Filosofia – A Linguagem - Colégio Anglo de Campinas

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Filosofia – A Linguagem
Professor Pablo Jaime.
A Linguagem é tão importante para o homem quanto a sua
capacidade de raciocinar. Se o homem é um animal político, capaz
de viver em sociedade, de produzir cultura e adquirir um lugar único
no cosmos, se deve ao fato de se possuir uma linguagem. “Os
limites da nossa linguagem são os limites de nosso mundo” escreve
Wittgenstein, afirmando a importância dessa capacidade
tipicamente humana. O mundo é constituído pela linguagem e por
ela podemos exprimir o bom e o mau, o certo e o errado, o justo e o
injusto, expressões que torna possível nossa vida em sociedade.
A linguagem está sempre em nossa volta. Ao nos depararmos
com uma placa de sinalização, ali a encontramos, ao formular um
pensamento, um conceito, ali encontramos a linguagem mais uma
vez, nos fazendo a cada etapa mais humanos, exigindo de nós mais
racionalização.
A linguagem, escreve Marilena Chauí (2003, p. 148), é uma
forma tipicamente humana da comunicação, da relação com o
mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e
das artes. Em suma, se existe uma pensar, existe uma linguagem
capaz de transmitir esse pensamento. O mundo da forma que
conhecemos não existiria se não houvesse essa forma de
comunicação.
No diálogo Fedro, Platão dizia que a linguagem é um
phármakon (pharmakon). Essa palavra grega (da qual vem nosso
vocábulo farmácia), que em português possui três sentidos
principais: remédio, veneno e cosmético. Ou seja, Platão
considerava que a linguagem pode ser um medicamento ou um
remédio para o conhecimento, pois pelo diálogo e pela
comunicação, conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender
com os outros. Pode, porém, ser um veneno quando, pela sedução
das palavras, nos faz aceitar fascinados com o que vimos ou lemos,
sem que indaguemos se tais palavras são verdadeiras ou falas.
Enfim, a linguagem pode ser cosmético, maquiagem ou máscara
para dissimular ou ocultar a verdade sob as palavras. A linguagem
pode ser conhecimento-comunicação, mas também pode ser
encantamento-sedução (Chauí, 2003, p.148).
Essa mesma ideia da linguagem como possibilidade de
comunicação-conhecimento e de dissimulação-desconhecimento
aparece na Bíblia judaico cristã, no mito da torre de Babel, quando
Deus lança a confusão entre os homens, fazendo-os perder a
língua comum e passando a falar línguas diferentes, que impediam
a realização de uma obra em comum e abriam as portas para todos
os desentendimentos e guerras. A pluralidade das línguas é
explicada, nas escrituras sagradas, como punição porque os
homens ousaram imaginar que poderiam construir uma torre que
alcançasse o céu, isto é, ousaram imaginar que teriam um poder e
um lugar semelhantes ao da divindade.
Destarte, a linguagem como palavra também pode ser uma
arma. Quem nunca se ofendeu com as palavras de um amigo ou
parente, talvez mal pensadas, mas ditas diretamente do coração? A
linguagem, nesse sentido, ganha outra propriedade, uma que é
destrutiva. O mesmo caráter, ela adquire num discurso de um
ditador. A palavra pode despertar paixões naqueles quem as
escutam, podendo, dessa maneira, gerar ações impensadas e
perigosas, sendo veneno, como assevera Platão.
Levando isso em consideração, a linguagem tem poder, exibe
força, uma vez que o discurso, conforme for dirigido, pode gerar um
poder encantatório, capaz de seduzir.
Já comprovamos a força do verbo no gênesis bíblico. Mas
podemos comprovar essa força também nos discursos políticos.
A linguagem ocupa um campo específico da filosofia
denominado Filosofia da Linguagem. Nesse ramo da filosofia
estuda-se a essência e a natureza dos fenômenos lingüísticos.
Sendo assim, ela trata, de um ponto de vista filosófico, da natureza
do significado lingüístico, da referencia, do uso da linguagem, do
aprendizado e da criatividade dos que a utilizam, também trabalha a
questão da compreensão, interpretação e uso lógico de suas
propriedades. Dessa forma a filosofia trabalha o que é a linguagem
e seus diferentes significados procurando relacionar de forma
objetiva a realidade, a interpretação e compreensão dessa
realidade e a transmissão dos conceitos formados sobre ela.
Bibliografia Consultada
CHAUÍ, Marilena de Souza. Convite à Filosofia. São Paulo:
Editora Ática, 2003.
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