UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE LETRAS ALCILENE CARVALHO ANA BEATRIZ SILVA JOSÉ RICARDO COSTA MIRANDA FILHO ROBSON MOURA VANESSA FRANÇA VANDINALVA COELHO Seminário de Língua Portuguesa II sobre o texto “Sofrendo a Gramática (a matéria que ninguém aprende”, de Mário A. Perini São Luís 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANA CURSO DE LETRAS ALCILENE CARVALHO ANA BEATRIZ SILVA JOSÉ RICARDO COSTA MIRANDA FILHO ROBSON MOURA VANESSA FRANÇA VANDINALVA COELHO Seminário de Língua Portuguesa II sobre o texto “Sofrendo a Gramática (a matéria que ninguém aprende”, de Mário A. Perini Trabalho apresentado à disciplina de Língua Portuguesa II para obtenção de primeira nota. Professora: Conceição Ramos São Luís 2010 SUMÁRIO Introdução Os objetivos da disciplina estão mal colocados Método inadequado A matéria carece de organização lógica Conclusão Referência INTRODUÇÃO Ao estudar a gramática, Mário A. Perini se depara com diversos problemas que ocorrem em relação a esta matéria, tratada com grande desprezo por muitas pessoas. Muitas acham que a gramática não possui nenhuma utilidade, diferente de outros assuntos como a geografia, a matemática, a medicina, etc. Há vários sintomas para que isso ocorra, como a posição de professores, alunos e pais de alunos que acham que ensino da gramática acontece de forma muito simples e puro a ponto de existir opiniões divergentes sobre a disciplina: uns afirmam que “não serve para nada” e outros que “sem gramática não é possível aprender português” (o que não ocorre em biologia, inglês, matemática). Outro sintoma é a escolha de profissão tomada por alunos do ensino médio. São poucos, e até raríssimos, aqueles que optam em seguir a carreira de gramático, não por ser mais difícil, já que não há motivos para que haja mais dificuldade em aprender essa matéria do que outra, mas por poucos alunos sentirem prazer pela matéria. Outro sintoma é muito preocupante. Durante toda sua vida escolar, o aluno estuda a análise gramatical das palavras e sai da escola sem saber, ao contrário quando se trata de matemática, por exemplo: o aluno do maternal aprende as quatro operações; quando chega ao ensino médio, ele terá que continuar a saber esse tópico, já que o professor irá esperar que todos dominem esta área. Estes são os defeitos encontrados por todos aqueles que seguem a profissão de gramático e podemos dizer que o ensino da matéria passa por três grandes defeitos que deveriam ser evitados: seus objetivos estão mal colocados; a metodologia escolhida é inadequada; e a matéria carece de organização lógica. Os objetivos da disciplina estão mal colocados Para Mário A. Perini, pensar que o objetivo da gramática será conduzir o aluno a escrever, ler e falar melhor é prometer uma mercadoria a qual não se poderá entregar, pois nem sempre o conhecimento de regras gramaticais adquirido por parte desse aluno o possibilitará de forma mais aprimorada a produzir atividades nos campos da língua. Podemos perceber isso se levarmos em consideração exemplos de grandes ícones da música, da literatura, etc., que mesmo não dominando a gramática nos proporcionaram obras belíssimas, como: Cartola (que só possuía o primário). Segundo Irandé Antunes, o saber gramatical é apenas um dos recursos que podemos usar para a produção e interação da língua (escrita ou falada), porém se o entrelaçarmos a outros saberes, como: o conhecimento real ou de mundo, o conhecimento de textualidade e o conhecimento das normas sociais de uso da língua, obteremos certamente muito mais êxito ao produzirmos as atividades linguísticas praticadas pela sociedade. Por isso, crer que o saber gramatical é o único recurso para se dominar as diversas atividades que possibilita a língua é mito, pois além do domínio de regras da norma culta, é necessário saber como usá-las perante as imposições de uma sociedade cada vez mais contextualizada e dinâmica. Método inadequado Ao compararmos o ensino de gramática com outras disciplinas, percebemos o quanto a metodologia de ensino desta é problemática. Não se tenta por uma conduta mais sensata para que haja a relação aprendizagemreflexão. Mário Perini prefere falar “atitude diante da matéria” que metodologia. Imaginemos um professor de história que diga aos seus alunos que, o nosso país, no século XVI, era ocupado por índios. Um aluno que questiona as informações dadas pelo professor em sala de aula pode perguntar: “professor, como o senhor sabe que o nosso país, no século XVI, era ocupado por índios?”. O aluno tem o direito de perguntar e o professor tem o dever de responder, ou pelo menos tentar responder. Certamente, o professor irá responder-lhe: “porque existem provas suficientes para tal informação, como materiais encontrados em escavações arqueológicas, documentos encontrados pelos pesquisadores, pinturas rupestres, etc.”, ou seja, no mínimo, o professor de história dará uma resposta plausível, coerente, para sanar a dúvida do aluno. Isso deveria acontecer em todas as disciplinas, mas que, infelizmente, não acontece com a gramática. Esta não pode ser vista como um manual de regras, um livro de fórmulas prontas, mas muitos professores enfatizam essa falsa ideia. O professor diz que o futuro do subjuntivo do verbo ver é quando eu vir. Exemplo: “quando eu te vir amanhã...”. Sabemos que ninguém fala dessa forma e o aluno sabe disso. Geralmente falamos “quando eu te ver amanhã...”. São essas contradições, essas divergências, entre teoria e prática, que causam confusões na cabeça do aluno. Não é de se estranhar a rejeição em massa pela gramática. Se o aluno pergunta ao professor por que deveríamos falar “quando eu te vir amanhã”, geralmente, a resposta é: “porque é assim o certo” ou “porque está na gramática” ou ainda “é assim que tem que ser”. Esse tipo de resposta é de longe racional. Portanto, reflitamos sobre a metodologia ou, como diz Perini, “a atitude diante da matéria” empregada para o ensino de gramática. Devemos mostrar as diversas possibilidades que a língua nos oferece, enquanto falantes. A matéria carece de organização lógica Segundo Marcos A. Perini, é bom ressaltar quando ele diz que “a gramática carece de organização lógica”, ele não está dizendo que a gramática, enquanto disciplina racional é ilógica, mas fala da disciplina gramática que tem sido ensinada nas escolas de forma organizacional ilógica. Perini, sabendo da gravidade de sua acusação, busca justificar sua afirmação com um único exemplo que para ele seria suficiente para deixar claro ao leitor a veracidade de suas palavras. Seguindo a linha de alguns estudiosos da Gramática da Língua Portuguesa, Perini enxerga a necessidade de uma norma que padronize e desfaça a diversidade de conceituação e consequentemente a multiplicidade de análise dos fatos sintáticos, que têm contribuído para o descrédito da nossa gramática. Tratando do que ele chamou de defeitos que inutilizam a gramática enquanto disciplina mais especificamente do terceiro defeito, observamos que o autor fez um estudo crítico da Gramática de Celso Cunha e Lindley Cintra, pondo em evidência principalmente a conceituação. Ele enumerou páginas de gramáticas em que foi dado o conceito de sujeito e exemplos que, segundo o mesmo, estavam em total discordância, e que, em vez de ajudar na compreensão, dificultavam-na. Ainda constatou que os próprios autores nessa mesma gramática fizeram uso de conceitos diferentes de um mesmo termo o que contribuía para a confusão na cabeça dos estudantes e pior, os exemplos desacreditavam ainda mais o conceito. Há a necessidade de elaboração de uma gramática padrão da língua portuguesa, baseada na investigação rigorosamente objetiva dos fatos gramaticais e alicerçada na coerência e uniformização dos conceitos e numa atitude científica de análise. CONCLUSÃO Portanto, é necessário ressaltar a importância do estudo da gramática, não para que ensinem as pessoas como ler e escrever, mas que demonstrem a melhor forma para descrição da língua e que haja de maneira lógica, ou seja, que sua atuação faça sentido. REFERÊNCIA PERINI, Mário A. Sofrendo a gramática: Ensaios sobre a linguagem. São Paulo: Ática, 1997. ANTUNES, Irandé. Muito além d gramática: por um ensino de línguas sem pedras no caminho. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. HAUY, Amini Boainain. Da necessidade de uma gramática padrão da Língua Portuguesa. São Paulo: Ática, 1983. VIEIRA, Silvia Rodrigues. BRANDÃO, Silvia Figueiredo. Ensino da gramática: descrição e uso. 1º Ed., 2º reimpressão. São Paulo: Editora Contexto, 2009.