GOVERNO DO PARANÁ SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO BÁSICA ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS - ENSINO MÉDIO POR BLOCOS DISCIPLINA FILOSOFIA CARGA HORÁRIA POR BLOCO: 60 h/a Justificativa A filosofia, enquanto conjunto de conhecimentos construídos historicamente reúne grande parte dos temas que influenciam a vida de nossos estudantes. Seja no campo de política, da ética, da ciência, seja no campo da arte, os conhecimentos filosóficos estão presentes, mesmo que inconscientemente, no modo e no sentido segundo no qual as pessoas interagem com o mundo. O grande problema se encontra, contudo, no fato de que as teses, as doutrinas, os argumentos filosóficos se caracterizam por uma validade tácita, isto é, eles influenciam as perspectivas dos estudantes sem que estes estejam conscientes disso. Para citar um exemplo, o conceito de liberdade vigente em nossa circunstância histórica é profundamente marcado pelas teorias liberais dos séculos XVII e XVIII. Quando a mídia, os políticos e as pessoas em geral falam sobre a liberdade, suas posições são orientadas pelas discussões realizadas por Locke, Hobbes, Rousseau, etc.; muito embora, na maior parte das vezes, não tenham conhecimento e leitura das obras desses autores. Este paradoxo funda-se no fato de que nossas instituições e nossos comportamentos foram construídos ao longo da história em sintonia com as teorias e os pensamentos dos filósofos. As pessoas educadas num contexto já determinado incorporam perspectivas específicas e, ingenuamente, acreditam que elas são únicas e nunca foram ou serão diferentes do que são. Eis a validade tácita que caracteriza as teses, as doutrinas e os argumentos filosóficos. Contudo, existem concepções filosóficas diversas, cabe a cada professor o desafio constante de definir para si mesmo o lugar de onde pensa e fala. Identifica-se o local onde se pensa e fala a partir do resgate histórico da disciplina e da militância por sua inclusão e permanência na escola. Ensinar Filosofia no Ensino Médio, no Paraná, no Brasil, na América Latina, não é o mesmo que ensiná- la em outro lugar. Isso exige do professor claro posicionamento em relação aos sujeitos desse ensino e das questões históricas atuais que lhes são colocadas como cidadãos de um país. Nesse sentido, é preciso levar em conta as contradições próprias da nossa sociedade que é, ao mesmo tempo, capitalista e dependente, rica e explorada, consciente e alienada. Ao pensar o ensino de Filosofia, as Diretrizes Curriculares de Filosofia para o Ensino Médio, que norteiam este documento, fazem ver, a partir da compreensão expressa por Appel (1999), que não há propriamente ofício filosófico sem sujeitos democráticos e não há como atuar no campo político e cultural, avançar e consolidar a democracia quando se perde o direito de pensar, a capacidade de discernimento e o uso autônomo da razão. Fundamentos Teórico Metodológicos A fundamentação teórico-metodológica desta Proposta Pedagógica Curricular está pautada nas Diretrizes Curriculares de Filosofia do Ensino Médio do Estado do Paraná. As Diretrizes Curriculares de Filosofia concebem a Filosofia enquanto espaço de análise e criação de conceitos. Nesse sentido, a Filosofia no Ensino Médio visa fornecer aos estudantes a possibilidade de compreender a complexidade do mundo contemporâneo, suas múltiplas particularidades e especializações. Segundo as Diretrizes Curriculares de Filosofia o estudante precisa de um saber que opere por questionamentos, conceitos e categorias e que busque articular o espaço-temporal e sócio-histórico em que se dá o pensamento e a experiência humana. Como disciplina na matriz curricular do Ensino Médio, considera-se que a Filosofia pode viabilizar interfaces com as outras disciplinas para a compreensão do mundo da linguagem, da literatura, da história, das ciências e da arte. Na atual polêmica mundial acerca dos possíveis sentidos dos valores éticos, políticos, estéticos e epistemológicos, a Filosofia tem um espaço a ocupar e muito a contribuir. Seus esforços dizem respeito, basicamente, aos problemas e conceitos criados no decorrer de sua longa história, os quais por sua vez geram discussões promissoras e criativas que desencadeiam, muitas vezes, ações e transformações. Por isso, permanecem atuais. Um dos objetivos do Ensino Médio é a formação pluridimensional e democrática, capaz de oferecer aos estudantes a possibilidade de compreender a complexidade do mundo contemporâneo, suas múltiplas particularidades e especializações. Ao deparar-se com os problemas e por meio da leitura dos textos filosóficos, espera-se que o estudante possa pensar, discutir, argumentar e, que, nesse processo, crie e recrie para si os conceitos filosóficos, ciente de que não há conceito simples. Segundo Deleuze e Guattari (1992), todo conceito tem componentes e se define por eles. Não há conceito de um só componente e não há conceito que disponha de todos os componentes no momento de sua erupção. Todo conceito é ao menos duplo ou triplo e remete a um problema ou a problemas sem os quais não teria sentido, e que só podem ser isolados ou compreendidos na medida de sua solução. Conforme esses autores, todo conceito tem uma história, embora a história se desdobre em ziguezague, embora cruze com outros problemas ou com outros planos. Os conceitos jamais são criados do nada. Em cada um deles há, no mais das vezes, pedaços ou componentes vindos de outros que respondiam a outros problemas e supunham outros planos em momentos históricos diversos. Cada conceito opera um novo corte, assume novos contornos, deve ser reativado ou recortado. É o devir do conceito. Em suma, a natureza do conceito ou o conceito de conceito “define-se pela inseparabilidade de um número finito de componentes heterogêneos percorridos por um ponto de sobrevôo absoluto, à velocidade infinita” (DELEUZE; GUATTARI, 1992, p. 33). Não há nenhuma razão para que os conceitos se sigam, eternizem-se. Nesse sentido, “um filósofo não pára de remanejar seus conceitos, e mesmo de mudá- los” (DELEUZE, GUATTARI, 1992, p. 34). A cada momento, ele está preocupado com questões distintas e problemas específicos. O conceito criado a partir dessas circunstâncias se identifica às particularidades de cada situação filosófica e pode, assim, reorganizar seus componentes ou criar novos. Assim, o ensino de filosofia como criação de conceitos deve abrir espaço para que o estudante possa planejar um sobrevoo sobre todo o vivido, a fim de que consiga à sua maneira também, cortar, recortar a realidade e criar conceitos. O ensino de Filosofia tem uma especificidade que se concretiza na relação do estudante com os problemas, na busca de soluções nos textos filosóficos por meio da investigação, no trabalho direcionado à criação de conceitos. Ao ensinar Filosofia no Ensino Médio por blocos o professor deve pensar a distribuição do conteúdo em função de uma outra perspectiva de tempo, ou seja, de uma aula geminada (duas aulas juntas) muito embora, tenha a mesma carga horária, ou ainda, o mesmo numero de horas, porém concentrada em um bloco semestral. O conteúdo é o mesmo que seria trabalhado no Ensino Médio anual, ou seja, o professor ao invés de ter duas aulas por semana num total de sessenta (60) aulas anuais, terá duas aulas consecutivas e uma terceira aula em outro dia da semana perfazendo as sessenta horas em um semestre e não em um ano. Poderá acontecer que pelo uso de sua autonomia algumas escolas escolham colocar três aulas em um único dia, ou ainda uma em cada dia da semana, o que não aconselhamos por entender que isso pode sobrecarregar tanto o professor como o aluno e/ou fragmentar o trabalho. Por outro lado, quando o professor possui apenas uma aula por dia, levando em conta o tempo que gasta com a chamada e outras funções o desenvolvimento do conteúdo e a aplicação de atividades e avaliações ficam limitadas a um espaço de tempo que restringe a extensão do processo de ensino e aprendizagem. Do ponto de vista metodológico é necessário se planejar de forma a explorar o tempo que se tem com os educandos no ensino médio em blocos com o objetivo de aprofundar o textos estudados, podendo aplicar atividades e avaliações sem uma lacuna de tempo que poderia dificultar a fixação dos conceitos trabalhados. As aulas geminadas do ensino médio em bloco ainda contribuem na efetivação das relações interdisciplinares, pois o professor com duas aulas aglutinadas tem a possibilidade de recorrer aos conteúdos e conhecimentos de disciplinas que estejam próximas do conteúdo que está desenvolvendo. A relação interdisciplinar não é um invenção ocasional, muitas vezes quando o professor de Filosofia está trabalhando um conceito ou o pensamento de um filósofo, para contextualizar o momento sócio-econômico e as circunstâncias em que tal pensamento ocorreu ele se utiliza da linguagem historiográfica e de conteúdos e metodologias próprios da disciplina de história. Ao trabalhar a passagem do mito ao logos (Filosofia), por exemplo, recorremos a disciplina de Língua Portuguesa e da linguística no intuito de compreender a estrutura do pensamento mitológico. Ao trabalhar com o conteúdo de estética pode-se explorar a relação interdisciplinar com a disciplina de arte pois muitos de seus conteúdos são correlatos e abrem margem para que o professor recorra a textos, imagens, vídeos e discussões que configuram uma relação muito íntima com o trabalho que o professor de arte executa enquanto conceito em sua disciplina. São múltiplas as possibilidades de desenvolvimento das relações interdisciplinares, cabe ao professor dentro de sua especialização, de suas leituras e principalmente de acordo com o conteúdo e com o texto que está trabalhando perceber em que medida pode explorar conhecimentos de outras disciplinas. Seriação/Carga horária 1º ano Conteúdo Básico Especificidade da abordagem na série h/a Saber mítico Estrutura do pensamento mítico Características do Mito 6 Estrutura do pensamento filosófico pré-socrático Características do pensamento filosófico pré-socrático 6 Saber Filosófico Relação entre Mito e Diferenças e semelhanças entre o mito e a filosofia pré-socrática Filosofia Atualidade do Mito A presença do discurso mítico nos filmes e na cultura moderna 6 6 O que é a Filosofia? Principais características da filosofia: racionalidade, conceito e 6 explicitação. Possibilidade do conhecimento Diferenças entre o relativismo de Protágoras e a perspectiva 6 epistemológica de Platão. Formas de conhecimento Ceticismo Dogmatismo Racionalismo Empirismo 6 O problema da verdade Verdade como correspondência Verdade como revelação Verdade como convenção 6 Diferenças entre método dedutivo e indutivo As regras do método cartesiano 6 Silogismo Falácias Retórica 6 A questão do método Conhecimento e lógica. 2º ano Conteúdo Básico Especificidade da abordagem na série h/a Ética e Moral Origens históricas da moral ocidental Diferenças entre moral e ética 6 Pluralidade ética Diferentes concepções: eudaimonista, hedonista, cristã, liberal, 6 niilista, etc. Ética e Violência O problema da alteridade O problema das virtudes Razão, desejo e vontade O conflito entre alma racional e alma irracional em Platão e 6 Aristóteles Amizade Liberdade Liberdade: autonomia do sujeito e a necessidade das normas Conceitos de liberdade Livre-arbítrio Liberdade e cidadania 6 Estado e violência Os conceitos de Virtù e fortuna em Maquiavel 6 Relações entre comunidade e poder Liberdade e Conceito de Isonomia e Iségoria igualdade política Liberdade e liberalidade Política e ideologia Liberalismo Republicanismo Socialismo Marxismo Esfera pública e privada Conceito de esfera pública Conceito de esfera privada Condições de instauração do espaço público Cidadania formal A crise da representação e/ou participativa. A questão da legitimidade da democracia participativa Direitos e deveres 6 6 6 6 6 Conteúdo Básico 3º Ano Especificidade da abordagem na série Concepções de ciência O que é ciência? Concepção antiga e moderna de ciência 8 A questão do método científico O método dedutivo e indutivo Falseabilidade empírica Ruptura epistemológica 8 Contribuições e limites da ciência Ciência e sociedade Paradigmas científicos 8 Ciência e ideologia Alienação Politica e ciência Ciência e ética Natureza da arte h/a 8 Bioética A ciência e as suas conseqüências sociais Ciência e senso comum 6 Historia da arte Concepções de arte 6 Finalidade da arte Filosofia e arte Baumgarten e a crítica do gosto Kant e a estética transcendental Kant e Crítica da faculdade do juízo 6 Categorias estéticas Feio, belo, sublime, trágico, cômico, grotesco, gosto, etc 6 Estética e sociedade. O belo e as formas de arte Utilidade da arte Crítica do gosto 4 Avaliação Conforme a LDB n. 9394/96, no seu artigo 24, avaliação deve ser concebida na sua função diagnóstica e processual, isto é, tem o objetivo de subsidiar e mesmo redirecionar o curso da ação no processo ensino-aprendizagem. Apesar de sua inequívoca importância individual, no ensino de Filosofia, avaliação não se resumiria a perceber o quanto o estudante assimilou do conteúdo presente na história da Filosofia, ou nos problemas filosóficos, nem a examinar sua capacidade de tratar deste ou daquele tema. Para Kohan e Waksman (2002), o ensino de Filosofia tem uma especificidade que deve ser levada em conta no processo de avaliação. A Filosofia como prática, como discussão com o outro e como construção de conceitos encontra seu sentido na experiência de pensamento filosófico. Entendemos por experiência esse acontecimento inusitado que o educador pode propiciar e preparar, porém não determinar e, menos ainda, avaliar ou medir. O ensino de Filosofia é, acima de tudo, um grande desafio, pois, [...] a atividade filosófica do mestre consiste em gerar ou dar poder ao outro: isto quer dizer também fazê-lo responsável. Nisto reside à fecundidade, a atividade de “produzir” a capacidade de pensar, dizer e agir de outro, que implica a realização de pensamentos, palavras, ações diferentes das do mestre, que lhe escapam ao querer e ao “controle” [...] Querer que o outro pense, diga e faça o que queira, isto não é um querer fácil (LANGON, 2003, p. 94). Dessa forma, ao avaliar, no Ensino médio por blocos o professor terá a possibilidade de aplicar um instrumento avaliativo na sequencia da investigação, e a criação de conceitos ocorrerá sem a fragmentação das aulas, pois sendo as aulas geminadas o professor terá mais tempo pra aprofundar o conteúdo. È importante salientar que o docente deve ter respeito pelas posições do estudante, mesmo que não concorde com elas, pois o que está em questão é a capacidade de argumentar e de identificar os limites dessas posições. O que deve ser levado em conta é a atividade com conceitos, a capacidade de construir e tomar posições, de detectar os princípios e interesses subjacentes aos temas e discursos. Assim, torna-se relevante avaliar a capacidade do estudante do Ensino Médio por blocos de trabalhar e criar conceitos, sob os seguintes pressupostos: • qual discurso tinha antes; • qual conceito trabalhou; • qual discurso tem após; • qual conceito trabalhou. A avaliação de Filosofia se inicia com a mobilização para o conhecimento, por meio da análise comparativa do que o estudante pensava antes e do que pensa após o estudo. Com isso, torna-se possível entender a avaliação como um processo. Referências APPEL, E. Filosofia nos vestibulares e no ensino médio. Cadernos PET-Filosofia 2, Curitiba, 1999. ASPIS, R. O professor de Filosofia: o ensino da Filosofia no Ensino Médio como experiência filosófica. Cadernos CEDES. Campinas. n. 64, 2004. BORNHEIM, G. O sujeito e a norma. In. NOVAES, A. Ética. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. BRASIL. Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia. Orientações curriculares do ensino médio. [S.n.t.]. BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Orientações curriculares do ensino médio. Brasília: MEC/SEB, 2004. BRASIL. Ministério de Educação. Orientações curriculares do ensino médio. Brasília. MEC/SEB, 2006. CORBISIER, R. Introdução à filosofia. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1986, v.1. DELEUZE, G.; GUATTARI, F. O que é a filosofia? Rio de Janeiro: Ed. 34, 1992. (Coleção Trans). FAVARETTO, C.F. Notas sobre o ensino da filosofia. In: ARANTES, P. E. et all (Org.). A filosofia e seu ensino. Petrópolis/São Paulo: Vozes/Educ, 1995. FERRATER MORA. Dicionário de filosofia São Paulo: Loyola, 2001. FILOSOFIA. Vários autores. Curitiba: SEED-PR, 2006. 336 p. (Livro Didático Público) GALLO, S.; KOHAN, W. O. (Orgs). Filosofia no ensino médio. Petrópolis: Vozes, 2000. KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1985. KOHAN; WAKSMAN. Perspectivas atuais do ensino de filosofia no Brasil. In: FÁVERO, A; KOHAN, W.O.; RAUBER, J.J. Um olhar sobre o ensino de filosofia. Ijuí: Ed. da UNUJUÍ, 2002. LANGON, M. Filosofia do ensino de filosofia. In: GALLO, S.; CORNELLI, G.; DANELON, (Org.) Filosofia do ensino de filosofia. Petrópolis: Vozes, 2003. LEOPOLDO E SILVA, F. Por que a Filosofia no segundo grau. Revista Estudos v.6, n. 14, 1992. MARX, K. A questão judaica. In: __________. Tradução Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 1993. Manuscritos M. Avançados, econômico-filosóficos. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Departamento de Educação Básica. Curitiba: SEED, 2007. (Livro didático público) Filosofia. PARANÁ, Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas. Textos SEAF, Curitiba, V. 2, n.3, 1981. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Proposta curricular para o ensino de filosofia no 2.o grau. Curitiba, 1994. REALE, G.; ANTISERI, D. História da filosofia: patrística e escolástica. São Paulo: 2003. Paulus, RIBEIRO, M. L. S. História da educação brasileira: a organização escolar. São Paulo: Cortez & Moraes,1978. RIBEIRO, R.J. Último vôo da andorinha solitária. Estado de São Paulo, 06 mar. 2005. RUSSELL, B. Os problemas da filosofia. Tradução António Sérgio. Coimbra: 2001. Almedina, SEVERINO. A J. O ensino de filosofia: entre a estrutura e o evento. In: GALLO; S., DANELON; M., CORNELLI, G., (Orgs.). Ensino de filosofia: teoria e prática. Ijuí: Ed. Unijuí, 2004. TEXTOS SEAF (Sociedade de Estudos e Atividades Filosóficas - Regional do Paraná). Curitiba, ano 2, número 3, 1981. UNESCO. Philosophie et Dèmocratic dans le Monde – Une enquête de l ́Unesco. Librarie Générale Française, 1995. VASCONCELLOS, C. do S. A construção do conhecimento em sala de aula. São Paulo: Libertad, 2000. WOLFF, F. A invenção da política, In: NOVAES, A. (Org.) A crise do estado-nação. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003. DOCUMENTOS CONSULTADOS ON LINE Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova - 1932. In: História da Educação no Brasil. Disponível em: <www.pedagogiaemfoco.pro.br/heb07a.htm.> Acessado em 03-05-2006. ADENDO Conforme afirmado anteriormente ao ensinar Filosofia no Ensino Médio por blocos o professor deve pensar a distribuição do conteúdo em função de uma outra perspectiva de tempo, pois ele terá a mesma carga horária concentrada em um bloco semestral. O conteúdo será o mesmo trabalhado no Ensino Médio anual, porém, o professor ao invés de ter duas aulas por semana num total de sessenta (60) aulas anuais, terá duas aulas consecutivas e uma terceira aula em outro dia da semana perfazendo as sessenta horas em um semestre e não em um ano. Apresentamos a seguir um cronograma seguido de um exemplo de plano de trabalho docente, especificamente os relativo aos conteúdos 1, 2 e 3. Esse exemplo visa, tão somente, contribuir para a compreensão de como se pode explorar o máximo possível o tempo que se tem com os educandos no ensino médio em blocos. CRONOGRAMA DE CONTEÚDOS DO 2º BIMESTRE DE 2009 ENSINO MÉDIO POR BLOCOS FILOSOFIA CONTEÚDOS BÁSICOS: As formas de conhecimento; Possibilidade do conhecimento; O problema da verdade; A questão do método; Conhecim ento e lógica 1. Aula ExpositivaDialogada Mobilização e Problematização: 11. Aula Expositiva – Investigação: Síntese dos conteúdos do Teeteto com o Mênon 21. Aula Expositiva – Investigação: Regras para bem conduzir a Razão (Discurso do Imagem Escher e questionamento do LDP (Cap. IV) Método) Prova I - Criação de Conceitos: Questões Dissertativas e de Múltipla Escolha 22. Aula Expositiva – Investigação: relação entre o filme “O outro lado da nobreza” e a obra cartesiana 13. Discussão da Prova com os alunos. 23. Atividade de Produção de Texto – Criação de Conceitos: Defesa das Quatro Regras (p. 81 do LDP) 4. Debate - Criação de 14. conceito: Consequências do Relativismo (p. 64 do LDP) Aula ExpositivaDialogada Mobilização e Problematização: Música “Cotidiano” (Chico Buarque) e questionamento do LDP (Cap. V) 24. Aula ExpositivaDialogada – Investigação: As Meditações como exemplo das Regras 5. 15. Aula Expositiva – Investigação: Platão e o Conhecimento Verdadeiro Atividade de Pesquisa 25. - Investigação: Contexto Histórico de Aristóteles e do texto da Física (Laboratório de Informática) Debate – Criação de Conceitos: importância da dúvida no processo de conhecimento (p. 89 do LDP) 6. Aula ExpositivaDialogada – Investigação: Interpretando o Teeteto (Conhecimento Verdadeiro) 16. 26. Aula Expositiva – Investigação: Métodos de Dedução e Indução Aula Expositiva – investigação: O papel da Experiência no Conhecimento 7. Atividade de leitura 17. e redação – Criação de Conceitos: p. 67 do LDP. Debate – Criação de 27. Conceitos: avaliar à luz da aula anterior os métodos empregados nas outras ciências (P. 77 do LDP: 1a e b) Aula ExpositivaDialogada Investigação: Interpretando o capítulo “Da Probabilidade” do texto “Investigação sobre o Entendimento Humano” de Hume 8. Aula Expositiva – Aula Expositiva – Aula Expositiva - 2. 12. Atividade de Pesquisa Investigação: Contexto Histórico de Platão e do texto do Teeteto (Laboratório de Informática) 3. Aula Expositiva Investigação: Relativismo de Protágoras (Teeteto) 18. 28. Investigação: Mênon e o conhecimento das causas investigação: Introdução à Lógica Investigação: Síntese dos conteúdos sobre Hume, Descartes e Aristóteles. 9. 19. Aula ExpositivaDialogada Investigação: Reconstrução da Passagem matemática do Mênon Atividade de Pesquisa 29. – Investigação: conceitos básicos da Lógica (p. 77 do LDP) Entrega no início da aula. Prova II – Criação de Conceitos: Questões Dissertativas e de Múltipla Escolha 10. Debate – Criação de 20. Conceitos: Consequências da Defesa do “Conhecimento Verdadeiro” 30. Atividade com o recorte do Filme “O outro lado da nobreza” e Debate – Criação de Conceitos: Contexto Histórico – Sec. XVII Discussão da Prova com os alunos. Colégio Série: 1ª Ensino MÉDIO - Bloco Bloco: 1 Disciplina: Filosofia Período: - Número de aulas previstas: 60 Ano: 2009 Professor: Conteúdo Estruturante: Teoria do Conhecimento Conteúdos Básicos: Possibilid ade do conhecimento; As formas de conhecimento; O problema da verdade; A questão do método; Conhecim ento e lógica. Conteúdos Específicos: 1. Empirismo de Hume, Racionalismo Moderno e Criticismo de Kant 2. Crença, sensação, conhecimento, opinião, etc. 3. Relativismo de Protágoras 4. Racionalismo de Platão 5. Dedução e indução. 6. Lógica aristotélica, regras cartesianas Justificativa: As questões relativas à Teoria do Conhecimento são extremamente pertinentes aos estudantes do nível médio de ensino. As diferenças entre as formas ou possibilidades de conhecimento são vivenciadas pelos jovens a todo momento. Eles experimentam constantemente o conflito entre conhecimentos científicos, que aprendem na escola, com as opiniões e crenças, que aprendem em casa e na mídia. Compreender essas diferenças é fundamental para que as ações, as decisões e as opiniões dos estudantes sejam conscientes em quais conhecimentos é possível se fiar, de quais é necessário abdicar, como é possível conhecer as coisas, etc. A partir das perspectivas filosóficas de Protágoras, Platão, Aristóteles, Descartes, Hume e Kant se procurará compreender as diferentes formas de conhecimento, as possibilidades ou não de se chegar à verdade, formas de se organizar o pensamento, os limites do conhecimento e os critérios de verdade que assegurem a certeza. Encaminhamento Metodológico: Mobilização: O processo de mobilização será dividido em dois momentos distintos. O primeiro perguntará sobre a possibilidade de conhecer rigorosamente as coisas através dos sentidos. Para tanto, utilizará a imagem do M.C. Escher, intitulada “Céu e Água”, disponível no Folhas de Teoria do Conhecimento de Wilson José Vieira, publicado no portal www.diaadiaeducacao.pr.gov.br. O segundo momento desenvolverá um questionamento sobre o que é método e quais são suas necessidades. Para tanto, será utilizado um trecho de uma canção de Chico Buarque de Holanda, intitulada “Cotidiano”. Problematização: A partir da imagem de Escher, será problematizada a crença comum das pessoas no testemunho dos sentidos. De modo geral, as pessoas acreditam que seus sentidos lhes fornecem conhecimentos verdadeiros e indubitáveis dos objetos. O que lhes escapa, contudo, é que muitas vezes os sentidos são enganosos como, por exemplo, nas ilusões de ótica, nos enganos produzidos pelas doença ou drogas, nas imagens ludibriantes dos sonhos, etc. Ao mostrar estas situações, abre-se a possibilidade de colocar a questão propriamente filosófica: como conhecemos as coisas, quais são os limites das diferentes formas de conhecimento, quais são as diferentes perspectivas da verdade, etc. A partir da canção de Chico Buarque, será apresentada uma situação cotidiana em que uma pessoa age de maneira metódica. Dessa circunstância comum aos estudantes, serão elencadas as seguintes questões: por que dizemos que as pessoas são metódicas?, o que significa ser metódico? Esse questionamento sugere necessariamente a seguinte pergunta filosófica: o que é método? A partir dela, torna-se possível caminhar em direção às teorias filosóficas e entender como é possível conhecer as coisas de modo rigoroso. Investigação: Para investigar a primeira questão filosófica proposta, os estudantes entrarão em contato com as discussões platônicas sobre o conhecimento, especialmente aquelas travadas nos diálogos do Teeteto e do Mênon. Nessas obras, Platão oferece um momento privilegiado para compreender a distinção entre três níveis de consciência: sensação, crença e conhecimento. Essa distinção será compreendida pelos estudantes a partir do contato com o LDP e com trechos do texto do Teeteto e do Mênon. Metodologicamente, existirão aulas expositivas para introduzir as discussões dos textos, seguidas por atividades de leitura, pesquisa e debate da parte dos estudantes. Para investigar a segunda questão proposta, os alunos desenvolverão atividades de pesquisa, debate e leitura de trechos da Metafísica de Aristóteles e do Discurso do Método de Descartes. Também nesse caso as discussões serão introduzidas por aulas expositivas. Criação de Conceitos: Depois do contato com os textos filosóficos supracitados e com as teorias e argumentos apresentados, o estudante estará apto para retornar aos problemas que constituíram o ensejo do estudo. Será capaz de expressar de forma oral ou escrita a compreensão dos diferentes níveis de conhecimento, a consciência de seus limites e as diferentes formas de compreender a verdade. Além disso, apropriando-se, principalmente, do conceito de método das filosofias de Aristóteles e Descartes e também das ferramentas argumentativas da lógica, o estudante será capaz de reavaliar sua maneira de proceder em suas tarefas cotidianas para descobrir se as conduz segundo regras eficientes ou não. Isso permite uma transformação em suas atitudes de tal forma que alcance uma postura mais rigorosa diante da realidade. Avaliação: Investigação do aprendizado filosófico–conceitual do estudante. É o momento em que o estudante juntamente com o seu professor poderão avaliar se houve avanço no domínio dos princípios do conhecimento filosófico: problematização, interpretação dos textos clássicos e criação de conceitos. Será garantida ao longo do processo ensinoaprendizagem a recuperação concomitante dos conteúdos. Critérios: 1. Apropriação dos conceitos platônicos de sensação, opinião/crença e conhecimento/ciência. 2. Compreensão das características determinantes de cada nível de conhecimento. 3. Compreensão das conseqüências práticas de perspectivas do conhecimento: relativismo 4. Apropriação dos conceitos lógicos de indução e dedução. 5. Compreensão e utilização das regras cartesianas para bem conduzir a razão. Instrumentos: Pesquisa Produção de texto individual e/ou coletivo Apresentação de trabalho em grupo Debate Referências: MOSER, P. K.; DWAYNE, H. M.; TROUT, J. D. A Teoria do Conhecimento: Uma introdução Temática. São Paulo: Martins Fontes, 2004. PLATÃO. Mênon. Tradução de Maura Iglesias. Rio de Janeiro: Puc-Rio/Loyola, 2001. PLATÃO. Teeteto. Tradução brasileira de Carlos A. Nunes. Belém: EDUFPA, 2001. Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br. Acesso: 10 julho 2009. ANGIONI, L. Aristóteles – Cadernos de Tradução 1: Física livros I e II. Campinas: IFCH- Unicamp, 2002. COTTINGHAM, J. A filosofia de Descartes. Rio de Janeiro: Edições Setenta, 1989. DESCARTES, R. Obra Escolhida. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1962. FARIA, M. C. B. Aristóteles: a plenitude do Ser. São Paulo: Moderna, 1994. GLEISER, M. A Dança do Universo: dos mitos da criação ao Big-Bang. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. IDE, P. A arte de Pensar. São Paulo: Martins Fontes, 2000. ROSS, D. Aristóteles. Lisboa: Dom Quixote, 1987 ZINGANO, M. Platão e Aristóteles; os caminhos do conhecimento. São Paulo: Odysseus, 2002.