JORNAL DE BRASÍLIA Caderno Cidades – 11/maio/2008 MORADIA Espaço não falta. E imóvel? GDF investe na criação de novos bairros Nos últimos anos, a população do DF cresceu mais que o esperado. De 1996 para 2007, o número de habitantes pulou de 1,8 milhão para 2,45 milhões. No entanto, a quantidade de habitações não acompanhou o ritmo do crescimento da população. Apesar da criação de novos bairros e do boom dos condomínios, o DF ainda sofre com problemas de moradia. Em conseqüência disso, os preços dos imóveis subiram. Para tentar sanar este problema, o GDF está licitando os últimos terrenos disponíveis e tentando criar novos bairros, como o Setor Habitacional Noroeste. A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) lançou um edital de venda com 172 lotes em várias cidades do DF, como Águas Claras, Guará, Ceilândia e Lago Norte. De acordo com o local, o valor inicial do metro quadrado pode variar de de R$ 250 a R$ 926. O gerente comercial da Terracap, Luis Flávio de Barros, explica que, para definir o preço do terreno, é feita uma análise que determina qual o valor de mercado. "Não é caro, é que o próprio terreno em Brasília tem esse valor", diz. Ele destaca: quem participa da licitação é que define o preço final. "Já lançamos edital com valor inicial de R$ 500 mil e ele saiu por mais de R$ 1 milhão", exemplifica. O ato de liberar terreno como a Terracap faz, na opinião do presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-DF), Adalberto Valadão, pode minimizar o problema de terras do DF. "É preciso disponibilizar áreas em regiões que atendam a todas as classes sociais", sugere. Além de licitar lotes, Valadão acredita que a criação de novas áreas, como o Setor Habitacional Noroeste, também ajuda a solucionar a questão. O deputado distrital Batista das Cooperativas (PRP), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Legislativa, também acredita que a criação de novas áreas pode resolver o problema e evitar futuras invasões. Na sua opinião, o governo deveria investir em novas cidades como o Setor Habitacional Catetinho, que está em fase de estudos para verificar possibilidade de implantação. Para o deputado, é melhor o GDF intervir e elaborar novos projetos de cidades do que enfrentar problemas como as mais de 500 mil pessoas vivendo em condomínios irregulares e ruas malfeitas como as da Estrutural, com 2,5 metros de largura. 1 JORNAL DE BRASÍLIA Caderno Cidades – 11/maio/2008 PDOT: comunidade denuncia GDF por descaso com área tombada 10/05/2008 - 21:24:54 A segunda audiência pública promovida pela Câmara Legislativa para discutir o projeto de lei do Plano de Ordenamento Territorial do DF (PDOT), por abranger a área tombada do Plano Piloto, acabou por acirrar os ânimos dos representantes do GDF e das entidades de defesa da cidade que acusam o governo de não levar em consideração a legislação do tombamento. A proposta das Comissões de Assuntos Fundiários (CAF), Constituição e Justiça (CCJ) e Meio Ambiente (CDESCTMAT) era de discutir as propostas do PDOT para a Unidade de Planejamento I (Central), que abrange as cidades de Brasília, Cruzeiro, Candangolândia e Sudoeste/Octogonal. Após uma breve explanação do secretário adjunto de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do DF (SEDUMA), Danilo Aucélio, sobre os critérios e as diretrizes que nortearam a proposta apresentada à Câmara os representantes da comunidade passaram a apresentar suas críticas e dúvidas. A implantação do Setor Noroeste e a falta de atenção dada ao tombamento do Plano Piloto foram os temas mais questionados. A comunidade, segundo vários de seus porta-vozes, entende que o Noroeste não atende a qualquer necessidade da população, mas apenas à especulação imobiliária. Há um consenso entre a comunidade de que a necessidade habitacional do DF concentra-se nas classes menos favorecidas e não nas classes A e B que seriam atendidas com o Noroeste. Há, também, muita discussão quanto ao respeito à área de preservação ambiental no local onde está situada a bacia de drenagem do lago Paranoá e a zona de amortecimento do Parque Nacional. Além dessas, foi levantado o problema das comunidades indígenas que habitam a região e que, segundo carta do presidente da FUNAI às autoridades do GDF, estão sob jurisdição federal. O desrespeito à legislação do tombamento e às propostas de adensamento populacional no entorno da área tombada foi denunciada com insistência por arquitetos, urbanistas e professores, quase todos integrantes da Federação das Entidades de Defesa do DF. A arquiteta urbanista Tânia Batella entregou ao deputado Benício Tavares, presidente da CAF e da sessão, documento de análise do projeto do PDOT preparado pela Federação. Tânia informou que a entidade recorrerá à Justiça para garantir que Brasília não corra riscos desnecessários e lembrou que "o respeito ao tombamento é obrigação das autoridades e dever da sociedade". Integram a mesa os presidentes da CAF, Benício Tavares (PMDB); da CCJ, Eurides Brito (PMDB); o deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB); o distrital Berinaldo Pontes (PP); Paulo Valério, assessor do presidente da CDESCTMAT, deputado Batista das Cooperativas (PRP), que o representou; o administrador regional do Cruzeiro, João Roberto Castilho; a subsecretária de planejamento urbano da SEDUMA, Rejane Jung; o superintendente do Iphan-DF, Alfredo Gastal; a ex-deputada e diretora técnica da Terracap, Ivelise Longhi, representando o presidente do órgão; além do secretário-adjunto da SEDUMA, Danilo Aucélio. A Mesa respondeu às perguntas e sugestões apresentadas pela comunidade durante a audiência 2