RESUMÃO DE FILOSOFIA – UFU Prof. Gilberto 1. A palavra “Filosofia”: philos (amizade) + sophia (sabedoria) – amor pela sabedoria ou amizade pelo saber. Não um amor de quem já possui ou detém aquilo que ama, mas de quem ainda procura a sabedoria, que busca alcançar a verdade. 2. O Mito e filosofia: O mito é uma narração fabulosa, de origem popular e não refletida, dotada de forte sentido simbólico e pedagógico, que tem por finalidade a explicação do mundo (cosmogonia), da realidade que nos circunscreve. Inventada pelos gregos, a Filosofia, enquanto pensamento lógico-racional, paulatinamente, substitui o modelo explicativo do mito, oferecendo uma explicação racional e crítica do mundo (cosmologia). 3. Filosofia Antiga – Pré-Socráticos: 3.1. Heráclito: A realidade do mundo é dinâmica, em permanente transformação. A realidade é um fluxo constante impulsionado pela luta de forças antagônicas: o calor e o frio, o belo e o feio. Na sua filosofia, o ser (princípio ordenador de tudo o que existe) nada mais é que o vir-a-ser. Por isso, Heráclito é o pai da dialética, ou seja, é o precursor da filosofia do movimento. 3.2. Parmênides: O ser é algo pleno, contínuo, fixo, sem começo e sem fim. Sendo assim, o ser não está sujeito à mudança, pois, do contrário, deixaria de ser. Parmênides afirmava que o ser é e o não-ser não é. Ao mesmo tempo identificou o ser com o pensamento: “pensar é ser”. 3.3. Os Sofistas: No contexto em que viveram os sofistas, a arte de falar bem e de modo convincente (oratória) era considerado um dom muito valioso e útil no exercício da democracia. Excelentes oradores, os sofistas ensinavam sua arte em troca de pagamento, o que lhes rendeu severas críticas de Sócrates e Platão. Para os sofistas, tudo devia ser avaliado segundo os interesses do homem e de acordo como este vê a realidade social. Isso significava que as regras morais, as posições políticas e morais deveriam ser guiadas conforme a conveniência individual (relativismo). Segundo a sofística, o que importava para o ser humano era obter prazer com a satisfação dos seus instintos ou desejos. Assim, até mesmo dominar outros cidadãos seria justificado, se isso gerasse alguma vantagem pessoal. 4. Sócrates e o seu método: Seu método baseava-se nos diálogos, que eram constituídos de dois momentos: a) Ironia: evidenciar as contradições das afirmações e os novos problemas que surgiam como conseqüência de determinada resposta; b) Maiêutica: levar o indivíduo a “trazer à luz” (maien) as idéias contidas no seu espírito. Parto (no sentido de dar à luz) de idéias. Nem sempre, nos seus diálogos, Sócrates chegava a uma conclusão definitiva do tema que estava sendo discutido, o que dava aos seus diálogos uma característica aporética (aporia). configuração dada a determinada matéria pela ação da causa eficiente. A causa forma torna a coisa cognoscível; d) causa final (ou teleológica) – constitui o fim ou o objetivo das coisas e das ações, ou seja, aquilo em vista de que ou em função de que cada coisa é ou advém. Teoria do ato e potência: * Potência – é o que está contido numa matéria e pode vir a existir, se for atualizado por alguma causa; por exemplo, a criança é um adulto em potência; * Ato – é a atualidade de uma matéria, isto é, sua forma num dado instante do tempo; o ato é a forma que atualizou um potência contida na matéria; por exemplo, a árvore é o ato da semente, o adulto é o ato da criança. A matéria ou potência é uma realidade passiva, que precisa do ato e da forma, isto é, da atividade que cria os seres determinados. Lógica: O silogismo é um raciocínio dedutivo, constituído de três termos básicos, conforme a sua extensão: maior, médio e menor. Exemplo: Todos os homens são mortais/ Sócrates é homem/ Sócrates é mortal. Termo maior-mortal, termo médio-homem, termo menor-Sócrates. As duas primeiras proposições são as premissas, seguidas de uma conclusão. Por ser uma dedução, o silogismo parte de uma verdade absoluta, já dada (todo homem é mortal), aplicando-a em casos particulares (homens, Sócrates), conforme o exemplo dado. Ética: Para Aristóteles, a ética é uma ciência da práxis humana, isto é, um saber que tem por objeto a ação. O fundamento da ética é o mesmo da metafísica, que afirma a tese segundo a qual todo ser tende necessariamente à realização de sua natureza, à atualização plena de sua potência: e nisto está o seu fim, o seu bem, a sua felicidade, e, por conseguinte, a sua lei. Logo, o fim último do ser humano é a felicidade (eudaimonia), cuja realização supõe a prática das virtudes morais e, conseqüentemente, da razão. No entanto, as virtudes morais não são mera atividade racional. Elas implicam, por natureza, um elemento sentimental, afetivo, passional (o desejo), que deve ser governado pela razão. Esta, apesar de dominar ou governar o desejo ou as paixões, não as aniquila ou destrói. A virtude ética atua no sentido de educar o desejo, direcionando-o racionalmente, equilibrando-o. Por isso, Aristóteles define a virtude como sendo “uma disposição de caráter para agir de um modo deliberado, consistindo numa medida relativa a nós, racionalmente determinada e tal como seria determinada pelo homem prudente”. Esta “medida relativa a nós” corresponde exatamente à noção de justo-meio ou meio termo, ou seja, ao equilíbrio e harmonia, que somente o homem prudente pode alcançar. Agir virtuosamente é atingir o meio termo ou equilíbrio, ou seja, evitar a falta e o excesso nas ações. 5. Platão: O processo de conhecimento se desenvolve por meio de uma passagem progressiva do mundo sensível – da realidade material – para o mundo inteligível – onde tudo existe como essência, imutável, pura perfeição. A realidade sensível não nos oferece um conhecimento verdadeiro, mas somente o mundo das idéias (que existe independentemente do nosso intelecto) pode nos dar tal certeza. Reminiscência: Para Platão, quando, por meio da dialética, tentamos acessar as verdades inteligíveis, estamos, na verdade, buscando um conhecimento que contemplamos numa vida anterior enquanto seres perfeitos, isto é, enquanto alma. A alma já teria contemplado as essências, antes de se prender a esse corpo, ao qual está provisoriamente vinculada. 7. Filosofia Medieval 7.1. Patrística: Movimento intelectual dos padres da Igreja, que buscou, à luz da filosofia de Platão, fundamentar racionalmente os dogmas cristãos, aliando a fé à razão: “a razão é auxiliar da fé e a ela se subordina”. 7.1.1. Santo Agostinho: influenciado por Platão, afirmava que sem a fé a razão torna-se incapaz de promover a salvação e a felicidade do homem. Deus cria as coisas a partir de modelos imutáveis, que são as idéias divinas. Todavia, essas idéias ou modelos não existem em um mundo a parte, como afirmava Platão, mas na própria mente ou sabedoria de Deus. A Iluminação Divina: O conhecimento verdadeiro é resultado da luz ou iluminação divina. Assim como os objetos exteriores só podem ser vistos quando iluminados pela luz do sol, também as verdades precisariam ser iluminadas pela luz divina. Contudo, a iluminação divina não dispensa o homem de ter intelecto próprio; a iluminação apenas teria a função de tornar o intelecto capaz de pensar corretamente em virtude de uma ordem natural estabelecida por Deus. 6. Aristóteles: tenta afirmar o conhecimento das coisas sensíveis nas próprias coisas sensíveis. Todas as coisas materiais – ou objetos – são construídas e passam a existir segundo quatro causas ou princípios: a) causa material (ou matéria) – aquilo de que é feito uma coisa. Por exemplo, a matéria da esfera de bronze é o bronze; b) causa eficiente (ou motora) – aquilo que promove a mudança e o movimento das coisas; por exemplo, os pais são a causa eficiente dos filhos; c) causa formal – forma ou essência das coisas, a 7.2. A Escolástica (valorização do pensamento de Aristóteles) 7.2.1. A questão dos Universais: qual a relação entre as palavras e as coisas? Por exemplo, Rosa é o nome de uma flor. Quando a flor morre, a palavra ou o conceito universal “rosa” continua existindo. Nesse caso, a palavra ou conceito fala de uma coisa inexistente; tal palavra ou conceito geral existe independentemente da coisa (no caso, o ser concreto que morreu)? Que relação existe entre as coisas concretas (as espécies, por exemplo) e os seus conceitos? Em relação a essa questão, surgiram três respostas distintas: a) Realistas (Guilherme de Champeaux, S. Anselmo) : O universal tem realidade objetiva, são coisas (res) e existem por si mesmas. Em cada membro de uma espécie está presente uma natureza comum real. b) Nominalistas (Guilherme de Ockam, Roscelino): O conceito universal é uma simples emissão de voz, puro som da palavra, mero nome e convenção linguística. Não existe outra realidade além da realidade individual, existente na natureza. c) Conceptualismo (Pedro Abelardo): O universal é um conceito tirado das coisas por abstração, isto é, os universais não existem mais do que no intelecto, apesar de que eles se referem a seres reais. 7.2.2. Santo Tomás de Aquino: Influenciado por Aristóteles, afirmava que teologia (fé) e filosofia (razão) são conciliáveis, desde que a razão ampare o caminho até a verdade revelada, isto é, um bom uso da razão faz com que possamos acessar a verdade de Deus. Portanto, não deve haver conflito entre fé e razão. De acordo com a sua teoria do conhecimento, o homem é um ser duplo, composto por um corpo material e por uma alma inteligível. O homem conhece porque é alma, mas não tem acesso direto a Deus porque também é corpo. Nosso conhecimento sempre parte dos sentidos, mas atinge o inteligível por meio da abstração. As Cinco Provas da Existência de Deus: 1) Primeiro Motor imóvel – tudo se movimenta; Deus é causa do movimento dos seres (motor imóvel); 2) Causa eficiente – tudo tem uma causa; Deus é a causa primeira, incausada; 3) Possível e necessário – Deus é o ser necessário, isto é, o ser a partir do qual todos os seres vieram. Não tendo uma origem, Deus é eterno; 4) Graus de perfeição – Há seres mais perfeitos e há seres menos perfeitos. Deus é o ser absolutamente perfeito; 5) Finalidade do Ser – o mundo é regido por uma inteligência superior que ordena a finalidade de todas as coisas. Essa inteligência é Deus. 8. Filosofia Moderna 8.1. A questão do conhecimento: 8.1.1. René Descartes e o racionalismo (ou inatismo): buscou formular um método que deveria ser o eixo básico e seguro das investigações no campo das ciências. A dúvida metódica (o cogito): o objetivo da dúvida é encontrar uma primeira verdade, impondo-se com absoluta certeza. A primeira verdade a que chega Descartes é o cogito: “Penso, logo existo”. De acordo com Descartes, possuímos três tipos de idéias: as adventícias (originadas das nossas sensações ou percepções), as fictícias (feitas ou inventadas pela imaginação) e as idéias inatas, que nos são dadas por Deus. Sendo congênitas em relação à nossa alma, essas idéias formam o fundamento da ciência. Podemos conhecê-las voltando-se sobre nós mesmos, isto é, por reflexão ou intuição. Para Descartes, Deus é um ser que necessariamente existe: O homem possui a idéia inata da substância infinita, ou seja, de Deus. Mas o próprio homem, como substância finita, não pode criar a idéia de substância infinita. Daí a dedução cartesiana de que essa idéia só pode ter por causa Deus. A alma, ao pensar, reconhece que ela própria não pode ser a causa de Deus, porque, finita, não lhe é possível ser a causa de uma idéia infinita. Logo se a alma contém essa idéia é porque ela se encontra inata dentro de nós. É através das idéias verdadeiras que Deus age sobre o intelecto do homem. Deus é, portanto, a garantia da realidade do mundo, comprovada pelos nossos sentidos. 8.1.2. O Empirismo de David Hume: buscou dar uma explicação do conhecimento a partir da experiência, eliminando assim a noção racionalista de idéia inata, considerada obscura e problemática. Para os empiristas, todo o nosso conhecimento provém de nossa percepção do mundo externo, ou do exame da atividade de nossa própria mente. Hume criticou a lei da causalidade (fundamental para a ciência), que afirmava existir no mundo uma certa ordem dos fenômenos, os quais se manifestam sob a forma de causa e efeito. O filósofo argumentou que a lei da causalidade não é inerente ao mundo físico, mas é, na verdade, uma crença que se fundamenta no hábito de observar, repetidas vezes, uma conjunção de eventos, o que nos leva ao costume de inferir a existência de um objeto (efeito) pelo aparecimento de outro (causa). Com essa posição, Hume assume uma postura ceticista, ao afirmar que a própria ciência da natureza estaria definitivamente limitada à mera probabilidade. 8.1.3. O Criticismo de Immanuel Kant: Assim como Copérnico, com a sua teoria, resolveu tirar a Terra do centro do universo e colocar o sol em seu lugar, fazendo nosso planeta girar ao redor da estrela, Kant propõe fazer o mesmo com a questão do entendimento, ao afirmar que “são os objetos que têm de se regular pelo nosso conhecimento” (Revolução Copernicana). Isso quer dizer que quando, por exemplo, vemos um objeto qualquer, a imagem que se forma em nossa mente não é determinada por esse objeto e sim o contrário, isto é, nós, através do nosso modo próprio de perceber as coisas, é que determinamos e formamos essa imagem. Kant afirmava que todos os nossos conhecimentos começam com a experiência, mas esse conhecimento não é simplesmente dado pelas coisas, como se o sujeito que conhece ficasse totalmente passivo no processo. Por isso, ele buscou saber como é o sujeito puro, a priori, isto é, o sujeito antes de qualquer experiência sensível – que se denomina, em sua filosofia, sujeito transcendental –, e chegou à conclusão de que o sujeito possui certas faculdades que possibilitam e determinam a experiência e o conhecimento. Uma dessas faculdades é a sensibilidade, pela qual percebemos e representamos em nossa mente qualquer coisa externa; essa representação é sempre feita no espaço e no tempo, que são as formas a priori da sensibilidade. São estas formas que permitem ao homem construir toda a sua experiência no mundo. Kant observou também que quando enunciamos uma afirmação qualquer, por exemplo, “o calor dilata os corpos”, ocorre uma síntese ou organização lógica das representações que aparecem na sensibilidade. Tal síntese ou organização lógica é feita por uma outra faculdade: o entendimento. Se projetamos sobre a natureza as nossas formas próprias de conhecer, o conhecimento do mundo se restringe, pois nunca poderemos saber com certeza como o mundo é em si, mas apenas como ele aparece para nós. Em outras palavras, não conhecemos as coisas em si (noumenon), mas apenas as coisas “para nós” (fenômenos). A moral kantiana - o dever: Por natureza, diz Kant, somos egoístas, ambiciosos, cruéis, ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos. É justamente por isso que precisamos do dever para nos tornarmos seres morais. A exposição kantiana sobre o dever repousa na tese de que o homem é, universalmente, um ser, cuja ação é dotada de razão prática. Por ser racional, a ação humana é dotada de finalidade e liberdade. Ora, se a razão é capaz de instituir finalidades para a ação, então ela é instauradora de normas e fins éticos. E, tendo o poder para criar normas e fins morais, a razão prática tem também o poder para impô-los a si mesma. Essa imposição que a razão prática faz a si mesma daquilo que ela própria criou é o dever. Este, portanto, longe de ser uma imposição externa feita à nossa vontade e nossa consciência, é a expressão da lei moral em nós, manifestação mais alta da humanidade em nós. Obedecê-lo é obedecer a si mesmo. Por dever, damos a nós mesmos os valores, os fins e as leis de nossa ação moral e por isso somos autônomos. Resta, porém, uma questão: se somos racionais e livres, por que valores, fins e leis morais não são espontâneos em nós, mas precisam assumir a forma do dever? Responde Kant: porque não somos seres morais apenas. Também somos seres naturais, submetidos à causalidade necessária da natureza. Nosso corpo e nossa psique são feitos de apetites, impulsos, desejos e paixões. Nossos sentimentos, emoções são a parte da natureza em nós, exercendo domínio sobre o nosso comportamento. Mas quem se submete a tais sentimentos e emoções não pode possuir a autonomia ética. A natureza nos impele a agir por interesse ou inclinação. Esta é a forma natural do egoísmo que nos leva a usar coisas e pessoas como meios e instrumentos para o que desejamos. Agir por interesse ou inclinação é agir determinado por motivações físicas, psíquicas, vitais, à maneira dos animais. Visto que os apetites, impulsos, desejos, tendências costumam ser muito mais fortes do que a razão, a razão prática e a verdadeira liberdade precisam dobrar nossa parte natural e impor-nos nosso ser moral. Elas o fazem obrigando-nos a passar das motivações do interesse ou inclinação para o dever. O dever, afirma Kant, não se apresenta através de um conjunto de conteúdos fixos, que nos mostra o que fazer ou evitar em cada circunstância. O dever é uma forma que deve valer para toda e qualquer ação moral. Essa forma é imperativa. O imperativo não admite hipóteses nem condições que o fariam valer em certas situações e não valer em outras, mas vale incondicionalmente e sem exceções para todas as circunstâncias de todas as ações morais. Por isso, o dever é um imperativo categórico. Ordena incondicionalmente. Não é uma motivação psicológica, mas a lei moral interior. O imperativo categórico exprime-se numa fórmula geral: age em conformidade apenas com a máxima que possas querer que se torne uma lei universal. Em outras palavras, o ato moral é aquele que se realiza como acordo entre a vontade e as leis universais que ela dá a si mesma. Essa fórmula permita a Kant deduzir as três máximas morais que exprimem a incondicionalidade dos atos realizados por dever. São elas: Age como se a máxima de tua ação devesse ser erigida por tua vontade em lei universal da Natureza; 2. Age de tal maneira que trates a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca como um meio; 3. Age como se a máxima de tua ação devesse servir de lei universal para todos os seres racionais. Hobbes: é o instinto de conservação da própria vida que leva ao contrato (pacto entre os súditos) que provoca a saída do estado de natureza, a instauração do estado social (que é, portanto artificial) e a legitimação do poder político em favor do soberano (poder absoluto). Locke: o contrato social provoca a instauração da sociedade civil, que busca a segurança, o conforto e a paz, garantindo, por meio das leis do Estado, a propriedade privada (direito natural). O poder político do Estado tem origem democrática ou parlamentar. O Estado não deve intervir, mas sim garantir e tutelar o livre exercício da propriedade, da palavra e da iniciativa econômica (Liberalismo). Rousseau: Cada cidadão, como membro de um povo, consente em submeter sua vontade particular à vontade geral, o que resulta na formação do Estado (corpo moral e coletivo), cuja função é defender o bem comum e não o bem particular. O povo é soberano (cidadãos ativos) e a sua soberania nunca pode ser alienada. 1. 8.2. A questão política 8.2.1. Nicolau Maquiavel: seu ponto de partida e de chegada é a verdade efetiva, ou a realidade concreta. Sua metodologia é ver e examinar a realidade tal como ela é e não como gostaríamos que fosse. Essa postura “realista” aplicada à prática política fez de Maquiavel o fundador do pensamento político moderno. Para ele, a prática política é mundana, feita por homens libertos de castigos do pecado. Esta prática secular da atividade política exigia a virtù (virtude), ou seja, o domínio sobre a fortuna (ocasião, sorte, acaso). O conceito de virtude em Maquiavel se afasta radicalmente do conceito cristão. Para o filósofo, virtude é sinônimo de habilidade, de astúcia, de sabedoria no uso da força. O príncipe ou governante virtuoso é aquele que é capaz de perceber a ocasião favorável (fortuna) e, com sabedoria, agir no sentido de conquistar e manter-se no poder. A qualidade exigida do Príncipe que deseja se manter no poder é, sobretudo, a sabedoria de agir conforme as circunstâncias, sendo, sabiamente, capaz de aparentar possuir qualidades valorizadas pelos governados. 8.2.2. os Contratualistas: Thomas Hobbes, John Locke e Jean-Jacques Rousseau Os contratualistas procuravam uma justificação racional para a existência das sociedades humanas e para a criação do Estado. De modo geral, essa questão apresentou-se da seguinte forma: qual é a natureza do ser humano? Qual é o seu estado natural? – em suas diversas conjecturas chegaram em geral à conclusão básica de que os homens são, por natureza, livres e iguais. Como explicar então a existência do Estado e como legitimar seu poder? – com base na tese de que todos são naturalmente livres e iguais, deduziram que, em dado momento, por um conjunto de circunstâncias e necessidades, os homens se viram obrigados a abandonar essa liberdade e estabelecer entre si um acordo, um pacto ou contrato social, o qual teria dado origem ao Estado. 8.2.2.1. Estado de Natureza: Hobbes: “O homem é o lobo do homem”; estado de guerra contínua, aonde o medo da morte impera. Direitos naturais: autopreservação Locke: Os homens são iguais, livres e independentes. Direitos naturais: propriedade privada (liberdade, vida, bens, corpo, trabalho), independência (juiz em causa própria), igualdade. Rousseau: Os homens são selvagens, sadios, ingênuos e felizes. Surge a propriedade privada e, conseqüentemente, a discórdia e as desigualdades. Direitos naturais: vida, liberdade, igualdade, felicidade. 8.2.2.2. Contrato Social: 9. Filosofia Contemporânea 9.1. A teoria do Estado de Hegel: a forma de pensar do homem varia de acordo com o tempo histórico em que vive, mas evolui à medida em que acrescentamos algo de novo (visão progressista da história). De acordo com Hegel, o Estado consiste no grau máximo de agrupamento entre os diversos interesses contraditórios dos indivíduos que o compõem. A família e a sociedade civil estariam situadas em um patamar inferior ao do Estado, pois não teriam a possibilidade de superar os antagonismos que imperam na esfera social. Somente o Estado, único e soberano, pacificaria tais tensões, pois em seu manto todos reconheceriam a necessidade de atuar em prol do bem comum. Não há liberdade sem lei. Sendo assim, liberdade e Estado estão associados, uma vez que o Estado (expressão máxima ou absoluta do Espírito ou consciência) é a instituição responsável por instaurar todo o corpo de leis que regula a vida social. 9.2. O Existencialismo de Jean-Paul Sartre: enquanto existencialista, Sartre defende a tese de que, em relação ao ser humano, “a existência precede a essência”. Em outras palavras, não existe um Deus criador, que nos concebeu e criou a partir de um projeto ou finalidade prévia. Sendo assim, o homem simplesmente existe, e a sua “essência” ou projeto será apenas aquilo que ele fizer de si mesmo, aquilo que ele se quiser. O homem nada mais é do que o seu projeto, um “ser-para-si”, aberto à possibilidade de construir ele próprio a sua existência, sem que para isto haja modelo ou essência para lhe orientar o caminho. Seu futuro se encontra disponível e aberto, estando portanto irremediavelmente “condenado a ser livre”. Ao experimentar a liberdade, e ao sentir-se como um vazio, o homem vive a angústia da escolha. Muitas pessoas não suportam essa angústia, fogem dela, aninhando-se na má fé. A má fé é a atitude característica do homem que finge escolher, sem na verdade escolher, imaginando que seu destino está traçado, que os valores são dados. Se, no homem, a existência precede a essência, ele é responsável por aquilo que é ou por suas escolhas. Escolher ser isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos. Assim, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a humanidade. EXERCÍCIOS Filosofia Antiga 01. A respeito do nascimento da filosofia no mundo grego, assinale a ÚNICA alternativa correta: a) A filosofia está intimamente ligada à cosmologia, tentando oferecer uma explicação racional para a origem e a ordem do mundo. b) A filosofia, como continuidade da tradição helênica dava uma nova dimensão para o mito, inaugurando uma nova maneira de explicar os conflitos e as tensões sociais, conservando a base mítica. c) A filosofia inicialmente na Grécia antiga, como o resultado do contato entre povos antigos e a herança recebida de outras civilizações. d) A filosofia nasceu no contexto da pólis e da experiência de um discurso (logos) público pautado pelo diálogo. 02. No poema Sobre a Natureza Parmênides afirma: "os únicos caminhos de inquérito que são a pensar: o primeiro que é e portanto que não é não ser, de Persuasão é caminho (pois à verdade acompanha); o outro, que não é e portanto que é preciso não ser, este então, eu te digo, é atalho de todo incrível; pois nem conhecerias o que não é nem o dirias." Pode-se daí inferir que: a) apenas o ser pode ser dito e pensado. b) o não ser de algum modo é. c) o ser e o pensar são distintos. d) o ser é conhecido pelos sentidos. 06. As diferenças básicas entre o pensamento de Platão e Aristóteles podem ser resumidas no seguinte: a) enquanto o primeiro privilegia o mundo das idéias, o segundo desqualifica a matéria. b) o segundo afirma a realidade da matéria, enquanto o primeiro nega o mundo espiritual. c) as idéias, para Platão, são as únicas verdades e para Aristóteles são expressões 'lógicas' da realidade mitológica. d) o segundo recupera realismo como forma de conhecimento enquanto o primeiro desqualifica o mundo material, concebendo-o como cópia das idéias. 07. Heráclito de Éfeso, filósofo pré-socrático, compreendia que 03. Sócrates é tradicionalmente considerado como um marco divisório da filosofia grega. Os filósofos que o antecederam são chamados pré-socráticos. Seu método, que parte do pressuposto "só sei que nada sei", é a maiêutica que tem como objetivo: I. o ser é vir-a-ser. II. o vir-a-ser é a luta entre os contrários. III. a luta entre os contrários é o princípio de todas as coisas. IV. da luta entre os contrários origina-se o não-ser. I. "dar luz a idéias novas, buscando o conceito". II. partir da ironia, reconhecendo a ignorância até chegar ao conhecimento. III. encontrar as contradições das idéias para concluir pela impossibilidade de qualquer conhecimento. IV. "trazer as idéias do céu à terra". Assinale a) se apenas I e II estiverem corretas. b) se apenas I e III estiverem corretas. c) se apenas II, III e IV estiverem corretas. d) se apenas III e IV estiveren corretas. e) se apenas I e IV estiverem corretas. 04. O “O mito da caverna” (livro, A república, Platão) tem como pressuposto a teoria das idéias. Considera-se então que seja I. uma metáfora do conhecimento: o movimento de saída e a contemplação da luz significam o processo de aquisição do conhecimento, o qual se inicia com a opinião indo até o entendimento (idéias). II. Um relato da libertação dos grilhões que prendiam os homens no interior da caverna. III. uma forma de Platão representar a importância e a superioridade do filósofo, como aquele que chega ao conhecimento e tem a missão de transmiti-lo aos outros. IV. uma história que simboliza a vida do homem das cavernas. Assinale a correta: a) I e III são interpretações possíveis. b) II e IV são interpretações possíveis. c) I e IV são interpretações possíveis. d) I e II são interpretações possíveis. 05. Nos Primeiros e nos Segundos Analíticos Aristóteles expõe a teoria geral dos silogismos, bem como as especificidades do silogismo científico. O exemplo clássico de silogismo é: "Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Logo, Sócrates é mortal." Leia as seguintes afirmativas sobre esse silogismo: I. II. III. IV. É composto por duas premissas e uma conclusão. O termo maior não aparece na conclusão. É um típico exemplo de raciocínio indutivo. O termo "homem" é o termo médio. Assinale a alternativa correta. a) III e IV são verdadeiras. b) II, III e IV são verdadeiras. c) I, II e IV são verdadeiras. d) I e IV são verdadeiras. Assinale a) se apenas I, II e III estiverem corretas. b) se apenas I, III e IV estiverem corretas. c) se apenas II, III e IV estiverem corretas. d) se apenas I, II e IV estiverem corretas. Gabarito 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. B A A A D D A Filosofia Medieval 01. A patrística (séculos II ao V d.C.) é movimento intelectual dos primeiros padres da Igreja, destinado a justificar a fé cristão, tendo em vista a conversão dos pagãos. Sobre a Patrística podese afirmar, com certeza: I. assume criticamente elementos da filosofia platônica na tentativa de melhor fundamentar a doutrina cristã. II. considera que as verdades da razão estão sempre em contradição com as verdades reveladas por Deus. III. incorpora as teses da metafísica aristotélica para fundar uma teologia estritamente racionalista. IV. considera a razão como auxiliar da fé e a ela subordinada, tal como expressa a frase de Santo Agostinho “creio para compreender” a) II e IV são corretas. b) I e IV são corretas. c) III e IV são corretas. d) Apenas II é correta. 02. Em suas reflexões sobre a questão da fé, Santo Agostinho considera que I. é preciso crer acima de tudo, mesmo que não se entenda por que acreditar. II. a razão e a fé são duas disposições do espírito que dever ser consideradas no mesmo grau de importância. III. Deus é a voz interior daqueles homens que se dedicam à busca do conhecimento; Ele os inspira em suas investigações. IV. a razão deve estar sempre acima da fé, só assim se chega à verdade. Assinale a ÚNICA opção que apresenta as afirmativas corretas. a) I e II b) I e III c) III e IV d) I e IV 03. Sobre a doutrina da iluminação divina de Santo Agostinho, considere o conteúdo das assertivas abaixo: I. A iluminação divina dispensa o homem de ter intelecto próprio. II. A iluminação divina capacita o intelecto humano para entender que há determinada ordem entre o mundo criado e as realidades inteligíveis. III. Agostinho nomeia as realidades inteligíveis de forma pouco precisa como, por exemplo, idéia, forma, espécie, regra ou razão e afirma, platonicamente, que essas realidades já foram contempladas pela alma. IV. A iluminação divina exige que o homem tenha intelecto próprio, a fim de pensar corretamente os conteúdos da fé postos pela revelação. Assinale a alternativa que contém somente as afirmações corretas: a) II e III b) I e III c) II e IV d) III e IV 04. Sobre a questão dos universais, todas as afirmativas abaixo são falsas, EXCETO: a) Pedro Abelardo sustenta a tese de que as palavras nada significam, porque são simples emissão da voz humana, sendo por isso que os universais devem ser necessariamente incorpóreos. b) O realismo sustenta a tese de que apenas as palavras são reais, porque são corpóreas enquanto som, e os universais nada significam porque são incorpóreos, isto é, não possuem realidade física. c) O nominalismo sustenta a tese de que os universais são corpóreos, porque o gênero e a espécie não podem estar separados dos indivíduos a que pertencem. d) Pedro Abelardo sustenta a tese de que, por si mesmo, os universais existem apenas no intelecto, mas eles referem-se a seres reais. 05. O maior mestre da Escolástica é Tomás de Aquino. Podemos destacar em relação a sua teoria do conhecimento e suas bases filosóficas as afirmações seguintes. Após analisá-las, marque a INCORRETA. a) A Súmula Teológica é uma obra que afirma que a verdade em si já existe e para justificála assume uma visão aristotélica. b) Entende que existem verdades da fé e da razão, no entanto admite ele que estas verdades não são contrárias entre si. c) O aquinatense tem uma preocupação em explicar Deus pelos princípios platônicos do mundo das idéias, daí explicando as 5 vias para se chegar a Deus através da teoria da iluminação. d) S. Tomás de Aquino se vale das verdades da filosofia para fundamentar as verdades da teologia. Gabarito 01. 02. 03. 04. 05. B B C D C Filosofia Moderna (Descartes e Hume) 01. Escolha a alternativa correta: "E enfim, considerando que todos os mesmos pensamentos que temos despertos nos podem também ocorrer quando dormimos, sem que haja nenhum, nesse caso, que seja verdadeiro, resolvi fazer de conta que todas as coisas que até então haviam entrado no meu espírito não eram mais verdadeiras que as ilusões de meus sonhos. Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa." (R. Descartes, Discurso do método.São Paulo: Cultural,1973.) De acordo com a citação acima, Descartes quis afirmar que: a) o cogito nada mais é que a convicção que tenho através das minhas percepções. b) a realidade e os sonhos são da mesma natureza e, portanto, as idéias são sempre verdadeiras, independentemente do estado de vigília do espírito. c) o fato de se poder duvidar de tudo oferece uma primeira idéia clara e distinta que é a certeza de que o sujeito, que pensa, existe verdadeiramente. d) as sensações e as ilusões dos sonhos são todas elas verdadeiras e conferem certeza ao conhecimento. 02. David Hume, filósofo do século XVIII, partindo da teoria do conhecimento, sustentava que I. o sujeito do conhecimento opera associando sensações, percepções e impressões recebidas pelos órgãos dos sentidos e retidas na memória. II. as idéias nada mais são do que hábitos mentais de associações e impressões semelhantes ou de impressões sucessivas. III. as idéias de essência ou substância nada mais são que um nome geral dado para indicar um conjunto de imagens e de idéias que nossa consciência tem o hábito de associar por causa das semelhanças entre elas. Assinale a) se I, II e III estiverem corretas. b) se apenas I e II estiverem corretas. c) se apenas II e III estiverem corretas. d) se apenas I e III estiverem corretas. 03. Para David Hume, a negação da validade universal do princípio de causalidade e da noção de necessidade que tal princípio implica, é fundamentada: a) na observação dos fenômenos que permite a compreensão e o conhecimento do mecanismo interno das coisas reais. Assim, qualquer ciência pode atingir o conhecimento pleno e definitivo dos fenômenos. b) na observação dos fatos e no hábito que permitem a afirmação mais geral quando a observação permite a associação de situações semelhantes; o hábito, portanto, vai além da experiência. c) em toda relação de causa e efeito, porém, é a causalidade que permite a passagem de um objeto para outro objeto, cada associação permite o conhecimento da natureza íntima das coisas, ou seja, da sua realidade interior. d) no conhecimento que só é possível pela refutação de todas as crenças; isto significa purificar o entendimento dos hábitos que o condicionam, permitindo o fluir das idéias inatas e independentes da experiência. a) b) c) d) 04. Sobre a filosofia de Descartes, pode-se afirmar, com certeza, que as suas mais importantes conseqüências foram I. a afirmação do caráter absoluto e universal da razão que, através de suas próprias forças, pode descobrir todas as verdades possíveis. II. a adoção do Método Matemático, que permite estabelecer cadeias de razões. III. a superação do dualismo psico-físico, isto é, a dicotomia entre corpo e consciência. Assinale a alternativa correta. a) II e III b) III c) I e III d) I e II Gabarito 01. c 02. a 03. b 04. d Filosofia Moderna (Kant) 01. Kant, filósofo alemão do séc. XVIII, realiza uma "revolução copernicana", ao afirmar que: I. o sujeito do conhecimento é a própria razão universal e não uma subjetividade pessoal e psicológica, pois é sujeito conhecedor. II. por ser inata e não depender da experiência para existir, a razão, do ponto de vista do conhecimento, é anterior à experiência; sua estrutura é "a priori". III. a experiência determina o conhecimento para a razão e fornece a forma (universal e necessária) do conhecimento. Assinale a) se as afirmações I e II são corretas. b) se as afirmações I e III são corretas. c) se apenas a afirmação I é correta. d) se as afirmações II e III são corretas. 02. Observe o texto abaixo, de Kant, e marque a CORRETA. "Denominamos sensibilidade a receptividade de nossa mente para receber representações na medida em que é afetada de algum modo; em contrapartida, denominamos entendimento ou espontaneidade do conhecimento a faculdade do próprio entendimento de produzir representações". I. As sensações são intuições empíricas; já o espaço e o tempo são intuições a posteriori. II. Mediante a cooperação recíproca das faculdades subjetivas, unificando percepções sob conceitos, o sujeito produz a experiência, que é um conhecimento real e empírico constituído por uma conexão de percepções operada pelo entendimento. III. A experiência envolve apenas dados empíricos e nunca elementos a priori. IV. A sensibilidade é a faculdade das intuições e o entendimento é a faculdade dos conceitos. V. O Sujeito constrói o conhecimento segundo certas condições que são as faculdades e suas respectivas formas: a sensibilidade com as formas de espaço e o tempo, e o entendimento com os conceitos básicos chamados categorias. Estão Estão Estão Estão todas corretas. corretas II, IV e V. incorretas I, III e IV. corretas I, III e V. 03. 'Marque abaixo a única alternativa que NÃO está de acordo com os conceitos kantianos de "fenômeno" e "coisa-em-si": a) O espaço e o tempo são estruturas das coisas-em-si e não fazem parte dos fenômenos. b) O fenômeno somente pode encontrar-se na sua relação com o sujeito, sendo inseparável de suas representações. c) Não temos conhecimento das coisas-em-si, mas somente das coisas-como-apreendidas. d) O conhecimento só é possível quando o espírito assume sob suas formas a priori os dados da experiência imediata. e) O fenômeno é aquilo que de modo algum pode encontrar-se no objeto em si mesmo. 04. Observe o texto abaixo: "Mas embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso todo ele se origina justamente da experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento de experiência seja um composto daquilo que recebemos por impressões e daquilo que a nossa própria faculdade de conhecimento (apenas provocada por impressões sensíveis) fornece de si mesma, cujo aditamento não distinguimos daquela matéria-prima antes que um longo exercício nos tenha chamado a atenção para ele e nos tenha tornado aptos a abstraí-lo." (KANT, lmmanuel. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980, p. 23 [B 1-2]). Assinale, abaixo, a alternativa INCORRETA: a) Nosso conhecimento não se origina exclusivamente da experiência, porque o sujeito é ativo e constrói subjetivamente parte dele. b) As impressões que afetam nossa sensibilidade recebem as formas a priori do espaço e do tempo. c) A intuição empírica é a matéria do conhecimento. d) A intuição humana é sensível e a intuição de Deus é intelectual. Gabarito 01. a 02. b 03. a 04. d Filosofia Moderna Rousseau) (Maquiavel, Hobbes, Locke e 01. A respeito do conceito maquiaveliano de virtù, analise as assertivas abaixo: I- A virtú é a qualidade dos oportunistas, que agem guiados pelo instinto natural e irracional do egoísmo e almejam, exclusivamente, sua vantagem pessoal. II- O homem de virtú é antes de tudo um sábio, é aquele que conhece as circunstâncias do momento oferecido pela fortuna e age seguro do seu êxito. III- Mais do que todos os homens, o príncipe tem de ser um homem de virtú, capaz de conhecer as circunstâncias e utilizá-las a seu favor. IV- Partidário da teoria do direito divino, Maquiavel vê o príncipe como um predestinado e a virtú, como algo que não depende dos fatores históricos. Assinale a única alternativa que contém as assertivas verdadeiras: a) b) c) d) I, II e III II e III II e IV II, III e IV 02. A filosofia política de Thomas Hobbes combatia as tendências liberais de sua época. Hobbes sustentava que o poder resultante do pacto político deveria ser: I. ilimitado, julgando sobre o justo e o injusto, acima do bem e do mal e em que a alienação do súdito ao soberano deveria ser total. II. dividido entre o rei e o parlamento, superando as discórdias e disputas em favor do bem comum da coletividade. III. absoluto, podendo utilizar a força das armas para manter a soberania e o silêncio dos súditos. Assinale a alternativa correta. a) I e III b) II e III c) I e II d) II 03. Sobre o conceito podemos dizer que de estado de natureza, I. para Rousseau, está relacionado à idéia do bom selvagem, quer dizer, o estágio em que os homens viveriam em comunhão com a Natureza, desconhecendo lutas e intrigas entre si. II. se refere a uma situação pré-social na qual os indivíduos viveriam isoladamente sem regulações ou regras. III. Hobbes define o estágio no qual os indivíduos viveriam em sucessivos períodos de confronto e paz, até aprenderem a se respeitar mutuamente. Assinale. a) se todas estiverem corretas. b) se apenas I e II estiverem corretas. c) se apenas II e III estiverem corretas. d) se apenas I e m estiverem corretas. e) se apenas II estiver correta. 04. Para Locke, os homens em estado de natureza são, cada um, juiz em causa própria; assim é necessário constituir a sociedade civil mediante contrato social para organizar a vida em sociedade. Isto se daria através do pacto, tornando legítimo o poder do Estado. Para ele, o poder a) encontra-se na soberania do poder executivo. b) é confiado aos governantes e não pode ser contestado em hipótese alguma. c) é confiado aos governantes, podendo haver insurreição, caso eles não visem o bem público. d) é absoluto e não há possibilidade de instituirse um novo pacto. e) é instituído pela vontade geral. 05. As assertivas abaixo referem-se ao pensamento político de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778). I. No estado de natureza os indivíduos vivem isolados e vagueando pela imensa selva, sobrevivem com aquilo que a natureza lhes oferece, desconhecem as lutas; este estágio equivale ao estado de felicidade original: o homem é o bom selvagem. II. O que originou o estado de sociedade foi o aparecimento da propriedade privada, isto é, a divisão arbitrária que define o que é meu e o que é teu; tal situação, acarretou o rompimento do estado de felicidade original. III. O governante é o indivíduo que está investido da soberania, é ele que representa a vontade geral; sob esta situação política, o povo transfere de livre e espontânea vontade os seus direitos civis ao governante. Assinale a única alternativa que contém as afirmativas corretas. a) Apenas I e II. b) Apenas I e III. c) Apenas II e III. d) I, II e III. 06. O que há de comum entre as teorias dos filósofos contratualistas é que a) eles partem da análise do homem em estado de natureza, isto é, antes de qualquer sociabilidade, tendo direito a tudo. b) no estado de natureza, o homem possui segurança e paz, pois é dono de um poder ilimitado. c) os interesse egoístas não existem no estado de natureza, pois os homens realizam todos os seus desejos. d) as disputas evitam a guerra de todos contra todos, pois os homens desfrutam de todas as coisas. Gabarito 01. b 02. a 03. b 04. c 05. a 06. a Filosofia Contemporânea (Hegel e Marx) 01. À ótica do materialismo marxista, é CORRETO afirmar: A) As relações de produção (infraestrutura material) são determinantes da consciência (superestrutura). B) A natureza material é fruto da consciência que se autodetermina na singularidade concreta. C) O materialismo corresponde a uma doutrina filosófica imanente ao idealismo. D) O materialismo explica o movimento do mundo por um espírito divino. E) O materialismo visa ao acúmulo de bens materiais. 02. O materialismo marxista é histórico-dialético porque: A) Como o materialismo mecanicista, parte da constatação de um mundo composto de coisas inertes. B) Funda-se numa causalidade linear, não permitindo ao homem nenhuma liberdade. C) Parte da consideração que é a realidade é movimento e processo, explicando a história por fatores materiais. D) Parte da consideração de que o mundo é incognoscível regulado pelo “divino relojoeiro”. E) Lança mão dos fatos históricos para justificar o idealismo hegeliano. 03. De acordo com o materialismo histórico-dialético de Marx e Engels, é INCORRETO afirmar: A) o Estado não é no fundo mais do que o reflexo das necessidades econômicas da classe reinante sobre a produção. B) o materialismo de Marx e Engels visa oporse ao idealismo espiritualista hegeliano, para o qual a força que move a história é a idéia, o espírito, a consciência. C) de acordo com o materialismo histórico as relações sociais são determinadas pela satisfação das necessidades da vida humana, o que constitui a condição fundamental de toda a transformação histórica. D) quando Marx fala de materialismo, a matéria à qual se refere não são os corpos físicos, os átomos, os seres naturais, mas sim as relações sociais de produção econômica. E) é a consciência dos homens que determina o seu ser; mas não o seu ser social que, inversamente determina sua consciência. b) c) d) 04. De acordo com o conceito de angústia em Sartre, marque a alternativa correta. 04. Em relação ao pensamento de Hegel, assinale a única alternativa verdadeira: 1. A) O verdadeiro autor da história são as relações que os homens estabelecem entre si para sua sobrevivência. B) As massas em seu movimento buscando a liberdade é que conduzem e efetivam a realização da consciência de liberdade na história. C) O Espírito é o verdadeiro autor da história e o fim que o move é a conquista da liberdade. D) No Espírito a consciência é determinada através das condições de vida material dos homens. 2. Gabarito 01. A 02. C 03. E 04. C Filosofia Contemporânea (Sartre) 01. Jean-Paul Sartre (1905-1980), afirma que “estamos condenados à liberdade”. Sendo assim, afirma a) que a liberdade é o poder do todo para agir em conformidade consigo mesmo, instaurando leis e normas necessárias para os indivíduos. b) que estamos sob o poder de forças externas mais poderosas que nossas vontades, que nos obrigam a ser livres. c) que a liberdade é a escolha incondicional que o próprio homem faz de seu ser e de seu mundo. d) que a liberdade é resignar-se ou conformase às situações, que encontramos no mundo e que nos determina. 02. Para Sartre (1905-1980) o homem a todo momento está escolhendo o caminho a seguir em sua existência, e esta escolha tem valor porque é feita ente outra inúmeras possibilidades: esta situação é de angústia, mas, uma vez feita a escolha, a angústia passa a ser a autonomia do querer. A situação existencialista da escolha, tal como foi descrita, implica: a) a má fé do homem, pois a escolha é feita somente para a satisfação de si mesmo. b) a responsabilidade do homem, pois ele é sempre o autor da escolha feita. c) a falsa consciência, que desconhece a autonomia e aceita aquilo que fazem de si. d) a natureza humana imutável do indivíduo, que é a certeza da liberdade espiritual. 03. Sartre fundou um existencialismo ateu. Para este filósofo, não há um Deus que cria o homem e ordena-lhe a vida segundo um fim prévio. Sobre o existencialismo de Sartre as afirmativas abaixo são corretas, EXCETO a) A liberdade do homem só poderá efetivar-se plenamente no âmbito da sociedade burguesa que defende a livre iniciativa e o papel mínimo do Estado. O homem é o único ser que é ser-para-si, isto quer dizer que ele é o seu próprio projeto. A má fé resulta da fuga da experiência da angústia de ter sempre que escolher. Os valores que estruturam a existência humana não são obrigações metafísicas individuais e nem imposições da tradição; cabe apenas ao homem criá-las. 3. 4. 5. a) b) c) d) A angústia resulta da revelação da nossa própria liberdade, limitada apenas por si mesma. Ela é o sentimento experimentado pelo homem quando se faz qualquer escolha. Se o homem não faz nenhuma escolha, ainda assim escolhe: “a sua condição está em ser condenado à liberdade”. Este é o tema da angústia sartreana. A angústia é a experiência vivida em face da descoberta da liberdade. Está implícita na idéia de que “ficar angustiado é agir de má-fé”. 1, 2, 1, 1, 2, 3 e 5 são corretas. 4 e 5 são incorretas. 2, 3 e 4 são corretas. 2, 3 e 4 são incorretas. 05. De acordo com a filosofia de Jean-Paul Sartre, marque a alternativa correta. I. O homem primeiramente existe, está condenado a ser livre e é o seu próprio projeto, ou seja, toda e qualquer escolha depende dele mesmo, já que Deus não existe. II. A natureza humana não depende de escolhas que o próprio homem faz de si mesmo. III. O tema liberdade é a principal discussão do existencialismo ateu onde o homem escolhe a si mesmo. IV. A náusea para Sartre é a possibilidade que todos os homens possuem de fazer escolhas e assumir a responsabilidade de tudo o que escolher. V. A má-fé é a fuga da responsabilidade. a) b) c) d) II – IV – V. I – III – V. III – IV. II – III – IV. Gabarito 01. c 02. b 03. a 04. c 05. b