Comparação de Dados de Hanseníase 2004

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SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DO PARANÁ
DIRETORIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE E PESQUISA
CENTRO DE INFORMAÇÕES E DIAGNÓSTICO EM SAÚDE
PROGRAMA ESTADUAL DE CONTROLE DA HANSENÍASE
PRODUTO IV
COMPARAÇÃO DE DADOS 2004-2005
(diminuição de abandono, alta para paciente candidato a saída
administrativa)
DEZEMBRO 2006
MARIA ELIZABET LOVERA
1
INTRODUÇÃO
O Brasil vive hoje um momento ímpar na redução do número de casos de hanseníase em
todos os estados. A efetividade da eliminação da hanseníase como problema de saúde
pública está diretamente relacionada à universalização do acesso da população às ações
programáticas de hanseníase a serem desenvolvidas em todas as unidades básicas de
saúde dos municípios do país (MS, 2004).
Ainda que se identifiquem diferenças regionais e estaduais na tendência da endemia
hansênica, é primordial a intensificação de ações que favoreçam o acesso da população
ao diagnóstico e ao tratamento deste agravo de saúde para conseqüentemente reduzir a
carga de doença.
De acordo com o Censo/IBGE em 2005, o Paraná possuía uma população de 10.261.840
habitantes, com 399 municípios, em que 79,7% têm menos de 20.000 habitantes e
abrangem 27,9% do total da população estadual. As regionais de saúde são responsáveis
pelo gerenciamento, assessoria e execução dos programas de saúde em nível local,
incluindo o controle e o monitoramento da hanseníase por meio das equipes das seções
de integração e promoção da assistência à saúde –SIPAS e epidemiologia –SEP.
Quanto ao controle da hanseníase, as restrições estão relacionadas ao longo período de
centralização do diagnóstico e tratamento dessa doença, que era realizado nos centros de
referência regionais, ocasionando dificuldades de descentralização nesta área de
assistência, principalmente nos municípios de pequeno porte, gerando, por parte da
coordenação estadual, através das regionais, a necessidade de promover e incrementar
os treinamentos visando o comprometimento, a motivação e a sensibilização dos
profissionais de saúde.
A estruturação do SINAN foi de relevante importância nos últimos cinco anos para
otimizar
o
monitoramento
e
acompanhamento
epidemiológico
da
hanseníase,
oportunizando a visualização da real situação da endemia em nível estadual, assim como
da implantação do aplicativo Hanswin em 2005.
Os dados mostram que o modo de detecção dos casos novos teve aumento quanto
à demanda espontânea, passou de 1,8 em 2004 para 1,5 em 2005.(quadro 1) Os casos
em abandono também tiveram decréscimo, passando de 20% em 2004 para 7,4% em
2005(quadro 2).
MARIA ELIZABET LOVERA
2
Quadro 1: Situação dos casos de hanseníase 2004-2005, Paraná
TX
%
TX
TX DETEC % CAND
DETECÇÃO % CURADOS ABANDONO PREVALÊNCIA <15A
ADM
MUNICÍPIO
2004 2005 2004 2005 2004 2005 2004
2005 2004 2005 2004
CURITIBA
0,4
0,3 73,3 116,6 36,2 28,6
0,6
0,4
0,14 0
18,5
FOZ IGUAÇU 2,9
3,2 89,8 83,3
0,7
0
4,7
4,0
0,47 1,06
0
LONDRINA
1,2
1,0 73,1 106,0 40,0 6,2
1,5
1,2
0,37 0
4,1
PARANÁ
1,8
1,5 75,0 80,7 20,0 7,4
2,5
1,7
0,15 0,15
9,5
ALTA
RAZÃO P/D
2005 2004 2005
18,4
1,5
1,3
0
1,6
1,2
1,2
1,2
1
4,8
1,3
1,1
Houve melhoria dos indicadores, estes dados sugerem controle da endemia,
melhoria da qualidade do sistema de informações, trabalho educativo dos
profissionais de saúde e da população, é necessário, porém, uma série histórica
maior.
Entretanto, se observa a manutenção da prevalência decorrente da descoberta de
casos novos da doença em municípios que até 2003 não possuíam ações
programáticas de hanseníase implantadas assim como nos municípios endêmicos.
Cabe ressaltar que 95,7 dos municípios prestam atendimento aos portadores da
doença em uma única unidade de saúde dificultando deste modo o acesso da
população ao diagnóstico e ao tratamento.
MARIA ELIZABET LOVERA
3
Quadro: 2
PERCENTUAL DE CURADOS, ABANDONOS E PACIENTES EM CONDIÇÕES DE ALTA
ADMINISTRATIVA EM 2004 E 2005, PARANÁ
140
120
100
80
60
40
20
0
2004
2005
2004
2005
%CURADOS
2004
2005
%ABANDONO
%CAND ALTA ADM
CURITIBA
73,3
116,6
36,2
28,6
18,5
FOZ IGUAÇU
89,8
83,3
0,7
0
0
0
LONDRINA
73,1
106
40
6,2
4,1
1,2
75
80,7
20
7,4
9,5
4,8
PARANÁ
18,4
F ON T E:SIN A N
O maior percentual de cura, que demonstra um cuidado com a qualidade do banco
de dados e sua análise foi o município de Foz do Iguaçu com 89% e 83% de cura.
Londrina e Curitiba na atualização do banco demonstra casos parados sem serem
incluídos em tempo oportuno, no sistema; chegando a apresentar 106% e 116%
casos curados.
De acordo com os critérios definidos pelo Ministério da Saúde, o Paraná tem 3
municípios prioritários, Londrina, Curitiba e Foz do Iguaçu. Mesmo assim torna-se
necessário o desenvolvimento de ações nos municípios com o maior número de
casos ( Maringá, Cascavel, Prudentópolis, Ponta Grossa, Guarapuava ) e nos
municípios da Região Metropolitana, como preconiza a Coordenação Nacional do
Programa de Eliminação da Hanseníase.
Com a implantação do Hanswin houve facilidade em visualizar nominalmente os
casos, e conseqüentemente acompanha-los. Foi feita atualização do banco de
dados já no final de 2004 onde se consegue perceber uma diminuição de 50%
MARIA ELIZABET LOVERA
4
dos abandonos em 2004 para 20% em 2004 e melhorando mais em 2005 ficando
com 7%.
Quanto às altas administrativas houve melhora em 2005 no município de Londrina,
passando de 4% para 1%. Nos demais municípios e Estado mantêm-se o mesmo
padrão.
Foram analisados os dados nos serviços de saúde do SINAN dos municípios
prioritários, os indicadores: coeficiente de detecção de casos novos, coeficiente de
detecção de casos novos na faixa etária de 0 a 14 anos (quadro 3), coeficiente de
prevalência e razão prevalência/ detecção ( quadro 5 e 6 ).
MARIA ELIZABET LOVERA
5
QUADRO 3
TAXA DE DETECÇÃO DE CASOS DE HANSENÍASE EM MENORES DE 15 ANOS 2004 E
2005, PARANÁ
1,2
1
0,8
0,6
0,4
0,2
0
CURITIBA
FOZ IGUAÇU
LONDRINA
PARANÁ
TX DETEC <15A 2004
0,14
0,47
0,37
0,15
TX DETEC <15A 2005
0
1,06
0
0,15
F ON T E: S I N A N
.
Em 2004 todos os 3 municípios apresentam casos em menores de 15 anos. Já
em 2005 apenas Foz do Iguaçu, provávelmente pela sua característica de
município com divisa internacional. Podemos presumir que houve mais cuidado no
registro dos casos em menores de 15 anos nos municípios de Curitiba e Londrina?
Ou realmente não houve casos? E Foz do Iguaçu, que duplicou, praticamente o
número de casos, foi também melhoria no lançamento dos dados? Ou devido a
divulgação na comunidade, treinamento dos PACS/PSDF que aconteceram
durante o ano de 2005?
Para tentar responder estas perguntas, está em fase final de análise, estudo sobre
a alta taxa de detecção de casos no município de Foz do Iguaçu.
Tais indicadores permitem fazer uma análise preliminar da tendência da endemia
de hanseníase nestes locais, para uma avaliação posterior e operacionalização
das estratégias que possam validar a eliminação das doenças nestas localidades.
A análise demonstra que a maior detecção de casos novos de hanseníase ocorreu
em Foz do Iguaçu tanto 2004 como 2005 que também apresentou alta taxa de
detecção de casos em menores de 15 anos de idade, levando a pensar na
provável existência de um foco de infecção de hanseníase. Os municípios de
MARIA ELIZABET LOVERA
6
Curitiba e Londrina também apresentam casos em menores de 15 anos em 2004
sendo que em 2005, não apresentam casos.
O indicador de prevalência de casos de hanseníase é um indicador que sinaliza a
eliminação da doença como problema de saúde pública. A quadro 5 apresenta
estes indicadores no Estado e nos municípios prioritários.
MARIA ELIZABET LOVERA
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QUADRO 4
Taxas de detecção e prevalência dos municípios
prioritários 2004-2005 no Paraná
5
4,5
4
3,5
3
2,5
2
1,5
1
0,5
0
CURITIBA
FOZ IGUAÇU
LONDRINA
PARANÁ
TX DETECÇÃO 2004
0,4
2,9
1,2
1,8
TX DETECÇÃO 2005
0,3
3,2
1
1,5
TX PREVALÊNCIA 2004
0,6
4,7
1,5
2,5
TX PREVALÊNCIA 2005
0,4
4
1,2
1,7
fonte: SINAN
Os indicadores de prevalência de hanseníase dos municípios prioritários mostram
que a endemia está média nos municípios de Londrina e Curitiba e no Estado, Foz
do Iguaçu apresenta um indicador de hiper-endemia, para o ano de 2004 no ano
de 2005 continua o mesmo quadro, porém os indicadores já demonstram estar em
declínio, permanece hiper-endêmico em Foz do Iguaçu, provavelmente pela
situação de ser município de fronteira internacional.
Outro indicador que permite avaliar tanto a tendência da endemia como a
qualidade da assistência prestada é a razão prevalência/detecção de casos novos.
As tabelas 5 e 6 mostram como está se dando esta relação nos municípios
selecionados.
MARIA ELIZABET LOVERA
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QUADRO 5
Razão Prevalência/ Detecção de Casos Novos de Hanseníase 2004, nos municípios
prioritários do Paraná
1,3
1,5
1,2
1,6
CURITIBA
FOZ IGUAÇU
LONDRINA
PARANÁ
A razão em 2004 demonstra que a média de permanência no serviço, como
portador de hanseníase foi de 13 meses para o Estado, sendo Curitiba o que mais
permaneceu, com 16 meses.
MARIA ELIZABET LOVERA
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QUADRO 6
Razão Prevalência/ Detecção de Casos Novos de Hanseníase 2005, nos
m unicípios prioritários do Paraná
1,1
1,3
1
1,2
CURITIBA
FOZ IGUAÇU
LONDRINA
PARANÁ
Este indicador mostra que a taxa de permanência no registro ativo está condizente
com o tempo de tratamento, com exceção de Curitiba, mantendo como 2004,
maior tempo em tratamento.
MARIA ELIZABET LOVERA
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CONSIDERAÇÕES
A hanseníase pôr ser uma doença crônica com tratamento mais longo,
requer uma atualização sobre situação de encerramento ou de comparecimento
dos casos.
Todo caso de hanseníase deve ser atualizado no boletim de
acompanhamento pela unidade de saúde e digitado no sinanw.
Lembrando que é de extrema importância esta atualização pois, o caso só
será encerrado quando for informada a alta ou saída do caso e também será
considerado em tratamento regular quando estiver com a data de última consulta
atualizada.
No acompanhamento dos casos também temos variáveis essenciais:
 Data do Último Comparecimento
 Classificação Operacional Atual
 Esquema Terapêutico Atual
 Contatos Examinados
 Avaliação de Incapacidade Física no Momento da Cura
 Tipo de Alta
 Data de Alta
Portanto devemos monitorar a regularidade em arquivos de aprazamentos, não
permitindo a falta e muito menos o abandono. Neste sentido temos que envolver a
equipe do PACS/PSF desde a notificação do caso, com visita de seguimento no
caso novo até sua alta e saída do sistema.
De um modo geral a atualização do banco de dados, mostra-se um dos pontos
fundamentais para que se possa ter visão adequada da situação epidemiológica e
confiança nos dados e quais ações a serem executadas. Dados existem para que
se possa tomar atitudes, formular indicadores que nos dêem suporte para
controlar os agravos. No caso do estado do Paraná que vem tendo seu banco
constantemente acompanhado, formulando e executando as ações propostas, é
MARIA ELIZABET LOVERA
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passível que já no ano de 2007 se consiga eliminar a hanseníase como problema
de saúde pública no estado e em alguns municípios, pois dois municípios
prioritários , Londrina e Curitiba, já o conseguiram.
RECOMENDAÇÕES
-Promover ações para os municípios atualizarem semanalmente os registros do
acompanhamento de tratamento da hanseníase;
-Estimular os municípios na adoção do TABNET;
-Editar Boletim Epidemiológico de Hanseníase;
-Estabelecer com o SINAN estadual e municipal a prática de verificarem a
qualidade dos dados;
-Produzir semestralmente relatório com indicadores operacionais e
epidemiológicos para acompanhar a eliminação da endemia;
-Promover a formação de profissionais dos municípios no monitoramento da
eliminação em análise de dados –Tabnet;
-Manter
casos novos diagnosticados e registrados no SINAN
-Realizar supervisão contínua das tarefas executadas.
-Realizar oficinas para melhorar o sistema de referência e contra-referência para
procedimentos de média e alta complexidade;
-Articular com Pólos de Capacitação a inclusão do tema “Hanseníase”, e o
desenvolvimento de atualizações de recursos em humanos em hanseníase;
-Estabelecer sistema de monitoramento da gestão de medicamentos aos
municípios para a manutenção e provisão contínua de medicamentos
-Produzir informes técnicos de avaliação e de resultados das estratégias de
eliminação;
-Mobilizar os gestores dos municípios para a importância da eliminação da
hanseníase como problema de saúde pública;
-Apoiar iniciativas de elaboração de material para diferentes grupos de apoio à
eliminação da hanseníase, incluindo a Atenção Básica;
MARIA ELIZABET LOVERA
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Bibliografia

SINAN

HANSWIN

TABWIN

MANUAL DE NORMAS E PROCEDIMENTOS DE HANSENÍASE/MS
MARIA ELIZABET LOVERA
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