1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 O ensino gramatical nas escolas: a perspectiva de alunos de 8ª série Teaching grammar in schools: the perspective of students in 8th grade Resumo O corrente questionamento em relação ao objetivo do ensino de gramática nas escolas é a causa frequente de discussões e debates entre gramáticos e linguístas nas academias e universidades brasileiras. Visando essa questão como algo formador na carreira acadêmica de letrados, este trabalho mostra a visão do aluno formando de ensino fundamental em relação ao objetivo e a importância do ensino de gramáticas mediado pelos professores. É de suma consideração revelar que tais discussões entre especialistas advêm desde a segunda metade do século passado. Palavras-chave: Gramáticas. Metodologia. Língua Materna. Aluno. Abstract The current challenge in relation to the goal of teaching grammar in schools is a frequent cause of discussion and debate among grammarians and linguists in the academies and universities. Aiming at this issue as something the teacher's academic career scholars, this work shows the view of forming student elementary school for the purpose and importance of teaching grammar mediated by teachers. It is of paramount consideration shows that such discussions between experts come from the second half of last century. Keywords: Grammar. Methodology. Mother Tongue. Student. 28 29 30 31 32 Introdução 33 Brasil, é possível identificar uma corrente discussão acerca da importância de ensinar 34 gramática nas escolas brasileiras atuais. Presencia-se nesse questionamento gramáticos e 35 linguístas que servem de referência nacional quando o assunto é o ensinar gramática em 36 escolas de ensino fundamental e médio. Dentre os nomes conhecidos Mario A. Perini e Sírio 37 Possenti são os mais discutidos em academias e universidades brasileiras. Ambos adotam uma 38 política de controvérsia à exigência do uso regular da norma culta na linguagem quotidiana e 39 é de acordo com este pensamento que os debates surgem: por que ensinar gramática na escola 40 se boa parte da nossa comunicação diária é feita através de o modo não-verbal? Ao estudar teorias atuais sobre o ensino gramatical, necessariamente do ensino no 41 Recentemente, em revistas e jornais de circulação nacional e internacional, são 42 publicados artigos sobre a importância de saber a norma culta no dia-a-dia. Acontece, porém, 43 que a norma culta apresenta incoerências se a considerarmos como o correto da língua 44 portuguesa. Ademais, se a norma é culta, por que ela sofre modificações? São questões como 45 essas que fazem o ensino de gramática gerar dúvidas quanto ao seu objetivo, tanto por parte 2 46 de especialistas e professores da língua materna quanto pelos próprios alunos de educação 47 básica. 48 Em uma pesquisa, de onde este artigo se baseia, realizada por alunos do curso de 49 Letras - Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa da Universidade Federal de 50 Santa Catarina, no ano de 2008, revelou-se que em sua maioria os alunos consideram a 51 gramática um meio para “falar e escrever certo”, conforme os estudos de gramáticos e 52 linguístas brasileiros. 53 Na presente pesquisa, acompanhou-se um questionário de três perguntas abertas 54 destinado a alunos de 8ª série (9º ano) de ensino fundamental em uma escola pública estadual. 55 Em suma, a pesquisa teve como objetivo identificar a concepção que os alunos têm sobre 56 gramática e os métodos de aprendizagem e também a concepção gramatical perpassados aos 57 estudantes pelo professor da disciplina de Língua Portuguesa. Enfim, este trabalho pretende 58 propor um diálogo entre as problemáticas que POSSENTI (2003), PERINI (2002) e BRITTO 59 (2002) discutem e os resultados obtidos através da pesquisa realizada. 60 61 62 AS CONCEPÇÕES DE GRAMÁTICA: UMA CONFUSÃO NA SALA DE AULA 63 64 O que é gramática? A questão vem sendo pensada há anos e encontra diversos 65 conceitos que muitas vezes se opõem. Segundo gramáticos, como BRITTO (p. 30, 2002), em 66 somente um livro didático de Português pode-se encontrar aproximadamente treze tipos de 67 gramáticas diferentes com as mais diversas orientações teóricas que geram uma confusão na 68 aprendizagem do aluno de ensino fundamental, por exemplo. 69 Mas, com maior ocorrência em livros didáticos e nas práticas de aprendizagem do 70 professor, pode-se dizer que são três tipos de gramáticas presentes em todo o ensino escolar 71 dos alunos: a gramática normativa, a descritiva e a internalizada (POSSENTI, 2003)1. Seus 72 diferentes conceitos e modos de aplicação dos professores no ensino influenciam diretamente 73 no aproveitamento/rendimento dos alunos em sala de aula em relação ao ensino de gramática. 74 A gramática normativa, ou tradicional, seria aquela em que o aluno estaria mais 75 habituado desde sua iniciação escolar e que permaneceria até os anos finais do Ensino Médio. 76 Esse tipo de gramática é constituído, basicamente, de regras (normas) que o estudante deve 77 seguir (POSSENTI, 2003) (BRITTO, 2002) e decorá-las através de exercícios propostos pelo 1 Conforme seu livro Por que (não) ensinar gramática na escola, no qual se encontram os mais variados assuntos em relação ao estudo e aplicação da gramática na sala de aula. 3 78 professor de gramática, não refletindo a importância dessa memorização ou qual seu objetivo. 79 Atualmente, no Brasil, esse tipo de gramática encontra-se num conjunto sintético de regras 80 que, sendo transcrita e facilitada, aplica-se no ensino de Língua Portuguesa nas escolas de 81 ensino fundamental e médio. Trata-se, portanto, da Gramática Normativa Brasileira – NGB. 82 A gramática descritiva é aquela onde o linguista descreve ou tenta explicar como as 83 línguas se orientam numa determinada sociedade (BRITTO, 2002) (POSSENTI, 2003). Sua 84 característica difere da gramática normativa pelo fato na qual, de acordo com a NGB, as 85 regras devem ser seguidas, não importando se os usuários da língua estão habituados a utilizá- 86 la, enquanto na gramática descritiva os falantes seguem um determinado tipo de regra comum 87 sem ser exigência, tornando-se normalidade numa língua. Porém, segundo POSSENTI (2003) 88 e a maioria dos linguistas, pode haver mudança na língua (o que é muito comum e natural) e 89 os falantes persistirem nessa mutação, mesmo enquanto as gramáticas normativas ainda 90 proporem normas que os usuários da língua não seguem ou veem algo não necessário nesse 91 tipo de proposta. 92 A outra definição de gramática estaria no conceito da gramática internalizada que, 93 conforme POSSENTI (2003), seria um “conjunto de regras que o falante domina”, próximo 94 ao idioleto, e de onde habilitaria a produção de frases concisas e objetivas de acordo com 95 essas regras (não no sentido normativo, mas no sentido de uso comum) que o usuário da 96 língua internaliza e domina. Esse tipo de gramática condiz, em parte, com o número de 97 palavras que uma pessoa possui em seu vocabulário e de onde se gera o mito da ascensão 98 social pelo mesmo, segundo reportagens de periódicos2. 99 Enfim, o questionamento sobre o que seja gramática, em sala de aula, talvez não possa 100 ser considerado o mais importante. Uma prática pedagógica diferente da atual, em que se 101 ensina somente a norma e não sua aplicação, seu objetivo ou importância, é, sem dúvida, a 102 melhor forma de mostrar aos alunos de ensino fundamental e médio que gramática não é um 103 conteúdo em que se aprende somente para aprender Português, mas sim para se aprender e 104 refletir como acontece com as outras disciplinas escolares existentes. 105 106 107 A GRAMÁTICA COMO ASCENDENTE – SERÁ? 108 2 Alusão à reportagem A Riqueza da Língua, publicada na revista semanal Veja, de 12 de setembro de 2007. 4 109 A discussão sobre o verdadeiro papel da gramática na escola está presente 110 constantemente em debates sobre o ensino de português e até mesmo nos mais diversos meios 111 de comunicação brasileiros. Com a reforma da gramática do idioma Português, as questões 112 relacionadas ao estudo de então é cada vez mais discutida, porém, o ensino gramatical 113 continua o mesmo. 114 Recentemente, a revista Veja, numa edição de setembro de 2007, demonstra, sob o 115 título A Riqueza da Língua, todo esse processo de reforma em que o idioma se encontra, a 116 possível ascensão social diante de um culto e extenso vocabulário e a opinião de especialistas, 117 brasileiros e estrangeiros, sobre esses assuntos publicados durante toda a reportagem do 118 periódico semanal. Segundo o jornalista responsável, Jerônimo Teixeira (2007), “o bom uso 119 da língua influi na carreira” e afirma ainda: “a chance de ascensão profissional está 120 diretamente ligada ao vocabulário que a pessoa domina”, isto é, quanto mais culta for a 121 gramática internalizada de uma pessoa, mais prestígio social ela obterá. 122 Essa afirmação de Jerônimo vai à contrapartida dos estudos de BRITTO (1997, p.36- 123 37) onde declara que “este conceito... corresponde apenas a variedade supostamente usada 124 pelas pessoas cultas, a qual é chamada de língua padrão ou norma culta, de modo que as 125 outras variedades são consideradas erradas”. E acrescenta: 126 127 128 129 130 131 132 133 134 [...] caracterizar um dialeto como sendo de prestígio é impingir-lhe um estigma consequente de uma atitude populista, não estabelece relação entre ‘a porção da sociedade detentora da cultura superior’ (BECHARA, apud BRITTO, 1997, p. 37) com classe dominante, vê ‘as pessoas menos favorecidas como pertencente a comunidades minoritárias’ (IDEM) (!) (sic) e vincula o falar popular – ‘errado e pobre’ (IDEM) – ao conceito de código restrito de Berstein3 [...]. 135 Essas discussões são freqüentes desde a segunda metade do século anterior e 136 permanecem constantes no âmbito escolar, visto que, a partir dessa instituição – a escola – se 137 espera um diferente modo de política, de sociedade e de, sobretudo, educação. 138 139 140 A QUESTÃO GRAMATICAL IN LOCO: A VISÃO DE ALUNOS FORMANDOS DE 141 ENSINO FUNDAMENTAL 3 Alusão à noção de código restrito de BERSTEIN onde afirmava que quanto mais pobre e errado, linguisticamente, fosse o socioleto de uma comunidade, mais inculta culturalmente ela seria, referindo-se às comunidades negras dos EUA. Essa teoria foi extremamente rejeitada por lingüistas e psicólogos na década de 1970. 5 142 143 Através de discussões, vê-se que a questão atual da gramática nas escolas de ensino 144 fundamental e médio está muito além de um simples plano de aula destinado às aulas de 145 português pelo professor, e que há discordâncias (comumente gera-se preconceitos e foca-se 146 esse assunto como debate) na busca pelo próprio tema Gramática: o que é? Para que serve? 147 E qual sua importância para o dia-a-dia? 148 PERINI (2002), além de mostrar no próprio título uma questão ambígua – sofrendo a 149 gramática/a gramática sofrendo, revela também alguns fatores, conhecidos e não resolvidos, 150 que influenciam na desagradável rejeição de gramática. Segundo o autor (PERINI, 2002, p. 151 49) ”o ensino de gramática tem três defeitos, enquanto disciplina: primeiro, seus objetivos 152 estão mal colocados; segundo, a metodologia adotada é seriamente inadequada; e, terceiro, a 153 própria matéria carece de organização lógica”. 154 Sendo assim, tentou-se discutir como estaria o ensino de gramática nas escolas locais 155 próximos à região de Florianópolis. Escolheu-se uma, necessariamente, e trabalhou-se um 156 questionário, para respostas abertas e discursivas, com alguns alunos das turmas formandas de 157 ensino fundamental. 158 Os resultados obtidos pela pesquisa são concomitantes às afirmações de PERINI e 159 revelaram, através de respostas, a insatisfação dos próprios alunos em relação ao ensino 160 gramatical recebido através do professor de língua portuguesa. Concordando com as objeções 161 de Mario A. Perini (2002) acerca dos defeitos que a gramática possui no seu ensino, 162 aproximadamente 58,34 % dos alunos não apoiavam a metodologia inadequada do professor, 163 conforme algumas das seguintes respostas: 164 165 “A maioria dos alunos não gostam de aulas [de gramática], e comigo não é diferente! 166 Eu não gosto muito das aulas de gramática, porque com o meu professor não anima ter 167 aula[..].”. T.N. 168 169 “[...] o ensino de Português que eu tenho é dos piores, não tenho matéria no 170 caderno... O professor não quer nada com nada, se der aula ou não der para ele não faz 171 diferença [...]”. I.B.M. 172 173 174 175 “O professor não dá aula então não tem como dizer se eu gosto ou não [...]”. L.N. 6 176 “[...] o professor M. falta as aulas e não tem como a gente aprender mais coisas 177 sobre o português . Mas quando ele vem ele só manda a gente ler texto e responder 178 perguntas, 179 ele nem dá trabalho, aí depois os alunos vam com nota baixa na matéria.”. 180 E.S.C. 181 182 Outra deficiência que faz da gramática uma disciplina rejeitada nas salas de 183 aula e discutida por especialistas seriam os objetivos mal colocados, isto é, necessita-se 184 refletir sobre o verdadeiro papel da gramática na escola. Segundo PERINI (2002, p. 49) 185 “muitos professores dizem (e acreditam) que o estudo da gramática é um dos instrumentos 186 que levarão o aluno a ler e a escrever a um domínio adequado da linguagem padrão escrita” e 187 é devido a isso que os próprios alunos começam a ter a mesma concepção do que seja 188 gramática. 189 Confirmando isso, a presente pesquisa revela que aproximadamente 54,17% dos 190 alunos também se revelaram nessa linha de pensamento onde a gramática se torna necessária 191 somente para escrever e falar corretamente, isto é, dominar a norma culta da língua, mesmo 192 vendo, de acordo com algumas das respostas abaixo, que isto não ocorre: 193 194 “Ensinar a falar melhor fazer uma leitura melhor, aprender os sinais. Varias coisas”. 195 T.G.S. 196 197 “Para ajudar as pessoas analfabetas a lerem e escrever, ajudam as crianças e outros, 198 assim não teremos tantas pessoas analfabetas [...] ela também nos ajuda falar o português 199 direito [...]”. 200 E.S.C. 201 202 203 “Para ensina o povo a falar serto e escreve serto”. L.L. 204 205 206 “Para aprendermos a escrever direito, e escrever e falar palavras certas”. R.S.J. 207 208 209 “A gramática é saber escrever corretamente as palavras, a falar certo, na verdade um Português correto seria uma boa gramática”. 7 210 I.B.M. 211 212 Essas afirmações revelam estar em acordo com os estudos de PERINI (2002) e 213 mostram como o ensino de gramática nas escolas brasileiras se encontra, num estado onde 214 não se torna útil nem agradável. Segundo PERINI (2002, p. 49) o que está errado é o ensino 215 gramatical e o necessário seria mudá-lo relacionando com a necessidade de aprendizagem dos 216 próprios alunos e “possibilitando a eles estudar gramática sem esse sentimento de frustração, 217 inutilidade e finalmente ódio que tantos experimentam” (PERINI, 2002, p. 49). 218 Enfim, nessa discussão sobre o ensino da gramática na escola, vê-se que tem de 219 considerar o ensino de gramática como algo para ser acrescido no conhecimento dos alunos 220 semelhante ao que acontece às outras disciplinas. Segundo PERINI (2002, p. 55) “deve-se 221 estudar gramática para saber mais sobre o mundo; não para aplicá-la à solução de problemas 222 práticos”. 223 A pesquisa revelou que alguns alunos também possuem essa visão acerca do papel da 224 gramática no dia-a-dia deles próprios. Aproximadamente 37,50 % responderam que o 225 conhecimento geral sobre gramática é muito mais relevante do que um ensino imposto da 226 disciplina para sua possível melhoria no ler e no escrever, conforme algumas das respostas 227 dos alunos: 228 229 230 “Para aprendermos mais em Português [...]”. M.A.C. 231 232 233 “Serve para melhorar nosso conhecimento em Português[...]”. E.R. 234 235 236 “Para um melhor estudo da Língua Portuguesa”. M.P.S. 237 238 239 240 241 “Serve para melhora o ensino de Português. Ou seja, para melhorar o nosso ensinamento e serve para o nosso conhecimento”. J.M.M. 8 242 Assim, vê-se que, mesmo tendo diversas opiniões sobre o ensino de gramática, os 243 próprios alunos já estão começando a discutir e a se habituar à questão, conquanto, ainda 244 esteja em estado inicial a reformulação do ensino gramatical nas escolas. 245 246 247 CONCLUSÃO 248 249 O corrente questionamento sobre o objetivo de ensinar gramática nas escolas revela o 250 quão importante é o conteúdo na grade curricular e que, devido a isto, a disciplina está em 251 uma constante discussão e reformulação pedagógica. 252 Propor uma nova prática pedagógica em sala de aula seria o bom começo para essa 253 questão em que se encontra a disciplina de gramática, afinal, existem inúmeros pontos que, 254 segundo os gramáticos aqui explanados, devem ser verificados e repensados de acordo com as 255 novas tendências para o novo século, um século de muita informação e, segundo o próprio 256 Wanderlei Geraldi, em uma de suas inúmeras palestras, com pouca reflexão acerca dessas 257 informações obtidas. 258 Assim, como os professores que desejam uma maior reflexão por parte de seus alunos 259 sobre os conteúdos mediados em sala de aula, também os próprios alunos pensam no porquê 260 de estudar algo que não os beneficia no seu cotidiano. 261 Portanto, cabe, então, aos professores reconsiderar que o estudo de gramática já não 262 funciona mais se for somente baseado na teoria sem ter uma aproximação do porquê de sua 263 utilidade. E, também, se destina aos alunos repensar se devem considerá-la como uma matéria 264 fútil no currículo escolar ou como um conteúdo semelhante às outras disciplinas da grade 265 escolar: algo interessante e que, não vendo algo útil para o dia-a-dia, aprende-se somente por 266 curiosidade. 267 268 269 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 270 271 272 273 274 BRITTO, L. P. L. Gramática: noções básicas e inflação conceitual. In: ______. A Sombra do Caos. Ensino e língua X Tradição gramatical. Campinas/São Paulo: Mercado de Letras/ALB, 1997. p. 29-48. 275 276 PERINI, M.A. Sofrendo a gramática (a matéria que ninguém aprende). In: ______.Sofrendo a gramática. 3. ed. São Paulo: Ática, 2002. p. 47-56. 9 277 278 279 280 POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas/São Paulo: Mercado de Letras, 1996/2003. 281 TEIXEIRA, J. A riqueza da língua. Veja, São Paulo, v. 40, n. 36, p. 88-96, set. 2007.