UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA OFERTA DE FORRAGEM E SUPLEMENTAÇÃO DA DIETA ANIMAL EM SISTEMA DE LOTAÇÃO CONTÍNUA ANDRÉ FERNANDES DA FONSECA TINOCO Zootecnista AREIA – PB 2007 ANDRÉ FERNANDES DA FONSECA TINOCO OFERTA DE FORRAGEM E SUPLEMENTAÇÃO DA DIETA ANIMAL EM SISTEMA DE LOTAÇÃO CONTÍNUA Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, do Centro de Ciências Agrárias, da Universidade Federal da Paraíba, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Zootecnia, na área de concentração em Produção Animal. Comitê de Orientação: Prof. Dr. Divan Soares da Silva – Orientador Principal Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto Prof. Dr. Ricardo Andrade Reis Colaborador: Prof. Dr. José Alberto Gomide AREIA-PB 2007 A minha família DEDICO.... AGRADECIMENTO A Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Centro de Ciências Agrárias (CCA), Programa de Pós-Graduação em Zootecnia (PPGZ) e Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/Jaboticabal), onde realizei meu mestrado conveniado. Aos meus pais, pelo apoio durante todo o curso. A Deus, por estar sempre ao meu lado. A professora, bolsista DCR, Inaldete Soares do Nascimento, pela sua fundamental ajuda na fase final de conclusão, pós-qualificação. A todos os professores do PPGZ que contribuíram, direta ou indiretamente, para ampliar os meus conhecimentos. Ao coordenador Ariosvaldo Nunes de Medeiros e ao meu orientador Divan Soares da Silva por terem proporcionado a minha ida a Jaboticabal-SP, onde fiz parte do meu curso. Aos professores que me ajudaram em Jaboticabal: Ricardo Andrade Reis, Ana Cláudia Ruggieri, Kleber Resende, Izabele Teixeira e Telma Berchielii. Ao professor José Alberto Gomide pela sua companhia, seus ensinamentos, sua amizade e seu senso de humor, pois todo o seu prestígio como docente e pesquisador não anula a sua simplicidade com pessoa. Aos funcionários do LANA (Laboratório de Nutrição Animal) de Jaboticabal: Ana Paula e Seu Orlando. Aos funcionários do Departamento de Forragicultura e Bovinocultura de Corte da UNESP: Seu Zé, Seu Delvéchio e Patrícia, pelo companheirismo e grande ajuda prestada. A todos os amigos que conquistei em Jaboticabal, em especial: Fábio Leonel (Fabinho), Roberto, Tatá, Marcel Boiago (e sua família), Sandro Mendonça, Herymá, Bernardo Veras, Natália (Argentina), Juliana e Vidal. A todos os meus amigos companheiros de morada: Cláudio (Seu Craudio), Genildo, Josimar (o véi), Valdi, Carlos Alan (Ceará, Perpétua), Marcelo (mundiça), Alexandre, Araken (Ramisés), Henrique, Renata, Danúsio (Seu Vanúsio), Ebson (Seu Leôncio), Welington (Shreck) e Danilo (Mamusca) pela união, pelas ajudas didáticas de uns com os outros e pelos grandes momentos de descontração. A todos os alunos do PPGZ e PDIZ (Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia) que fizeram parte da minha vida durante o curso. Aos funcionários do CEPEC: Graça, Dona Carmem e Daminhão pelos seus serviços disponíveis. Aos amigos: Josimar , Valdi e meu primo Hênio por terem me incentivado a fazer a seleção de mestrado. Aos amigos: Marcelo, Edgar (Gardênia), Josimar, Valdi, Tobyas, Henrique, Emilson, Araken, Wllissis (Galeguinho) e Nyedja (ex-namorada) pelos conselhos, consolo e por estarem presentes na hora em que precisei. Aos amigos: Araken e Wllissis pelos momentos de descontração e pelo companheirismo nas aventuras. A amiga Ana Sancha pela amizade e pelas preocupações com todos nós. Ao amigo Emilson pelo fundamental apoio, companheirismo e ajuda na conclusão do curso. BIOGRAFIA DO AUTOR André Fernandes da Fonseca Tinoco – Nascido em 01 de janeiro de 1979, na cidade de Natal – RN e residente no mesmo local, onde concluiu o ensino médio em 1997. Em 1998 ingressou no curso de Zootecnia, concluindo – o em 2004, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Em março de 2005 ingressou no curso de mestrado em Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), onde foi bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Em janeiro de 2006 se deslocou para a Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP, Jaboticabal-SP, permanecendo até Julho do mesmo ano, onde desenvolveu pesquisa na área de produção animal e forragicultura, e cursou disciplinas em áreas afins. SUMÁRIO Páginas Lista de Tabelas ................................................................................................... vi Lista de Figuras.................................................................................................... vii Resumo ................................................................................................................ viii Abstract ................................................................................................................. ix 1. Introdução ......................................................................................................... 1 2. Referencial Teórico........................................................................................... 3 2.1. Brachiaria brizantha Stapf. cv. Marandu (origem e utilização) ................ 3 2.2. Oferta de forragem ............................................................................................................................. 4 2.3. Suplementação e oferta de forragem ............................................................................................. 6 2.4. Avaliação da massa de forragem ................................................................................................... 8 3. Material e Métodos .................................................................................................................................... 11 3.1. Localização e período do experimento ......................................................................................... 11 3.2. Descrição da área experimental e manejo dos animais ............................................................ 11 3.3. Avaliação da Pastagem .................................................................................................................... 13 3.4. Delineamento experimental e tratamentos ................................................................................... 14 4. Resultados e Discussão ............................................................................................................................. 15 5. Conclusão ..................................................................................................................................................... 23 6. Referências Bibliográficas 24 LISTA DE TABELAS Paginas Tabela 1 - Média das temperaturas máxima, mínima, média, umidade relativa e pluviosidade dos meses de janeiro a maio de 2006. 11 Tabela 2. Valores médios da produtividade de massa verde seca (MVS kg/ha) do capimmarandu de acordo com a oferta de forragem e suplementação da dieta. Tabela 3. Valores médios do número de perfilhos (NP), relação folha/colmo (RF/C) e altura nos períodos de amostragens do capim-marandu. 15 17 Tabela 4. Média dos teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) do capim-marandu de acordo com a oferta de forragem e suplementação da dieta, no primeiro período. 18 Tabela 5. Média dos teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) do capim-marandu de acordo com a oferta de forragem e suplementação da dieta, no segundo período. 19 LISTA DE FIGURAS Páginas Figura 1. Ganho médio diário (GMD) de novilhas mestiças, com e sem suplementação, em função da oferta de forragem de capim-marandu. 20 Figura 2. Produtividade de proteína bruta (PPB) da pastagem de marandu submetida ao pastejo por novilhas mestiças, com e sem suplementação, em função da oferta de forragem. 21 RESUMO Com o objetivo de avaliar os efeitos da oferta de forragem com adição ou não de suplemento sobre as características estruturais da Brachiaria brizantha cv Marandu, submetido a pastejo de lotação contínua foi conduzido o presente trabalho. O experimento foi realizado na área de pastagem do Departamento de Zootecnia da FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, no período de fevereiro a abril de 2006, totalizando 76 dias. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com duas repetições, num fatorial 3 x 2, sendo três ofertas de forragem (1,5; 2,0 e 2,5 kg de matéria verde seca/ kg de peso vivo animal) e dois níveis de suplementação (0,0 e 0,3% PV) com concentrado comercial. As variáveis analisadas foram produção de massa verde seca (MVS), número de perfilhos (NP), altura de plantas, relação folha/colmo (RF/C), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), digestibilidade in vitro (DIVMS). Não houve diferença (P>0,05) para produção de MVS quanto à oferta de forragem e suplementação da dieta dos animais, cujos valores médios foram de 6.325 kg de MVS/ha (período 1) e 4.891 kg de MVS/ha (período 2). O NP foi maior no primeiro período (253 perfilhos/m²) e a altura de plantas no período 2 (27,4 cm). Não houve diferença (P>0,05) da oferta de forragem e da suplementação sobre a porcentagem de PB (6,2), FDN (78,7), FDA (37,9) e DIVMS (71,1) no primeiro período e (8,7), FDN (79,5), FDA (38,7) e DIVMS (76,8) no segundo período. As ofertas de forragem e suplementação não foram efetivas para a modificação estrutural da pastagem. Ofertas maiores de pastagem com suplementação da dieta proporcionaram maior ganho de peso de animais em crescimento. Palavras chave: Dossel forrageiro, pressão de pastejo, suplementação. ABSTRACT With the objective of testing the effects of forage offer with addition or not of supplement on the structural characteristics of the Brachiaria brizantha cv. Marandu, submitted to a continuous grazing pasture the present work was conducted. The experiment was done in the pasture area of the animal science department of the FCAV/UNESP, Jaboticabal - SP, in the period of February to April of 2006, adding 76 days. It was utilized the random blocks experimental design, with two repetitions, in a 3x2 factorial, with 3 forage offers (1,5; 2,0 e 2,5 kg of the dry matter/ kg live animal weight) and two levels of supplement (0,0 e 0,3% PV) with commercial concentrate. The variables analyzed were production of the dry green matter (DGM), number of tillers (NT), plant height, leaf/steam ratio (L/S), crude protein (CP), fiber in neutral detergent (FND), and fiber in acid detergent (FAD), in vitro digestibility (DDMIV). It didn’t happen differences (P>0,05) for the DGM production or the forage offer and supplementation in the animals diet, in that the averages were 6.325 kg de MVS/ha (first period) and 4.891 kg MVS/ha (second period). The highest NT was in the first period (253 tillers/m²) and for the plant height in the second (27,4 cm). It didn’t happen difference (P>0,05) from the forage offer and the supplementation on the PB percentage (6,2), FND (78,7), FAD (37,9) e DDMIV (71,1) in the first period and (8,7), FND (79,5), FAD (38,7) and DDMIV (76,8) in the second. The forage offers and supplementation didn’t were effective in the structural modification of the pasture. Biggest forage offers with supplementation of the diet had biggest weight gains in the developing animals. Key words: forage sward, grazing pressure, supplementation 1. INTRODUÇÃO No ambiente de pastejo devem ser conciliadas as necessidades dos vegetais e as dos animais, uma vez que a comunidade de plantas precisa manter sua área foliar com elevada eficiência fotossintética e os animais precisam ser alimentados com forragem de boa qualidade. Um dos requisitos para entender essa relação é o conhecimento das características estruturais do dossel forrageiro que determinam as respostas tanto das plantas, como dos animais. A composição da estrutura das plantas se altera ao longo do tempo, passando por fases que se caracterizam por investimentos em estruturas vegetativas ou reprodutivas, aéreas ou subterrâneas. Em cada uma destas distintas fases, a natureza da matéria seca das plantas apresenta diferentes proporções de folhas, colmos, inflorescência e material morto no perfil da pastagem (Leonel, 2003). Como o dossel estrutural das pastagens tropicais se caracteriza por ser mais heterogêneo que o das pastagens temperadas, presume-se uma menor correlação entre altura e ingestão de forragem pelo animal. Rego et al. (2006) relatam que além da altura de manejo, outras características, estruturais e qualitativas da pastagem podem afetar as variáveis de comportamento ingestivo dos animais, devendo, portanto, ser incluídas em modelos (equações) de predição. A relação folha/colmo é uma das características que compõe o conjunto de definições da estrutura da pastagem. Segundo Agulhon et al. (2005), a porcentagem de folhas está relacionada com o peso e idade dos perfilhos, uma vez que os perfilhos mais velhos e desenvolvidos possuem menor porcentagem de folhas, diminuindo a relação folha/colmo com o avanço da idade da rebrota. Sbrissia (2004), trabalhando com diferentes alturas de dossel do capim-marandu (10, 20, 30 e 40 cm) sob lotação contínua, observou que pastos mantidos a 10 cm tiveram uma contribuição maior de folhas na formação da massa dos perfilhos. Alturas de corte ou ofertas distintas, estádio de desenvolvimento e sazonalidade da forragem modificam a estrutura da pastagem e, conseqüentemente, a qualidade da mesma. Estudos para avaliação do consumo e desempenho de animais em pastejo com ofertas de forragem necessitam de descrições das disponibilidades e condições estruturais das pastagens para a interpretação e comparação de resultados (Contijo Neto et al., 2006). Segundo Van Soest (1994) o estudo da proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), que servem de parâmetros para a avaliação da composição bromatológica e do valor nutritivo, é importante na análise qualitativa das forrageiras devido à influência direta ou indireta sobre o consumo voluntário do animal. Quando o valor nutritivo das plantas forrageiras diminui com o avanço da sua maturidade fisiológica, a suplementação pode ser utilizada para o fornecimento de quantidades controladas de proteína e energia, objetivando-se o desenvolvimento contínuo dos animais. Este procedimento favorece a redução da idade de abate e aumento na taxa de desfrute dos animais (Lana e Gomes Júnior, 2002). Estratégias de suplementação, bom manejo do pastejo e escolha de forrageiras com valor nutritivo satisfatório são medidas utilizadas que visam à maximização da ingestão e aproveitamento de forragem pelo animal. Reis et al. (1997) citam que em estratégias de suplementação a pasto, quando existe alta disponibilidade da forragem, com teor de proteína bruta baixo, a utilização de fontes protéicas de baixa degradabilidade ruminal se reveste de grande importância. Rego et al. (2006) geraram algumas equações de predição da taxa de ingestão de novilhos mestiços a partir de características estruturais e qualitativas de diferentes forrageiras e selecionaram os parâmetros de maior relevância para a ingestão dos animais. Os autores observaram que a alternância de importância variou conforme a pastagem estudada. Para o capimtanzânia, por exemplo, o teor de proteína bruta das folhas foi o mais importante para se determinar a ingestão por novilhos. As peculiaridades morfofisiológicas e nutritivas de cada espécie e cultivar requerem estudos específicos para determinar a melhor estratégia de manejo. Mari (2003) encontrou valores de produção de matéria verde seca de até 13,6 t/ha no capimmarandu quando submetido a intervalo entre cortes. Este mesmo autor encontrou valores médios para proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) de 10%; 70% e 62%, respectivamente. O estudo de características fisiológicas de plantas forrageiras sob pastejo com a melhor oferta de forragem constitui um fator importante para garantir o melhor aproveitamento da pastagem. Objetivou-se com este trabalho avaliar três ofertas de forragem e a suplementação da dieta sobre as características estruturais e de qualidade do pasto de capim-marandu submetido a pastejo de lotação contínua por novilhas mestiças. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Brachiaria brizantha Stapf. cv. Marandu (origem e utilização) A cultivar Marandu é uma gramínea de hábito cespitoso, muito robusta, que pode atingir, em livre crescimento de 1,5 a 2,5 m de altura. Apresenta colmos iniciais prostrados, mas produz perfilhos predominantemente eretos, rizomas muito curtos e encurvados, bainha pilosa com cílios nas margens, geralmente mais longas que os entrenós, escondendo os nós (Nunes et al., 1985). Demonstra ampla adaptação climática até 3000 m de altitude. A temperatura mínima para crescimento é de 15°C e a ideal é de 30 a 35°C, apresentando boa tolerância ao frio, porém com a desvantagem de apresentar pouca tolerância a solos com drenagem deficiente, e a necessidade de moderada fertilidade para um bom desenvolvimento (Skerman e Riveros, 1990). O nome Marandu (que significa novidade no idioma tupi-guarani) foi dado a um ecótipo de Brachiaria brizantha liberado pelo Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Corte (CNPGC) em conjunto com Centro de Pesquisa agropecuária dos Cerrados (CPAC), em 1984 (Nunes et al., 1985). A espécie Brachiaria brizantha, juntamente com a Brachiaria decumbens, tem sido muito empregada na formação de pastagem em todo o Brasil. Além da grande utilização dessa espécie para produção de carne, algumas informações são encontradas na literatura sobre produção de leite (Xavier et al., 2002). A Brachiaria brizantha é originária do Zimbabwe, uma região vulcânica da África, com precipitação pluviométrica anual de 700 mm e cerca de oito meses de seca no inverno (Alcântara & Bufarah, 1992). O capim-marandu possui um potencial de produção de forragem equivalente a plantas como os capins Mombaça, Tanzânia e Colonião (Andrade, 2003) e pode ser recomendado como alternativa para cerrado com fertilidade considerada de média a boa. Isso se justifica pela alta produção e pelo excelente valor forrageiro, tornando viável sua utilização nas fases de desmama e engorda de bovinos, e também por sua alta resistência às cigarrinhas das pastagens, sendo indicado como alternativa em locais de alta incidência da praga (Rosa et al., 2000). Segundo Valle et al. (2000), o capimmarandu também apresenta menor incidência de fotossensibilização em animais, quando comparado a Brachiaria decumbens Stapf. Segundo Sbrissia (2004), há fortes evidências de que pastos de capim-marandu tenham exigências sazonais no que diz respeito ao manejo do pastejo. Esse autor, ao estudar a morfogênese, dinâmica de perfilhamento e acúmulo de forragem no capimmarandu, observou valores de acúmulo líquido de forragem que indicaram uma otimização da produção (balanço entre crescimento e senescência) entre as alturas de 20 e 30 cm no verão, e de 10 e 20 cm, no inverno e início de primavera. As metas variáveis de alturas do dossel do capim-marandu ao longo do ano podem aumentar a quantidade de forragem produzida e modificar a estacionalidade da sua produção (Andrade, 2003). Na ausência de qualquer alternativa que aumente a produção de forragem, seria mais desejável manter o capim-marandu em alturas mais baixas para minimizar as perdas por senescência e aumentar a eficiência de colheita. A oportunidade de melhor colheita pode ser uma combinação entre altura mais alta associada com aumentos correspondentes em taxa de lotação, o que também manteria a eficiência de colheita em nível mais elevado, uma vez que a forrageira oferece plasticidade e uma faixa ampla de utilização que assegura a manutenção de sua produtividade (Sbrissia, 2004). 2.2. Oferta de forragem O desempenho animal em pastejo varia com a taxa de lotação e, mais precisamente, com a pressão de pastejo adotada, por seu efeito sobre as características estruturais de massa, altura, índice de área foliar, percentagem de material morto da forrageira e, assim, determina o consumo de forragem (Almeida et al., 2003). Sollenberger et al. (2005) chamam a atenção para a importância da oferta de forragem que prevalece sobre a taxa de lotação, de modo que taxas de lotação similares podem resultar em diferenças no desempenho animal dependendo da espécie forrageira, massa de forragem e outras características de cobertura do relvado. Os mesmos autores afirmam que a oferta de forragem pode ser uma ferramenta muito utilizada em explicações de desempenho animal a pasto se a oferta ocorrer através de uma ampla área, como experimentos com taxa de lotação fixa com níveis múltiplos de fatores de tratamentos. Em geral, alta taxa de lotação ou baixa oferta de forragem compromete a altura do resíduo, reduz a proporção de material morto e a relação folha/colmo. Segundo Minson (1990), o valor mínimo para que a massa de forragem não cause diminuição no consumo da pastagem é de 2.000 kg de MS/ha/ano. A oferta de forragem é definida como a quantidade diária de forragem por 100 kg de peso vivo animal. O nível de oferta de forragem afeta diretamente o consumo da mesma (Hodgson, 1981), assim como indiretamente, por seu efeito sobre as características estruturais do dossel (Bortolo et al., 2001). Interações que se estabelecem entre a colheita da forragem e a biomassa disponível ao pastejo são alguns dos determinantes dos resultados nas produções de carne, leite ou lã (Trevisan et al., 2004). Os longos períodos de alimentação que caracteriza o comportamento ingestivo de bovinos mantidos a campo, compreendem-se entre 4 a 12 horas por dia (Burger et al., 2000). A quantidade de matéria seca, principalmente a disponibilidade de folhas verdes, bem como sua distribuição espacial, afetam o tempo de permanência na busca e colheita do alimento (Trevisan et al., 2004). A disposição dos componentes da planta no dossel forrageiro é o que dará condições para que o animal consuma o que há de melhor na pastagem. Silva et al. (2005) comentam que o consumo voluntário e conseqüentemente o desempenho dos animais são influenciados pela quantidade de forragem e, mais precisamente, a biomassa de folhas verdes disponível. Segundo Maraschin et al. (1997), o máximo ganho médio diário por animal (GMD) é obtido no nível de 13,5% de oferta de forragem e a maior produção animal por área é alcançada com 11,5% de oferta de forragem. Silva et al. (1994), observaram que altas ofertas de forragem (9 a 12% PV) resultaram em maior percentual de material morto, estreita relação folha/colmo, dossel mais alto e predominância de folhas verdes no topo do dossel em pastagem de capim-Elefante cv. Mott. Nesse sentido, Almeida et al. (2000), também com o cultivar Mott, observaram que a digestibilidade da matéria orgânica e o percentual de folhas verdes variaram inversamente com o nível de oferta de forragem, enquanto a massa residual de forragem, a proporção de colmo e de material morto aumentou com o nível de oferta. Por meio de estudos feitos com pastagem nativa, em clima subtropical, Rio Grande do Sul, sob diferentes ofertas e estações do ano, foi constatado que a taxa de acúmulo de MS parece ser mais sensível ao efeito das condições climáticas nas menores ofertas de forragem, acumulando mais MS na primavera e verão, e menor acúmulo de MS no outono e inverno, quando comparado com as maiores ofertas de forragem (Soares et al., 2005). Em clima subtropical, Porto Alegre, novilhos em pastagem de capim-pangola submetido à oferta de 3,5 a 14,5% do PV, alcançaram o valor máximo de ganho de peso com a oferta de 12% do PV (Maraschin et al., 1993). Já, o ganho diário de peso vivo de novilhas de corte não respondeu à variação na massa de forragem de 1.200 para 1.500 kg/ha, em pastagem mista de Aveia e Azevém anual (Pilau et al., 2005). Variações no nível de oferta de forragem determinam alterações na massa de forragem da pastagem, outro fator condicionador do consumo e desempenho do animal. Wales et al. (1999) estudando os efeitos de níveis de massa de forragem (3,1 e 4,9 tMS/ha) e oferta de forragem (20, 35, 50 e 70 kg/vaca.dia), simultaneamente, constataram maior consumo de forragem em pastagem com a maior massa de forragem e observaram que, independentemente da massa de forragem, o consumo de forragem aumentou de forma linear com o nível de oferta. Dalley et al. (1999) trabalhando com vacas leiteiras observaram que o consumo de forragem, em pastagem com oferta de 3000 kg/ha de massa, de alto valor nutritivo (Azevém perene), cresceu curvilinearmente de 11,2 até 18,9 kg/vaca/dia, conforme o nível de oferta aumentou de 20 para 70 kg/vaca/dia. 2.3. Suplementação e oferta de forragem A suplementação alimentar de animais em pastejo deve complementar o valor nutritivo da forragem disponível de forma a se atingir o ganho de peso desejado. Assim, é de fundamental importância conhecer a qualidade da forragem ofertada e as exigências nutricionais dos animais (Garcia et al. 2004). A suplementação é uma estratégia de manejo para incrementar a produtividade de animais a pasto, em razão das limitações em energia e proteína das forrageiras tropicais. Entretanto, o animal em pastejo substitui parte do consumo de matéria seca do pasto pela matéria seca do concentrado (Moran e Stockdale, 1992). Cowan et al. (1977), trabalhando com vacas em pastagem consorciada de Green-panic e soja perene, observaram que ocorreu a substituição de 0,91kg de MS do pasto por kg de concentrado ofertado. A magnitude da substituição do consumo de MS do pasto por concentrado é proporcional à oferta de forragem, assim como ao valor nutritivo da forragem e com o nível de suplementação da dieta. Quanto maior o efeito substitutivo de pasto pelo concentrado, menor será a resposta produtiva à suplementação da dieta dos animais em pastagem (Grainger e Mathews, 1989). O efeito associativo que é definido como a mudança ocorrida na digestibilidade e/ou no consumo de forragem, é a principal interação que ocorre quando os animais mantidos em pastagens são suplementados. O efeito associativo aditivo é o mais interessante, pois se caracteriza pelo aumento do consumo total de energia digestível devido ao incremento no consumo do concentrado, aumentando ou permanecendo estável o consumo de forragem (Coan et al., 2004). Um dos objetivos da suplementação é promover o aumento da ingestão e digestibilidade da forragem. Goes et al. (2003a) afirmaram que em forragem de baixa digestibilidade o controle do consumo ocorre pela distensão ruminal, associado à quantidade de aminoácidos absorvidos no intestino e aos efeitos das elevadas concentrações de ácidos graxos voláteis. Porém, Ruas et al. (2000), trabalhando com níveis de suplementação protéica para vacas nelore a pasto, não observaram influência no consumo de matéria seca do pasto. Além do consumo e digestibilidade da forragem, níveis significativos de suplementação poderão incrementar a carga animal na pastagem. Bremm et al. (2005), observaram incrementos de 24,3 e 32,3% de PV animal para níveis de suplementação de 1,0 e 1,5% do PV, respectivamente, em bezerras de corte em pastagem de aveia preta (Avena strigosa Sckreb.) e azevém anual (Lolium multiflorum Lam.). Moraes et al. (2005), afirmam que em pastagens diferidas, onde a oferta de forragem é alta, o uso de suplementação alimentar possibilita níveis aceitáveis de desempenho dos animais no período seco, desde que se conheça a composição bromatológica desta pastagem. Em pastagem de capim-elefante cv. Napier, a resposta produtiva variou de 0,5 a 0,9 kg de leite/kg de concentrado nas águas e de 0,5 a 0,8 kg de leite/kg de concentrado na seca, respectivamente paras níveis de suplementação de 2 e 4 kg de concentrado por vaca, por dia (Deresz e Mozzer, 1990). A suplementação da dieta de animais mantidos em pastagem mista de aveia e azevém, com farelo de sorgo, ao nível de 0,7% PV/dia, beneficiou a composição corporal e incrementou em 39% o ganho diário de peso vivo de novilhas (Pilau et al., 2005). A suplementação nas águas, de animais mantidos em pastagem de Coast-cross apresentando 9,4% de proteína bruta e 59,7 % de NDT, a base de casca de soja ao nível de 0,6 % do peso vivo, não incrementou o ganho diário de PV de novilhos cruzados, cuja média foi de 0,854 kg/novilhos (Prohamann et al., 2004). Igualmente, novilhos em pastagem de Brachiaria decumbens com massa de forragem de quase 7.000 kg/ha, nas águas, não responderam à suplementação de 2 kg de concentrado com 20% de PB, a base de fubá de milho e farelo de soja ou farelo de trigo e farelo de soja. O ganho médio diário alcançado foi de 0,970 kg/animal, sem diferença atribuível à suplementação (Zervoudakis et al., 2001). Estes resultados evidenciam o efeito substitutivo do concentrado quando ofertado a animais em pastagem de boa qualidade e com bom volume de forragem. Euclides et al. (2001) relatam ganhos médios diários de 490 g em bezerros nelores, em resposta a suplementação de 0,8% PV na seca; nas águas, não houve resposta à suplementação. Os autores concluíram pela ocorrência de efeito substitutivo e aditivo do concentrado nas águas e na seca, respectivamente. 2.4. Avaliação da massa de forragem A determinação de uma adequada pressão de pastejo e de um nível ideal de suplementação exige do pesquisador ou manejador da pastagem, um método de avaliação que melhor quantifique a massa de forragem presente e disponível para os animais. Nesse sentido, diferentes métodos, ao longo dos anos, foram desenvolvidos por pesquisadores para se estimar a disponibilidade da pastagem visando a otimização do sistema pecuário através de cálculos da carga de animais que a pastagem suporta. Alguns destes métodos são utilizados também para a avaliação da qualidade da forragem embora sejam mais eficazes para o estudo da estrutura da pastagem. De acordo com Maraschin (1994), os métodos utilizados para se estimar a massa de forragem que se caracterizam pela ausência de animais são delineados com o intuito de se estudar os fatores que afetam a performance das pastagens. Entretanto, nos experimentos direcionados para a resposta dos animais e das pastagens, o período de tempo que o animal pasteja e a quantidade de matéria verde a ser removida é que serão considerados na avaliação. Porém as duas formas não devem ser consideradas separadamente e devem ser feitas de maneira criteriosa para que valores obtidos sejam mais próximos dos reais. Teoricamente, a maneira mais exata de se quantificar a massa de forragem seria cortar toda a forragem de uma pastagem ao nível do solo, secá-la e pesá-la (Burns et al., 1989). Porém, este procedimento é um tanto quanto irracional devido à mão-de-obra necessária e o esgotamento da fonte alimentar, caso haja a presença de animais no ensaio. Pedreira (2002) relata que a massa de forragem (MF), geralmente expressada como peso ou massa total de forragem/ha, medida ao nível do solo e com base na matéria seca, é o ponto de partida para o cálculo de outras respostas de interesse. Apesar de ser uma medida instantânea, a MF permite estimar respostas que integram períodos de tempo, como o acúmulo de forragem (AF) durante um dado intervalo de tempo ou a taxa média diária de acúmulo de forragem, quando o AF é dividido pelo número de dias de acúmulo, além de ser necessária para cálculos de respostas importantes nos ensaios de pastejos como a oferta de forragem (OF). Existem métodos diretos e indiretos para se estimar a massa de forragem. Os métodos diretos consistem em medidas destrutivas onde se colhem amostras em vários pontos da pastagem, sendo esta pequena área delimitada por aros de ferro, madeira ou cano de PVC. De acordo com Pedreira (2002), a estimativa da MF total da área poderá induzir a erros, devido à reduzida fração da vegetação cortada, que são decorrentes tanto do acaso (originado da dispersão dos valores pontuais de MF na superfície da vegetação) como do viés (que pode estar associado ao observador, ao instrumento de medição, à circunstancia da medição, etc.). O fato dos equipamentos manuais serem de maior aferição no controle da altura de corte do material, faz com que sejam os mais recomendados, pois permite o cálculo da massa de forragem residual com maior precisão (Cunha, 2002). Os métodos indiretos mais utilizados de avaliação de pastagens para serem aplicados com maior rapidez e em grandes áreas de pastagens são: estimativas visuais, prato ascendente (altura comprimida), altura do dossel e sonda eletrônica. Pedreira (2002) relata que para a obtenção de uma melhor representação espacial da área amostrada seria necessário que muitas medidas de MF fossem feitas, porém isso só é possível se forem realizadas de maneira rápida e não destrutivas. Baseado nisso a quantificação de MF passa a ser expressa por amostragens indiretas usando técnicas que devem ser calibradas contra valores reais de MF medidos por amostragem direta. A análise de regressão entre a leitura da altura fornecida pelo método indireto e o peso seco da forragem cortada, em cada ponto, delimitada pelos aros, chamada de dupla amostragem, será, então, a representação da estimativa da MF. A avaliação visual, realizada por um observador treinado, é feita com a atribuição de pontos na pastagem que são classificados de 1 a 5. O método da altura do dossel diferencia-se do método do prato ascendente pelo fato de que a régua graduada, que é utilizada, não comprime a planta, enquanto que o prato ascendente desliza sobre uma haste graduada até atingir uma altura de repouso, e a sonda eletrônica é uma medida da MF que considera a capacitância do ar, que é baixa, e a capacitância da forragem, que é alta. Paciullo et al. (2004), avaliando duas técnicas (altura das plantas e altura comprimida da vegetação pelo disco) para estimativa da quantidade de forragem de gramíneas do gênero Cynodon, em pré e pós-pastejo, observaram que a técnica da altura do disco estimou com maior confiabilidade a massa de forragem antes do pastejo, quando comparada à altura da planta. Quando usadas após o pastejo, as técnicas não foram adequadas para estimar a MF. As amostras de pastagem coletadas pelo método destrutivo também poderão servir para a avaliação qualitativa da pastagem embora não seja a representatividade ideal. Euclides et al. (1999) relatam que a dieta selecionada pelos animais em geral possui maior valor nutritivo que a massa de forragem amostrada devido à preferência destes às folhas verdes. Goes et al. (2003b), ao avaliarem o valor nutritivo da pastagem de capim-tannergrass (Brachiaria arrecta), utilizando diferentes métodos de amostragem, observaram que os teores de proteína bruta (PB) obtida pelo método de disponibilidade total (5,8%) foi menor que os teores do método do pastejo simulado e da extrusa, (8,2% e 9,2%, simultaneamente). 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Localização e período do experimento O experimento foi conduzido no Centro de Manejo Intensivo de Bovinos, pertencente ao setor de Forragicultura do Departamento de Zootecnia, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, Campus de Jaboticabal-SP, localizada a 21o15’22’’de latitude sul, longitude de 48o18’58’’W, a uma altitude de 595 m, no período de 01 de fevereiro a 18 de abril de 2006, totalizando 76 dias. O clima da região é do tipo Cwa (classificação de Köeppen), ou seja, clima tropical de altitude, com inverno seco e verão quente e chuvoso (Lombardi Neto e Drugowich, 1994). Os dados climatológicos relativos ao período experimental encontram-se na Tabela 1. O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho escuro, textura arenosa, profundos, com pouca diferenciação entre horizontes, que ocorre esparsamente em todo o território Brasileiro (Resende, 1999). Tabela 1 - Média das temperaturas máxima, mínima, média, umidade relativa e pluviosidade dos meses de janeiro a maio de 2006. Ano 2006 Temperatura (ºC) UR (%) Pluviosidade (mm) Máxima Mínima Média Janeiro 31,3 20,3 25,80 74,7 237,0 Fevereiro 30,7 20,3 25,50 82,9 416,4 Março 31,0 20,4 25,70 81,4 136,9 Abril 29,5 17,2 23,35 74,8 10,4 Maio 26,6 12,8 19,70 71,0 4,0 Fonte: Estação Agroclimatológica da UNESP – Jaboticabal/SP 3.2. Descrição da área experimental e manejo dos animais A área de pastagem com capim-marandu foi implantado em outubro de 2001, após correção do solo com calcário dolomítico (90% PRNT) para elevar a saturação por bases para 60%, segundo Werner et al. (1996). Uma adubação de correção com fósforo foi realizada com 60 kg/ha de P2O5 na forma de superfosfato simples por ocasião do estabelecimento. A adubação de manutenção consistiu da aplicação de 200 e 160 kg/ha/ano de N e K2O, respectivamente, na forma de sulfato de amônia e de cloreto de potássio, fracionadas em duas aplicações, em fins de novembro de 2005 e de janeiro de 2006, respectivamente. Em razão das peculiaridades climáticas da região os tratamentos foram avaliados no verão, desta forma o início do período experimental (01/02/2006), deu-se após os piquetes serem submetidos a pastejo intenso, para ralear e uniformizar a vegetação. A pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu de aproximadamente 20 hectares foi dividida em 12 piquetes experimentais com três dimensões (1,3; 1,0 e 0,7 ha), sendo quatro piquetes para cada dimensão, totalizando 12 ha, e sorteados pelos seis tratamentos (3 ofertas x 2 suplementações). A área restante, de oito hectares serviu como área de reserva. Em cada piquete havia bebedouro e cocho móvel com sal mineral, separado entre si por um corredor para facilitar a movimentação dos animais, os quais foram disponibilizados pela Fazenda Bartira, Grupo BRASCAN, através de convênio com a Fundação de Estudos e Pesquisas em Agronomia, Medicina Veterinária e Zootecnia (FUNEP). A empresa forneceu 120 novilhas mestiças de Pardo-suíça, com 7 meses de idade e peso vivo médio de 200 kg, das quais foram selecionadas 72 mais homogêneas para compor os animais testes e o restante foi utilizado para controle de lotação. Após a seleção dos animais foi feito o sorteio dos tratamentos entre os mesmos que então receberam identificação através de brincos e controle de endo e ectoparasitas. Utilizou-se um suplemento protéico formulado para o período das águas, com proteína de baixa degradabilidade ruminal, que foi fornecido por uma empresa comercial. Os animais foram pesados no início do experimento (tempo zero – fevereiro de 2006) e, posteriormente, a cada período de 28 dias, sempre após jejum prévio de 12 horas de sólido e líquido, para controle de lotação. O método de pastejo utilizado foi o de lotação contínua com taxa de lotação variável. Seis novilhas de prova (testes) foram introduzidas nos respectivos piquetes experimentais em 31/1/2006, após pesagem e identificação com brincos numerados. O primeiro ajuste de carga foi efetuado em 21/02/06, e em seguida novo ajustes da lotação foram efetuados aproximadamente a cada 28 dias, de acordo com a disponibilidade de massa de forragem (kg/ha), a fim de se manter a oferta de forragem desejada em cada piquete. A oferta de forragem foi definida segundo Sollenberger et al. (2005), pela equação: Oferta (kg MS/kg PV) = Massa de forragem (kg/ha) / Peso vivo animal (kg/ha); onde a massa de forragem foi estimada pelo método da dupla amostragem. 3.3. Avaliação da Pastagem Durante o período experimental foi feita a estimativa da disponibilidade de massa de forragem verde pela técnica de dupla amostragem (Gonzalez et al., 1990), em que medidas destrutivas são associadas a leituras de altura do dossel pelo uso da técnica do prato ascendente, ou seja, a massa de forragem é obtida através de uma equação de regressão entre a altura da planta e a massa de forragem, a qual é cortada ao nível do solo na mesma dimensão do prato ascendente que corresponde a 0,246m2 de área, com a ajuda de aros de ferro. Em cada piquete foram feitas e registradas, ao acaso, 50 leituras de altura do dossel, além de outras oito leituras, divididas em quatro pontos com maior e quatro pontos com menor altura do dossel onde a forragem foi cortada ao nível do solo utilizando-se os aros de ferro. As equações de regressão linear foram obtidas através das oito leituras da altura e da massa de forragem. As estimativas de massa de forragem serviram para ajustar a taxa de lotação em cada piquete, conforme seu nível de oferta de forragem. Estas estimativas foram realizadas em: 15/02/06 e 01/03/06, quando foram amostrados os piquetes do 1º e 2° bloco, respectivamente, constituindo o primeiro período de coletas de dados, e o segundo período em 01/04/06 quando foram amostrados todos os piquetes, simultaneamente. A densidade da forragem (kg MS/cm/ha) foi estimada através do quociente da divisão de sua massa pela altura média do dossel, medida pelo prato ascendente. As amostras colhidas foram acondicionadas em sacos plásticos, levadas para o laboratório e pesadas, onde foram separadas nas frações: material morto (MM) e material verde (MV). Depois de pesada, a fração verde foi separada novamente em folhas e colmo, para obtenção da relação folha/colmo (RFC) e, secadas em estufa a 60º C por 72 horas, pesadas novamente para a obtenção do teor de matéria seca. Para a análise da composição química da forragem e da digestibilidade, o material coletado foi submetido a análises de matéria seca (MS) em estufa a 105º C. A proteína bruta (PB) foi determinada pelo método micro-Kjeldahl (AOAC, 1984), citado por Silva e Queiroz (2002), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) de acordo com Van Soest et al.. (1991), utilizando-se o autoclave, e a digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) foi realizada de acordo com metodologia descrita por Tilley e Terry (1963). A produtividade da proteína bruta (PPB kg/ha) foi calculada tomando por base o teor de N na matéria seca (MS) do capim-marandu e a produtividade de MS/ha, segundo Van Soest, citado por Reis e Rodrigues (1993). Para avaliação dos padrões demográficos de perfilhamento (densidade populacional de perfilhos) foi contado o número de perfilhos de quatro amostras (duas dos pontos mais altos e duas dos pontos mais baixos), de cada unidade experimental. 3.4. Delineamento experimental e tratamentos O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com duas repetições, num fatorial 3 x 2. A parcela principal do fatorial foi composta por três ofertas de forragem 1,5; 2,0 e 2,5 kg de matéria verde seca/kg de peso vivo animal, conforme Sollenberger et al., (2005), e dois níveis de suplementação (0,0 e 0,3% PV) com concentrado comercial. A análise da variância foi realizada pelo programa estatístico SANEST (Zonta e Machado, 1984), e as médias comparadas pelo teste de Duncan (5%). Modelo estatístico: Yijk = µ + Bi + Sj + Ok + SOjk + eij + eijk Onde: Yijk = observação referente à amostra do piquete submetido à k ésima oferta de forragem com a j ésima suplementação do i ésimo bloco; µ = média geral; Bi = efeito de blocos, Sj = efeito da suplementação (0,0% e 0,3 % do PV animal); Ok = efeito da oferta de forragem (1,5; 2,0 e 2,5 kg MS/kg PV); SOjk = efeito da interação suplementação x oferta de forragem; eij = erro aleatório associado nas parcelas eijk = erro experimental nas subparcelas. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores referentes à produtividade média de massa verde seca (MVS) do capim-marandu encontram-se na Tabela 2. Observa-se que não houve efeito significativo (P>0,05) da suplementação e da oferta de forragem e nem da interação sobre a produtividade de MVS nos períodos avaliados. A maior produtividade média de 6.334,1 kg MVS/ha observada no período 1 em relação a 4.890,8 kg MVS/ha do período 2 provavelmente ocorreu devido as melhores condições climáticas (Tabela 1), onde a precipitação ocorrida no período 1 favoreceu a forrageira permitindo uma maior atividade fotossintética que induziu a uma maior produtividade, além do efeito da adubação de manutenção efetuada em janeiro. Tabela 2. Valores médios da produtividade de massa verde seca (MVS kg/ha) do capimmarandu de acordo com a oferta de forragem e suplementação da dieta. Tratamentos Suplementação 0 1 MVS (kg/ha) Período 1 Período 2 1,5 6.917,3 4.438,4 2,0 6.112,1 4.913,4 2,5 6.411,1 5.021,1 1,5 5.916,3 4.661,4 2,0 5.764,8 5.018,8 2,5 6.882,9 5.291,7 6.334,1 4.890,8 ns ns Oferta Média Significância Médias não significativas pelo pelo teste de Duncan (5%) Já a produtividade de MVS do capim-marandu encontrada no período 2 de 22,8% a menos do que a observada no período 1, demonstra que o sistema de lotação contínua usada, a suplementação e as ofertas de forragem não influenciaram na produtividade do capim-marandu. Provavelmente os fatores climáticos afetaram a pastagem induzindo a menor produção. A produção total de MVS obtido com a cultivar em estudo se mostrou superior aos resultados de Kabeya et al. (2002) e Gomide et al. (2001), com a mesma cultivar em clima tropical. Valores semelhantes de MVS, no entanto, foram encontrados por Mari (2003) em clima subtropical. Com base nos resultados, a disponibilidade da pastagem está notadamente influenciada pelas condições meteorológicas de cada experimento, sendo fundamental tais estudos para dar continuidade à construção do conhecimento sobre a exploração da pastagem em cada ambiente. A resposta não significativa e as menores produtividades de MVS observadas, de acordo com os diferentes níveis de suplementação com concentrado e ofertas, podem, em parte, ser explicada pela alta disponibilidade de pasto, as que estiveram submetidos os animais. Apesar da diminuição do potencial produtivo de MVS das plantas no segundo período, os valores obtidos permitem inferir sobre a inexistência de entraves quanto à seletividade de pasto. Nesse aspecto, garantiu-se a possibilidade de maximização do consumo de matéria seca de forragem pelos animais, porém, refletindo na oportunidade para o pastejo seletivo em todos os piquetes, o que na prática representa também desperdício de forragem. A produção animal depende principalmente da quantidade de pasto ingerida, assim, é de reconhecer-se que a produção de novilhas em crescimento a pasto vai depender da pressão de pastejo. Desta forma, os níveis de pressão de pastejo avaliados não permitiram a visualização de efeitos distintos na produtividade de MVS porque provavelmente as ofertas de forragem foram altas, inclusive, não ocorrendo efeito para a forragem ofertada em menor nível e animais não suplementados (01,5). De acordo com Silva (2004), no método de lotação contínua, o animal tem acesso a toda a pastagem durante a estação de crescimento das plantas, logo, a pressão de pastejo é a variável que assume papel fundamental, por ter influência direta na rebrota de perfilhos após a desfolha. Como os níveis de pressão de pastejo avaliados nessa pesquisa não permitiram efeitos distintos em razão das altas ofertas de forragem, o perfilhamento das plantas não pode ser atribuído à pressão de pastejo. Essa gramínea tropical apresenta exigências sazonais, assim para otimizar a sua produção, o manejo de pastejo deve conter uma altura residual de 20-30 cm no verão e 10-20 cm no inverno e início de primavera (Sbrissia, 2004), o que não foi objeto de estudo nesta pesquisa, porém foi disponibilizada alta oferta de pastagem em lotação contínua e taxa de lotação variável. Não houve efeito significativo (P>0,05) da suplementação da dieta e das ofertas de forragem para NP, RF/C e altura do capim-marandu (Tabela 3). Considerando que a maior produção de MVS obtida no primeiro período pode ter sido devido às condições climáticas favoráveis, onde observa-se que neste período as características morfológicas do capim-marandu se mostraram melhores. Nota-se que, nesse período, ou seja, na primeira amostragem ocorreu maior crescimento (altura de plantas), o que certamente proporcionou maior expansão foliar e atividade fotossintética das plantas, corroborando com os resultados de Gomide et al. (2001). Para o número de perfilhos, apesar do menor número, os mesmos eram notadamente de maior vigor nesse período, haja vista a maior disponibilidade de água para o perfilhamento, surgimento e permanência de folhas. O maior número de perfilhos no segundo período de amostragem poderia está relacionado com o surgimento de perfilhos axilares. Perfilhos aéreos (axilares) constituem percentuais de 70-80% do total de perfilhos, mas participa apenas com 20% aproximadamente da produção de MVS (Mozzer, 1990). Tabela 3. Valores médios do número de perfilhos (NP), relação folha/colmo (RF/C) e altura nos períodos de amostragens do capim-marandu. NP/m² RF/C Altura (cm) Período 1 241 1,1 27,4 Período 2 253 1,0 18,1 Médias originais Partes da planta (raízes e rizomas) situadas abaixo do solo proporcionam a brotação de gemas basais (Smith, 1975). Isto pode explicar, também, a produção de MVS no primeiro período, constituído por perfilhos basais, geralmente de maior vigor, em relação aos perfilhos axilares. Resultados corroboram com os obtidos por Nascimento e Coelho (2004) em capim-elefante, que enfatizaram a influência do perfilhamento basal no incremento da produção de MVS. Silva et al. (1994) citam que ofertas mais alta de forragem também podem resultar em menor relação folha/colmo, dossel mais alto e predominância de folhas verdes no topo do dossel, fato que não foi observado neste trabalho. Nas Tabelas 4 e 5 constam os valores referentes ao teor de PB, FDN, FDA e, DIVMS do capim-marandu. Observa-se que não houve efeito significativo (P>0,05) da suplementação da dieta e das ofertas de forragem para os componentes de qualidade. Tabela 4. Média dos teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) do capimmarandu de acordo com a oferta de forragem e suplementação da dieta, no primeiro período. Suplementação PB FDN FDA DIVMS (%) (%) (%) (%) 1,5 7,5 78,7 38,4 72,5 2,0 5,8 79,6 39,2 69,1 2,5 6, 3 77,8 36,5 71,5 1,5 5,6 80,5 39,7 69,2 2,0 6,2 77,3 37,6 72,5 2,5 6,1 78,5 37,4 72,3 Média 6,2 78,7 37,9 71,1 Significância ns ns ns ns 0 1 Ofertas Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Duncan (5%) As médias dos teores de PB, FDN, FDA e DIVMS do primeiro período foram 6,2; 78,7; 37,9 e 71,1. Inferindo sobre a importância da proteína bruta das gramíneas tropicais, onde Minson (1990) preconiza que o nível de 7% de PB é o teor nutritivo mínimo para que não ocorram limitações no desenvolvimento dos microrganismos do rúmen do animal, na digestibilidade e no consumo da forragem, e, por conseguinte o baixo desempenho do animal. Entretanto, nota-se que a relação folha/colmo foi acima do valor mínimo (1,0) citado por Pinto et al. (1994) como sendo a RF/C através da qual também se considera que a planta apresenta um bom valor protéico (Tabela 3) Esse comportamento foi previsível, porque essa gramínea tropical mostra exigência média em fertilidade para o bom desenvolvimento (Skerman e Riveros, 1990). Desta forma, se justificam os valores de PB obtidos, ou seja, provavelmente ocorreu a sua diluição, principalmente das folhas, para a formação de MS, em conseqüência de fatores climáticos e fisiológicos, uma vez que as condições climáticas foram favoráveis ao crescimento. Esse comportamento foi observado em Brachiarias (Corsi et al., 1994) e em capim-elefante (Albuquerque, 2002; Nascimento e Coelho, 2004) em clima tropical e subtropical, respectivamente. Quando a proteína foi expressa em produtividade (377,9 kg/ha) se constata uma redução no potencial de produtividade, comparado aos valores obtidos com outras espécies forrageiras, como o encontrado por Veras e Paz (1992) com capim-elefante (670,0 kg/ha). Para a FDN, FDA e DIVMS os teores se mostraram superiores aos encontrados em capim-elefante por Queiroz Filho et al. (2000). Agulhon et al. (2005) encontraram valor mais alto de FDA (47,7%) também em capim-marandu, durante a época seca, com alta oferta de forragem (12,6 a 20,2 kg de MS/100 kg de PV). Com base nos resultados, e nas condições em que foi conduzido esse estudo, infere-se que a forrageira se manteve em boas condições para o pastejo pelos animais, haja vista a qualidade da forragem, com componentes estruturais em percentuais adequados e alta digestibilidade. Na Tabela 5, os valores médios de PB (8,7%); FDN (79,5%); FDA (38,7%) e DIVMS (68,2%) do capim-marandu observado no segundo período mostra que apenas o teor de PB foi melhor, com 28,6% a mais que o obtido no primeiro período. Tabela 5. Média dos teores de proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) do capimmarandu de acordo com a oferta de forragem e suplementação da dieta, no segundo período. Suplementação PB FDN FDA DIVMS (%) (%) (%) (%) 1,5 8,1 80,0 39,6 67,1 2,0 9,1 80,0 38,5 64,5 2,5 7,7 80,3 38,5 70,2 1,5 10,3 78,0 37,6 69,1 2,0 8,7 79,6 38,8 67,4 2,5 8,5 79,3 39,3 70,7 Média 8,7 79,5 38,7 68,2 Significância ns ns ns ns 0 1 Ofertas Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na coluna diferem entre si pelo teste de Duncan (5%) De fato, não se esperava encontrar melhores teores de PB nas plantas no período 2, porque após o primeiro período de amostragem não foi realizada adubação de reposição. Acredita-se que estes melhores teores tenha sido em função da menor altura (Tabela 3) apresentada pelo capim-marandu, que pode contribuir para maior concentração de nutrientes e da predominância de perfilhos axilares e de folhas verdes no topo do dossel. Assim, apesar da menor disponibilidade de nutrientes no solo, principalmente N (elemento essencial à síntese protéica), através dessa plasticidade fenotípica de adaptabilidade do capim-marandu foi possível uma produtividade de 426,5 kg/ha de PB. Os teores médios de PB, FDN, FDA e DIVMS indicaram melhores características bromatológicas que as médias obtidas por Mari (2003). No entanto, Andrade (2003) encontrou um menor valor médio (61,7%) de FDN do capim-marandu no período de um ano (Tabela 3). Com relação ao ganho médio diário de peso vivo dos animais (GMD), que foi de 0,518 ± 0,060 kg/dia/novilhas, os animais responderam positivamente aos níveis de oferta de forragem, bem como à suplementação. Os animais não suplementados apresentaram aumento de 0,132 g para cada 1,0 kg de MS/kgPV. No entanto o maior ganho de peso (0,624 kg) foi para o tratamento que correspondeu ao maior nível de oferta de forragem e com suplementação da dieta animal (Figura 1). 0,7 GMD (kg) 0,6 0,5 0,4 2 S0 GMD Y = 0,196 + 0,132x S1 GMD Y = 0,414 + 0,081x R2 = 0,92 R = 0,97 0,3 0,2 1,5 2 Linear (S0 Oferta de forragem (kg MS/kg PV) GMD) 2,5 Figura 1. Ganho médio diário (GMD) de novilhas mestiças, com e sem suplementação, em função da oferta de forragem de capim-marandu. Considerando-se a proporção média de material vivo (64%) e material morto (36%) entre ofertas de forragem e suplementações durante o período avaliado ocorreu melhor seleção da forragem pelos animais no tratamento 02,5 (Figura 1). O nível de oferta para o maior GMD mostrou-se superior do que o nível (13,5%) utilizado em pastagem nativa (Maraschin et al., 1997) e de 12% em pastagem de capim-pangola (Maraschin et al., 1993). A maior disponibilidade de forragem permitiu a obtenção de maior ganho de peso individual, o que também pode confirmar a boa qualidade da forragem colhida pelos animais (Tabela 4 e 5), independentemente da variação do nível de oferta de forragem e de suplementação. Observa-se na figura 2 a capacidade produtiva de proteína bruta por área (PPB/ha). A população de plantas nos piquetes com animais não suplementados apresentou uma menor produtividade de PPB/ha. A maior produtividade de PPB/ha foi para os piquetes constituídos por animais que receberam o maior nível de oferta de forragem e com suplementação (807,0 kg/ha de PB). 0,9 PPB (kg/ha) 0,87 0,84 0,81 0,78 2 0,75 S0 PPB Y = 0,746 + 0,030x R = 0,97 0,72 S1 PPB Y = 0,754 + 0,034x R2 = 0,61 0,69 1,5 2 2,5 Oferta de forragem (kg MS/kg PV) Figura 2. Produtividade de proteína bruta (PPB) da pastagem de marandu submetida ao pastejo por novilhas mestiças, com e sem suplementação, em função da oferta de forragem. Nota-se, portanto na Figura 2 que a alta produtividade de PB, pode, também, justificar o ganho de peso dos animais. Como não havia restrição quanto à disponibilidade de forragem, ou seja, a MVS não foi limitante, ocorreu maior eficiência do pastejo notadamente com maior ganho de peso, visto que os animais consomem preferencialmente folhas. O efeito da adição do concentrado notadamente melhorou o consumo da forragem, e, por conseguinte o desenvolvimento contínuo dos animais, assim, mesmo frente a esse fato, deve se levar em consideração à comparação da renda marginal do uso do concentrado associado a ofertas adequadas de pastagem (Figura 1). Machadi e D’arce, (1982) citam que, independentemente do sistema de produção adotado, deve-se alimentar os animais com a máxima quantidade de forragem de alta qualidade, suplementando-os com um mínimo de concentrados a fim de que se atinja o nível de digestibilidade adequado, no qual o ganho de peso determinará a quantidade de alimento a ser consumido. O efeito substitutivo do concentrado ofertado a novilhos em pastagem de boa qualidade e com bom volume de forragem foi evidenciado por Zervoudakis et al. (2001). Os autores não observaram diferença atribuível à suplementação em Brachiaria decumbens. 5. CONCLUSÃO Os níveis de oferta de forragem e suplementação da dieta não influenciaram a quantidade de MVS e a qualidade da pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu. Não foram evidenciadas vantagens do incremento da oferta de forragem sobre a estrutura da pastagem de capim-marandu. Os níveis crescentes de oferta de forragem e a suplementação da dieta proporcionaram maior ganho de peso de novilhas mestiças em pastagem de capimmarandu. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGULHON, R. A.; JOBIM, C. C.; BRANCO, A. F. Fontes energéticas e níveis de suplementação para vacas em pastagem de capim-marandu (Brachiaria brizantha Hochst ex. A. Rich Stapf) no inverno. Revista Brasileira de Zootecnia v.34, n.1, p.151-158, 2005. ALBUQUERQUE, R.F. Doses crescentes de nitrogênio e fósforo no rendimento e qualidade da matéria seca do capim elefante Anão (Pennisetum purpureum Schum). 2002. 64p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia). Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel”, Universidade Federal de Pelotas. ALCÂNTARA, P. B.; BUFARAH, G. Plantas Forrageiras Gramíneas e Leguminosas. São Paulo: Nobel, 1992. 150 p. ALMEIDA, E. X.; MARASCHIN, E. G.; HARTHMANN, O. E.L. et al. Oferta de forragem de capimelefante anão “Mott” e a dinâmica da pastagem. 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