, DIDÁTICA E AS INTERFACES DA EDUCAÇÃO Resumo: O objetivo deste artigo é abordar a importância da Didática, bem como suas facetas dentro da Educação. A Didática não é apenas um “modo de fazer aula”, mas perpassa até mesmo a concepção de ensino que o professor possui e a sua visão holística sobre os aspectos educacionais. Palavras-chave: Educação – Didática – Planejamento – Aprendizagem – Avaliação. A Didática, dentro da Educação não pode ser confundida com metodologia, ela é, antes disso, uma ciência humana, necessária para a ação educativa. E sendo a ação educativa uma ação humana por excelência, podemos dizer que a Didática é uma ação humana também, que não significa apenas uma organização sistemática de conteúdos, mas uma tomada de decisões críticas e convenientes dentro de uma determinada situação educacional. Saber sobre as concepções de Ensino e o que se encerra dentro de cada uma dessas concepções é de extrema importância para o professor, pois quando ele adquire a clareza de que aluno quer, ou indo mais além, de que tipo de homem pretende formar dentro de determinada sociedade, é que ele pode organizar situações de aprendizagem coerentes com o seu objetivo. A tomada de consciência dessa necessidade faz com que o professor possa repensar também sua própria prática e até mesmo seus valores dentro da sociedade. O ambiente da aprendizagem não se limita apenas a sala de aula, uma vez que o ambiente humano, pessoal e social deste individuo perpassa a sala de aula, por este motivo a importância de o professor definir suas concepções educativas. Comenius, como o “Pai da Didática Moderna” considerava que o fazer e a ação são mais importantes do que a contemplação. Logo, pensar numa Didática que privilegie apenas o ouvir já entra em choque com a concepção de ser participante. A escola, como um ambiente especifico da Educação sistemática deve criar condições para que se organize a aprendizagem, não puramente de conteúdos sistematizados, mas de vivências. A escola deve ser o ambiente de encontro criativo entre os objetivos dos indivíduos e da sociedade, por isso essa aprendizagem deve ser planejada, fundamentada, para que conteúdos e experiências possam fazer parte das diversas situações humanas. A Escola, de uma maneira geral, cria seus sistemas de conteúdos, avaliações, planejamentos e nunca antes leva em conta o ser aprendente, o aluno, o homem, que mais adiante irá opinar sobre as diferentes idéias e concepções que se apresentam no mundo. Os procedimentos são estabelecidos e muitas vezes não são modificados, flexíveis. Pauta-se muitas vezes nos resultados obtidos no final de todo um processo que não interferiu de forma viva na vida do aluno, antes, ele apenas adquiriu alguns conceitos sistematizados que não irão ajuda-lo a viver dentro da sociedade vigente buscando formas de reorganiza-la ou modifica-la quando necessário ser. Quando falamos em Didática, devemos pensar nas situações de aprendizagem, não apenas inventar novas metodologias para tentar melhorar o existente, faz-se necessário, então repensar toda a Educação e quais as características desse novo mundo que se apresenta aos nossos olhos. E o que são essas situações de aprendizagem? Se não tivermos uma fundamentação teórica e até mesmo filosófica do que é a Educação, qual seu papel e o que é o homem dentro desse contexto, não podemos ter idéia do que pode ser oferecido numa educação sistematizada, ou seja, a educação oferecida na escola. Como a Educação não pode ser uma atividade isolada, cabe uma reflexão a respeito da identidade desse homem, que pode ser descoberta na Educação, neste processo de escolarização. As situações de aprendizagem adequadas são aquelas que permitem ao homem estruturar-se, tomando cada vez mais consciência de si mesmo e também dos outros e assim irão construindo a sociedade em que estão inseridos. Educar não é apenas ensinar alguns valores sobre a vida, valores muitas vezes acompanhados de uma moralidade particular, educar é permitir que o próprio homem descubra e vivencie os seus próprios valores, integrando-os a sua vida cotidiana de maneira plena. Acompanhar as mudanças ocorridas no mundo também faz parte das situações de aprendizagem, sem as quais a escola perde uma das suas principais características, que deveria ser educar para a realidade. Sobre isso, Gimeno Sacristán, em seu livro O Currículo (1998, p.11-12) afirma que: Nesta época, temos que pensar e decidir o percurso pelo qual queremos que transmita a realidade social e a educação (...) A crise dos sistemas educativos tem a ver com a perda da consciência (...) A educação tem funções a cumprir, entretanto, estão ficando desestabilizadas pelas mudanças políticas, sociais e culturais que estão acontecendo. (...) Assistimos a uma crise importante nos discursos que tem guiado a escolarização (...), as práticas, entretanto, parecem seguir velhas seguranças, como se nada estivesse acontecendo. Nesse sentido, a influência do professor não será somente de propiciar informações, mas também de orientar vivências, aproveitando fatos e informações, obtidos de fontes diversas e a partir deles criar a situação de aprendizagem favorável, numa didática que alcance o desenvolvimento pleno do educando. As intenções e os objetivos da Educação devem pautar-se na construção de um conhecimento para a vida, para além dos muros da escola, mas não é o que historicamente aconteceu. Em todas as legislações educacionais vigentes, percebemos que os sistemas de ensino optaram por adotar um critério quantitativo e mecanicista para descrever a estrutura de um sistema, visando a expansão econômica do pais, fazendo com que a Educação adquirisse um caráter burocrático e um estilo tecnicista de ensinar, sejam estes explícitos ou disfarçados. Ao contrário desse sistema de ensino, podemos citar o que verdadeiramente poderia ser os objetivos da Educação em nosso país. Paulo Nathanael, no livro LDB e Educação Superior, p.37-38 cita: (...) Se os objetivos da Educação nacional se projetam na transmissão da herança cultural às novas gerações, desenvolvendo nelas capacidade de modificar, acrescentar, adaptar e enriquecer essa herança com o uso da criatividade e do potencial intelectual que trazem consigo, contando para tanto com a colaboração ativa de toda sociedade e preservando o clima de liberdade na ação de todos e de cada um, o sistema pode estruturar-se e funcionar num estilo aberto e democrático. Nesse caso, não há metas imutáveis, nem processos inflexíveis, nem tampouco comandos bitolados. As situações de aprendizagem, já citadas anteriormente nos levam a refletir também sobre que tipo de avaliação se quer efetuar nesse educando, uma vez que este conceito de avaliação estende-se também por toda a vida, não é apenas um produto final, mas um apanhado de situações concretas que fazem o professor avaliar e reavaliar também a sua prática dentro da escola. A avaliação está atrelada, de certa maneira, ao modo como o professor planeja sua ação didática, transformando essa ação em algo dinâmico. O planejamento é uma garantia para a obtenção de resultados do professor e conseqüentemente da escola. Sem este planejamento, a escola não pode alcançar o resultado esperado. Mas, o que é, de fato um planejamento? Segundo Egídio Schmitz é a previsão sistemática, orgânica, dinâmica e unificada da ação futura. (Didática Moderna – p.96). Esse planejamento é uma tomada de consciência por parte de todos os envolvidos no processo educativo, e como já foi citado anteriormente, é necessário que o professor tenha uma concepção de ensino, de mundo, pois é nesse planejamento que ele revela essas concepções, pois dentro do planejamento estão todas as ações educativas necessárias para um planejamento eficaz. Ele deve possuir objetivos, conteúdos, estratégias e avaliação. Sem estes, não se torna um planejamento, apenas a aplicação de conteúdos dispersos. Os passos para este planejamento são: sondagem, elaboração, execução e avaliação. A sondagem oferecerá as condições iniciais para se conhecer o ambiente, as necessidades e possibilidades de se atuar neste ambiente. Conhecer a realidade é um dos critérios principais para a elaboração do planejamento. Elaborar através dos dados obtidos é de suma importância para o planejamento, é o que se pretende fazer e obter. A execução se refere a atividades bem elaboradas e determinadas, com objetivos definidos. A avaliação não pode ser uma verificação de resultados, mas acompanhar todo o processo educativo, não pode ser um produto final único, mas acontecido durante todo o processo do ensino. A avaliação permite ao professor até mesmo replanejar o seu ensino, observando o que não foi alcançado e permitindo-se rever a ação educativa. Por que a avaliação tem se tornado um dilema na vida dos professores? Por que ele apresenta dificuldades em avaliar o seu aluno? Parte-se da idéia e da concepção que avaliar é medir, testar conhecimentos, através de questionários, chamadas orais, etc. Essa concepção de ensino, que se perpetua até os dias atuais interfere na maneira de os professores enxergarem o aluno, tornando esse processo avaliativo um dilema. No entanto, nos dias atuais, a avaliação não é mais vista sob esse prisma. Avalia-se todo o processo e desenvolvimento desse aluno, pois como a aprendizagem é um processo continuo, logo, essa avaliação deve ser continua. A idéia da testagem, dos questionários prontos não ajudam o aluno a assimilar o conhecimento, antes, faz com que ele apenas decore conceitos diversos, de difícil aplicabilidade em sua vida. O exame final se refere apenas a uma parte dos conteúdos e atividades e não a todos os outros aspectos essenciais da aprendizagem. Portanto, pensar na avaliação como um produto final apenas não faz parte dos objetivos da aprendizagem. Assim, nenhum professor, isoladamente, pode avaliar totalmente os seus alunos. A Educação, de uma maneira geral deve contribuir para o processo de liberdade do homem, pensando na sua vivência de mundo, onde, neste ambiente social na qual está inserido é que ocorrem as maiores transformações. E estas transformações só serão verdadeiramente emancipatórias a medida em que este homem ampliar seus horizontes, sabendo-se SER participante, SER humano, humanizando-se, de fato, dialogando com os demais para buscar soluções. Humanizar-se, no sentido freireano é isso: quando participo da vida, torno-me humano. Esta também é uma das grandes tarefas da Educação: fazer o aluno participante da vida. BIBLIOGRAFIA FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. São Paulo: Paz e Terra, 1983. GASPARIN, João Luiz. Comenio: A emergência da modernidade na Educação. São Paulo: Vozes, 1993. SCHMITZ, Egidio Francisco. Didática Moderna – Fundamentos. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980. SOUZA, Paulo Nathanael Pereira. LDB e Educação Funcionamento. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001. Superior: Estrutura e