s_ntese1 - Stoa Social

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DISCIPLINA: Docência no Ensino Superior: Fundamentos Teórico-Metodológicos
Professora Dra: Noeli Prestes Padilha Rivas
Professora Dra: Gláucia Maria da Silva
Aluna: Fabiana Santos Cassarotti
A UNIVERSIDADE PÚBLICA SOB NOVA PERSPECTIVA
Marilena Chauí
A autora inicia sua reflexão a respeito da Universidade Pública considerando a
mesma como Instituição Social, que requer ações sociais e práticas sociais que
ressaltem aspectos como a autonomia e a cidadania. Além disso, Marilena Chauí aponta
que a Universidade foi consolidada a partir de normas, regras e valores próprios, que lhe
são peculiares e que a tornam uma Instituição Legítima.
Foi no contexto das Revoluções Sociais, em específico a Revolução Francesa,
que a Universidade assume seu papel de Instituição laica, republicana e democrática,
estando a serviço dos cidadãos e da busca pelo conhecimento.
Segundo Marilena Chauí (2003), a relação da Universidade com o Estado e com
a sociedade acontece de maneira conflituosa, já que a Instituição está e é inserida em
uma sociedade de classes e de exclusão social. Isso significa um entrave na
concretização de seu ideal republicano e democrático.
É exatamente por ser uma instituição social diferenciada e definida
por sua autonomia intelectual que a universidade pode relacionar-se
com o todo da sociedade e com o Estado de maneira conflituosa,
dividindo-se internamente entre os que são favoráveis e os que são
contrários à maneira como a sociedade de classes e o Estado reforçam
a divisão e a exclusão sociais, impedem a concretização republicana
da instituição universitária e suas possibilidades democráticas.
(CHAUÍ, 2003, p. 2).
Quando a autora aponta que mediante a Reforma do Estado a Universidade
deixou de ser uma Instituição social para se tornar uma organização social, ela faz uma
reflexão e discussão a respeito do objetivo da mesma, que acaba por abandonar o
interesse da coletividade para seguir interesses particulares.
Em outras palavras, a instituição se percebe inserida na divisão social
e política e busca definir uma universalidade (imaginária ou desejável)
que lhe permita responder às contradições impostas pela divisão. Ao
contrário, a organização pretende gerir seu espaço e tempo
particulares aceitando como dado bruto sua inserção num dos pólos da
divisão social, e seu alvo não é responder às contradições, e sim
vencer a competição com seus supostos iguais (CHAUÍ, 2003, p. 06).
A Universidade adquirindo o valor e assumindo o papel de organização, se
adapta as mudanças e transformações que ocorrem na sociedade capitalista, seguindo
uma lógica de contratos, de gestão operacional.
Definida e estruturada por normas e padrões inteiramente alheios ao
conhecimento e à formação intelectual, está pulverizada em micro
organizações que ocupam seus docentes e curvam seus estudantes a
exigências exteriores ao trabalho intelectual (CHAUÍ, 2003. p.06)
Na concepção da autora, a Universidade passa a ser organizada (docência,
pesquisa e avaliação) sem considerar aspectos relacionados ao conhecimento e a
formação intelectual.
Reduzida a uma organização, a universidade abandona a formação e a
pesquisa para lança-se na fragmentação competitiva. Mas por que ela
o faz? Porque está privatizada e a maior parte de suas pesquisas é
determinada pelas exigências de mercado, imposta pelos
financiadores. (CHAUÍ, 2003. p.07)
Nota-se que a produção do conhecimento da universidade pública está voltada à
apropriação privada. Além disso, a autora enfatiza que: “essa apropriação, aliás, é
inseparável da mudança profunda sofrida pelas ciências em sua relação com a prática”
(p.07).
Foi na década de 1940, que a Ciência passou de maneira mais significativa a
seguir o modo de produção capitalista. Com as mudanças tecnológicas e a consolidação
do capitalismo a investigação teórica e as aplicações práticas, tornaram-se reféns de
uma perspectiva operacional, que se renderam às “exigências do capital”, valorizando
mais a quantidade que a qualidade. Princípios estes de um modelo neoliberal exludente.
Para que a mudança aconteça no âmbito educacional na perspectiva
universitária, é necessário que haja um investimento social e político. Para tanto,
segundo Chauí (2003, p. 8):
Se quisermos tomar a universidade pública sob uma nova perspectiva,
precisamos começar exigindo, antes de tudo, que o Estado não tome a
educação pelo prisma do gasto público e sim como investimento
social e político, o que só é possível se a educação for considerada um
direito e não um privilégio nem um serviço. [...] É pela destinação do
fundo público aos direitos sociais que se mede a democratização do
Estado e, com ela, a democratização da universidade.
Além disso, a universidade precisa reformar a grade curricular e o sistema de
créditos. O aumento de horas/aula diminuiu o tempo que os estudantes dedicam a leitura
e pesquisa (formação e reflexão), causando cada vez mais uma fragmentação e
dispersão dos cursos. Chauí (2003) elenca fatores que consideram fundamentais para a
mudança da universidade pública, na perspectiva da formação e da democratização:
Colocar-se contra a exclusão social e privatização dos conhecimentos,
redefinir e afirmar a autonomia universitária, desfazer a confusão
entre democratização do ensino superior e massificação; revalorizar a
docência como processo de formação, revalorizar a pesquisa,
orientando-a pela idéia de cidadania e exigindo o financiamento por
fundos públicos redefinidos; adotar perspectiva claramente crítica com
relação às idéias de sociedade do conhecimento e de educação
permanente ou continuada (p.08).
.
Ao afirmar que a universidade pública brasileira vem sofrendo nos últimos anos,
Marilena Chauí também discute o conceito de sociedade do conhecimento e a nova
concepção de educação permanente ou continuada, que seriam idéias básicas
apresentadas pelos organismos internacionais para a modernização das universidades.
Chauí (2003) aponta que a informação e o conhecimento quando estão a serviço
das forças produtivas, não favorecem a construção de uma universidade autônoma, que
seja comprometida com os direitos democráticos e com a vida em sociedade.
Para afirmar e enfatizar o verdadeiro papel da universidade pública, Marilena
Chauí (2003) considera imprescindível redefinir o conceito de autonomia universitária,
ir contra a exclusão social, esclarecer o que é democratização de ensino para eliminar a
confusão com massificação do mesmo e ainda repensar o valor da pesquisa no sentido
de produzir para a melhora social do país.
Para que a Universidade Pública seja entendida e funcione de maneira
democrática em prol de um ensino emancipatório que almeje a formação de um
pensamento crítico, é necessário repensarmos que cidadãos queremos formar. A reforma
educacional também deve ser pensada em sua totalidade e não apenas no ensino básico.
O espaço da universidade deve ser compreendido e colocado em prática no sentido de
constituir-se como um espaço de direito a educação de qualidade, abandonando práticas
de exclusão de gênero, social e racial.
O discurso e supervalorização da academia, assim como, a culpabilização do
indivíduo, como se este fosse o responsável pelo não sucesso da vida universitária, deve
ser banido. A Universidade pública precisa assumir uma postura crítica em cima do que
Marilena Chauí (2003) denominou de sociedade do conhecimento. A sociedade liberal e
capitalista precisa dissemina discursos e práticas que servem como entrave na produção
de um conhecimento que possa intervir nos problemas sociais do país.
REFERÊNCIAS:
REFERÊNCIAS CHAUÍ, Marilena de Souza. A universidade pública sob nova
perspectiva. Conferência de abertura da 26ª reunião anual da ANPED, Poços de Caldas,
5 de outubro de 2003.
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