1 SOBREVIDA DOS INFARTADOS PÓS UTI FRENTE AOS

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SOBREVIDA DOS INFARTADOS PÓS UTI FRENTE AOS CUIDADOS DA
ENFERMAGEM
SURVIVAL OF INFARTADOS POST ICU FRONT IN THE CARE OF NURSING
SUPERVIVENCIA DE INFARTADOS POST UCI FRENTE AL CUIDADO DE
ENFERMERÍA
Olival Andrade Junior *1
Maria da Conceição Quirino dos Santos *2
______________________________________
*1 – Graduado em Medicina pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (1982).
Especialista em Cirurgia Geral; Mestrando em Terapia Intensiva. Atualmente é médico cirurgião
do Hospital Geral Prado Valadares, Médico do PSF da Prefeitura Municipal de Manoel Vitorino,
Médico Cirurgião - Clínica São Vicente, Médico Emergencista do Hospital Perpétuo Socorro e
Médico Obstetra do Hospital São Judas Tadeu; Docente da Universidade Estadual do Sudoeste da
Bahia/Jequié/Bahia; Mestrando da SOBRATI.
[email protected] / CV: http://lattes.cnpq.br/5986286145786740
*2 – Enfermeira Mestre em Terapia Intensiva; Docente da Faculdade de Tecnologia e
Ciências/FTC/Jequié/Bahia; Coordenadora do Hospital Perpetuo Socorro/Jequié/Bahia.
[email protected] / CV: http://lattes.cnpq.br/4232504274955035
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RESUMO
O impacto de uma nova vida traz um sentimento de medo e insegurança causando desconforto,
regulados pelos limites que a doença impõe e os cuidados da enfermagem frente ao paciente
infartado. Diante do exposto questionamos ao cliente sobre o modus vivendi pós-hospitalização e
sua readaptação às atividades rotineiras, considerando o nível de conhecimento acerca da
patologia e seus riscos. O presente trabalho como objetivo busca compreender a perspectiva de
vida de um paciente diante da reabilitação cardíaca após a alta hospitalar em UTI.
Metodologicamente,
traz
uma
abordagem
qualitativa/descritivo/quantitativo,
de
caráter
exploratório com análise através de questionários semiabertos. Obtivemos resultados satisfatórios
proporcionando os benefícios significantes reduzindo os riscos de reinfarto e melhorando as
condições psicossociais do infartado. Concluímos que a enfermagem possui a responsabilidade de
organizar a informação, a educação e o treinamento do público através da capacitação para atuar
com competência técnico-científica, ética e humanística no cuidado a pessoas com IAM visando à
melhoria da sobrevida do infartado.
Palavras-chaves: Infarto do Miocárdio (DeCS 9395), Sobrevida (DeCS 50290) e Cuidados da
Enfermagem (DeCS 9918).
ABSTRACT
The impact of a new life brings a feeling of fear and insecurity causing discomfort, governed by
limits the disease imposes and the care of the nursing patient chest pain. In front of the above
question to the client about the pós-hospitalização modus vivendi and its upgrading to routine
activities, considering the level of knowledge about the disease and its risks. The present work
aimed at tries to understand the perspective of life of a patient in front of cardiac rehabilitation
after discharge in ICU. Methodologically, brings a qualitative approach/descriptive/exploratory
quantitative through questionnaires lids half-closed. We obtained satisfactory results, providing
significant benefits by reducing the risk of reinfarto and improving psychosocial conditions of
chest pain. We concluded that nursing has a responsibility to organize the information, education
and public training through training to work with technical and scientific competence, ethics and
humanistic care to persons with IAM aiming at improving the survival rate of chest pain.
3
Keywords: myocardial infarction (DeCS 9395), Survival (DeCS 50290) and Nursing care (DeCS
9918).
RESUMEN
El impacto de una nueva vida trae una sensación de miedo e inseguridad que causan malestar,
regida por los límites que impone la enfermedad y el cuidado de los ancianos pacientes dolor de
pecho. Frente a la pregunta el cliente anterior sobre el pós-hospitalização modus vivendi y su
actualización a actividades rutinarias, teniendo en cuenta el nivel de conocimiento sobre la
enfermedad y sus riesgos. El presente trabajo pretende intenta comprender la perspectiva de la
vida de un paciente delante de rehabilitación cardíaca después de la descarga en la UCI.
Metodológicamente, trae un cualitativo enfoque/descriptiva/exploratorio cuantitativo a través de
las tapas de los cuestionarios medio cerrado. Se obtuvieron resultados satisfactorios,
proporcionando beneficios significativos por reducir el riesgo de reinfarto y mejorar las
condiciones psicosociales de dolor en el pecho. Llegamos a la conclusión que la enfermería tiene
la responsabilidad de organizar la información, educación y formación pública a través de
capacitación para trabajar con competencia técnica y científica, ética y humanista de cuidado para
personas con IAM con el objetivo de mejorar la tasa de supervivencia de dolor en el pecho.
Palabras clave: infarto de miocardio (DeCS 9395), supervivencia (DeCS 50290) y atención de
enfermería (DeCS 9918).
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CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A principal causa de mortalidade e morbidade no Brasil e no mundo conforme o Ministério da
Saúde são as doenças cardiovasculares tendo uma estimativa, para 2020 valores entre 35 e 40
milhões de óbitos. Dados da Organização Mundial de Saúde no ano de 2002 no mundo, do total de
16,7 milhões de óbitos, 7,2 milhões ocorreram por doença arterial coronariana. No Brasil, em
2005, houve 196.474 internações e 84.945 óbitos registrados no Sistema de Informação de
Mortalidade por doença arterial coronariana DAC. Em 2008, o sistema de informações registrou
518 internações por infarto agudo do miocárdio no Rio Grande do Sul (BRASIL, 2008). Segundo
Feitosa (2004) o IAM é considerado a causa líder de mortalidade no Mundo Ocidental, pela alta
prevalência e pela mortalidade pré-hospitalar. Baseando-se em Luca e Gun (2008) a Mortalidade
por infarto agudo do miocárdio está aumentada em seis vezes entre os 75 e os 84 anos e 15 vezes
após os 85 anos, comparativamente àqueles com 55 a 64 anos. Assim, as mulheres apresentam as
manifestações clínicas (angina, infarto do miocárdio) em média 10 a 15 anos mais tardiamente que
os homens. A menopausa precoce, em especial a induzida cirurgicamente, relaciona se a esses
efeitos de forma pronunciada, especula-se se esse fato se deve à proteção estrogênica que está
presente em mulheres até a idade da menopausa ou se ela é decorrente de um efeito próaterogênico dos hormônios sexuais masculinos. A maior incidência do infarto agudo do miocárdio
(IAM) acontece entre homens, porém a letalidade hospitalar do IAM é maior entre as mulheres
(PASSOS et al, 1998). O infarto agudo do miocárdio (IAM) refere-se a um processo dinâmico no
qual uma ou mais regiões do músculo cardíaco experimentam diminuição grave e prolongada no
suprimento de oxigênio por fluxo sanguíneo coronário insuficiente. Subsequentemente, ocorre a
necrose ou a morte do tecido miocárdico. O início do processo de infarto miocárdico pode ser
súbito ou gradual, e a evolução do acontecimento demora, aproximadamente, 3 a 6 horas. Portanto
o tempo decorrido entre o início dos sintomas e o primeiro atendimento é um importante impacto
na redução da letalidade por IAM, seguido de utilização de novas tecnologias de reconhecida
eficácia e admissão em uma unidade de terapia intensiva (UTI). É notável a grande incidência de
morbimortalidade por IAM no Brasil, consequentemente o número dos infartados que necessitam
de um tratamento em uma unidade de terapia intensiva. Essa realidade levou-me a questionar
sobre o modus vivendi pós hospitalização e sua readaptação as atividades rotineiras, considerando
o nível de conhecimento acerca da patologia e seus riscos. As concepções de sobrevida na
literatura, evidenciaram o estado daquele que sobrevive a outro, seguindo esta linha de
pensamento o paciente que sobrevive ao infarto pós hospitalizado em UTI, na cotidianidade, na
reapropriação da identidade pessoal com as marcas do infarto, a reabilitação é limitada: aparece ao
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prazer de certas ações que não implicam risco de agravamento da doença ou de morte. A
experiência predominante, contudo, é o desconforto de padecer a perda da espontaneidade da
ação, em função da sobrevivência controlada pela norma médica e pelos limites que a doença
impõe. Nas interações com a família, o doente perde a competência de julgar e agir. Se antes sua
ação era espontânea agora é normatizada; o padecer reside na perda da ação relativamente
autônoma que o qualificava como indivíduo, com decisões adultas: agora a ação é totalmente
norteada por uma racionalidade externa a si mesmo. Tendo a identidade pessoal suspensa, o
homem padece a perda da espontaneidade da ação em função da sobrevivência – então regulada
exclusivamente pela racionalidade instrumental e pelos limites impostos pela doença. Apesar do
tratamento criterioso obtido numa unidade de terapia intensiva, o paciente em sua condição
limítrofe com o coração doente, vive a incerteza de recuperação. Essa incerteza é fonte total de
desconforto, pois a alternativa à morte aparece-lhe então como o risco de tornar-se improdutivo. E
também é alimentada pela falta de controle e pelo desconhecimento sobre o desenrolar da
recuperação do coração doente, pelas dúvidas sobre o que poderá acontecer na trajetória de
tratamento. O infarto traz impacto na vida produtiva e privada, levando o homem a mudar hábitos
alimentares, restringir a vida sexual, limitando o lazer e outras atividades e, no limite, tornando-se
dependente; trabalha menos, muda de ramo e, no limite, aposenta-se e para de trabalhar. Assim,
reapropriar-se da identidade pessoal carregando as marcas do infarto implica o desconforto cujo
sentido evidencia no sofrimento da ausência da espontaneidade da ação cotidiana, em função da
sobrevivência controlada pela norma médica e pelos limites do corpo e da mente. Essas marcas do
infarto o fazem demarcar um limite temporal entre a vida de antes após o infarto, onde a primeira
se torna um valor maior que a vida atual - Constatando que a vida mudou. Embora esse processo
de padecimento e desconforto seja objetivado em limites, implica também um processo de reação
em função da conservação da existência como pessoa. Reagindo às marcas do infarto, o homem
expressa, em momentos e graus variados, conformismo e inconformismo. Entretanto,
inconformados ou conformando-se, valoriza a condição de estar vivo e da vida possível. As
marcas da condição de infartado, ainda que provoquem intenso desconforto e concretizem a
impossibilidade de voltar à vida de antes, não retirou a possibilidade de existir. Vive, então,
apegando-se à vida, buscando e encontrando razões para viver, encontrando sentido no sofrimento
e sentindo-se solidário com o sofrimento alheio. Na perspectiva de conhecer as limitações do
infartado e sua readaptação às atividades rotineira enfocando a reabilitação cardiovascular e
avaliando seu nível de conhecimento acerca da patologia e seus riscos, o presente estudo busca a
realidade dos que se submeteram ao tratamento em uma Unidade de Terapia Intensiva, avaliando a
mudança do perfil de risco e melhora na qualidade de vida, acreditando que, a partir desta
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pesquisa, surjam novas propostas de ações para o enfrentamento na readaptação do paciente à vida
cotidiana.
CAMINHAR METODOLÓGICO
O presente estudo trata-se por uma abordagem qualitativa/descritivo/quantitativo, de caráter
exploratório, pois busca compreender qual a perspectiva de vida de um paciente diante da
reabilitação cardíaca, pós-alta hospitalar em UTI por IM. A pesquisa qualitativa, desta forma,
trata-se de uma atividade da ciência, que visa à construção da realidade, mas que se preocupa com
as ciências sociais em um nível de realidade que não pode ser quantificado, trabalhando com o
universo de crenças, valores, significados e outros construtos profundos das relações que não
podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. (MINAYO, 2003). Especificamente esta
pesquisa retrata a qualidade de vida dos infartados e sua readaptação à vida cotidiana após
hospitalização na Unidade de Terapia Intensiva visando o controle dos fatores de riscos e suas
conseqüências. O nível da pesquisa será explicativo, pois terá a finalidade de identificar fatores
que vão determinar ou contribuir para a ocorrência de fatos, representado por um estudo
bibliográfico porque é desenvolvido a partir de material já elaborado, constituído principalmente
de livros e artigos científicos. (GIL, 2006). O presente estudo foi na cidade de Jequié, situada no
interior do Estado da Bahia, na Mesorregião do Centro-Sul, na zona limítrofe entre a caatinga e a
mata, distante 365 km de Salvador com uma população em 2011 de 181.921 habitantes, uma área
da unidade territorial (Km²) de3. 227, principal centro comercial, industrial, prestador de serviços
e agropecuário da microrregião que engloba 26 municípios. (Prefeitura Municipal de Jequié,
2011). No Hospital Geral Prado Valadares de Jequié, tendo como setor chave a UTI localizada no
andar térreo, sendo composta por dez leitos adultos. As Unidades de Terapia Intensiva surgiram a
partir da necessidade de aperfeiçoamento e concentração de recursos materiais e humanos para o
atendimento a pacientes graves, em estado crítico, mas tidos ainda como recuperáveis, estas
unidades oferecem observação constante, assistência médica e de enfermagem contínua,
centralizando os pacientes em um núcleo especializado. A Unidade de Terapia Intensiva do
Hospital Geral Prado Valadares, atualmente com 10 leitos em funcionamento, presta serviço a
toda comunidade de Jequié e microrregião uma vez que é única unidade do SUS capaz de oferecer
suporte avançado de vida a pacientes críticos da 13ª Dires. Esta possui equipe multiprofissional
contando em seu quadro com médicos intensivistas, fisioterapeutas, psicólogos e equipe de
enfermagem. O quadro de enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Prado
Valadares possui 12 Enfermeiros e 32 Auxiliares de Enfermagem que se reveza em regime de
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escala de 12 horas no intuito de oferecer Assistência de Enfermagem de qualidade, desenvolvendo
os procedimentos com técnica e com cuidado humanizado. Os sujeitos do estudo aqui
denominados informantes foram selecionados mediante técnica não probabilística por meio de
amostragem de tipicidade, na qual o investigador escolhe uma amostra de sujeitos em função de
seu caráter típico, nesse caso específico, pacientes oriundos da UTI do Hospital Prado Valadares
de Jequié-BA (ALMEIDA, 2008). Foram escolhidos cinco clientes que estiveram internados na
UTI do Hospital Geral Prado Valadares no período de 01 (primeiro) do mês de fevereiro a 31
(trinta e um) do mês de março do ano de 2012 (dois mil e doze), sendo 03(três) do sexo masculino
e 02(dois) do sexo feminino, os quais obtiveram alta hospitalar por melhora do quadro clínico.
Consoante a representatividade amostral de Minayo (2008), uma pesquisa qualitativa não é
encontrada em números, ou seja, uma amostra ideal é aquela capaz de refletir a totalidade nas suas
múltiplas dimensões, privilegiando os sujeitos sociais que detém os atributos que o investigador
pretende conhecer.
Tabela 3: Distribuição do Sujeito
Codinome
Sexo
Idade
Ocupação
ESS
Feminino
58
Costureira
AVS
Masculino
48
Autônomo
MDS
Feminino
64
Aposentada
NBS
Masculino
80
Aposentado
UM
Masculino
72
Aposentado
Fonte: Dados da pesquisa
Conforme evidenciado no quadro 1, foram acompanhados 05 pacientes com Infarto Agudo do
Miocárdio (IAM) oriundos de uma Unidade de Terapia Intensiva após hospitalização , sendo que
53,3% eram do sexo masculino e 46,5% do sexo feminino . Estatisticamente, em homens, foi
constatado um percentual maior com IAM. Contudo, Varela (2004) considera que o número de
mulheres acometidas por IAM, aumentou consideravelmente nos últimos anos, mudanças
comportamentais e os hábitos de vida, tais como: fumar, alimentação e uso de drogas não lícitas
são fatores que têm contribuído para o surgimento de doenças cardiovasculares entre as mulheres.
Foi utilizado um questionário semiestruturado, a fim de analisar a sobrevida dos infartados pós-
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hospitalização numa unidade de terapia intensiva, que se desenvolve a partir de uma relação fixa
de perguntas, cuja ordem de redação permanece invariável para todos os entrevistados. Este tipo
de entrevista torna-se o mais adequado para o desenvolvimento de levantamentos sociais (GIL,
2006). A entrevista foi realizada com clientes portadores de Infarto Agudo do Miocárdio oriundos
da UTI do Hospital Geral Prado Valadares, escolhido de forma aleatória no seu domicilio com
duração de uma hora, utilizado um questionário de roteiro igual para todos os entrevistados, sendo
os entrevistados avisados antecipadamente, quanto ao horário da entrevista foi marcada com
antecedência através de uma visita técnica a qual foi explicado ao entrevistado de forma clara todo
objetivo da pesquisa e a segurança e garantia do sigilo dos dados.
A presente pesquisa está de
acordo com a resolução196/96. Esta Resolução incorpora sob a ótica do indivíduo e das
coletividades os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência
e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade
científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. Os informantes da pesquisa foram devidamente
esclarecidos quanto aos objetivos do trabalho, ficando livre para participar, uma vez aceitando,
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), sendo respeitados os princípios
éticos que constam na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, que trata das pesquisas
envolvendo seres humanos. Os resultados foram analisados com base na técnica de aproximação
da análise de conteúdo, através do que se podem descrever os conteúdos das mensagens e alcançar
os objetivos propostos neste estudo (BARDIN, 1979 apud RICHARDSON, 1999). Para a
obtenção de um respaldo científico, a análise de conteúdo deve ser eficaz, rigorosa e precisa, pois
possui um objetivo de compreender melhor os discursos e aprofundar melhor suas características
gramaticais, fonológicas, cognitivas, e ideológicas, com a proposta de extrair desses discursos os
trechos mais relevantes para a pesquisa (RICHARDSON, 1999).
Tabela 4: Distribuição por Fatores de Risco
Hipertensão Arterial Sistêmica
EES –MDS – NBS - UM
Diabetes Mellitus
EES - UM
Tabagismo
AVS – NBS - UM
Dislipidemias
UM
Sedentarismo
AVS – MDS – NBS - UM
Fonte: Dados da pesquisa
A tabela 4 acima citada demonstra que 60% eram tabagistas, 20% dos pacientes possuía
dislipidemia. O estudo demonstrou um elevado índice de pacientes que faziam uso do fumo. Em
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2000, Armaganijan e Batlouni concluíram que o fumo é um fator de risco para as ocorrências de
doenças cardiovasculares. Quanto às doenças pré-existentes, o estudo constatou um elevado índice
de pacientes com hipertensão arterial 80%; diabetes mellitus (40%) um percentual menor
comparado com a hipertensão. De acordo (FIGUEIREDO et al., 2006) a HAS e DM são
considerados como fatores de risco para as doenças cardiovasculares (FIGUEIREDO et al., 2006).
ANÁLISE E DISCUSSÃO
Para análise dos dados coletados através da entrevista estruturada, e se tratando de uma pesquisa
qualitativa os dados serão trabalhados e organizados em texto atravessado pelas falas dos
entrevistados e pelas observações do campo, organizado por categorias de análise, discussão à luz
do referencial teórico, texto descritivo, analítico e reflexivo. Os resultados serão analisados com
base na técnica de aproximação da análise de conteúdo, através do que se podem descrever os
conteúdos das mensagens e alcançar os objetivos propostos neste estudo. (BARDIN, 1979 apud
RICHARDSON, 1999). Na recuperação de um IAM, o paciente e sua família são forçados a fazer
um número de reajustes sociais e psicológicos. A depressão que ocorre após o evento e a
ansiedade é praticamente universal e podem se cronificar a menos que sejam previstos e
prevenidos com orientação correta. O pavor da morte, novo infarto ou incapacidade de reassumir
os padrões de vida anterior é comum e deve ser abordado. Através da análise dos dados coletados
por meio de questionário buscou conhecer a realidade e necessidades dos infartados póshospitalização, a fim de promover uma melhoria na qualidade de vida.
Tabela 5: Distribuição da amostra segundo variável tempo decorrido para o primeiro
atendimento
Tempo Decorrido
Para o Primeiro
Atendimento
Imediatamente após admissão do paciente
01
20,0%
5 a 20 min.
01
20,0%
16 a 30 min.
02
40,0%
Acima de 30 min.
01
20,0%
Fonte: Dados da pesquisa
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Na tabela 03, demonstra o momento em que se iniciou a assistência de enfermagem ao paciente,
sendo 20,0% imediatamente após a admissão do paciente, 5 a 15 minutos 20,0% e 16 a 30 minutos
60,0%, sendo o maior percentual apresentado. Segundo Gatti e Leão (2004), a assistência de
enfermagem ao paciente com IAM tem que iniciar imediatamente após a sua admissão, com
objetivo de avaliar a gravidade do paciente e diagnosticar problemas de enfermagem.
Tabela 6: Distribuição dos pacientes com episódio de IAM, segundo a realização de atividade
física e o sexo
SEXO
Masculino
Feminino
Total
Física
Atividade
Sim
19,2%
41,0%
20,2%
Não
35,9%
3,8%
79,8%
44,9%
100,0%
Total 55,1%
Fonte: Dados da pesquisa
Analisando os dados da pesquisa concluímos que o sedentarismo é um dos fatores de risco de
grande
prevalência,
interferindo
de
modo
direto
na
morbimortalidade
das
doenças
cardiovasculares, e de modo indireto quando se considera que tem grande representação na
síndrome metabólica e, portanto na hipertensão arterial e suas conseqüências. Segundo Amado e
Arruda (2004), o sedentarismo diminui o gasto energético, aumentando o peso corporal e a PA.
Gráfico 1: Prevalência dos antecedentes pessoais de HAS, DM, Tabagismo, DCV e
Dislipidemia, entre os pacientes com episodio IAM
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Fonte: Dados da Pesquisa
De acordo com a análise multivariada, as seguintes variáveis apresentaram associação com risco
aumentado de desenvolver IAM: HAS, DM, tabagismo, DAC e Dislipidemia. A maior força de
associação independente para o desenvolvimento de IAM foi a Hipertensão Arterial Sistêmica.
GRÁFICO 2: Freqüência das causas apontadas pelos 05 pacientes como responsável pela
ocorrência do IAM
Neste gráfico foram confrontados os dados das questões respondidas pelos entrevistados,
apontando a Hipertensão Arterial Sistêmica como a principal causa do IAM. Considerando o
número de indivíduos que responderam que é portador de HAS 80,0%, conclui-se que a
hipertensão é um dos maiores fatores de risco para doenças cardiovasculares e, portanto um
problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo (BRASIL, 2006). Ainda segundo
BRASIL, 2006, A hipertensão arterial é uma importante e evitável
causa de doença
cardiovascular. A hipertensão sem tratamento acelera o desenvolvimento de insuficiência
cardíaca, doença coronariana, angina, infarto do miocárdio, acidentes vasculares cerebrais
hemorrágicos e trombóticos e insuficiência renal. A prevenção das complicações da hipertensão
através de terapêutica e conduta anti-hipertensiva é um dos maiores problemas em saúde pública.
A boa notícia é que a pressão alta pode ser tratada e controlada. Hipertensão é chamada de
"assassina silenciosa" porque geralmente não tem sintomas. Algumas pessoas podem não
descobrir que têm pressão alta até que apresentem problemas no coração, cérebro ou rins.
GRÁFICO 3: Dificuldades apontadas pelos pacientes pós hospitalização
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Fonte: Dados da Pesquisa
Fonte: Dados da Pesquisa
O gráfico ilustrado acima visa compreender melhor o paciente e suas dificuldades enfrentadas no
retorno para casa, pois as ações que antes eram espontâneas agora são cercadas de cautela,
proteção, previsão: passam pelo crivo de sua validade para conservação da existência e pelo medo
da morte. Ceder à norma médica significa sacrificar a própria espontaneidade, na esperança de
assegurar a existência por um tempo maior. O infarto traz impacto na vida produtiva e privada,
levando-os a mudar hábitos alimentares, restringir a vida sexual, limitando o lazer e outras
atividades e, no limite, tornando-se dependentes; trabalham menos, mudam de ramo, aposentam-se
e param de trabalhar. Assim, reapropriar-se da identidade pessoal carregando as marcas do infarto
implica no desconforto por padecer a perda da espontaneidade da ação cotidiana, em função da
sobrevivência regulada pela norma médica e pelos limites do corpo e da mente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através do material literário utilizado para esta pesquisa observou-se que vários autores,
enfatizaram as complicações do Infarto Agudo do Miocárdio, o controle dos fatores de risco e a
sobrevida dos infartados. Houve a pressuposição de que a melhoria no estilo de vida modifica os
fatores de risco, evitando as manifestações clínicas. Utilizando os questionários dos entrevistados,
foi possível conhecer a realidade do infartado e as dificuldades enfrentadas na readaptação ao
cotidiano. O impacto causado pela realidade de um novo ritmo de vida traz à tona um sentimento
de medo e insegurança causando desconforto e conduzindo-os a sobrevivência regulada pelos
limites que a doença impõe. Identificamos a necessidade de atuação do enfermeiro frente ao
quadro do paciente infartado e a criação de protocolos da conduta de enfermagem para
atendimento e acompanhamento a nível ambulatorial, para que facilite a condução do trabalho da
equipe, visando à promoção e o conforto através de atividades educativos que colaborem na
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recuperação da humanidade e auto-estima do paciente. A prevenção também estar vinculada ao
conforto do homem infartado, após a hospitalização: ele poderia ter menos desconforto se pudesse
dispor de uma ação pedagógica mais eficaz, que o ajudasse a encontrar, no âmbito de suas
possibilidades, uma nova forma de ser e de viver, para que o cotidiano não fosse construído em
torno da doença e da negatividade. Talvez as perdas do infarto pudessem ser relativizadas, se
fossem ajudados a refletir e desvencilhar-se desse foco sobre sua particularidade, buscando outras
motivações para a vida. Por exemplo, dada a centralidade do trabalho em suas vidas, e o fato de o
infarto muitas vezes incapacitá-los para o mesmo, ou contra-indicar o exercício de certos
trabalhos, uma atuação pedagógica preventiva poderia levá-los a refletir sobre aspectos de sua
atividade produtiva e de seu comportamento e a alterá-los, ampliando seu leque de alternativas de
reconstrução do cotidiano. A enfermagem deve intervir atuando na esfera preventiva e educativa.
Esperam-se, com isto resultados satisfatórios proporcionando os benefícios significantes e,
portanto, reduzindo os riscos de reinfarto e melhorando as condições psicossociais do infartado.
REFERÊNCIAS
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11. BRUNNER & SUDDARTH – Tratado de Enfermagem Médico – Cirúrgica – 10ª Ed
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