. Fissura: Corrosão que ocorre em trincas, estreitas aberturas ou espaços metal/metal ou não-metal/metal. Corrosão por Pontos: Corrosão extremamente localizada caracterizada por aparecimento de pequenas depressões sobre a superfície metálica. A corrosão por pontos é observada sobre superfícies com pouca ou nenhuma corrosão generalizada. Ocorre como um processo de dissolução anódica onde a perda metálica é exacerbada pela presença de um pequeno anodo e um grande catodo. Elementos químicos em pequena proporção agindo como anodo. Microbiológica localizada: Corrosão que ocorre quando organismos biológicos são a única causa ou fator de aceleração na corrosão localizada. Corrosão Devido a Fatores Metalúrgicos Formas de ataque onde a metalurgia exerce uma significante influência: Intergranular: Corrosão que ocorre quando a velocidade de corrosão das áreas de contorno de grãos (metalúrgicos) de uma liga excede àquela do interior do grão. Êste fenômeno ocasiona a migração de elementos em direção aos contornos de grãos e o conseqüente empobrecimento da matriz metalúrgica. Deslocamento: Uma forma de corrosão caracterizada pela remoção preferencial de um dos componente de liga deixando para traz uma estrutura residual alterada. Fatores que Potencializam a Ação Degradante da Corrosão Degradação assistida mecanicamente: Formas de ataque onde a velocidade, abrasão, hidrodinâmica são as maiores influências, ora atacando o material ora removendo a camada de passivação: Erosão: Remoção do material superficial pela ação de vários impactos de partículas sólidas ou líquidas. Fricção: Atrito entre duas superfícies metálicas ou não. Cavitação: O fenômeno cavitação ocorre e, áreas com altas velocidades de fluxos e rápidas mudanças de pressões. Isto causa colapso de bolhas de gás ou vapor projetando forças poderosas na superfície metálica removendo a camada de passivação e desta forma potencializando a corrosão. Fadiga: É o resultado de ações combinadas de tensões cíclicas. Ruptura Induzida Pelo Meio Ambiente: Formas de falhas que são produzidas em materiais com tensões residuais. Trincas sob tensão: Propagação de trinca devido a uma tensão aplicada. Injúria pelo hidrogênio: Residual no interior do metal poderá crescer se o metal for submetido a tensões. Métodos preventivos de combate à corrosão: Mudanças de Materiais: Completa ou parcial mudança dos materiais até então usados. Mudança de Meio Ambiente: Uma completa mudança do meio ambiente ou uma parcial alteração pela modificação do pH etc. Camada de filmes: Aplicações de camadas de tinta orgânica ou eletro-deposição. Técnicas Eletroquímicas: Tintas consumíveis, proteção catódica ou anódica etc. Projeto: Prever maior tolerância em função de uma corrosão geral e controle de fatores como temperatura, velocidade etc. Proteção contra corrosão Algumas soluções reduzem ou mesmo eliminam a velocidade da corrosão, entre elas podemos sugerir a utilização de aços resistentes à corrosão atmosférica, aplicação de zincagem e pintura. AÇOS RESISTENTES À CORROSÃO ATMOSFÉRICA 1 - Aços Inoxidáveis - são obtidos pela adição de níquel e cromo, porém seu uso é restrito em edificações. 2 - Aços Patináveis ou Aclimáveis (CORTEN) - são obtidos pela adição de cobre e cromo. Algumas siderúrgicas adicionam níquel, vanádio e nióbio. São encontrados na forma de chapas, bobinas e perfis laminados. Apresentam resistência à corrosão atmosférica até oito vezes maior que os aços-carbono comuns; resistência mecânica na faixa de 500Mpa e boa soldabilidade. A sua utilização não exige revestimento contra corrosão, devido a formação da “pátina” (camada de óxido compacta e aderente) em contato com a atmosfera. O tempo necessário para a sua completa formação varia em média de 2 a 3 anos conforme a exposição do aço, ou pré-tratamento em usina para acelerar o processo. Estudos verificam que os aços apresentam bom desempenho em atmosferas industriais não muito agressivas. Em atmosferas industriais altamente corrosivas seu desempenho é bem menor, porém superior à do aço-carbono. Em atmosferas marinhas, as perdas por corrosão são maiores do que em atmosferas industriais, sendo recomendado a utilização de revestimento. Cuidados na utilização dos aços patináveis sem revestimento Devem ser removidos resíduos de óleo e graxa, respingos de solda, argamassa e concreto, bem como a carepa de laminação; Devem receber pintura nas regiões de estagnação que possam reter resíduos ou água; Regiões sobrepostas, frestas, articulação e juntas de expansão devem ser protegidas do acúmulo de resíduos sólidos e umidade. Materiais adjacentes aos perfis expostos à ação da chuva devem ser protegidas nos primeiros anos devido a dissolução de óxido provocada; Acompanhamento periódico da camada de pátina, pois caso não ocorra a formação, a aplicação de uma pintura de proteção torna-se necessária. Os aços patináveis com revestimento devem receber pintura, os aços patináveis utilizados em locais onde as condições climáticas não permitam o desenvolvimento da pátina protetora, quando expostas à atmosfera industrial altamente agressiva, atmosfera marinha severa, regiões submersa e locais onde não ocorram ciclos alternados de molhagem e secagem, ou quando for uma necessidade imposta no projeto arquitetônico. Os aços patináveis apresentam boa aderência ao revestimento com desempenho duas vezes maior que o aço-carbono comum. ZINCAGEM O processo de corrosão dos metais está diretamente relacionado com o potencial de oxidação de eletrodo, que remove os elétrons do ferro formando cátions Fe++, quanto mais positivo for o potencial de oxidação, mais reativo é o metal. A proteção pelo uso de zinco consiste em combinar o zinco com o ferro, resultando no zinco como anodo e o ferro como cátodo, prevenindo assim a corrosão do ferro, uma vez que o zinco atua como uma barreira protetora evitando a entrada de água e ar atmosférico, além de sofrer corrosão antes do ferro. Este tratamento garante à peça uma maior durabilidade, já que a corrosão do zinco é de 10 a 50 vezes menor que no aço em área industriais e rurais, e de 50 a 350 vezes em áreas marinhas. GALVANIZAÇÃO A galvanização é o processo de zincagem por imersão a quente, que consiste na imersão da peça em um recipiente com zinco fundido a 460°C. O zinco adere à superfície do aço através da formação de uma camada de liga Fe-Zn, sobre a qual deposita-se uma camada de zinco pura de espessura correspondente a agressividade do meio a qual a peça será submetida. Para garantir uma proteção ainda maior contra a corrosão costuma-se aplicar tintas sobre as superfícies zincadas. PINTURA A proteção contra corrosão através de pintura consiste em criar uma barreira impermeável protetora na superfície exposta do aço através de aplicação de esmaltes, vernizes, tintas e plásticos, obedecendo as seguintes etapas: a) Limpeza da superfície: pode ser feita através de escovamento, aplicação de solventes e jateamento. b) Aplicação de primer: garante aderência a camada subseqüente. c) Camada intermediária: fornece espessura ao sistema. d) Camada final: atua como barreira protetora, além da finalidade estética. AÇOS - LIGA Com a adição de cobre, cromo, silício, fósforo e níquel são obtidos aços de baixa liga que se caracterizam pela formação de uma película aderente que impede a corrosão, podendo ser empregado sem pintura com restrições em atmosfera marítimas. Para diminuir o processo de corrosão do aço sob a água ou atmosfera marítima, utiliza-se uma percentagem de 0.1 a 0.2% de cobre. Para estruturas aparentes deve-se tomar cuidado, uma vez que na primeira fase de corrosão os produtos resultantes do processo podem manchar outros elementos estruturais. PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO O aço quando atacado pelo fogo apresenta resistência reduzida e uma redução brusca do seu estado limite de escoamento a partir de 400°C, atingindo valores críticos em temperaturas em torno de 550°C. Quando recebem proteção adequada para o tempo de duração do fogo, as estruturas metálicas recuperam suas propriedades após cessado a ação do fogo, além das suas funções estáticas. Na proteção contra incêndio são utilizados alguns materiais como a vermiculita, o gesso e o amianto. A aplicação do amianto consiste na utilização de um equipamento especial que projeta uma polpa de fibras (amianto) que se adere perfeitamente à superfície onde é aplicado. A porosidade decorrente do método de aplicação, aliada às propriedades do amianto, torna este material um dos mais eficientes contra o fogo. Outro material inorgânico também bastante empregado como isolante térmico é a vermiculita, devido a sua baixa condutibilidade térmica. A vermiculita sob a forma de placas, ou como argamassa com cimento, cal e água. Também empregado sob a forma de argamassa ou placas, temos o gesso armado com fibra, que é bastante utilizado em forros para proteção do vigamento e da laje.