Café Filosófico, o café que aquece o conhecimento

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Café Filosófico, o café que aquece o conhecimento.
Projeto “Pensando bem...”.
“Pensando bem...”, enquanto projeto da Universidade Federal de Juiz de Fora,
vem demonstrando desejável interesse da comunidade, principalmente por tratar-se
de assuntos pautados nas trilhas da Filosofia.
Ao contrário de seguir círculos fechados do conhecimento, o “Café” se constitui
em espaço aberto ao pensar livre e ao expressar-se na busca de se fazer luz adiante
dos próprios caminhos.
Conhecida desde épocas bastante remotas da humanidade, ela, Filosofia, nunca
perdeu seu brilho em apontar objetivos que retirem o homem de cometer graves
enganos no transcurso da História.
Se há tantos erros, não há de se culpar a falta de pensadores nesta longa
trajetória humana, desde a antiga Grécia. Primeiro com os pré-socráticos, há mais de
600 a.C..
Naturalistas, preocupados em dar sentido às coisas, na busca de entender o
princípio delas, é por essas épocas que a humanidade modela corpo de cunhos mais
demonstráveis sobre as afirmativas desses princípios, até então resguardados pela
mitologia.
Sócrates, Platão e Aristóteles a posteriore, deixaram marcas indeléveis, no chão
da vida, até nossos dias. Continuam atualíssimos e provavelmente serão fontes
destacadas de consulta, por gerações e mais gerações futuras, mesmo havendo
algumas contradições com as experiências que promovem mudanças a qualquer
tempo.
Incrível! Quis, entretanto, o poder do mundo Grego impor a Sócrates a ingestão
da cicuta, a fim de encerrar demanda, no campo da ética e da moral, porque não
suportaram o clarão de sua lucidez. Preferiu, ele, ao sepulcro, a ter que negar seus
princípios. Tal era sua fé, nesses princípios, inclusive na imortalidade da alma. Foi
Platão quem relatou em sua obra denominada “Fedon”, os momentos finais da vida de
Sócrates, que mesmo sendo premido pela morte, aconselha tranqüilidade a seus
discípulos, pois acreditava que aquele era apenas um momento de transição de um
estado de vida, que continuaria em outras paragens. Acreditava até na volta a este
mundo, e também nas penas eternas, para os contumazes injustos, tudo em
conformidade com o que dizia a tradição dos conhecimentos já existente naquela
época. Foi uma das coisas que ele ensinou, nas proximidades de sua morte, de acordo
com os escritos de Platão.
Esses ensinamentos, inclusive, tornaram-se grandes esteios para a sustentação
do Cristianismo. Mas a Filosofia não estaciona em Platão que se dedica às afirmativas
sobre o lado etéreo da vida, a metafísica, nem no discípulo dele, Aristóteles, outro
importante ícone da humanidade que se debruça nas racionalizações do viver terreno.
Segue adiante, a Filosofia, seduzindo-nos pelo fascínio de encontrar verdades, mesmo
que sejam provisórias, mas que nos dão suporte para seguir adiante e descortinar
outras possíveis e sustentáveis razões de ser.
Vem reproduzindo historicamente os ditos dos grandes pensadores e ao
mesmo tempo criando campo de fermentação do conhecimento, para desmitificar as
coisas ditas, equivocadas. Sim, repito desmitificar. Significa que ainda perambulamos
em tempos remotos. É bom lembrar os debates salutares do Café Filosófico, que
trouxe à tona, “o Mito da Caverna”, ou, a Alegoria da Caverna, do livro A República, de
Platão. Nos debates, pudemos comparar, aos tempos de Platão, o adormecimento em
que muitas vezes nos encontramos, apesar de toda a marcha evolutiva, de toda a
ciência, de toda a tecnologia existente na atualidade.
É importante discutir o valor do conhecimento, todos nós sabemos disso, o qual
é a essência do pensar filosófico. A História tem demonstrado que não basta aprimorar
as ferramentas da vida. É preciso que elas tenham destino mais aproveitável, com mais
longo alcance na humanidade. É de bom alvitre que avaliemos bem, nós humanidade,
essas premissas, para melhorarmos nossos destinos.
Não nos parece, portanto, que o mundo consegue apreciá-las adequadamente.
A Filosofia é um mecanismo de esculpir verdades, e a História tem demonstrado que
esse fato nem sempre interessa aos poderes, temporários, humanos. Boas verdades.
Basta conferi-las, então, e notar que o mundo precisa de um firme choque para
despertar, regado ao tempero de decisões justas, a produzir vida mais justa, feliz, para
toda a humanidade. Este pensamento fica, apenas, na manifestação de desejos,
sempre manifestado, pelo visto, mas que esbarra na própria condição de existência
humana. Mas a marcha continua, a desbravar caminhos.
E o Café Filosófico, de Juiz de Fora, é uma dessas felizes idéias tão bem
coordenadas, com apoio do Departamento de Filosofia da UFJF, através do professor e
filósofo Juarez Sofiste, as atuais estagiárias Ana Emília Tozzo e Marina Bilig. De portas
abetas, a tantos quanto estejam dispostos a refletir pensamentos, pois o “CaféFil” é
uma janela aberta às reflexões, tem recebido, inclusive, a presença de outros filósofos
que nos brindam com a solidariedade do conhecimento.
É de se desejar que essa idéia desenvolva lastros, concomitantes à existência
dos importantes centros acadêmicos. Ele é um pedacinho da cátedra, com liberdade da
escolha de temas, regado ao cafezinho da boa vontade para entrelaçar vida com
autenticidade.
Texto de Evaldo de Paula Moreira
Juiz de Fora, 12 de setembro de 2010.
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