2.1.4 Caracterização da situação de moradia e saneamento básico

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PÓS- GRADUAÇÃO EM ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL E UNIDADE FIOCRUZ
CERRADO DO PANTANAL
GLAUCIENE CRUZ DOS SANTOS
A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO PÉ DIABÉTICO NA ESF MACAÚBAS,
EM CAMPO GRANDE/MS
CAMPO GRANDE
2011
2
GLAUCIENE CRUZ DOS SANTOS
A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO PÉ DIABÉTICO NA ESF MACAÚBAS,
EM CAMPO GRANDE/MS
Relato de experiência apresentado
à Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, como requisito para
conclusão do curso de Pós
Graduação
a
nível
de
especialização em Atenção Básica
em Saúde da Família.
Orientadora:Profª.MSc.Sílvia
Helena M. de Moraes
CAMPO GRANDE
2011
3
GLAUCIENE CRUZ DOS SANTOS
A ENFERMAGEM NA PREVENÇÃO DO PÉ DIABÉTICO NA ESF MACAÚBAS,
EM CAMPO GRANDE/MS
Relato de experiência apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para
conclusão do curso de Pós Graduação a nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da
Família.
COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Msc.
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
__________________________________________________
Prof. Msc.
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
__________________________________________________
Prof. Msc.
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
4
É a Deus que primeiro dedico este trabalho e também ao meu esposo,
que me incentivou em todos os momentos, sendo maravilhosa a sua companhia.
Aos meus filhos, que ensinam preciosas lições de vida todos os dias com seu amor e carinho.
À minha orientadora que me compreendeu mesmo nas horas mais difíceis de minha vida.
5
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus que foi o meu maior Porto Seguro nesta jornada da minha vida.
Ao meu esposo, Heliel pela paciência, amor e compreensão.
Aos meus filhos Emillene e João Helio, pelo carinho e estarem participando desta fase tão importante
da minha vida.
À minha orientadora, minha profunda gratidão pela compreensão, acolhimento e auxilio em todas as
etapas desta pesquisa com suas precisas correções.
À minha equipe de saúde da família, no qual trabalho dia a dia, obtendo informações e disposição
para fazer o seu melhor.
Aos usuários do Sistema Único de Saúde, que contribuem sempre para enriquecer o nosso
conhecimento.
6
"... A EDUCAÇÃO EM DIABETES não é somente parte do tratamento do diabetes,
é o próprio tratamento...”
Elliot P. Joslin
7
RESUMO
Há um aumento da incidência e prevalência do Diabetes mellitus que constitui um dos
maiores problemas de saúde alcançando proporções epidêmicas. Andar é uma atividade
inerente ao homem, que lhe dá autonomia para a vida diária, e o comprometimento dos
membros inferiores dificulta esta atividade. As conseqüências desta doença em longo prazo
decorrem de alterações micro e macrovasculares que levam a disfunção, dano ou falência de
vários órgãos. Uma das complicações do diabetes é a condição conhecida como pé diabético,
que no caso do portador de diabetes merece uma atenção especial. Como os pés são
vulneráveis a ferimentos e ocupam uma posição de menor preocupação para as pessoas em
geral, é preciso examiná-los e detectar alterações diariamente. O objetivo desse relato de
experiência foi apreender como a atuação do profissional de Enfermagem da ESF juntamente
com a prática e motivação dos acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul construíram e contribuem no cotidiano de trabalho estratégias de prevenção do
pé diabético. A metodologia utilizada neste trabalho foi uma revisão da literatura científica.
Nos resultados foi possível identificar a relevância do envolvimento de todos os profissionais
na responsabilidade pelo cuidado ao "pé diabético", com destaque ao profissional da
Enfermagem e os acadêmicos de enfermagem que atuam na estratégia saúde da família. Os
espaços de desenvolvimento dessas ações estão nos grupos educativos, reuniões de equipe,
consulta de enfermagem e visitas domiciliares.
Palavras- chave: "Pé diabético; Estratégia de Saúde da Família e Prevenção.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9
1.1 DIABETES MELLITUS .................................................................................................... 10
1.1.1 O pé diabético .................................................................................................................. 11
1.1.1.1 Fatores predisponentes de feridas no pé diabético ....................................................... 11
1.1.1.2 Prevenção do pé diabético ............................................................................................ 15
2 METODOLOGIA .............................................................................................................. 23
2.1 CARACTERIZANDO O CONTEXTO INSTITUCIONAL ............................................. 23
2.1.1 Características geográficas .............................................................................................. 23
2.1.2 Caracterização sócio- econômico e demográfica ............................................................ 24
2.1.3 Caracterização da situação educacional .......................................................................... 26
2.1.4 Caracterização da situação de moradia e saneamento básico .......................................... 26
2.1.5 Caracterização do meio ambiente e urbanização ............................................................. 28
2.1.6 Caracterização de esporte, lazer e cultura ....................................................................... 29
2.1.7 Caracterizando o funcionamento da ubsf macaúbas........................................................ 29
2.2 RELATANDO A EXPERIÊNCIA..................................................................................... 33
3 ANALISE E DISCUSSÃO ................................................................................................ 40
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 42
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 43
ANEXO 1 ................................................................................................................................. 44
9
1 INTRODUÇÃO
Segundo o Ministério da Saúde, a Saúde da Família (ESF) é entendida como uma
estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de
equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo
acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica
delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação,
reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde desta
comunidade. A responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes
de saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente definidos para a
atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do Sistema Único de Saúde (BRASIL,
1997, p. 10).
A consolidação dessa estratégia precisa, entretanto, ser sustentada por um processo
que permita a real substituição da rede básica de serviços tradicionais no âmbito dos
municípios e pela capacidade de produção de resultados positivos nos indicadores de saúde e
de qualidade de vida da população assistida.
O Departamento de Atenção Básica (DAB) descreve a ESF como estratégia
estruturante dos sistemas municipais de saúde que tem provocado um importante movimento,
com o intuito de reordenar o modelo de atenção no SUS. Busca maior racionalidade na
utilização dos demais níveis assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais
indicadores de saúde das populações assistidas às equipes saúde da família (POLÍTICA
NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA, 2011, p. 20 - 25).
O trabalho de equipes da Saúde da Família é o elemento-chave para a busca
permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da
equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde (ACS). As equipes são
compostas, no mínimo, por um médico de família, um enfermeiro, um auxiliar de
enfermagem e 6 agentes comunitários de saúde. Quando ampliada, conta ainda com: um
dentista, um auxiliar de consultório dentário e um técnico em higiene dental (POLÍTICA
NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA, 2011, p. 20 - 25).
Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de, no máximo, 4 mil
habitantes, sendo a média recomendada de 3 mil habitantes de uma determinada área, e estas
10
passam a ter co-responsabilidade no cuidado à saúde. A atuação das equipes ocorre
principalmente nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da
comunidade, caracterizando-se: como porta de entrada de um sistema hierarquizado e
regionalizado de saúde; por ter território definido, com uma população delimitada, sob a sua
responsabilidade; por intervir sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta;
por prestar assistência integral, permanente e de qualidade; por realizar atividades de
educação e promoção da saúde (POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA, 2011, p.
20-25).
E, ainda: por estabelecer vínculos de compromisso e de co-responsabilidade com a
população; por estimular a organização das comunidades para exercer o controle social das
ações e serviços de saúde; por utilizar sistemas de informação para o monitoramento e a
tomada de decisões; por atuar de forma intersetorial, por meio de parcerias estabelecidas com
diferentes segmentos sociais e institucionais, de forma a intervir em situações que
transcendem a especificidade do setor saúde e que têm efeitos determinantes sobre as
condições de vida e saúde dos indivíduos-famílias-comunidade (POLÍTICA NACIONAL DE
ATENÇÃO BÁSICA, 2011, p. 20-25).
1.1 DIABETES MELLITUS
O Consenso Brasileiro sobre Diabetes (2002, p. 5) define Diabetes Mellitus como uma
“síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da
insulina de exercer adequadamente seus efeitos. Caracteriza-se por hiperglicemia crônica,
freqüentemente acompanhada de dislipidemia, hipertensão arterial e disfunção endotelial”.
Segundo as diretrizes do Plano de Reorganização da Atenção à Hipertensão Arterial
(HA) e ao Diabetes Mellitus (DM) do Ministério da Saúde (2001), a cronicidade dessas
condições e o grande impacto no perfil de morbimortalidade na população brasileira trazem
um desafio para o sistema público de saúde: a garantia de acompanhamento sistemático dos
indivíduos identificados como portadores desses agravos, assim como o desenvolvimento de
ações referentes à Promoção de Saúde e a prevenção das Doenças Crônicas não
Transmissíveis, em especial para DM e HA.
Embora sejam muitas as complicações sérias e dispendiosas que afetam os indivíduos
com diabetes, tais como doenças do coração, problemas renais e cegueira, as complicações
11
com os pés representam a maior parte: 40 a 70% de todas as amputações das extremidades
inferiores estão relacionadas ao diabetes mellitus (CONSENSO INTERNACIONAL SOBRE
PÉ DIABÉTICO, p. 12, 2001). De acordo com o Caderno de Atenção Básica (2006, p. 7):
As conseqüências humanas, sociais e econômicas são devastadoras: são 4 milhões
de mortes por ano relativas ao diabetes e suas complicações (com muitas ocorrências
prematuras), o que representa 9% da mortalidade mundial total. O grande impacto
econômico ocorre notadamente nos serviços de saúde, como conseqüência dos
crescentes custos do tratamento da doença e, sobretudo das complicações, como a
doença cardiovascular, a diálise por insuficiência renal crônica e as cirurgias para
amputações de membros inferiores.
1.1.1 O Pé Diabético
O pé diabético é uma das mais graves e onerosas complicações do DM, representando
um problema econômico significativo após um resultado de hospitalização prolongada,
reabilitação e uma grande necessidade de cuidados domiciliares e de serviços sociais. É
definido como uma “infecção, ulceração e ou destruição dos tecidos profundos associadas a
anormalidades neurológicas e vários graus de doença vascular periférica nos membros
inferiores” (CIPD, 2001, p.16).
1.1.1.1 Fatores predisponentes de feridas no pé diabético
São diversos fatores que interagem para causar a ferida (úlceras plantares) no pé
diabético, um pé com sensibilidade diminuída, insuficiência arterial, incapacidade de auto
cuidado com os pés, informações erradas recebidas de leigos, negligência, “a biomecânica
alterada do pé causa progressivamente pressões e atritos em localizações típicas, e uma pele
seca, com hiperceratose, e calos aumentam a pressão e o atrito da pele, levando ao
aparecimento de feridas redondas ou elípticas nas regiões de proeminências ósseas. Estima-se
que 15% de todos os indivíduos com DM desenvolvam úlceras no pé. Além disso, 20% de
todas as internações hospitalares de indivíduos portadores de DM ocorrem devido a úlceras no
pé” (GLENN, 2005, p. 95 e 97). A negligência é uma condição comum nos clientes que
apresentam diminuição da sensibilidade, pois problemas mais imediatos com risco de vida
12
competem com outros pela atenção do cliente, como deficiências da mobilidade e da visão, o
que limita a capacidade de auto cuidado, segundo Glenn (2001).
Figura 1 – Foto ilustrativa da Artropatia de Charcot
Fonte: e- books- Diabetes na prática clínica, módulo 2, capítulo 5.
A amputação de uma extremidade inferior, ou parte dela, é geralmente uma
conseqüência de uma úlcera no pé. Este tipo de úlcera é geralmente devido ao
comprometimento neuropático que ocorrem em áreas de distribuição do peso e de atrito,
especialmente sob as epífises distais dos metatarsianos e em regiões em que há anormalidades
ósseas com característica de feridas redondas e não dolorosas atingindo os três sistemas –
sensitivo, motor e autônomo, conforme figura 1.
A neuropatia sensitiva é resultado da perda da sensibilidade protetora. A neuropatia
motora traz fraqueza nos músculos intrínsecos do pé devido atrofia muscular e alterações em
sua forma, causando alterações biomecânicas e risco para lesão. E, a neuropatia autônoma
com a perda da sudorese, que serve de proteção contra o ressecamento da pele e perda do
controle dos vasos sanguíneos no pé. Um fluxo sanguíneo aumentado no pé tem sido
apontado como co- responsável por uma maior reabsorção óssea no pé, levando ao
aprecimento da deformidade conhecida como pé de Charcot que apresenta ao cliente um risco
aumentado de fratura dos ossos osteopênicos e aumentando assim, outros pontos de pressão
nos pés (figura 2),. Como resultado desta tríplice neuropatia, indivíduos com um controle
glicêmico deficiente ficam susceptíveis a diversos fatores que, se não tratados, deixam o
cliente com os sintomas das complicações crônico- degenerativas da doença (Glenn, 2005).
13
Figura 2 – Pontos de pressão nos pés.
Fonte: CIPD, p.9 , 2001.
Smeltzer; Bare et al (2002) descrevem que existem três complicações do diabetes
que contribuem para o risco aumentado de infecções nos pés, tais como a neuropatia
(sensorial, periférica ou motora), a doença vascular periférica (a má circulação dos membros
inferiores contribui para a má cicatrização das lesões e para o desenvolvimento da gangrena) e
o imunocomprometimento (a hiperglicemia compromete a capacidade dos leucócitos
especializados de destruir as bactérias. Dessa maneira, no diabetes mal controlado, existe uma
resistência diminuída a determinadas infecções)
A figura 3 mostra a sequência típica de eventos no desenvolvimento de uma úlcera
de pé diabético, que começa com uma lesão de tecidos moles do pé, formação de uma fissura
14
entre os dedos ou na área da pele ressecada ou formação de um calo com um trauma externo,
bem como alterações decorrentes da neuropatia e angiopatia causadas pelo DM.
Figura 3 - Vias para a ulceração no pé diabético
FONTE: CIPD, 2001, p. 29.
Vários estudos têm demonstrado que programas abrangentes para cuidados com os
pés, incluindo educação terapêutica, exame regular dos pés e classificação do risco, podem
reduzir a ocorrência das lesões nos pés em até 50% dos pacientes (SMELTZER; BARE et
AL, 2002).
Quando o paciente não tem o hábito de inspecionar por completo ambos os pés
diariamente, a lesão ou fissura pode passar despercebida até que uma infecção grave tenha se
desenvolvido: drenagem, edema, rubor.
15
Segundo o Consenso Internacional sobre Pé diabético (2001), ao se utilizar uma
estratégia que inclua prevenção, educação dos pacientes e dos profissionais de saúde,
tratamento multidisciplinar das úlceras nos pés e sua rígida monitoração pode reduzir as taxas
de amputações entre 49 a 85%, pois aproximadamente 40 a 60% das amputações não
traumáticas de membros inferiores são realizadas em pacientes com diabetes. Vários países e
organizações, como a Organização Mundial de Saúde e a Federação Internacional de
Diabetes, têm estabelecido metas para reduzir as taxas de amputação em até 50%.
1.1.1.2 Prevenção do pé diabético
Há cinco pontos básicos para a prevenção do pé diabético, conforme o CIPD (2001, p.
66). O primeiro ponto é:
1)Inspeção regular e exame dos pés e dos calçados - todos os pacientes diabéticos devem ser
examinados avaliando-se problemas potenciais nos pés, ao menos uma vez por ano, enquanto
que os pacientes com fatores de risco comprovados devem ser examinados com uma maior
freqüência.
Utilizamos testes e exames auxiliares para efetuar um manejo adequado ao cliente
portador de síndrome do pé diabético.
A avaliação clínica deve incluir inicialmente a
observação da presença de quaisquer anormalidades na estrutura e tegumento dos pés, tais
como deformidades (pés cavos, hálux valgo, unhas em telha), calos, queratoses, calosidades,
etc. Deve-se também obter o histórico de úlceras e/ou amputações prévias, assim como da
Neuro-artropatia de Charcot, conforme tabela abaixo (tabela 1).
16
Tabela 1 - História e exame físico do pé diabético
Úlcera e/ou amputação prévias, educação
História
terapêutica prévia, isolamento social, falta de
acesso ao sistema de saúde,caminhar descalço
Sintomas: dor, formigamento
Neuropatia
Perda da sensibilidade
Condição
Claudicação, dor em repouso, pulsação nos pés
vascular
Palidez à elevação, rubor postural
Pele
Coloração, temperatura, edema
Patologia ungueal (unhas encravadas), cortes
errados das
unhas
Úlcera
Calos, anidrose, rachaduras, maceração
interdigital
Osso, articulação Deformidades (dedos em garra, em martelo ou
proeminências ósseas)
Perda da mobilidade (hálux rígido)
Calçados, meias
Avaliação do interior e exterior do calçado
Fonte: CIPD, 2001, p. 7.
Segundo Parisi (2011):
Já, na pesquisa da neuropatia o principal elemento causal das úlceras é a neuropatia
periférica sensitivo-motora, que leva à perda da sensibilidade protetora nociceptiva
cutânea. Este é o elemento permissivo central, responsável pelo processo através do
17
qual o trauma não percebido, repetitivo num mesmo local (que pode ser originado
simplesmente pela pressão de uma costura interna no calçado), causa a agressão
tecidual que progride para os vários tipos de úlcera enfrentados em nossa rotina.
Paralelamente, ao discutirmos as estratégias de prevenção, o ponto crucial é
justamente a capacidade de identificarmos os indivíduos de risco. Os principais
métodos de avaliação da neuropatia periférica sensitivo-motora no diabetes são bem
definidos, reprodutíveis e de baixo custo: a pesquisa da sensibilidade protetora com
o monofilamento de Semmes-Weinstein de 10g e a da sensibilidade vibratória com o
diapasão de 128 Hz, conforme mostra a figura (Figura 4).
Figura 4 – Teste de sensibilidade nos pés com estesiômetro e diapasão .
Fonte: ebook- Diabetes na prática clínica, módulo 2, cap. 5.
Na avaliação vascular, segundo Parisi (2011), apesar de menos freqüente como causa
básica de ulcerações, a doença vascular periférica (DVP) não pode ser menosprezada. A
grande maioria dos maus desfechos está relacionada à presença de DVP. Sua pesquisa
durante o exame clínico inclui a palpação dos pulsos pediosos e tibiais posteriores, como
mostra a figura 5.
18
Figura 5 – Palpação dos pulsos pediosos e tibiais posteriores.
Fonte: Diabetes na prática clínica, módulo 2, cap. 5.
Existe também um teste com o martelo para avaliar a sensação profunda através do
teste do reflexo do tendão de Aquiles utilizando-se o martelo. É através do conjunto dessas
avaliações que podemos identificar os pacientes de risco para o desenvolvimento de úlceras,
ou seja, os portadores da "síndrome do pé diabético", e, ao mesmo tempo, classificá-los
conforme a incidência e gravidade das úlceras.
Dando continuidade à discussão dos pontos básicos para prevenção do pé diabético,
apresentamos, a seguir, os quatro outros pontos:
2) Identificação do paciente de alto risco – através da anamnese e exame clínico do paciente,
detectaram- se muitas características de alto risco nos clientes portadores de diabetes, tais
como: história de amputação ou de úlceras préveas, deformidades nos pés, sensação protetora
plantar alterada (monofilamento), ausência de pulsação nos pés, falta de contato social,
sensação vibratória alterada, reflexo do tendão de aquiles ausente, presença de calos,
educação terapêutica precária e calçados inadequados (CIPD, 2001, p. 66). Após o exame
clínico, o cliente passará a ser identificado de acordo com a classificação de risco apresentada
na tabela abaixo:
19
Tabela 2- Classificação de risco no pé diabético.
Neuropatia
Risco
Educação terapêutica
ausente
0
Avaliação anual
Neuropatia
Risco
Educação terapêutica
presente
1
Uso de calçados adequados
Avaliação semestral
Sem
deformidades
Neuropatia
Risco
Educação terapêutica
presente
2
Uso de calçados adequados/especiais, palmilhas ,
Deformidades e
próteses
ou/DVP (Doença
Avaliação trimestral
Vascular
Periférica)
Úlcera/amputação Risco
Idem
prévia
Avaliação bimestral
3
Fonte: CIPD,2001, p. 67.
3) Educação do paciente, da família e dos profissionais de saúde - a educação é muito
importante para a prevenção. O objetivo é aumentar a motivação e a habilidade de lidar com o
problema. Deve-se ensinar o paciente como reconhecer os problemas dos pés e quais ações
devem ser adotadas. A educação deve ser simples, relevante, consistente e repetida. Os
médicos e outros profissionais de saúde devem receber educação periódica para melhorar o
cuidado aos pacientes de alto risco.
Segundo Forti, Façanha e Câmara (2011, cap. 4):
Para garantir os resultados do processo educativo no controle do diabetes e de suas
complicações o foco da educação não deve estar somente na pessoa com diabetes,
mas deve envolver os profissionais de saúde, os gestores dos serviços, os familiares
e toda a comunidade de modo a proporcionar uma melhoria geral na qualidade de
vida das pessoas com diabetes. O diabetes é uma doença crônica e uma doença de
estilo de vida. Educar pessoas com diabetes é um processo ativo através do qual elas
aprendem sobre o diabetes para sua sobrevivência e melhora da qualidade de vida, a
partir de SUS necessidades, discutindo problemas do dia a dia, e praticando
habilidades de um modo muito mais concreto. É fundamental no processo de
aprendizado dar poder ao paciente com diabetes para tomar decisões efetivas no seu
auto cuidado e usar o sistema ou o profissional de saúde, quando necessário. [...]
estudos demonstram que algumas barreiras à educação estão associadas com:
maiores níveis de A1C, idade mais avançada, sexo masculino, baixo nível de
20
alfabetização, algum grau de incapacidade (diminuição da visão, por exemplo), etc.
isso leva à necessidade de que as intervenções devam considerar os diferentes
fatores citados além de obstáculos demográficos socioeconômicos, culturais, para o
sucesso da educação em diabetes.
4) Uso de calçados apropriados - são calçados utilizados principalmente para os portadores de
neuropatia com deformidades uma vez que os calçados inadequados são considerados a
principal causa de ulceração, conforme figura 5 .
Figura 5 – Calçados inadequados.
Fonte: CIPD, 2001, p 11.
5) Tratamento da patologia não ulcerativa- em pacientes de alto risco, calos, unhas e
patologias cutâneas devem ser tratadas regularmente, de preferência por profissionais
treinados em cuidados dos pés. Se possível, as deformidades dos pés, devem ser tratadas de
forma conservadora, usual, sem cirurgia, com uma órtese. Evidente que esta estratégia dá
oportunidade a um diagnóstico precoce da neuropatia e da doença vascular periférica e assim
o paciente pode ser referenciado para um profissional especializado, o que demonstra a
necessidade de uma equipe multidisciplinar para o cuidado com o pé do paciente diabético.
Uma vez identificados os pacientes de alto risco, a seguinte instrução deve ser dada
(CIPD, 2001, p. 10):
- Inspecionar diariamente os pés, inclusive as áreas entre os dedos;
- Buscar auxílio de outra pessoa, quando não se puder realizar o auto-exame dos pés;
- Lavar regularmente os pés, enxugando-os com cuidado, especialmente entre os
dedos. Testar a temperatura da água, que não deve ultrapassar 37° C;
- Evitar caminhar descalço, dentro e fora de casa, ou usar sapatos sem meias;
- Não usar agentes químicos ou emplastros para remover calos;
21
- Inspecionar e apalpar diariamente a parte interna dos sapatos.
- Não tentar autocuidado, como corte de unhas, se a visão estiver deficiente;
- Usar loções hidratantes ou óleos para a pele ressecada, evitando a área entre os
dedos. Trocar as meias diariamente;
- Evitar o uso de meias com costuras internas ou externas, preferencialmente usar
aquelas sem quaisquer costuras;
- Cortar as unhas de forma reta, sem aprofundar os cantos;
- Remover calos com a ajuda de um profissional de saúde treinado;
- Assegurar o exame regular dos pés pela equipe de saúde;
- Notificar qualquer ocorrência do bolha, corte, arranhão ou ferimento à equipe de
saúde.
Com base nas múltiplas causas que favorecem o desencadeamento de lesões e
ulcerações nos pés de pessoas com diabetes e reconhecendo a vulnerabilidade das mesmas
para amputações de membros inferiores, é que se reforça a necessidade de compreensão desse
complexo processo pela equipe multiprofissional para proporcionar conhecimentos e o
desenvolvimento de técnicas e habilidades para o manejo do DM, melhorando a qualidade de
vida.
A Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Macaúbas, no município de Campo
Grande, não havia disponibilizado com exatidão um número de vagas destinadas ao
atendimento de clientes portadores de DM para consulta do pé diabético. A partir da
implantação do novo cronograma proposto pela SESAU (Secretaria Municipal de Saúde) no
ano de 2010, houve uma reflexão da equipe de saúde, quanto à baixa adesão das consultas de
enfermagem ao pé diabético. No ano de 2009, apenas 54% dos clientes portadores de DM
realizaram a consulta para avaliação dos pés; já no ano de 2010, houve um discreto aumento,
passando a atingir 56,3% destes clientes (conforme planilha de monitoramento dos
indicadores de saúde da UBSF Macaúbas, ano 2010).
Uma série de medidas eficazes já estava sendo adotada na unidade de saúde:
estratégias de baixo custo, disponíveis para identificar e tratar a pessoa em risco de úlceras do
pé diabético e amputação das extremidades inferiores. Contudo, não havia uma organização
da oferta do número de vagas estabelecida em um período fixo no cronograma da equipe em
questão.
Face à organização atual do sistema de saúde, o enfermeiro com treinamento
específico para cuidar dos pés de pessoas com diabetes é apontado como o profissional que
deve assumir a organização e cuidado dessa clientela, tendo na consulta de enfermagem como
um fator importante de proteção ao agravo das complicações crônicas desta doença.
22
O objetivo do presente estudo é relatar a experiência vivenciada no âmbito da área de
abrangência da equipe 2, com ações desenvolvidas pela ESF, juntamente com os acadêmicos
de enfermagem, na disciplina de Administração em Saúde Pública, da Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul, no 3º trimestre do ano de 2010, que desempenharam, de maneira
significativa, como força motivadora, as estratégias e práticas no cotidiano de trabalho para o
alcance de metas com medidas de prevenção do pé diabético, preconizadas pelo Ministério da
Saúde, SESAU Campo Grande/MS, juntamente com a coordenação de atenção básica, que é
realizar 01 (uma) avaliação (consulta de enfermagem ao pé diabético) para 100% dos
diabéticos cadastrados na unidade de saúde, utilizando o novo cronograma para melhor
distribuição na oferta de número de vagas, conforme a população total de diabéticos da área
de abrangência.
Este relato de experiência descreverá a importância da inclusão na consulta de
enfermagem como rotina semanal e da oferta do número de vagas, de acordo com a população
total de diabéticos da área de abrangência da equipe, obtendo enfim um comprometimento e
participação do cliente em um encontro anual de triagem nos pés e nestes encontros manter o
controle glicêmico adequado, promovendo, então, educação em saúde na orientação ao cliente
e família sobre a importância da inspeção (auto exame do pé), regularmente observando as
alterações na cor das pele, ferida, edema ou dor. Estas estratégias adotadas por todos os
prestadores de cuidados diabéticos, não somente na consulta de enfermagem, poderá manter a
integridade e função do membro inferior, e assim melhorar a qualidade de vida para as
pessoas com diabetes.
23
2 METODOLOGIA
Enfermeira com graduação em Enfermagem pela Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul (UFMS), ano 2004, atualmente trabalho na Unidade de Saúde Macaúbas de
Campo Grande/MS na Estratégia de Saúde da Família há quatro anos. Sendo uma das
unidades de referência do distrito sanitário sul para pesquisa e ensino com os tutores e
acadêmicos de enfermagem da UFMS.
2.1 CARACTERIZANDO O CONTEXTO INSTITUCIONAL
2.1.1 Características Geográficas
A Unidade Básica de Saúde da Família Drª. Soni Lydia de Souza Wolf, (mais
conhecida como UBSF Macaúbas), localiza-se na Rua dos Cafezais, s/nº, no bairro Jardim
Macaúbas, inserida no Distrito Sanitário Sul (DSS), no município de Campo Grande/MS. É
delimitada pela Rua Castorina Rodrigues da Luz, Rua Enéas Francisco Belo e Rua Leolina
Dias Martins. Próximo à UBSF Macaúbas situa-se a Igreja Católica São João Calábria,
possuindo no total três igrejas católicas e 22 igrejas de outras denominações.
As características do terreno:
- solo arenoso;
- bastante arborizado;
- pavimentação somente nas linhas de ônibus.
A área de abrangência da equipe dois (caracterizada pela cor azul) da UBSF
Macaúbas compreende os bairros Jardim Macaúbas, Jardim Campo Nobre, partes do bairro
Jardim Bálsamo, Bairro Ramez Tebet (em fase de crescimento devido à construção de mais
482 casas).
A região do grande Macaúbas atualmente encontra-se com melhoras no aspecto
geográfico, tendo em vista as várias atuações da Secretaria Municipal com o projeto Viva seu
Bairro, proporcionando infra estruturas dos bairros, tais como: pavimentação das linhas de
ônibus, duplicação da via principal de acesso ao bairro, assim como implantação de
24
ciclovia à região (Avenida dos Cafezais). Com isso, tornando mais fácil e ágil o acesso a esta
comunidade, como também facilitando o transporte dessa população.
2.1.2 Caracterização sócio- econômico e demográfica
A complexidade de uma dada situação socioeconômica, com suas múltiplas
determinações e variáveis, tem sido objeto de estudo de vários campos da ciência. A
epidemiologia, no âmbito de sua especificidade, tem feito contribuições importantes para o
entendimento do processo saúde-doença, principalmente em seus determinantes sociais.
Existe uma determinação estrutural e histórica que define as variáveis: estado de saúde, renda
familiar, consumo, educação, habitação, entre outras, como um conjunto que se interrelaciona. (BUSS; FILHO, 2007)
Na região, existe um elevado índice de desemprego, com apenas 20 % da população
sendo considerada economicamente ativa e, se considerada a faixa etária de maiores de 18
anos, excluídos os aposentados, teremos 15,6% de desempregados.
Há uma situação de dependência quase que total do setor público, entidade
filantrópicas ou da produtividade de poucos para o sustento das famílias, que acarreta em alto
índice de violência em toda a região, observando-se também, grande consumo de drogas
ilícitas e lícitas.
A população é despolitizada no geral e, especificamente na área de saúde constata-se
que o conselho gestor local é pouco participativo, desconhecendo em boa parte seu papel e
sua força como instrumento de conquistas.
Quando economicamente ativa, a população trabalha em profissões de pouca
qualificação, principalmente no setor de prestação de serviços: feirantes, costureiras, pintores,
serventes de pedreiros, cobradores, mecânicos, carpinteiros, seguranças, pequenos
comerciantes, manicuras, borracheiros, caminhoneiros, funileiro, empregadas domésticas,
profissionais do sexo e outros.
A UBSF Macaúbas atinge um total de população de 7.678 pessoas com as duas
equipes atuantes, sendo a população feminina com 3922 pessoas e a população masculina de
3756 pessoas. Observa-se que o sexo distribui-se proporcionalmente (figura 6).
25
Figura 6 –Distribuição da população da área 02,
da UBSF Macaúbas, segundo o sexo.
Fonte: SIAB,agosto, 2010
Tabela 3 - Número da população da área 02 do Jardim Macaúbas, Campo Grande-MS, agosto
2010.
Faixa Etária
Masculino
Feminino
Total
< 1 ano
15
19
34
1 a 4 anos
149
156
305
5 a 6 anos
77
85
162
7 a 9 anos
81
105
186
10 a 14 anos
206
173
379
15 a 19 anos
153
193
346
20 a 39 anos
621
676
1297
40 a 49 anos
225
261
486
50 a 59 anos
130
129
259
> 60 anos
117
124
241
Nº pessoas
1774
1921
3695
Fonte: SIAB/SESAU/CG – MS, agosto, 2010.
Esta população é referente à área de abrangência da equipe 02, onde existem 1157
famílias cadastradas no Sistema de Informação em Atenção Básica (SIAB), em agosto, no ano
de 2010.
26
2.1.3 Caracterização da situação educacional
Na faixa etária dos 7 aos 14 anos de idade, 550 adolescentes freqüentam as escolas
(cerca de 97,35%), contando com três escolas municipais. A taxa de alfabetização entre
pessoas com 15 anos ou mais é de 96,35%. A região possui um Centro Educacional Infantil
(CEINF), com capacidade para 250 crianças de 0 a 5anos de idade. Observa-se que ainda há
uma população descoberta de educação.
2.1.4 Caracterização da situação de moradia e saneamento básico
A área de abrangência da UBSF Macaúbas não possui indústrias, sendo que o trabalho
da região se baseia no comércio. A faixa salarial predominante é o salário mínimo
(aposentadoria, pensão) e a força de trabalho é proporcional tanto masculina quanto feminina.
Tabela 4 – Número e porcentagem de tipo de casa, da área 02 do Jardim Macaúbas,
Campo Grande – MS.
Número
%
Tijolo / Adobe
1122
96,97
Taipa revestida
04
0,35
Taipa não revestida
0
0,00
Madeira
28
2,42
Material Aproveitado
03
0,26
outros
0
0,00
Tipo de Casa
Fonte: SIAB/SESAU / CG - MS 2010.
Predominam as casas de alvenaria, embora a observação mostre que são construções
precárias e inacabadas.
Tabela 5 - Número e porcentagem do abastecimento de água da área 02 do Jardim
Macaúbas, Campo Grande – MS.
Tipo de Abastecimento
Número
%
27
Rede Pública
1018
87,99
Poço ou nascente
136
11,75
Outros
03
0,26
Fonte: SIAB/SESAU / CG- M,S 2010.
Os dados apresentados mostram que uma maneira geral, a população da área de
abrangência da UBSF Macaúbas possui abastecimento de água por rede pública
predominante.
Tabela 6 – Número e porcentagem quanto ao destino do lixo da área 02 do Jardim
Macaúbas, Campo Grande – MS.
Destino do Lixo
Coleta Pública
Queimado/ Enterrado
Céu aberto
Número
%
1154
99,74
03
0,26
-
-
Fonte: SIAB/SESAU / CG- MS, 2010.
É demonstrado que grande parte dos moradores faz uso da coleta do lixo, mas
observa-se, em visita a área, um grande acúmulo de lixo a céu aberto, principalmente em
terrenos baldios, provocando agravos à saúde. Toda a região possui sistema de coleta de lixo
eficiente, de 2 a 3 vezes por semana.
Tabela 7– Número e porcentagem quanto ao destino de fezes e urina da área 02 do
Jardim Macaúbas, Campo Grande – MS.
Destino dos dejetos
Número
%
Sistema de Esgoto
361
31,20
Fossa
794
68,63
Céu Aberto
02
0,17
Fonte: SIAB/SESAU / CG- MS, 2010.
28
Percebe-se que as fossas são o destino dos dejetos na maior parte das casas, visto que
ainda há uma residência que faz uso do destino de lixo ao céu aberto. O sistema de rede de
esgoto está sendo uma nova fase de implantação pelo governo municipal de Campo Grande,
na qual veio melhorar as condições de saneamento básico da região.
Tabela 8- Número e porcentagem de moradias com energia elétrica da área 02 do
Jardim Macaúbas, Campo Grande – MS.
Número
%
1151
99,48
Fonte: SIAB/SESAU / CG- MS, 2010.
Tabela 9 - Número e porcentagem quanto ao tratamento de água no domicilio da área
02, do Jardim Macaúbas, Campo Grande, MS.
Número
%
Filtração
169
14,61
Fervura
37
3,20
Cloração
22
1,90
Sem Tratamento
929
80,29
Tipo de tratamento
Fonte: SIAB/SESAU / CG- MS, 2010.
É grave a situação em relação à água consumida, pois a sua grande maioria não faz
nenhum tratamento da água para consumo, trazendo agravos á saúde da comunidade, assim
como as verminoses e diarréias, principalmente em crianças. Porém, houve um aumento no
consumo de água filtrada, visto a implantação do filtro caseiro, com boa aceitação por parte
de algumas famílias.
2.1.5 Caracterização do Meio Ambiente e Urbanização
Trata-se de uma extensa área árida, onde convivem 998 famílias desprovidas de
arborização, com acesso rodoviário principal através da Avenida dos Cafezais e Av. Campo
Nobre. A região contempla atualmente rede de asfalto nas linhas de ônibus (Projeto Viva seu
29
Bairro), com saneamento precário, sendo servida de rede elétrica e de abastecimento de água
em quase sua totalidade. Observa-se grande quantidade de depósitos irregulares de entulhos e
lixo (apesar da coleta de lixo existir 03 vezes por semana, boa parte da população não
participa efetivamente do processo).
Existe ainda uma situação de extremo desconforto, pois em dias de chuva as ruas se
transformam em lamaçal, dificultando a movimentação dos moradores e, na falta de chuva,
observa-se grande quantidade de poeira, facilitando o aparecimento de doenças respiratórias.
2.1.6 Caracterização de Esporte, lazer e cultura
A população desta região possui acesso a esportes e lazeres em projetos sociais
(Projeto Viver Legal), localizado no Clube Samambaia (próximo à UBSF Macaúbas),
destinado a comunidade idosa para realização de atividades físicas e palestras educativas
proporcionadas pelos profissionais: educador físico, nutricionista, assistente social e
profissionais da saúde da UBSF Macaúbas e regiões próximas. O intuito é de fornecer melhor
qualidade de vida a esta população, através de atividades físicas (caminhadas, alongamento,
ginástica, palestras educativas com temas pertinentes à saúde do idoso), três vezes na semana.
Há também projetos nas escolas municipais para participação dos jovens em
atividades de judô, capoeira, jogo de xadrez, jogo de futebol de salão e outros. Existe um
Centro de Referência em Assistência Social no Jardim Los Angeles (próximo à região), que
proporciona cursos corte/ costura, bordados e outros para a população vizinha.
Os meios de comunicação são por meio de televisão, rádio, internet, no qual se
observa, em quase a totalidade, a existência de televisores e rádios. Há presença de ciclovia
em boa parte da Avenida dos Cafezais para caminhadas.
Observa-se uma participação da comunidade em grupos religiosos, sendo a sua grande
maioria católica e evangélica.
2.1.7 Caracterizando o funcionamento da UBSF Macaúbas
A UBSF no Jardim Macaúbas realiza atendimentos à população por intermédio de
duas equipes da ESF aonde atuam diferentes profissionais. Para isto, foi preciso estabelecer
30
uma agenda integrada entre estes profissionais para melhor distribuir os atendimentos,
conforme figura 7:
Legenda:
DE – demanda livre de atendimentos
SH – Saúde do Homem
AD – Saúde do Adolescente
GEST – Saúde da Gestante
SM – Saúde da Mulher
PR – Preventivo
PD – Pé Diabético
HA/DIA – Saúde dos Hipertensos e Diabéticos
PUERI – Puericultura
PB – Programa do Bebê
AE – Atividade educativa na comunidade ou UBSF
VS- Visita de Supervisão do Enfermeiro
VD – Visita Domiciliar
C – Cursos
R – Reuniões
Figura 7 - Agenda integrada dos profissionais de saúde da UBSF Macaúbas.
Fonte: SESAU, distrito sanitário sul, 2010.
31
A equipe 02 (azul) da UBSF Macaúbas é composta por 01 médico generalista, 01
enfermeira, 01 odontóloga, 02 técnicos de enfermagem, 01 ASB (Auxiliar Saúde Bucal), 01
Assistente Social para as duas equipes e 09 agentes comunitários de saúde.
Atualmente, na UBSF Macaúbas, realizamos o atendimento na comunidade e
atendimento ambulatorial em período integral, que através de escala de atendimento é
possível realizar em ambos os períodos as visitas domiciliares por uma ESF e o atendimento
ambulatorial na unidade pela outra ESF, com a prestação de serviços de atenção primária.
Ambas as equipes atuam através de programação de atividades, seguida conforme a
necessidade da comunidade e conforme a demanda principal. São realizadas ações
direcionadas aos principais programas, visando Atenção Básica à Saúde, atingindo diferentes
grupos, tais como:
a) saúde da mulher (todas as quartas- feiras no período matutino): atendimento a
mulheres em idade fértil (15 a 49 anos de idade), de forma organizada por
agendamento prévio no livro de agendamentos, garantindo atendimento médico para
avaliação de exames mamografia, preventivo, escolhas contraceptivos e colocando à
sua disposição métodos anticoncepcionais seguros e eficazes, de forma continuada,
organizando o próximo agendamento dessas mulheres a cada três meses,
conseqüentemente contribuindo com a diminuição de gestações indesejadas e
abortamentos. Também visa à orientação quanto à necessidade da prevenção das
DST/AIDS, realização de atendimento à mulher ou casal infértil para a identificação
de alterações ou encaminhamentos para serviços de maior complexidade. Neste
mesmo dia é realizado o exame preventivo (exame citopatológico do colo uterino e
exame clínico das mamas) pela enfermeira da equipe, concomitantemente com a
atuação da odontóloga da equipe para consulta dentária e palestras educativas. Os
exames que não são realizados na unidade são referenciados e agendados na recepção,
tais como: ultrasson de mamas, mamografia, raio X e outros;
b) saúde do homem (Todas as duas primeiras segundas- feiras do mês): é realizado o
atendimento aos homens, a partir de 35 anos de idade, com acesso às consultas
médicas (avaliação de resultados de exames, encaminhamentos diversos, solicitação
de exames e outros), assistência de enfermagem na educação em saúde e assistência
odontológica com o objetivo de facilitar e ampliar o acesso da população masculina
32
aos serviços de saúde, pois as doenças que afetam o sexo masculino são um problema
de saúde pública, dentre eles estão as doenças do coração, câncer de próstata, diabetes,
colesterol e pressão arterial mais elevadas;
c) saúde da criança (Todas as quarta- feiras no período vespertino): As ações de
promoção à saúde, prevenção de agravos e de assistência à criança pressupõem o
compromisso de prover qualidade de vida para que a criança possa crescer e
desenvolver todo o seu potencial. Atendimento às crianças menores de 2 anos de idade
(consultas de puericultura médica e de enfermagem) para avaliação do crescimento e
desenvolvimento, estímulo à amamentação até os seis meses de vida da criança;
assistência odontológica com realização de palestras educativas e fluoração nas
cavidades orais das crianças, orientando às mães sobre o importância da higiene geral
da criança, alimentação, envolvendo todos os aspectos para uma melhor qualidade de
vida da criança e contribuindo para a redução de óbitos em menores de 1 ano de idade.
Oferecendo então um suporte na vigilância nutricional, na imunização e assistência às
doenças prevalentes da infância;
d) saúde do adolescente (todas as duas últimas segundas- feiras do mês): a assistência aos
adolescentes da área envolve profissional médico (consulta para solicitação de
exames, prescrição de métodos anticoncepcionais para a saúde sexual e reprodutiva,
avaliação do crescimento e desenvolvimento), de enfermagem (realização de
palestras/ações educativas na unidade ou escola municipal) e odontologia (avaliação
odontológica);
e) saúde das gestantes (todas as terças- feiras no período vespertino): atendimento às
mulheres no ciclo gravídico para redução de morbi- mortalidade materna e neonatal. O
atendimento à gestante, como preconizado, a primeira consulta é feita pela enfermeira
com auxilio das ACS que encaminham a mesma para solicitação de teste de gravidez e
posteriormente cadastro e o primeiro acompanhamento e, após, faz-se o
acompanhamento médico por meio de agenda programada. Realiza- se busca ativa das
gestantes que faltaram à consulta de pré- natal. Propiciando o acompanhamento da
gestação e do feto, orientando-as quanto todo o processo da gestação, do parto até, por
fim, o puerpério. São realizadas ações educativas abordando temas que envolvem a
gravidez;
33
f) saúde dos pacientes hipertensos e diabéticos (todas as sextas- feiras no período
matutino): é realizado agendamento programado dos pacientes a cada três meses para
atualização de receita médica, avaliação de glicemia capilar, aferição de pressão
arterial, avaliação nos pés (pela enfermeira) de pacientes portadores de diabetes
mellitus, bem como, realização de palestras educativas sobre estas doenças crônicas e
qualidade de vida, concomitantemente, com o atendimento odontológico;
g) visitas domiciliares a pacientes acamados e de supervisão: são realizadas visitas
domiciliares de supervisão pela enfermeira da equipe, com o intuito de supervisionar
as visitas domiciliares realizadas pelos ACS, bem como visitas domiciliares a
pacientes acamados e que necessitam de avaliação domiciliar pelo médico e/ ou
enfermeira da equipe;
h) reuniões de equipe: são realizadas semanalmente, no primeiro momento com todos os
profissionais da unidade e no segundo momento, cada equipe separadamente para
avaliação do processo de trabalho, estabelecimento de metas, planejamento das novas
ações.
Cada setor da unidade, desde recepção, até mesmo a limpeza têm papéis importantes
para o bom funcionamento do processo de trabalho.
2.2 RELATANDO A EXPERIÊNCIA
A experiência, a ser relatada, obteve uma forte contribuição dos acadêmicos de
enfermagem da disciplina de Administração em Saúde Pública, da UFMS, no 3º trimestre do
ano de 2010, nos meses de agosto e setembro.
Com a aplicação do Método Altadir de Planificação Popular (TANCREDI;
BARRIOS; FERREIRA, 1998, p. 39), os acadêmicos de enfermagem, juntamente com a
enfermeira da equipe, se reuniram para a construção do planejamento das ações.
Primeiramente, foi selecionado e descrito o problema, identificado de acordo com a sua
importância, notou-se então que havia uma baixa adesão das consultas de enfermagem ao pé
diabético (dados coletados através do SIAB, 2009 e 2010).
No primeiro passo foram descritos os cinco principais problemas na UBSF Macaúbas
pela enfermeira da equipe, acadêmicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde:
34
1. Baixa adesão das consultas de enfermagem ao pé diabético;
2. Aumento da demanda de pacientes devido à construção de mais 482 casas habitacionais na
região;
3. Desmotivação dos profissionais técnicos de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde;
4. Número reduzido de gestantes acompanhadas nas consultas de pré- natal;
5. Baixa cobertura de visitas domiciliares de supervisão pela enfermeira da equipe;
No segundo passo foram priorizados os problemas da equipe, conforme tabela
abaixo:
Tabela 10 – Planilha de Priorização de Problemas da Equipe
Principais Problemas
Importância
Urgência
Seleção
8
Capacidade de
Enfrentamento
Dentro
Número reduzido de realização de
Alta
Alta
7
Dentro
2
Alta
5
Parcial
2
Alta
5
Parcial
3
Alta
4
Fora
4
1
avaliação do pé de pacientes
portadores de Diabetes mellitus;
Desmotivação dos profissionais
técnicos
de
enfermagem
e
Agentes Comunitários de Saúde;
Número reduzido de gestantes
acompanhadas nas consultas de
pré- natal;
Baixa
cobertura
de
visitas
domiciliares de supervisão pela
enfermeira da equipe;
Aumento
da
demanda
de
35
pacientes devido à construção de
mais 482 casas habitacionais na
região;
Após a priorização dos problemas, foi preciso descrever o problema (terceiro passo
no método MAPP), conforme tabela abaixo:
Tabela 11 – Quadro descritivo do problema eleito
Problema Identificado
Indicadores Utilizados
Foram realizados apenas Realizar
54%
de
consultas
01
de avaliação
do
pé
de
portadores
de
de
ao
pé
pacientes diabético) para 100% dos
Diabetes diabéticos cadastrados na
mellitus no ano de 2009 na unidade
UBSF
(uma) SIAB, 2010.
(consulta
enfermagem para avaliação enfermagem
Fonte de Informações
Macaúbas
de
e (conforme
saúde
preconizado
apresentando um discreto pelo ministério da saúde)
aumento de 2,3% no ano
de 2010.
Fonte: SIAB, 2010.
No ano de 2009, apenas 54% de um total de 194 clientes portadores de DM,
realizaram a consulta para avaliação dos pés; já no ano de 2010, houve um discreto aumento,
passando a atingir 56,3% do total de 172 clientes cadastrados no programa de diabetes
mellitus (conforme planilha de monitoramento dos indicadores de saúde da UBSF Macaúbas,
ano 2010). Sendo que o preconizado pelo Ministério da Saúde é de alcançar 100% de
consultas para avaliação do pé diabético anualmente.
36
No quarto passo houve a explicação do problema descritivo, conforme figura 8 e
evidenciou- se que a população portadora de diabetes mellitus possui negligência no cuidado
com os pés, pois muitas vezes os pés ocupam uma posição de menor preocupação. O próprio
paciente pode não se queixar dos pés pela falta de sensibilidade inerente às pessoas portadoras
de diabetes, falta de valorização e até vergonha de mostrar problemas nos pés.
Figura 8 - Esquema Explicativo do Problema
Fonte: SIAB, 2010.
No quinto passo houve a seleção de nós críticos para pensar em soluções e
estratégias para o enfrentamento do problema, como se observa na tabela 12.
37
Tabela 12: Seleção de nós críticos / soluções e estratégias para o enfrentamento do problema
Nó critico
Operação/
Resultados
Projeto
esperados
Processo
de Realizar
trabalho
da consulta de 100%
Equipe;
informação.
Recursos
Necessários
de Político
de Consulta
–
de enfermagem realizada articulação entre
enfermagem realização
de a pacientes diabéticos os
na unidade exames
de tanto na unidade de saúde
de saúde e avaliação
do saúde
em
Nível
Cobertura
Produtos esperados
visitas pé diabético.
como
setores
e
nas adesão
visitas domiciliares.
de
de
dos
profissionais;
domiciliares
Organizacional
a pacientes
– adequação dos
portadores
fluxos
de diabetes
organização da
mellitus.
agenda.
de Realizar
e
População
Campanha educativa Cognitivo–
palestra
mais
na unidade de saúde conhecimentos
educativa
informada
local.
em
grupos sobre riscos do
pé diabético.
de
sobre o tema e
sobre
importância
a
da
hipertensão
avaliação do pé
e
diabetes
diabético;
na
própria
unidade.
Organizacionalorganização da
38
agenda.
–
Financeiros
para
aquisição
de
recursos
áudios-visuais,
folhetos
explicativos.
Partindo para o plano de ação, segue- se a tabela 13, que orienta sobre o prazo da
execução do plano, o resultado esperado.
Prazo para a execução do plano: 3º trimestre do ano de 2010.
Resultado esperado: Realizar 01 (uma) avaliação (consulta de enfermagem ao pé diabético)
para 100% dos diabéticos cadastrados na unidade de saúde.
Indicadores de resultado: aumento de 65% de consulta de enfermagem no terceiro trimestre
do ano de 2010.
Ação
Responsável
Prazo
Recursos
necessários
Realizar
consulta
de agosto
e
setembro/ Enfermeira
Instrumento
para
enfermagem na unidade de 2010.
da equipe e avaliação
saúde
acadêmicos
diabético (anexo 1),
de
estesiômetro.
e
domiciliares
portadores
em
visitas
a
pacientes
de
diabetes
mellitus.
Realizar palestra educativa Agosto
de
pé
enfermagem
da UFMS.
e Enfermeira
Folhetos explicativos
em grupos de hipertensão e setembro/2010.
da equipe e sobre
diabetes
Acadêmicos
de
mellitus.
diabetes
39
Enfermagem
da UFMS.
Realizar busca ativa dos Agosto
pacientes portadores de DM
setembro/2010.
e Agentes
Impresso
de
comunitários
agendamento
de
de saúde
consulta.
A partir da coleta dos dados, foi realizada busca ativa pelos Agentes
Comunitários de Saúde para convidar os clientes portadores de diabetes, cadastrados na área,
para avaliação nos pés, na unidade de saúde, através de um instrumento de avaliação (Anexo
1) . Para o agendamento da consulta, foi proposto agendar nos dias de reunião dos usuários
hipertensos e diabéticos.
Outro planejamento das ações proposto e realizado foi a visita domiciliar para
avaliação do pé diabético em pacientes que possuíam alguma deficiência física em se
locomover até a unidade de saúde.
Foi realizada também palestra educativa em grupos de hipertensão e diabetes na
própria unidade. Feito acolhimento dos pacientes na sala de espera com aferição de pressão
arterial e de glicemia capilar em jejum no período matutino, com anotação nos cartões de
hipertensão e diabetes, desenvolvemos ações com ênfase na promoção da saúde valorizando o
vínculo com o usuário, enfocando aspectos da melhoria de saúde e qualidade de vida. Após a
palestra educativa foi oferecido aos usuários uma refeição leve proporcionada pela equipe de
saúde e logo mais, encaminhado para consultório e/ou sala improvisada para realização de
consulta.
Os pacientes que possuíam alguma alteração nos pés, após o exame clínico, eram
encaminhados para consulta médica local e também agendado consulta para confecção de
palmilha ortopédica na própria unidade, pelo ortesista, que a cada três meses avalia os
pacientes de alto risco de lesão nos pés.
40
3 ANALISE E DISCUSSÃO
O gráfico 1 apresenta um aumento de consultas de enfermagem do 2º para o 3º
trimestre de 2010, com um decréscimo no quarto trimestre, acompanhando igualmente no ano
de 2009. Isto nos mostra a forte contribuição dos acadêmicos de enfermagem no ano de 2010,
após realizarem as ações com planejamento estratégico desenvolvendo-as então nos grupos
educativos, reuniões de equipe, consulta de enfermagem e visitas domiciliares com um
aumento de 65% de consulta de enfermagem no terceiro trimestre do ano de 2010 (gráfico 2).
Gráfico 1: Total de consultas de enfermagem ao pé diabético por trimestre nos anos de
2009 e 2010.
60
50
40
2009
2010
30
20
10
0
1° Trim
2° Trim
3° Trim
4° Trim
Fonte: SIAB, 2009 e 2010.
41
Gráfico 2: Aumento de 65% de consultas de enfermagem para avaliação do pé
diabético no ano de 2010.
72%
80%
60%
40%
20%
2010
7%
0%
2° 3º trim
Trim
Fonte: SIAB, 2010.
Não foi possível realizar 100% de avaliação do pé diabético nas consultas de
enfermagem ao portador de diabetes devido a faltosos para consulta. O fator idade pode ser
uma barreira para adesão às consultas devido às alterações cognitivas e funcionais,
interferindo no correto entendimento das informações fornecidas pelos profissionais de saúde
e na capacidade do auto cuidado por causa das limitações físicas impostas pela idade, por
outro lado é importante lembrar que o portador de DM é dotado de crenças, valores e
costumes dentro da rotina familiar. Essa desistência pode estar relacionada a não compreensão
da gravidade das complicações quando as medidas de auto cuidado não são observadas, ou
pelo intervalo de retorno que variam de três meses a 12 meses, de acordo com o grau de risco
do pé.
42
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abordagem do pé diabético se constitui em um grande desafio em todo mundo,
enfrentamos muitas dificuldades, desde desconhecimento do assunto, até falta de priorização e
recursos. Entretanto, vimos acima que é possível se conseguir bons resultados com uma
assistência adequada ao paciente diabético e planejamento adequado das ações.
Foi de fundamental importância o trabalho dos acadêmicos de Enfermagem da
UFMS, servindo de motivação para o alcance de metas e para contribuição na assistência
humanizada de enfermagem ao cliente portador de diabetes.
A responsabilidade pelo cuidado ao "pé diabético" recai sobre todos que estão direta
ou indiretamente ligados à assistência ao paciente diabético, profissionais de saúde,
universidades, organizações governamentais e não governamentais.
Assim, aproveito para realizarmos uma reflexão sobre o problema e contribuir para
amenizar o sofrimento e melhorar a qualidade de vida do diabético. Somente assim
evitaremos as altas taxas de amputações de membros inferiores existentes em nosso meio.
43
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de políticas da saúde. Plano de reorganização da
atenção à Hipertensão arterial e ao diabetes mellitus - Proposta de educação permanente
em Hipertensão arterial e diabetes mellitus para os municípios com população acima de
100 mil habitantes. AGOSTO, 2001;
BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Coordenação de Saúde da
Comunidade. Saúde da Família: uma estratégia para reorientação do modelo assistencial.
1997.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Política nacional de atenção básica. Brasília, 2006.
BUSS, Paulo M.; FILHO, Alberto Pelegrini. A saúde e seus determinantes sociais.
Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/physis/v17n1/v17n1a06.pdf>. Acesso em: 08 de
Nov. de 2011.
FORTI, Adriana Costa e; FAÇANHA, Cristina e CÂMARA, Graça. A educação em diabetes
e a equipe multiprofissional. Disponível em: < http://www.diabetesebook.org.br/modulo3/23-a-educacao-em-diabetes-e-a-equipe-multiprofissional>. Acesso em: 09 de novembro de
2011.
JOSLIN, Elliot P. The Prevention of Diabetes. JAMA, 1921.
PARISI, Cândida. A síndrome do pé diabético e aspectos práticos e fisiopatologia.
Disponível em: < http://www.diabetesebook.org.br/modulo-2/15-a-sindrome-do-pe-diabeticoe-aspectos-praticos-e-fisiopatologia>. Acesso em: 09 de novembro de 2011.
ROSA, Walisete de Almeida G. e LABATE, Renata Curi. Programa saúde da família:
A construção de um novo modelo de assistência. Revista Latino Enfermagem, 2005
novembro-dezembro; disponível em:www.eerp.usp.br. Acesso em: 09 de out. 2011.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Consenso brasileiro sobre diabetes 2002:
diagnóstico e classificação do diabetes melito e tratamento do diabetes melito do tipo 2. –
Rio
de
Janeiro:
Diagraphic,
2003.
Disponível
em:
<
http://www.diabetes.org.br/educacao/docs/Consenso_atual_2002.pdf>. Acesso em: 09 de out.
de 2011.
SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. Tratado de enfermagem médico- cirúrgica.
Histórico e tratamento de pacientes com Diabetes mellitus. 9. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara –
Koogan, 2002, vol. 2. cap. 37, p. 933-976.
TANCREDI, Francisco Bernadini; BARRIOS, Rosa Lopez e FERREIRA, José Henrique
Germann. Planejamento em Saúde. Volume 2 – São Paulo : Faculdade de Saúde Pública da
Universidade de São Paulo, 1998.
44
ANEXO 1
INSTRUMENTO PARA AVALIAÇÃO DO PÉ DOS PORTADORES DE DIABETES
45
AVALIAÇÃO DO PÉ DOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS
Data:____/____/______
ACS:_____________________________
1. Identificação
Nome: _________________________________ Prontuário: _____________ Idade: _______
End: ______________________________________________________________________
Tipo de DM: ( ) I ( ) II
Tempo de tratamento:__________________
Três Ultimas Glicemias Capilares: _____________________________________________
Tratamento Medicamentoso: ( ) Antidiabéticos Orais ( ) Insulina ( ) Antidiabéticos Orais
+ Insulina
2. O(A) senhor(a) sente algo que o(a) preocupa ou incomoda com relação aos pés?
3. Avaliação de risco de Complicações de MMII
3.1 Integridade Cutânea e Motora
( ) Calosidades (hiperqueratose)
( ) Desidratação/Fissuras
( ) Micose Interdigital, onicomicose
( ) Úlceras
( ) Alterações na mobilidade articular
( ) Deformidades – ( ) Dedos em garra ( ) Dedos em martelo ( ) Joanetes ( ) Pé de charcot
( ) Atrofia muscular interóssea
( ) Amputação
Obs:_______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3.2 Alterações Vasculares
Pulso tibial posterior Presente ( )
Ausente ( )
( ) Edema ( ) Varizes ( ) Cianose ( ) Palidez ( ) Eritrocianose de decúbito
( ) Extremidades frias
( ) Presença de claudicação intermitente
Obs:_____________________________________________________________________
3.3 Sensibilidade Plantar
Térmica
Presente (
) Ausente (
) Diminuído ( )
Dolorosa
Presente (
) Ausente (
) Diminuído ( )
Obs:______________________________________________________________________
3.4 Reflexos
Patelar
Presente (
) Ausente (
)
Aquileu
Presente (
) Ausente (
)
4. Outros Aspectos
Calçados: ( ) Adequado ( ) Inadequado
Marcha: ( ) Normal ( ) Anormal
46
Obs:____________________
5. Imunização
Vacinação contra difteria e tétano – dT (data da 1ª, 2ª e 3ª dose) : ____________________
Vacinação contra febre amarela –FA : __________________________________________
Vacinação antigripal ou Influenza: ____________________________________________
Classificação do risco, abordagem e seguimento clínico (CIPD, p, 67, ano 2001)
Neuropatia
Risco Educação terapêutica
ausente
0
Avaliação anual
Neuropatia
Risco Educação terapêutica
presente
1
Uso de calçados adequados
Sem
Avaliação semestral
deformidades
Neuropatia
Risco Educação terapêutica
presente
2
Uso de calçados adequados/especiais, palmilhas ,
Deformidades e
próteses
ou/DVP
Avaliação trimestral
Úlcera/amputação Risco Idem
prévia
3
Avaliação bimestral
Marcar os pontos com alteração
Reavaliar em: ____/_____/____
X Calosidades (hiperqueratose)
O Desidratação/Fissuras
M Micoses
# Úlceras
☼ Alterações na mobilidade articular
■ Atrofia muscular interóssea
▼ Outros
47
Condutas:__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
AVALIAÇÃO SUBSEQUENTE
Data:____/____/______
1. O(A) senhor(a) sente algo que o(a) preocupa ou incomoda com relação aos pés?
2. Avaliação de risco de Complicações de MMII
3.1 Integridade Cutânea e Motora
( ) Calosidades (hiperqueratose)
( ) Desidratação/Fissuras
( ) Úlceras
( ) Micose Interdigital, onicomicose
( ) Alterações na mobilidade articular
( ) Deformidades – ( ) Dedos em garra ( ) Dedos em martelo ( ) Joanetes ( ) Pé de charcot
( ) Atrofia muscular interóssea
( ) Amputação
Obs:_______________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
3.2 Alterações Vasculares
Pulso tibial posterior Presente ( )
Ausente ( )
( ) Edema ( ) Varizes ( ) Cianose ( ) Palidez ( ) Eritrocianose de decúbito
( ) Extremidades frias
( ) Presença de claudicação intermitente
Obs:_______________________________________________________________________
3.3 Sensibilidade Plantar
Térmica
Presente (
) Ausente (
) Diminuído ( )
Dolorosa
Presente (
) Ausente (
) Diminuído ( )
Obs:_______________________________________________________________________
3.4 Reflexos
Patelar
Presente (
) Ausente (
)
Aquileu
Presente (
) Ausente (
)
4. Outros Aspectos
Calçados: ( ) Adequado ( ) Inadequado
Obs:____________________
Marcha: ( ) Normal ( ) Anormal
5. Condutas:
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
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