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Seminário Vida Nova
“Formando Líderes com Excelência”
Curso Teológico Regular
Nota de Aula – Aula 2 – Ética Cristã – Definições de Ética.
4. Ética
4.1 Introdução
Um dos problemas da atualidade, a qual chamamos de ‘pós-modernidade’, é a questão da ética:
como devemos estabelecer o certo e o errado? Como podemos distinguir bem do mal?
Foi deixada por conta de nossa época a possibilidade de culpa. Não estamos seguros de que
exista algo assim como certo e errado, bom e mau. E essa completa incerteza acerca dos valores
morais está na raiz da terrível confusão de nossa época.
A religião é considerada como uma escolha pessoal. Não se descarta o sobrenatural, contudo,
admite-se a possibilidade de muitas realidades espirituais.
O relativismo, uma das características de nossa época, manifesta-se em vários segmentos, para
não dizermos em todos.
Á política, a família, e muitos outros segmentos sofrem a influência da relativização.
A pesar da afirmação de muitos, de seu divórcio com a religião, o pensamento ético das pessoas
reproduz suas convicções religiosas.
Nas relações cotidianas dos indivíduos entre si, surgem continuamente problemas como estes:
 Devo cumprir a promessa X que fiz ontem ao meu amigo Y, embora perceba que o
cumprimento me causará certos prejuízos?
 Se alguém se me aproxima, à noite, de maneira suspeita e receio que me possa agredir, devo
atirar nele, aproveitando que ninguém pode ver, a fim de não correr o risco de ser agredido?
 Com respeito aos crimes cometidos pelos nazistas durante a segunda guerra mundial, os
soldados que os executaram, cumprindo ordens militares, podem ser moralmente condenados?
 Devo sempre dizer sempre a verdade ou há ocasiões em que devo mentir?
 Podemos considerar bom o homem que se mostra caridoso com o mendigo que bate à sua
porta e, durante o dia, como patrão, explora impiedosamente os operários e os empregados de
sua empresa?
Em seu livro Geisler, logo na introdução, começa fazendo algumas perguntas, tais como:
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1ª – É correto mentir a fim de salvar uma vida?2ª – Contar a verdade é mais importante
do que salvar vidas?
3ª – O que você faria?
4ª – A pessoa conta uma mentira para salvar uma vida, ou sacrifica uma vida para salvar
a verdade?
4.2 Conceito
O que é Ética: A origem da palavra ética vem do grego “Éthos” “e]qov”, que quer dizer o
modo de ser, o caráter.
Os romanos traduziram o “Éthos” “e]qov”grego, para o latim “mos” (ou no plural “mores”),
que quer
dizer costume, de onde vem a palavra moral.
Tanto “ethos” (caráter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento
propriamente humano que não é natural, o homem não nasce com ele como se fosse um instinto, mas
que é “adquirido ou conquistado por hábito” (VÁZQUEZ, 1980. p.15).
Portanto, ética e moral, pela própria etimologia, diz respeito a uma realidade humana que é
construída histórica e socialmente a partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades
onde nascem e vivem.
No nosso dia-a-dia não fazemos distinção entre ética e moral, usamos as duas palavras como
sinônimos. Mas os estudiosos da questão fazem uma distinção entre as duas palavras.
Assim, a moral é definida como o conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes,
valores que norteiam o comportamento do indivíduo no seu grupo social. A moral é normativa.
Enquanto a ética é definida como a teoria, o conhecimento ou a ciência do comportamento
moral, que busca explicar, compreender, justificar e criticar a moral ou as morais de uma sociedade.
A ética é filosófica e científica.
“Nenhum homem é uma ilha”. Esta famosa frase do filósofo inglês Thomas Morus, ajudanos a compreender que a vida humana é convívio. Para o ser humano viver é conviver.
É justamente na convivência, na vida social e comunitária, que o ser humano se descobre e se
realiza enquanto um ser moral e ético. É na relação com o outro que surgem os problemas e as
indagações morais: o que devo fazer? Como agir em determinada situação? Como comportar-me
perante o outro? Diante da corrupção e das injustiças, o que fazer?
Portanto, constantemente no nosso cotidiano encontramos situações que nos colocam
problemas morais. São problemas práticos e concretos da nossa vida em sociedade, ou seja, problemas
que dizem respeito às nossas decisões, escolhas, ações e comportamentos - os quais exigem uma
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avaliação, um julgamento, um juízo de valor entre o que socialmente é considerado bom ou mau justo
ou injusto, certo ou errado, pela moral vigente.
4.3 Conceito de Ética Cristã
A ética cristã tem elementos distintivos em relação a outros sistemas. O teólogo Emil Brunner
declarou que a ética cristã é a ciência da conduta humana que se determina pela conduta divina. Os
fundamentos da ética cristã encontram-se nas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento, entendidas
como a revelação especial de Deus aos seres humanos.
A ética é importante para a vida diária do cristão. A cada momento precisamos tomar decisões
que afetam a outros e a nós mesmos.
A ética cristã ajuda as pessoas a encarar seus valores e deveres de uma perspectiva correta, a
perspectiva de Deus.
Ela mostra ao ser humano o quanto está distante dos alvos de Deus para a sua vida, mas o ajuda
a progredir em direção esse ideal.
Se fosse possível declarar em uma só sentença a totalidade do dever social e moral do ser
humano, poderíamos fazê-lo com as palavras de Jesus: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu
coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... e amarás o teu próximo como a ti mesmo”.
(Mt 22, 37 e 39)
5. As bases bíblicas da ética cristã
5.1. A ética do antigo testamento
5.1.1 O caráter ético de Deus
A religião dos judeus tem sido descrita como “monoteísmo ético”. O Velho Testamento fala da
existência de um único DEUS, o criador e Senhor de todas as coisas. Esse Deus é pessoal e tem um
caráter positivo, não negativo ou neutro. Esse caráter se revela em seus atributos morais. Deus é Santo
(Lv 11, 45; Sl 99, 9), justo (Sl 11, 7; 145, 17), verdadeiro (Sl 119, 160; Is 45, 19), misericordioso (Sl
103, 8; Is 55, 7), fiel (Dt 7, 9; Sl 33, 4).
5.2 A natureza moral do homem
A Escritura afirma que Deus criou o ser humano à sua semelhança (Gn 1, 26-27). Isso significa
que o homem partilha, ainda que de modo limitado, do caráter moral de seu Criador.
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Embora o pecado haja distorcido essa imagem divina no ser humano, não a destruiu totalmente.
Deus requer uma conduta ética das suas criaturas: “Sede santos porque eu sou santo” (Lv 19, 2; 20,
26).
5.3 A Lei de Deus
A lei expressa o desejo que Deus tem de que as suas criaturas vivam vidas de integridade. Há
três tipos de leis no Antigo Testamento: cerimoniais, civis e morais. Todas visavam disciplinar o
relacionamento das pessoas com Deus e com o seu próximo.
A lei inculca valores como a solidariedade, o altruísmo, a humildade, a veracidade, sempre
visando o bem-estar do indivíduo, da família e da coletividade.
5.4 Os Dez Mandamentos
A grande síntese da moralidade bíblica está expressa nos Dez Mandamentos (Ex 20, 1-17; Dt 5,
6-21). As chamadas “duas tábuas da lei” mostram os deveres das pessoas para com Deus e para com o
seu próximo. O Reformador João Calvino falava nos três usos da Lei: judicial, civil e santificador.
Todas as confissões de fé reformadas dão grande destaque à exposição dos Dez Mandamentos.
5.5 A contribuição dos profetas
Alguns dos preceitos éticos mais nobres do Antigo Testamento são encontrados nos livros dos
Profetas, especialmente Isaías, Oséias, Amós e Miquéias. Sua ênfase está não só na ética individual,
mas social. Eles mostram a incoerência de cultuar a Deus e oferecer-lhe sacrifícios, sem todavia ter um
relacionamento de integridade com o semelhante. Ver Isaías 1, 10-17; 5, 7 e 20; 10 1-2; 33, 15; Oséias
4, 1-2; 6, 6; 10, 12; Amós 5, 12-15, 21-24; Miquéias 6, 6-8.
5.2. A ética do novo testamento
A ética do Novo Testamento não contrasta com a do Antigo, mas nele se fundamenta. Jesus e
os Apóstolos desenvolvem e aprofundam princípios e temas que já estavam presentes nas Escrituras
Hebraicas, dando também algumas ênfases novas.
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A ética de Jesus: a ética de Jesus está contida nos seus ensinos e é ilustrada pela sua vida. O
tema central da mensagem de Jesus é o conceito do “reino de Deus”. Esse reino expressa uma nova
realidade em que a vontade de Deus é reconhecida e aceita em todas as áreas. Jesus não apenas
ensinou os valores do reino, mas os exemplificou com a vida e o seu exemplo.
O Sermão da Montanha: uma das melhores sínteses da ética de Jesus está contida no Sermão da
Montanha (Mateus Caps. 5 a 7). Os seus discípulos (os Filhos do Reino) devem caracterizar-se pela
humildade, mansidão, misericórdia, integridade, busca da justiça e da paz, pelo perdão, pela
veracidade, pela generosidade e acima de tudo pelo amor. A moralidade deve ser tanto externa como
interna (sentimentos, intenções): Mt 5, 28. A fonte do mal está no coração: Mc 7, 21-23.
A vontade de Deus: Jesus acentua que a vontade ou o propósito de Deus é o valor supremo.
Vemos isso, por exemplo, em Mt 19, 3-6. O maior pecado do ser humano é o amor próprio, o
egocentrismo (Lc 12, 13-21; 17, 33). Daí a ênfase nos dois grandes mandamentos que sintetizam toda
a lei: Mt 22, 37-40. Outro princípio importante é a famosa “regra de ouro”: Mt 7, 12.
A ética de Paulo: Paulo baseia toda a sua ética na realidade da redenção em Cristo. Sua
expressão característica é “em Cristo” (II Co 5, 17; Gl 2, 20; 3, 28; Fp 4, 1). Somente por estar em
Cristo e viver em Cristo, profundamente unido a Ele pela fé, o cristão pode agora viver uma nova vida,
dinamizado pelo Espírito de Cristo. Todavia, o cristão não alcançou ainda a plenitude, que virá com a
consumação de todas as coisas. Ele vive entre dois tempos: o “já” e o “ainda não”.
Tipicamente em suas cartas, depois de expor a obra redentora de Deus por meio de Cristo,
Paulo apresenta uma série de implicações dessa redenção para a vida diária do crente em todos os
aspectos (Rm 12, 1-2; Ef 4, 1)
Entre os motivos que devem impulsionar as pessoas em sua conduta está a imitação de Cristo
(Rm 15, 5; Gl 2, 20; Ef 5, 1-2; Fp 2, 5). Outro motivo fundamental é o amor (Rm 12, 9-10; I Co 13, 113; 16, 14; Gl 5, 6). O viver ético é sempre o fruto do Espírito (Gl 5, 22-23).
Na sua argumentação ética, Paulo dá ênfase ao bem-estar da comunidade, o corpo de Cristo
(Rm 12, 5; I Co 10, 17; 12, 13 e 27; Ef 4, 25; Gl 3, 28). Ao mesmo tempo, ele valoriza o indivíduo, o
irmão por quem Cristo morreu (Rm 14, 15; I Co 8, 11; I Ts 4, 6; Fm 16)
Acima de tudo, o crente deve viver para Deus, de modo digno dele, para o seu inteiro agrado:
Rm 14, 8; II Co 5, 15; Fp 1, 27; Cl 1, 10; I Ts 2, 12; Tt 2, 12.
Referência Bibliográfica:
GEISLER, Norman L. Ética Cristã: alternativas e questões contemporâneas. São Paulo: 2002. Vida
Nova. p.11.
(VÁZQUEZ, 1980. p.15).
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