ESCOLA: Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco – Ensino fundamental NRE: Apucarana MUNICÍPIO: Borrazópolis DISCIPLINA: Língua Portuguesa NÍVEL: Ensino Fundamental PROPOSTA CURRICULAR DE LÍNGUA PORTUGUESA PROFESSORAS: Eliana Aparecida Silva Eliza Cristina Henning Alves Kelly Cristina Paulino Maria Lúcia Sanches Razaboni Marcilei Alves de Oliveira Natalina da Luz Minateli Nelma Miskalo Barbosa Terezinha de Oliveira Boro BORRAZÓPOLIS – PARANÁ 2012 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A Constituição Brasileira, em seu artigo 5º, prescreve: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à igualdade, à segurança e à propriedade (...)”. O Estado de Direito garante a todos os cidadãos a igualdade perante as leis, porém sabemos que, historicamente, em nosso país, há um descompasso entre o que a lei propõe e a realidade vivida pela sociedade, incluídos, aí, os processos de educação. Nesse quadro, que papel desempenha a escola? É nos processos educativos, e notadamente nas aulas de Língua Materna, que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de sua competência linguística, de forma a garantir uma inserção ativa e crítica na sociedade. É na escola que o aluno, e mais especificamente o da escola pública, deveria encontrar o espaço para as práticas de linguagem que lhe possibilitem interagir na sociedade, nas mais diferentes circunstâncias de uso da língua, em instâncias públicas e privadas. Nesse ambiente escolar, o estudante aprende a ter voz e fazer uso da palavra, numa sociedade democrática, mas plena de conflitos e tensões, neste sentido o aluno deve empregar a língua oral em diferentes situações de uso, sabendo adequá-la a cada contexto e interlocutor, descobrindo as intenções que estão implícitas nos discursos do cotidiano e posicionando-se diante dos mesmos. A democratização do ensino levou para a instituição escolar os integrantes das classes menos favorecidas. A consequência foi a instalação do conflito entre a linguagem ensinada na escola, que é a norma das classes privilegiadas, e a linguagem das camadas populares. O conflito persiste quando se observa que [...] segundo os princípios democráticos nenhuma discriminação dos indivíduos tem razão de ser, com base em critérios de raça, religião, credo político, a única brecha deixada aberta para a discriminação é aquela que se baseia nos critérios da linguagem e da educação (GNERRE, 1991, p. 18). A Língua Portuguesa, enquanto disciplina escolar, passou a integrar os currículos escolares brasileiros somente nas últimas décadas do século XIX, depois de já há muito organizado o sistema de ensino. O ensino manteve sua característica elitista até meados do século XX. Em 1967 iniciou-se no Brasil um processo de democratização do ensino, com a ampliação das vagas. Com isso as condições escolares e pedagógicas, as necessidades e as exigências culturais passam a ser outras bem diferentes. Aprender a língua não significa apenas aprender as palavras e suas combinações, mas apreender seus significados que são construídos no processo de interação verbal, determinados pelo contexto. Daí ser fundamental desenvolver o uso da língua escrita em situações discursivas realizadas por meio de praticas sociais, considerando-se os interlocutores, os seus objetivos, o assunto tratado, os gêneros e suportes textuais e o contexto de produção leitura. Portanto, pela língua ser mais do que um código e está em contínua mudança, vê-se a necessidade dela estar presente durante todo o processo de ensino e aprendizagem do educando. É a prática da linguagem, enquanto discurso, enquanto produção social que dá vida à língua a serviço da intenção comunicativa. O objeto de estudo da disciplina é a língua e o conteúdo estruturante de Língua Portuguesa é o discurso enquanto prática social, concretizando-se na oralidade, leitura e escrita, sendo mediado entre professor e aluno baseado em conhecimentos da realidade de ambos, direcionado a uma aprendizagem mais significativa. Visto que os processos que a constituem são histórico-sociais e trazem consigo a visão de mundo de seus produtores, ela não é neutra. Como diz Geraldi, “a língua não é um sistema fechado, pronto, acabado de que poderíamos nos apropriar”. No próprio ato de falarmos, de nos comunicarmos com os outros, pela forma como o fazemos, estamos participando, queiramos ou não, do processo de constituição da língua. O sujeito que utiliza a língua não é um ser passivo, mas alguém, que interfere na constituição do significado do ato comunicativo. Portanto, há uma relação intrínseca entre o linguístico e o social que precisa ser considerada no estudo da língua. Por isso, o lugar privilegiado para a análise desse fenômeno é o discurso que se materializa na forma de um texto. É tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação.Para isso e necessário refletir os textos produzidos, lidos ou ouvidos, atualizando o gênero e tipo de texto, assim como os elementos gramaticais empregados na sua organização. Se a escola desconsiderar esse papel, o sujeito ficará à margem dos novos letramentos, não conseguindo se constituir no âmbito de uma sociedade letrada. No ambiente escolar, a racionalidade se exercita com a escrita, de modo que a oralidade não é muito valorizada; entretanto, é rica e permite muitas possibilidades de trabalho a serem pautadas em situações reais de uso da fala e na produção de discursos nos quais o aluno se constitui como sujeito do processo interativo. A escola deve então acolher os alunos independentemente de origem quanto à variação linguística de que dispõem para sua expressão e compreensão do mundo. Compete à escola tomar como ponto de partida os conhecimentos linguísticos dos alunos, promovendo situações que os incentivem a falar, ainda que do seu jeito, ou seja, fazer uso da variedade de linguagem que eles empregam em suas relações sociais. O espaço escolar, então, deve propiciar e promover atividade que possibilitem ao aluno tornar-se um falante cada vez mais ativo e competente, capaz de compreender os diferentes discursos e de organizar os seus de forma clara, coesa e coerente. O professor precisa ter clareza de que tanto a norma padrão quanto as outras variedades, embora apresentem diferenças entre si, são igualmente lógicas e bem estruturadas. As variações linguísticas não são consideradas boas ou ruins, melhores ou piores, primitivas ou elaboradas, pois constituem sistemas linguísticos eficazes, falares que atendem a diferentes propósitos comunicativos, dadas as práticas sociais e os hábitos culturais das comunidade. O professor deve planejar e desenvolver um trabalho com a oralidade que, gradativamente, permita ao aluno conhecer, usar também a variedade linguística padrão e entender a necessidade desse uso em determinados contextos sociais. Na concepção de linguagem assumida por estas Diretrizes, a leitura é vista como um ato dialógico, inter-locutivo. O leitor, nesse contexto, tem um papel ativo no processo da leitura, e para se efetivar como co-produtor, procura pistas formais, formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita conclusões, usa estratégias baseadas no seu conhecimento linguístico, nas suas experiências e na sua vivência sócio-cultural. Ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais: jornalísticas, artística, judiciária, científica, didático-pedagógica, cotidiana, midiática, literária, publicitária, etc. No contexto da diversidade dos textos deve-se aprimorar, pelo contato com os textos literários, a capacidade de pensamento critico e a sensibilidade estética dos alunos, propiciando, através da Literatura, a constituição de um espaço dialógico que permita a expansão lúdica do trabalho com as praticas da oralidade, da leitura e da escrita. No processo de leitura, também é preciso considerar as linguagens não-verbais. A leitura de imagens, como: fotos, cartazes, propagandas, imagens digitais e virtuais, figuras que povoam com intensidade crescente nosso universo cotidiano, deve contemplar os multi-letramentos mencionados nestas Diretrizes. Trata-se de propiciar o desenvolvimento de uma atitude crítica que leva o aluno a perceber o sujeito presente nos textos e, ainda, tomar uma atitude responsiva diante deles. Sob esse ponto de vista, o professor precisa atuar como mediador, provocando os alunos a realizarem leituras significativas. Assim, o professor deve dar condições para que o aluno atribua sentidos a sua leitura, visando a um sujeito crítico e atuante nas práticas de letramento da sociedade. É importante ponderar a pluralidade de leituras que alguns textos permitem, o que é diferente de afirmar que qualquer leitura é aceitável. Deve-se considerar o contexto de produção sócio-histórico, a finalidade do texto, o interlocutor, o gênero. Do ponto de vista pedagógico, não se trata de ter no horizonte a leitura do professor ou a leitura historicamente privilegiada como parâmetro de ação; importa, diante de uma leitura do aluno, recuperar sua caminhada interpretativa, ou seja, que pistas do texto o fizeram acionar outros conhecimentos para que ele produzisse o sentido que produziu; é na recuperação desta caminhada que cabe ao professor mostrar que alguns dos mecanismos acionados pelo aluno podem ser irrelevantes para o texto que se lê, e, portanto, sua “inadequada leitura” é consequência deste processo e não porque se coaduna com a leitura desejada pelo professor (GERALDI, 1997, p.188). Dependendo da esfera social e do gênero discursivo, as possibilidades de leitura são mais restritas. Por exemplo, na esfera literária, o gênero poema permite uma ampla variedade de leituras, já na esfera burocrática, um formulário não possibilita tal liberdade de interpretação. Desse modo, para o encaminhamento da prática da leitura, é preciso considerar o texto que se quer trabalhar e, então, planejar as atividades. Antunes (2003) salienta que conforme variem os gêneros (reportagem, propaganda, poemas, crônicas, história em quadrinhos, entrevistas, blog), conforme variem a finalidade pretendida com a leitura (leitura informativa, instrumental, entretenimento...), e, ainda, conforme variem o suporte (jornal, televisão, revista, livro, computador...), variam também as estratégias a serem usadas. Na sala de aula, é necessário analisar, nas atividades de interpretação e compreensão de um texto: os conhecimentos de mundo do aluno, os conhecimentos linguísticos, o conhecimento da situação comunicativa, dos interlocutores envolvidos, dos gêneros e suas esferas, do suporte em que o gênero está publicado, de outros textos (intertextualidade). Para a prática da intertextualidade também e necessário reconhecer e valorizar a identidade, historia e cultura dos afro-brasileiros, garantindo a igualdade de valorização das raízes africanas da nação brasileira, através de musica, religião e costumes. Para Koch (2003, p. 24), o trabalho com esses conhecimentos realizase por meio das estratégias: • cognitivas: como as inferências, a focalização, a busca da • sócio-interacionais: como preservação das faces, polidez, relevância; atenuação, atribuição de causas a (possíveis) mal-entendidos, etc.; • feitas pelo textuais: conjunto de decisões concernentes à textualização, produtor do texto, tendo em vista seu “projeto de dizer” (pistas, marcas, sinalizações). Entende-se que a leitura é um processo de produção de sentido que se dá a partir de interações sociais ou relações dialógicas que acontecem entre o texto e o leitor. Conteúdo Estruturante: Discurso como prática social. Conteúdos Básicos Gêneros textuais a serem trabalhados – 6° ano Adivinhas. Anedotas. Bilhetes. Cantigas de roda. Cartão. Convites. Aviso. Biografias. Autobiografias. Contos de fadas. Tirinhas. Lendas. Cartazes. Músicas. Piadas. Quadrinhas. Receitas. Trava-línguas. Poemas. Cartum. Tiras. Classificados. Regras de jogos. Rótulos/embalagens. Fábulas. Histórias em quadrinho. Narrativas de enigmas. Práticas discursivas: Escrita, Leitura e Oralidade – Análise Linguística Gêneros textuais a serem trabalhados – 7° ano Cantigas de roda. Carta ao leitor, de reclamação, de solicitação. Aviso. Tema do texto. Papel do locutor e interlocutor. Finalidade do texto. Argumentos do texto. Intertextualidade. Ambiguidade. Informações explícitas e implícitas. Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos e outros. Discurso direto e indireto. Elementos composicionais do gênero. Léxico. Adequação do discurso ao gênero. Turnos da fala. Variações linguísticas. Contexto de pŕodução. Informatividade. Divisão do texto em parágrafo. Processo de formação de palavras. Acentuação gráfica/ortografia. Concordância verbal/nominal. Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem. Semântica. Práticas discursivas: Escrita, Leitura e Oralidade – Análise Linguística Tema do texto. Papel do locutor e interlocutor. Finalidade do texto. Argumentos do texto. Biografias. Autobiografias. Contos de fadas. Conto maravilhoso. Narrativas de aventuras, de ficção científica, de enigma, mítica. Tirinhas, tirinhas e cartons. Lendas. Cartazes. Músicas. Piadas, anedotas ou caso. Notícia. Quadrinhas. Receitas. Trava-línguas. Poemas. Classificados. Regras de jogos. Rótulos/embalagens. Fábulas. Histórias em quadrinho. Narrativas de enigmas. Gêneros textuais a serem trabalhados – 8° ano Contos populares. Contos. Memórias. Resumo. Debate. Palestras. Pesquisa. Relatório. Exposição oral. Mesa redonda. Abaixo-assinado. Intertextualidade. Ambiguidade. Informações explícitas e implícitas. Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos e outros. Discurso direto e indireto. Elementos composicionais do gênero. Léxico. Adequação do discurso ao gênero. Turnos da fala. Variações lingüísticas (semântias e lexicais) Contexto de produção. Informatividade. Divisão do texto em parágrafo. Acentuação gráfica/ortografia. Concordância verbal/nominal. Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, repetição, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem. Semântica. Práticas discursivas: Escrita, Leitura e Oralidade – Análise Linguística Conteúdo temático. Papel do locutor e interlocutor. Finalidade do texto. Argumentos do texto. Intertextualidade. Vozes sociais presentes no texto. Ambiguidade. Informações explícitas e implícitas. Elementos extralinguísticos: entonação, pausas, gestos e outros. Entrevista (oral e escrita). Seminário. Carta ao leitor. Carto do leitor. Depoimento. Artigo de opinião. Cartum. Charge. Classificados. Anúncios. Crônica jornalística. Diálogo/discussão argumentativa. Cartazes. Comercial para TV. Filmes. Resenha crítica. Sinopses de filmes. Vídeo clip. Blog. Chat. Fotoblog. Gêneros textuais a serem trabalhados – 9° ano Crônicas de ficção. Literatura de cordel. Memórias.]pinturas. Romances. Poesias. Músicas. Resumo. Paródias. Relatório. Cartazes. Resenha. Discurso direto e indireto. Elementos composicionais do gênero. Relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto. Léxico. Adequação do discurso ao gênero. Turnos de fala. Variações linguísticas. Contexto de pŕodução. Informatividade. Divisão do texto em parágrafo. Processo de formação de palavras. Acentuação gráfica/ortografia. Concordância verbal/nominal. Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, recursos semânticos, função das classes gramaticais, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem. Papel sintático e estilístico dos pronomes na organização, retomadas e sequenciação do texto. Semântica: operadores argumentativos; ambiguidade; sentido figurado; significado das palavras; expressões que denotam ironia e humor no texto. Práticas discursivas: Escrita, Leitura e Oralidade – Análise Linguística Conteúdo temático. Papel do locutor e interlocutor. Intencionalidade do texto. Finalidade do texto. Argumentos do texto. Conteúdo de produção. Intertextualidade. Discurso ideológico no texto. Vozes sociais presentes no texto. Elementos extralinguísticos: Seminário. Texto de opinião. Diálogo/discussão argumentativa. Carta do leitor. Editorial. Entrevista. Notícia/reportagem. E-mail. Carta de reclamção. Carta de solicitação. Depoimentos. Ofício. Procuração. Leis. Requerimento. Telejornal. Relenovela. Teatro. entonação, pausas, gestos e outros. Discurso direto e indireto. Elementos composicionais do gênero. Léxico. Adequação do discurso ao gênero. Turnos de fala. Variações linguísticas (lexicais, semânticas, prosódias entre outras.) relação de causa e consequência entre as partes e elementos do texto. Partículas conectivas do texto. Progressão referencial do texto. Divisão do texto em parágrafo. Processo de formação de palavras. Acentuação gráfica/ortografia. Concordância verbal/nominal. Sintaxe e regência. Marcas linguísticas: coesão, coerência, gírias, recursos semânticos, função das classes gramaticais, pontuação, recursos gráficos (como aspas, travessão, negrito), figuras de linguagem. Semântica: operadores argumentativos; modalizadores; polissemia. Adequação da fala ao contexto (uso de gírias, repetições, etc.). Diferenças e semelhanças entre o discurso oral e escrito. METODOLOGIA Na sala de aula e nos outros espaços de encontro com os alunos, os professores de Língua Portuguesa e Literatura têm o papel de promover o amadurecimento do domínio discursivo da oralidade, da leitura e da escrita, para que os estudantes compreendam e possam interferir nas relações de poder com seus próprios pontos de vista, fazendo deslizar o signo-verdade-poder em direção a outras significações que permitam, aos mesmos estudantes, a sua emancipação e a autonomia em relação ao pensamento e às práticas de linguagem imprescindíveis ao convívio social. Esse domínio das práticas discursivas possibilitará que o aluno modifique, aprimore, reelabore sua visão de mundo e tenha voz na sociedade. Isso significa a compreensão crítica, pelos alunos, das cristalizações de verdade na língua: o rótulo de erro atribuído às variantes que diferem da norma padrão; a excessiva formatação em detrimento da originalidade; a irracionalidade atribuída aos discursos, dependendo do local de onde são enunciados e, da mesma forma, o atributo de verdade do aos discursos que emanam dos locais de poder político, econômico ou acadêmico. Entender criticamente essas cristalizações possibilitará aos educandos a compreensão do poder configurado pelas diferentes práticas discursivo-sociais que se concretizam em todas as instâncias das relações humanas. As atividades orais oferecem condições ao aluno de falar com fluência em situações formais; adequar a linguagem conforme as circunstâncias (interlocutores, assunto, intenções); aproveita os imensos recursos expressivos da língua e, principalmente, praticar e aprender a convivência democrática que supõe o falar e o ouvir. Ao contrário do que se julga, a prática oral realiza-se por meio de operações lingüísticas complexas, relacionadas a recursos expressivos como a entonação. As possibilidades de trabalho com os gêneros orais são diversos e apontam diferentes caminhos, como: apresentação de temas variados (histórias de família, da comunidade, um filme, um livro); depoimento sobre situações significativas vivenciadas pelo aluno ou pessoas do seu convívio; dramatização; recado; explicação; contação de histórias; declamação de poemas; troca de opiniões; debates; seminários; júris-simulado e outras atividades que possibilitem o desenvolvimento da argumentação e a análise da linguagem em uso. O exercício da escrita leva em conta o relação entre o uso e o aprendizado da língua, sob a premissa de que o texto é um elo de interação social e os gêneros discursivos são construções coletivas. Assim, entende-se o texto como uma forma de atuar, de agir no mundo. Escreve-se e fala-se para convencer, vender, negar, instruir, etc. As atividades de escrita se realizarão de modo interlocutivo, relacionando o dizer escrito às circunstâncias de sua produção, ou seja o produto do texto assumir-se como locutor, tendo o que dizer, razão para dizer, como dizer, e interlocutores para quem dizer; textos de gêneros que têm função social determinada, conforme o que vigora na sociedade A ação com a língua escrita, deve valorizar a experiência lingüística do estudante em situações específicas, na produção de textos argumentativos, descritivos, de notícia, narrativos, memorandos, poemas, abaixo-assinados, crônicas ou textos de humor, convite, bilhete, carta, cartaz, editorial, artigo de opinião, carta do leitor, relatórios, resultados de pesquisa, resumos, resenhas, solicitações, requerimentos, crônica, conto, relatos de experiências, receitas. Destaca-se também a importância de realizar atividades com os gêneros digitais, como: e-mail, blog, chat, lista de discussão, fórum de discussão, dentre outros, experienciando usos efetivos da linguagem escrita na esfera digital. A leitura vista como um ato dialógico, interlocutivo, o leitor tem um papel ativo no processo da leitura, e para se efetivar como co-produtor, procura pistas formais, formula e reformula hipóteses, aceita ou rejeita conclusões, usa estratégias baseadas no seu conhecimento lingüístico, nas suas experiências e na sua vivência sócio-cultural. Ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diversas esferas sociais: jornalísticas, artísticas, judiciária, científica, didático-pedagógica, cotidiana, midiática, literária, publicitária, etc. No processo de leitura, também é preciso considerar as linguagens não-verbais. A leitura de imagens, como: fotos, cartazes, propagandas, imagens digitais e virtuais, figuras que povoam com intensidade crescente nosso universo cotidiano; a leitura compreenderá o contato do aluno com uma ampla variedade de textos-notícias, crônicas, piadas, poemas, artigos científicos, ensaios, reportagens, propaganda, charges, romances, contos, etc. – percebendo em cada texto, a presença de um sujeito histórico, de uma intenção. Os temas relacionados aos Desafios Educacionais Contemporâneos: Educação Ambiental, enfrentamento à violência na Escola, História e Cultural Afrobrasileira e Africana, Educando para as Relações Étnico-Raciais, Prevenção ao uso indevido de drogas, Sexualidade, será abordado na disciplina de Língua Portuguesa, através do trabalho com letras de músicas, produções e debates relacionados ao preconceito, racismo no Brasil, presença do negro na mídia, cotas, mercado de trabalho, obras literárias de escritores negros e que abordem a contribuição do povo negro à cultura nacional. O trabalho com a literatura será baseado na Estética da Recepção/Método Recepcional, uma vez que este tipo de texto permite múltiplas interpretações, e é na recepção que ele significa. A metodologia será aplicada através de recursos tecnológicos tais como: vídeos, DVDs, retro-projetor, televisão, rádio e internet. SISTEMA DE AVALIAÇÃO E RECUPERAÇÃO A Avaliação está diretamente associada à concepção pedagógica que rege a prática do educador e é considerada um instrumento auxiliar indispensável no processo de aprendizagem. A Avaliação precisa ser entendida como um instrumento de compreensão do nível de aprendizagem dos alunos em relação aos conceitos estudados, às habilidades desenvolvidas. Ação que necessita ser contínua, pois o processo de construção de conhecimentos dará muitos subsídios ao educador para perceber os avanços e dificuldades dos educandos e, assim, rever a sua prática e redirecionar as suas ações, se for preciso. Conforme Regimento e Projeto Político Pedagógico da nossa escola, avaliar é analisar a prática pedagógica de todos os envolvidos, com o objetivo de corrigir rumos e repensar situações para que a aprendizagem ocorra. Ao avaliar a aprendizagem dos alunos está se avaliando a prática dos professores, a gestão e o currículo escolar, bem como o próprio sistema de ensino como um todo. Esse processo dar-se-á de forma intrínseca ao processo de ensino aprendizagem, preponderando os aspectos qualitativos sobre os quantitativos, sendo uma avaliação contínua e cumulativa, utilizando vários instrumentos de avaliação para se alcançar determinado fim conduzindo o aluno, não a uma aquisição pura e simples de conhecimentos, mas sim a um processo de elaboração e ações que conduzam a uma prática social transformadora. A Avaliação será feita através de prova escrita ou oral; trabalhos como produção de textos, cartazes, pesquisas, leituras literárias, critérios, tais como compromisso, participação e respeito, será diagnóstica, formativa e somativa. A oralidade será avaliada em função da adequação do discurso-texto aos diferentes interlocutores e situações através de: seminários, debates, troca informal de idéias, entrevistas, contação de histórias, análise da produção oral dos estudantes, sendo necessário que o aluno se posicione como um avaliador de textos orais com os quais convive, assim como as suas próprias falas. A leitura irá considerar a compreensão que os alunos terão do texto lido, a reflexão, a resposta ao texto e a estratégia que empregam no decorrer da leitura, sempre considerando as diferenças que cada aluno possui. Na escrita serão avaliados as circunstâncias de sua produção e o resultado dessa ação, e a partir daí os seus aspectos textuais e gramaticais. Em todo esse processo o principal objetivo é de tornar o aluno um avaliador de seus textos orais e escritos para que ele adquira autonomia. Os instrumentos de avaliação utilizados pela disciplina de Língua Portuguesa serão: Atividades de leitura e interpretação de textos, oral e escrita; Atividades de pesquisa bibliográfica; Produção de textos; Palestras; Apresentação oral de trabalhos; Atividades experimentais; Projeto de pesquisa de campo; Relatório; Seminário; Debate; Atividades com textos literários e/ou informativos; Atividades a partir de recursos audiovisuais (música, filmes, slides, imagens.); Questões discursivas; Questões objetivas. As atividades serão realizadas em grupo ou individual, sendo sempre uma avaliação somatória e diagnóstica. Todo processo de avaliação pressupõe clareza nos seus critérios, que são compreendidos com um referencial que gera parâmetros que devem ser previamente estabelecidos. Os critérios serão apresentados para os alunos, favorecendo a transparência, orientando o trabalho discente e a co-responsabilidade do aluno no processo de responsabilidade. Os critérios seguidos por esta área de conhecimento, serão: Realiza leitura compreensiva de textos; Localiza informações explícitas e implícitas no texto; Emite opiniões a respeito do que leu; Utiliza o discurso de acordo com a situação da produção; Apresenta clareza de ideias; Produz textos atendendo às circunstância de produção proposta; Diferencia a linguagem formal da informal; Utiliza adequadamente os recursos linguísticos; Reconhece o poder da informação e comunicação dos textos visuais; Relaciona uma informação identificada no texto com outras pressupostas pelo contexto; Desvenda posicionamentos ideológicos no meio social e cultural; Estabelece relações dialógicas entre os textos lidos e/ou ouvidos; Elabora argumentos convincentes para defender suas ideias; Identifica efeitos de ironia ou humor em textos variados; Elabora argumentos consistentes; Produz textos respeitando a sequência lógica; Identifica a concordância presente em textos longos e de estruturas complexas; Reconhece quando e como estabelecer complementação do verbo e de outras palavras; Utiliza as flexões verbais para indicar diferenças de tempo e modo; Reconhece textos verbais e não verbais; Utiliza textos verbais e não verbais em seu contexto diário; Identifica a tese de um texto; Apresenta produções poéticas em forma de paródias e paráfrases; Reconhece a forma e estrutura dos textos poéticos; Relata de forma coerente fatos vivenciados no cotidiano; Identifica, observa os elementos que compõem a narrativa: espaço, tempo, personagens...; Identifica os discursos direto, indireto e indireto livre na manifestação das vozes que falam no texto; Identifica as conjunções adequadas a cada situação; Utiliza os períodos e as orações coordenadas e subordinadas em situações práticas. De acordo com Vasconcellos (2003) a Recuperação de Estudos consiste na retomada de conteúdos durante o processo de ensino e aprendizagem, permitindo que todos os alunos tenham oportunidades de apropriar-se do conhecimento historicamente acumulado, por meio de metodologias diversificadas e participativas. Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394196, no Art. 13, os docentes incumbir-se-ão de: estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento. Nesta perspectiva esta disciplina propõe que o processo de recuperação seja realizado concomitantemente de duas formas: através da retomada de conteúdo a partir de diagnósticos oferecidos pelas atividades realizadas pelos alunos em sala de aula e pelos instrumentos de avaliação; e através da reavaliação do conteúdo já retomado em sala. Assim, expressa-se aqui que o processo de avaliação e recuperação desta disciplina de Língua Portuguesa estará comprometida com a clareza nos critérios utilizados, com a intencionalidade do ato educativo, com a reflexão crítica sobre a prática, enfim, o comprometimento com a aprendizagem do aluno. REFERÊNCIAS CEREJA, William Roberto e MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português Linguagens. Coleção português. São Paulo: Atual, 5 ed. 2009. ESCOLA ESTADUAL HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO. Projeto Político Pedagógico. Borrazópolis, 2012. GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de Português. In: O texto na sala de aula. 5 ed. Cascavel: Assoeste, 1990. ______. Portos de passagem. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997. GNERRE, M. Linguagem, Escrita e Poder. São Paulo: Martins Fontes, 1997. KOCH, I. G. V. Desvendando só segredos do texto. 2 ed. São Paulo Cortez, 2003. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Cadernos Temáticos: Educação do Campo. Curitiba: SEED, 2005. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Cadernos Temáticos: Educação Ambiental. Curitiba: SEED, 2005. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Cadernos Temáticos: Relações Étnico-Raciais e História e Cultura Afro-Brasileira e Africana na Escola Educação do Campo. Curitiba: SEED, 2005. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Cadernos Temáticos Desafios Educacionais Contemporâneos: Prevenção ao uso indevido de drogas. Curitiba: SEED, 2005. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação, Cadernos Temáticos Desafios Educacionais Contemporâneos: Enfrentamento à violência na escola. Curitiba: SEED, 2005. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica: Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2008.