PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS PUC Minas Virtual Curso a distância de Graduação em Ciências Contábeis OS ASPECTOS LEGAIS, TRIBUTÁRIOS E FINANCEIROS PARA AS EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO: UMA ANÁLISE DA EMPRESA JBS S.A Libério José do Amaral Contagem 2011 Libério José do Amaral OS ASPECTOS LEGAIS, TRIBUTÁRIOS E FINANCEIROS PARA AS EMPRESAS DO AGRONEGÓCIO: UMA ANÁLISE DA EMPRESA JBS S.A Contagem 2011 RESUMO O mercado do agronegócio tem significativa representatividade na economia brasileira e é importante ampla abrangência de informações e de uma gestão eficaz. É necessário profissionais e instrumentos capazes de fornecer auxilio na avaliação das informações, que busquem um controle econômico-financeiro mais rigoroso, de modelos administrativos para a redução dos custos de produção e o aumento do faturamento, transformando as propriedades rurais em empresas que terão capacidade para acompanhar a evolução do setor de agronegócio e se tornarem competitivas. O objetivo do trabalho é evidenciar os aspectos legais, tributários e financeiros de empresas do agronegócio e sua importância no mercado brasileiro, para que as empresas que desempenham esta atividade se destaque em um mercado que se encontra cada vez mais competitivo. O trabalho dispõe da realização de uma análise de dados da empresa JBS S.A a fim de demonstrar os aspectos teóricos desenvolvidos. Com a leitura e compreensão dos dados foi possível verificar que a contabilidade rural permite o controle e o planejamento do negócio com informações que orientam as tomadas de decisão. Palavras-chave: Agronegócio. Informações. Custos. Controle. Gestão. LISTA DE QUADROS Quadro 1 Formas de associações nas explorações agropecuárias ................. 11 Quadro 2 Os tipos de custeios .............................................................................. 14 Quadro 3 As características dos centros de custos no agronegócio ............... 16 Quadro 4 Atividades para análise da demonstração do fluxo de caixa ............ 20 Quadro 5 Variáveis empresariais dinâmicas da empresa JBS S.A ................... 34 Quadro 6 Balanço Patrimonial comparativo da empresa JBS S.A .................... 35 Quadro 7 Demonstração do fluxo de caixa da empresa JBS S.A ...................... 37 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 6 1.1 Problema .............................................................................................................. 6 1.2 Justificativa.......................................................................................................... 7 1.3 Objetivo Geral ...................................................................................................... 7 1.3.1 Objetivos Específicos ...................................................................................... 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO....................................................................................... 8 2.1 O papel da Contabilidade no agronegócio ........................................................ 8 2.1.1 A contabilidade Rural....................................................................................... 9 2.1.1.1 Empresa Rural ............................................................................................... 9 2.1.2 A importância da administração rural .......................................................... 10 2.1.3 Aspectos econômicos na exploração da atividade agropecuária ............. 11 2.2 A importância da definição dos custos no agronegócio ............................... 12 2.2.1 Dificuldades e limitações na definição dos custos ..................................... 13 2.2.1.1 Custos na agropecuária .............................................................................. 14 2.2.2 Critérios de avaliação de estoque ................................................................ 15 2.2.3 Centros de responsabilidade da empresa rural .......................................... 16 2.2.4 A importância da contabilidade gerencial.................................................... 17 2.3 A Importância do Fluxo de Caixa para as empresas ...................................... 17 2.3.1 O papel do Fluxo de Caixa no agronegócio ................................................. 18 2.3.2 Comparação do fluxo de caixa e o fluxo econômico no agronegócio ...... 19 2.4 Formas de captação de recursos no agronegócio ......................................... 20 2.5 A importância do capital de giro para as empresas ....................................... 21 2.6 Enquadramentos Fiscais no agronegócio ...................................................... 23 2.6.1 Tipos de enquadramentos fiscais ................................................................. 23 2.6.2 Forma jurídica de exploração na agropecuária ........................................... 23 2.6.3 Tributação no agronegócio ........................................................................... 24 2.6.4 Imposto de Renda no Agronegócio .............................................................. 25 2.6.4.1 Pessoa Jurídica e o Imposto de Renda ..................................................... 25 2.6.4.2 Pessoa Física e o Imposto de Renda ......................................................... 26 2.7 Relação do trabalho no agronegócio .............................................................. 27 2.7.1 Os aspectos legais do trabalhador e empregador rural ............................. 28 2.7.1.1 O Empregador rural e o seu poder de direção ......................................... 28 2.7.1.2 O Trabalhador rural e seus direitos ........................................................... 28 2.7.1.2.1 Jornada de Trabalho e Descanso Semanal Remunerado .......................... 29 2.7.1.2.2 Trabalho Noturno........................................................................................ 29 2.7.1.2.3 Remuneração e descontos......................................................................... 30 3 METODOLOGIA .................................................................................................... 31 4 ANÁLISE DE DADOS ............................................................................................ 32 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 38 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 39 6 1 INTRODUÇÃO Com a utilização de novas tecnologias, insumos de primeira linha e ao aumento da demanda de alimentos em nível mundial, o mercado do agronegócio tem significativa representatividade na economia brasileira. O agronegócio é responsável por cerca de 1/3 do PIB do Brasil, com tal responsabilidade ela define uma nova ordem para a gestão dos negócios em seus segmentos. É de suma importância a necessidade de profissionais e de instrumentos capazes de fornecer auxilio na avaliação das informações, visando buscar um controle econômico-financeiro mais rigoroso, fazendo com que a gestão do agronegócio tenha eficiência para administrar todos os níveis do negócio. A utilização da contabilidade como ferramenta de gestão através do fornecimento de informações que permitam o planejamento, o controle e a tomada de decisão permite analisar o desempenho financeiro e a força do empreendimento, transformando as propriedades rurais em empresas que terão capacidade para acompanhar a evolução do setor de agronegócio e se tornarem competitivas. Devido à crise econômica, a retirada de subsídios e incentivos fiscais ao setor e o aumento da tributação da renda agrícola, muitos empresários do setor rural vêm sentindo a necessidade de melhores conhecimentos administrativos, como condição imprescindível para a própria sobrevivência da empresa. Nesse sentido, há a necessidade de adoção, por parte dos empreendimentos de agronegócio, de modelos administrativos que busquem a redução dos custos de produção e o aumento do faturamento através da adequada inserção do negócio na cadeia produtiva e pela definição correta das técnicas de gestão com respaldo nos termos legais e tributários. 1.1 Problema Qual a importância dos aspectos legais, tributários e financeiros em empresas de agronegócio? 7 1.2 Justificativa As riquezas geradas pelo agronegócio movimentam a economia brasileira e para que as empresas que desempenham esta atividade se destaque em um mercado que se encontra cada vez mais competitivo é importante ampla abrangência de informações no que se refere principalmente ao desempenho financeiro, facilitando assim as tomadas de decisão. Assim surge a necessidade de conhecer melhor as ferramentas que auxiliam o planejamento e controle das empresas, para que se tenha êxito em um mercado competitivo. 1.3 Objetivo Geral Evidenciar os aspectos legais, tributários e financeiros de empresas do agronegócio e sua importância no mercado brasileiro. 1.3.1 Objetivos Específicos Definir o papel da contabilidade no agronegócio. Evidenciar a importância da contabilidade gerencial e definição dos custos. Evidenciar a importância do fluxo de caixa no agronegócio. Identificar as formas de capitação de recursos no agronegócio. Identificar quais são os enquadramentos fiscais. Identificar os aspectos legais do trabalhador rural e do empregador rural. 8 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O papel da Contabilidade no agronegócio Visando buscar um controle econômico-financeiro mais rigoroso, a contabilidade pode desempenhar um importante papel como ferramenta gerencial. Quando se avalia a importância da contabilidade em gerar informações que permitam o planejamento, o controle e a tomada de decisão, a empresa deve estar subordinada a uma administração eficiente. Borilli et al dispõe que, Um sistema de informação contábil precisa ser rigoroso objetivo e dinâmico para atender às necessidades dos usuários no menor tempo possível. Portanto, a partir do momento em que o empresário rural adotar um sistema de Contabilidade Rural Gerencial, deve estar consciente da relação custo/benefício que lhe proporcionará, além da capacidade de compreender e utilizar estes recursos que poderão fornecer-lhe dados confiáveis. (BORILLI et al, 2005 p. 83) Na atividade rural a contabilidade de custos contribui para melhorar o planejamento e controle dos custos de produção, podendo auxiliar o empresário rural na escolha da melhor cultura, das criações e das práticas que adotará, em sua administração. Segundo Callado e Almeida, Cabe ao contador buscar formas de adequar a contabilidade às reais necessidades dos produtores rurais, de modo que não se torne uma tarefa dispendiosa, e gerar relatórios contábeis que possam dar subsídios suficientes para auxiliá-los na tomada de decisões, a fim de que as empresas rurais possam ter uma administração eficiente. (CALLADO; ALMEIDA, 2005, p. 97) Ainda segundo Callado e Almeida (2005), é importante a implantação de um sistema de custos que possibilite aos empresários rurais, diagnosticar possíveis problemas através da análise da composição dos custos e avaliar o rendimento da atividade desenvolvida. 9 2.1.1 A contabilidade Rural A contabilidade representa uma das principais ferramentas para gestão e controle do negócio. Ela fornece informações aos usuários que serão utilizadas para orientar as tomadas de decisão. A contabilidade pode gerar informações de diferentes áreas como industrial e manufatureira, área comercial, prestação de serviços e na agropecuária. (MARION, 1996) Segundo Calderelli (2003, p.180) a Contabilidade Rural é definida como sendo “aquela que tem suas normas baseadas na orientação, controle e registro dos atos e fatos ocorridos e praticados por uma empresa cujo objeto de comércio ou indústria seja agricultura ou pecuária”. Neste sentido a contabilidade rural é conceituada por Crepaldi (2005) como sendo um instrumento da função administrativa que tem as seguintes finalidades: controlar o patrimônio, apurar o resultado e prestar informações sobre o patrimônio e sobre o resultado das entidades rurais. De acordo com Marion, a contabilidade na atividade rural pode ser dividida em três grandes campos ou áreas: (…) a atividade agrícola que abrange culturas hortícolas, arborícolas e forrageiras destinadas à exploração da produção vegetal; atividade zootécnica, que diz respeito à criação e comercialização de animais para consumo doméstico ou para fins industriais e comerciais; e atividade agroindustrial que se refere ao processamento e à comercialização dos produtos das atividades agrícola (produção vegetal) e zootécnica (produção animal) através do beneficiamento e transformação destes produtos. (MARION, 1996 p. 72) 2.1.1.1 Empresa Rural Segundo Marion (2002, p. 31), “empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”. 10 Para Crepaldi (1998, p. 23), “é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação do gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”. As empresas rurais sejam elas destinadas a atividades agrícolas, pecuárias fazem parte do agronegócio. Segundo o site gestão do agronegócio “o agronegócio ou agribusiness significa o conjunto das empresas produtoras de insumos, propriedades rurais, indústrias de processamento, distribuição e comércio nacional e internacional de produtos agropecuários in natura ou processados”. (GESTÃO DO AGRONEGÓCIO, 2010). 2.1.2 A importância da administração rural Administrar uma atividade rural requer uma ampla abrangência de informações em termos de desempenho físico e financeiro. Entretanto, muitas das informações necessárias são registradas em anotações informais ou apenas na memória de quem administra. Segundo Marion dispõe que, (...) há também a tendência de alguns em julgar ou medir o desempenho financeiro de uma atividade rural pelo surgimento de novas construções, pela quantidade de terra que compõe a atividade ou pelo total de dinheiro no banco. Cada uma dessas medidas, todavia, propicia um quadro potencialmente enganoso de desempenho financeiro de um negócio e muitas vezes uma análise errada da força financeira do proprietário do negócio. (MARION, 1996, p.19) Ainda segundo Marion (1996), a necessidade de uma eficiente administração financeira tem sido evidenciada entre os produtores rurais de todo o país. Embora a eficiente administração rural permaneça essencial, a habilidade dos produtores em tomar decisões financeiras torna-se premente, considerando, principalmente, problemas de taxas de juros elevadas, inflação crescente nos custos, flutuações de preço na venda do produto etc. 11 2.1.3 Aspectos econômicos na exploração da atividade agropecuária Segundo Marion, nas explorações de atividades agropecuárias, encontram-se dois tipos de investimentos: Capital fundiário: terra, edifícios e edificações rurais, benfeitorias e melhoramentos na terra, cultura permanente, pastos etc. São todos recursos fixos, vinculados à terra, e dela não retiráveis. O capital fundiário na agropecuária representa aquilo que nas industrias transformadoras corresponde aos edifícios e seus anexos. (MARION, 2010, p.8) Capital de Exercício (capital operacional, ou capital de trabalho): gado para reprodução, animais de trabalho, equipamentos, trator etc. É o instrumental necessário para o funcionamento do negócio. Esse capital pode ser permanente (não se destina à venda, de vida útil longa), ou circulante, ou de giro (recursos financeiros e valores que serão transformados em dinheiro ou consumidos em curto prazo). (MARION, 2010, p.8) Ainda de acordo com Marion (2010, p.9), existem duas personalidades economicamente distintas nas associações dos capitais fundiários e de exercício na atividade agropecuária: “o proprietário da terra, que participa no negócio com o capital fundiário e o empresário que participa com o capital de exercício, explorando o negócio agropecuário independentemente de ser ou não proprietário da terra”. O quadro 01 descreve as formas de associações nas explorações agropecuárias: PARCERIA ARRENDAMENTO COMODATO Ocorre parceria quando o proprietário da terra contribui no negócio com o capital fundiário e o capital de exercício, associando-se a terceiros em forma de parceria. Esse tipo de associação assemelha-se a uma sociedade de capital e indústria, em que há duas espécies de sócios: o capitalista (proprietário) entra com o capital, e geralmente com a gerencia do negócio e o de trabalho (parceiro) entra com a execução do trabalho. Quando o proprietário da terra aluga seu capital fundiário (dificilmente aluga o capital de exercício) por determinado período a um empresário, tem-se o que se chama sistema de arrendamento. O arrendador recebe do arrendatário uma retribuição certa que é o aluguel. Empréstimo gratuito em virtude do qual uma das partes cede por empréstimo, para que se use pelo tempo e nas condições preestabelecidas. Nesse caso, o proprietário cede seu capital sem nada receber do comodatário. 12 CONDOMINIO È a propriedade em comum, ou a co-propriedade, em que os condôminos proprietários compartilham dos riscos e dos resultados, da mesma forma que a parceria, na proporção da parte que lhes cabe no condomínio. Quadro 01: Formas de associações nas explorações agropecuárias Fonte: MARION, José Carlos. Contabilidade Rural, 2010. 2.2 A importância da definição dos custos no agronegócio Nos últimos anos, cada vez mais a agricultura e a pecuária intensificam-se, o que possibilita melhoria significativa do aumento de produtividade. Por outro lado torna-se necessário o desembolso de grandes quantias para o empreendimento e sua manutenção. (LOPES, 2009) Neste sentido Lopes observa que, (…) há ainda, uma tendência de redução de preços dos produtos agropecuários associada à elevação dos custos de produção resultante do aumento dos encargos de financiamentos bancários, diminuição dos volumes de financiamentos oficiais, elevação da carga tributária e dos encargos sociais, e elevação dos preços dos insumos básicos. (LOPES, 2009, p.1) Através da adequada administração busca-se verificar a rentabilidade, analisar e quantificar os centros de custos de uma atividade produtiva. Para Lopes (2009, p.1) “existem várias finalidades para a determinação do custo dentro de uma empresa rural, e o levantamento destes ocorre por meio do suprimento de informações relevantes sobre seus diversos produtos, serviços ou atividades operacionais”. Como finalidade na determinação de custos de uma empresa rural destacase: a definição dos gastos dos diferentes empreendimentos, a possibilidade de calcular os rendimentos das diversas culturas e criações, a determinação do volume do negócio, definição dos custos da produção e indicam quais os momentos para realização das vendas e de investimentos. (LOPES, 2009) “Entretanto, os custos de produção, importante ferramenta de análise econômica, são variáveis desconhecidas pela imensa maioria dos produtores brasileiros”, destaca Lopes (2009, p.1). Sendo determinante para a cadeia produtiva, 13 já que essas informações são imprescindíveis para o processo de tomada de decisões. 2.2.1 Dificuldades e limitações na definição dos custos Observa-se que ainda hoje boa parte dos produtores rurais adotam decisões que se baseiam apenas em sua experiência, da tradição, do potencial da região e da disponibilidade de recursos financeiros e de mão-de-obra. (LOPES, 2009) Para Lopes (2009, p.1), “quando a rentabilidade é baixa, o produtor percebe, mas tem dificuldade em quantificar e identificar os pontos de estrangulamento do processo produtivo”. Daí a importância de uma boa gestão de custos que auxilie o produtor na tomada de decisões estratégicas em seu empreendimento. As propriedades rurais que não têm controle dos seus custos e orçamentos apresentam certos riscos dentre eles: desconhecimento do resultado do negócio, aumento ou diminuição das atividades exploradas, investimentos desnecessários, facilidade de endividar-se e perda de ganhos obtidos por produtividade. (LOPES, 2009) Alguns dos elementos que criam à necessidade de reestruturação na gestão da propriedade são: o alto endividamento, descapitalização, aumento do custo financeiro, margens de lucros declinantes, escassez ou aumento dos custos dos insumos e serviços e falta de crédito. (LOPES, 2009) Lopes dispõe que, O objetivo mais importante dos registros agropecuários em uma empresa rural, sob o ponto de vista da administração, é a avaliação financeira e a determinação de seus lucros e prejuízos durante um determinado período, fornecendo subsídios para diagnosticar a situação da empresa e realizar um planejamento eficaz. (LOPES, 2009, p.1) Obter tais informações passa a ser mais importante quando a empresa está inserida em um mercado que exige maior competitividade de seus produtos e serviços. 14 2.2.1.1 Custos na agropecuária Um sistema de custos tem objetivos amplos e bem definidos, que refletem sua importância como ferramenta básica para a administração de qualquer empreendimento. Marion (1996, p.62) destaca que “especialmente na agropecuária, onde os espaços de tempo entre produção e vendas, ou seja, entre custos e receitas, fogem a simplicidade de outros tipos de negócio, exige técnicas especiais para apresentação não dos custos, mas dos resultados econômicos do empreendimento”. Os objetivos referem-se ao uso que se pretende fazer dos dados de custos, a finalidade que está por trás das informações que se buscam. O quadro 02 demonstra os objetivos fundamentais ao fazer o levantamento de custos: São os levantados pela contabilidade de custos tradicional, a fim de mensurar monetariamente os estoques de produtos acabados ou ainda em CUSTEIO POR ABSORÇAO exploração e, ao fim de um exercício ou intervalo de tempo (mês, trimestre, semestre), apurar o resultado contábil da empresa. Este método considera somente os custos variáveis para determinação dos custos de produção, ou seja, mão de obra direta, máquinas diretas e insumos CUSTEIO DIRETO OU agrícolas. Os custos fixos neste caso serão VARIAVEL considerados como despesas correntes e debitados diretamente nos resultados. Por esse motivo não é aceito pela legislação fiscal vigente, podendo ser utilizada somente na apuração de resultados gerenciais. Destina-se a confrontar a realidade com os padrões de custo e outros tipos de previsões e metas CUSTOS PADRAO contidos no planejamento empresarial. Evidentemente, muitos dos padrões estabelecidos vêm do controle. Quadro 02: Os tipos de custeios Fonte: MARION, José Carlos. Contabilidade e controladoria em agribusiness, 1996. Os custos para a tomada de decisões trazem informações de relevância estratégica, como as que permitem fixar os preços de vendas, alterar a linha de produtos, fixar os volumes de produção, estabelecer os limites de custos indiretos, especialmente os fixos. (MARION, 1996). 15 2.2.2 Critérios de avaliação de estoque De acordo com Marion (1996, p. 84) existem diferentes abordagens para a mensuração do ativo, mas todas elas têm em comum o aspecto do valor e, em sentido mais restrito, valor econômico, pois, “através deste patrimônio possuído pela empresa, ela irá gerar os seus recursos para realizar suas atividades e manter-se em continuidade”. Desta forma verifica-se a importância da avaliação dos ativos, pois esta avaliação deve refletir a real capacidade de geração de recursos que uma empresa possui. A avaliação de ativos pode ser dividida em duas partes fundamentais, de acordo com seu enfoque: os ativos monetários que devem ser expressos em termos de entradas de caixa (exemplo: disponibilidades, contas a receber); e os ativos não monetários representados pelos estoques, instalações, investimentos de longo prazo. (MARION, 1996) Para Marion (1996) o estoque pode ser avaliado no agronegócio através de dois critérios: o Custo Histórico ou Valor de mercado. No entanto de acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis número 29, passa-se a utilizar como critério de contabilização dos ativos biológicos e aos produtos agrícolas o valor justo ou valor de mercado. Marion (1996, p.84) define que “o valor de mercado representa o preço de troca que seria necessário hoje para adquirir o mesmo ativo objeto de avaliação (estoque). Este critério parte da premissa de que existe um mercado organizado onde sejam comercializados elementos equivalentes”. Conforme descrito por Marion (1996, p.84) “o custo histórico pode ser entendido como um conceito estático de avaliação que não leva em consideração o caráter dinâmico da economia com suas alterações nos preços, embora seja o conceito de avaliação mais comum e utilizada na contabilidade”. Ainda segundo Marion, dispõe que, 16 Através do custo histórico, os animais são registrados pelo valor de aquisição que é mantido até o momento da venda quando é apurado o lucro. Confronta-se o custo de formação e cria dos animais contra o valor da venda ou custos dos animais vendidos, apurando-se assim o lucro ou prejuízo na venda, não sendo possível o reconhecimento dos ganhos pela superveniência ativa (ganhos pelo crescimento e reprodução natural dos animais) e perdas pela insubsistência ativa (perdas por eventuais mortes dos animais ou desenvolvimento abaixo da medida mínima esperada). (MARION, 1996, p.85) 2.2.3 Centros de responsabilidade da empresa rural Segundo Marion (1996, p.67) “os centros de custos é a menor unidade da área de responsabilidade em que se acumulam custos, em uma propriedade rural. Eles podem ser classificados também como Centros de custos produtivos e Centros de custos auxiliares. O quadro 03 a seguir descreve as características principais dos centros de custos produtivos, centros de custos auxiliares, centros de despesas e centro de investimento ou área de lucro: CENTROS DE CUSTOS PRODUTIVOS CENTRO DE CUSTOS AUXILIARES CENTROS DE DESPESAS CENTRO DE INVESTIMENTO OU ÁREA DE LUCRO Corresponde a uma ou mais áreas da mesma cultura ou lote de animais. Por exemplo, numa área com 4.000 há de milho, podemos separar dois ou mais centro de custos produtivos. Esta separação dá-se em função da época de plantio, a variedade ou simplesmente a área geográfica. Para as culturas perenes, estruturam-se os centros de custos produtivos, através do ano de plantio, podendo ser agrupados vários anos do mesmo plantio. São os centros de custos de apoio à produção, nos quais serão acumulados os valores do respectivo centro de custos, receberão valores de outros centros que lhe prestaram serviços que posteriormente são distribuídos aos centros de custos produtivos correspondentes, por exemplo: oficina mecânica, refeitório, transporte de pessoal e outros. São destinados a receber valores referentes a gastos de administração, comercial, contabilidade, recursos humanos e outros setores cujos valores possuem característica própria de despesas. È o centro que agrega todos os valores de despesas, custos, receitas e investimentos efetuados neste segmento de empresa, por exemplo, agrícola, pecuária ou considerar cada fazenda produtiva como um centro de investimentos. 17 Quadro 03: As características dos centros de custos no agronegócio. Fonte: MARION, José Carlos. Contabilidade e controladoria em agribusiness, 1996. 2.2.4 A importância da contabilidade gerencial Entre os métodos de custo existentes, por absorção, custeio direto, custeio padrão e outras variações, Marion (1996, p.142) dispõe que “as empresas agropecuárias podem optar por um sistema de custeio que atenda simultaneamente a vários propósitos, principalmente aos gerenciais ou de gestão da empresa”. A eficácia dos controles de custos para a gestão econômica da empresa envolve o estabelecimento dos padrões de eficiência e consequentemente os padrões de custos das atividades, para possibilitar a formulação de orçamentos de atividades como planejamento e controle. (MARION, 1996) Ainda segundo Marion, A concepção de custos para a formação de preços já não contempla a adequada visão para a gestão das empresas, sendo necessário nova postura com relação aos custos, tendo em vista que na ponta da cadeia produtiva e de criação de valor está o consumidor, muito mais esclarecido e exigente, impondo o preço pelo qual deseja consumir as utilidades. Isso deve orientar os gestores dos negócios na busca de adequações dos produtos e seus correspondentes custos, a fim de alcançar a excelência empresarial e qualidade total. (MARION, 1996, p.142) Segundo Marion (1996) entende-se por qualidade total “o estabelecimento de condições de melhoria contínua (benchmarking) na produção e na agregação de valor, mantendo as atividades que adicionam valor e eliminando aquelas que não agregam valor”. 2.3 A Importância do Fluxo de Caixa para as empresas O capital de uma empresa é constituído de seus ativos circulantes que dentro de um ciclo de operações giram até transforma-se em dinheiro. Chiavenato descreve que, 18 Esse ciclo de operações varia de empresa para empresa, conforme a natureza de suas operações, e constitui o tempo necessário para que uma aplicação de dinheiro em insumos circule inteiramente, desde a compra de matérias primas e o pagamento do pessoal até o recebimento pela venda do produto/serviço ao cliente. Esse ciclo é denominado ciclo de operações ou simplesmente ciclo de caixa. (CHIAVENATO, 2005, p.56) Para Chiavenato (2005, p.56), “cada empresa tem o seu ciclo de caixa, que pode variar muito com as oscilações de mercado e com a própria natureza do negócio”. Para ter êxito na administração e evitar surpresas desagradáveis, o caixa precisa ser planejado de acordo com o ciclo de caixa. Este planejamento ou orçamento de caixa deve indicar o fluxo das entradas e saídas de recursos financeiros do caixa. (CHIAVENATO, 2005) Chiavenato (2005, p.57), dispõe que “o fluxo de caixa é o movimento de entradas e saídas de recursos financeiros do caixa, isto é, das origens e aplicações de caixa. As origens de caixa são fatores que aumentam o caixa, enquanto as aplicações de caixa são itens que o reduzem”. Ainda segundo Chiavenato (2005, p.62), “um orçamento de caixa tem por objetivo operar de maneira que seja necessário o mínimo de dinheiro em caixa”. A administração do caixa requer alguns princípios conforme lembra Chiavenato (2005): aumentar os prazos para pagamento de duplicatas sem prejudicar o crédito da empresa, aproveitar os descontos financeiros nos pagamentos, possibilitar um maior giro de estoque sem comprometer a produção e as vendas e diminuir os prazos de recebimento sem perder vendas, podendo para isso utilizar descontos financeiros. O fluxo de caixa representa o comportamento da empresa quanto aos recebimentos e aos pagamentos de suas operações. 2.3.1 O papel do Fluxo de Caixa no agronegócio Para um controle financeiro eficiente, alguns relatórios como contas a pagar e a receber são extremamente necessários para tomar decisões principalmente em relação aos gastos que se pretende realizar. 19 Segundo Lopes, dispõe que, O objetivo primordial dos controles financeiros é a obtenção de dados mínimos necessários para a gestão de uma empresa rural, possibilitando com isto determinar possíveis faltas de dinheiro (déficit) para cobrir obrigações futuras ou sobras de dinheiro (superávit) para que sejam realizados investimentos presentes e futuros. (LOPES, 2009, p.1) Como avaliação de gestão da empresa de atividade rural as principais razões para utilizar o fluxo de caixa como disposto por Lopes (2009) é (1) conhecer previamente os principais recebimentos e pagamentos a serem realizados no período, (2) verificar se os recebimentos serão suficientes para cumprir com todos os gastos do período, (3) avaliar as possibilidades de investimentos como criar compromissos com fornecedores em função dos prazos de pagamento e de recebimentos e (4) avaliar quando se devem realizar as vendas para melhorar as disponibilidades de caixa do negócio. 2.3.2 Comparação do fluxo de caixa e o fluxo econômico no agronegócio De acordo com Marion (1993, p.2), “a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) ajuda, entre outras utilidades, a avaliar o potencial da empresa em gerar fluxos futuros de caixa, a honrar seus compromissos, pagar dividendos e identificar sua necessidade de recursos financeiros externos”. Para Marion, A Demonstração do Fluxo de Caixa evidencia melhor as razões das diferenças entre o lucro líquido e as entradas (recebimentos) e saídas (pagamentos), bem como os efeitos na posição financeira da empresa resultante das transações financeiras e não financeiras (operações que não afetam o caixa) durante um período. (MARION, 1993, p.2) Normalmente as instituições que concedem crédito rural avaliam o passado e querem projetar o desempenho futuro da empresa para tomar a decisão mais adequada na estipulação e concessão do crédito. Segundo Marion, 20 Os emprestadores de recursos analisam a viabilidade de um retorno de pagamento (ou seja, a capacidade de pagamento do tomador do empréstimo) a curto prazo através da DFC e a lucratividade (considerando a diferença entre receita e despesa) através da Demonstração de Resultado, feito a base do regime de competência. (MARION, 1993, p.2) Tudo isso porque uma empresa pode gerar caixa sem ter lucro, concluindo-se que só o caixa não revela todos os fatos. Para Marion (1993, p.3) por outro lado, “uma empresa pode ter lucro e concomitantemente não conseguir pagar seus compromissos, sendo que só a apuração do resultado a base de competência não mede a verdadeira saúde financeira da empresa”. Assim a combinação dos dois fluxos (financeiro e econômico) permite uma melhor análise dos emprestadores do dinheiro. (MARION, 1993) A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) proporciona informações necessárias principalmente para avaliar as atividades operacionais de um negócio rural. Se a análise for um conjunto com a Demonstração do Resultado do Exercício e o Balanço Patrimonial podem ser obtidas importantes informações sobre o fluxo de caixa. (MARION, 1993, p.5) Normalmente, para uma boa análise, a DFC é dividida em três partes: operacional, investimentos e financeira. Como disposto no Quadro 04: Envolvendo a produção e venda de bens e serviços relativos a atividade operacional da empresa. No setor rural Atividade Operacional haveria necessidade de subtrair a retirada de dinheiro para a manutenção da família que corresponde a salários de trabalho e administração dos mesmos. Focalizando o fluxo de caixa para compra e venda de bens Atividade Referente a de capital (máquinas, implementos agrícolas), animais de Investimento reprodução (criação), planos de aposentadoria etc. Incluindo os financiamentos, empréstimos, capital dos Atividade Financeira proprietários, operações com leasing etc. Quadro 04: Atividades para análise da demonstração do fluxo de caixa. Fonte: MARION, José Carlos. O fluxo de caixa no setor rural, 1993. 2.4 Formas de captação de recursos no agronegócio No agronegócio existem varias formas de captação de recursos no mercado financeiro. Uma das maneiras utilizadas para o financiamento das atividades 21 agropecuárias é através de recursos de entidades públicas ou privadas. Dentre os recursos disponibilizados pelo Governo Federal destaca-se o FINAME (Financiamento de Máquinas e Equipamentos) e o Crédito Rural. Segundo o site do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social: O FINAME representa o financiamento, por intermédio de instituições financeiras credenciadas, para produção e aquisição de maquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional credenciados ao Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). As taxa subsidiadas pelo BNDES associadas ao longo prazo para pagamento, incluindo um período de carência auxiliam a empresa a ampliar a frota e modernizar as maquinas e equipamentos tornando-se cada vez mais competitiva no mercado. (BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO SOCIAL E ECONÔMICO, 2010). O crédito Rural também representa umas das fontes de crédito para o agronegócio. Segundo o site do Banco Central do Brasil: O crédito Rural é o suprimento de recursos financeiros para aplicação exclusiva nas atividades agropecuárias. Dentre seus objetivos destaca-se estimular os investimentos rurais efetuados por produtores e cooperativas, favorecer o oportuno e adequado custeio da produção e a comercialização de produtos agropecuários, além de fortalecer o setor rural. O credito Rural é obtido por meio de agentes financeiros credenciados ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico. As taxas de juros variam entorno de 6,75% a.a. (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2010) 2.5 A importância do capital de giro para as empresas Na área financeira, é certo que se deve dar enfoque à busca permanente da eficiência na gestão de recursos, maximizando a rentabilidade e minimizando os custos. Portanto, o gerenciamento do capital de giro (CDG) é um componente fundamental para a saúde dos negócios e, também, essencial ao crescimento e à continuidade das operações. (PAULO; MOREIRA, 2003) Para Chiavenato (2005, p.54) “a administração do capital de giro tem por objetivo gerenciar cada um dos ativos circulantes e passivos circulantes da empresa para garantir um nível aceitável de capital circulante líquido”. Segundo Paulo e Moreira, O capital de giro ou circulante é constituído pelo ativo circulante, principalmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques. Ele 22 demonstra os recursos necessários da empresa para financiamento de suas atividades operacionais, desde as aquisições de insumos básicos, até o recebimento pela venda da produção acabada. (PAULO; MOREIRA, 2003, p.6) Conforme disposto por Chiavenato (2005, p.54) “uma empresa precisa manter um nível satisfatório de capital de giro, uma vez que os ativos circulantes devem ser suficientemente consideráveis de modo a cobrir seus passivos circulantes, garantindo, assim, uma relativa margem de segurança”. Existem ainda alguns conceitos importantes para a administração do capital de giro, como a necessidade de capital de giro (NCG) e o saldo de tesouraria (T). Segundo Matarazzo (2003, p.337), “a necessidade de capital de giro é não só um conceito fundamental para a análise da empresa do ponto de vista financeiro, ou seja, análise de caixa, mas também de estratégias de financiamento, crescimento e lucratividade”. O conceito de Necessidade de Capital de Giro decorre da necessidade de caixa, no momento em que, no ciclo financeiro, as saídas ocorrem antes das entradas. Se o saldo for positivo significa que a empresa precisa de capital de giro e deve encontrar fontes adequadas de financiamento, já quando o saldo for negativo ela possui recursos excedentes, que podem ser utilizados para aplicação no mercado financeiro. (MATARAZZO, 2003) Ainda segundo Matarazzo (2003), o saldo de tesouraria é a variável que melhor expressa a situação financeira de curto prazo das empresas. O saldo positivo indica uma situação financeira folgada, o saldo negativo indica a utilização de recursos de terceiros para financiar as atividades operacionais da empresa. A administração financeira pode reunir formas que permitam o exercício de procedimentos gerenciais com alto grau de eficiência e eficácia. Paulo e Moreira destacam que, O processo de planejamento financeiro consiste numa das grandes fontes de contribuição para o sucesso organizacional, visto que muitas vezes o capital de giro, através da análise da liquidez, proporciona respostas para o administrador com relação a decisões fundamentais como, por exemplo, o aproveitamento de oportunidades de investimento, o nível de endividamento a assumir e o montante de lucros a distribuir aos acionistas sob a forma de dividendos. (PAULO; MOREIRA, 2003, p.2) 23 2.6 Enquadramentos Fiscais no agronegócio 2.6.1 Tipos de enquadramentos fiscais A pessoa jurídica que explora atividade de venda de bens e serviços no campo do agronegócio poderá definir o enquadramento fiscal que sua empresa pode optar através da apuração da Receita Bruta. (MARION, 2010) Neste caso, segundo Marion (2010, p.198) “uma Receita Bruta igual ou inferior a R$ 120.000,00, poderá ser considerada Microempresa; e Receita Bruta superior a R$ 120.000,00 e igual ou inferior a R$ 720.000,00, poderá ser considerada Empresa de Pequeno Porte”. Ainda segundo Marion (2010, p.198) ressalta que de acordo com as condições citadas acima “a pessoa jurídica poderá optar pelo Sistema Integrado de Impostos e Contribuições das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples)”. 2.6.2 Forma jurídica de exploração na agropecuária Na atividade rural encontram-se duas formas jurídicas possíveis de exploração, com bastante frequência: pessoa física e pessoa jurídica. Segundo Marion (2010, p.7) a “pessoa física é a pessoa natural, é todo ser humano, é todo indivíduo (sem nenhuma exceção). A existência da pessoa física termina com a morte”. Ainda conforme disposto por Marion: Pessoa jurídica é a união de indivíduos que, por meio de um trato reconhecido por lei, formam uma nova pessoa, com personalidade distinta da de seus membros. As pessoas jurídicas podem ter fins lucrativos (empresas industriais, comerciais etc.) ou não (cooperativas, associações culturais, religiosas etc.). Normalmente, as pessoas jurídicas denominam-se empresas. (MARION, 2010, p.7) 24 No Brasil, prevalece a exploração na forma de pessoa física, por ser menos onerosa que a de pessoa jurídica, além de proporcionar vantagens fiscais, principalmente em relação a pequenas atividades. Marion (2010) destaca que, segundo o regulamento do imposto de renda, as pessoas físicas tidas como pequeno e médio produtor rural não precisam para fins de Imposto de Renda, fazer escrituração regular em livros contábeis e podem utilizar apenas um livro caixa e efetuar uma escrituração simplificada. Segundo Marion (2010, p.7) “a pessoa física tida como grande produtor rural será equiparada a pessoa jurídica para fins contábeis, devendo fazer a escrituração regular por intermédio de profissional contábil qualificado.” 2.6.3 Tributação no agronegócio A pessoa jurídica que exerce atividade agropecuária se sujeita igualmente aos tributos (impostos e contribuições) de competência federal e estadual. Os impostos cuja pessoa jurídica sujeita de competência federal, são o imposto de Renda da Pessoa Jurídica, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSL), a Contribuição para os programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor Publico (PASEP) e a contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR). (ANCELES, 2002). Além dos tributos citados acima, inclui também o imposto de competência estadual, o Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS). (ANCELES, 2002). 25 2.6.4 Imposto de Renda no Agronegócio 2.6.4.1 Pessoa Jurídica e o Imposto de Renda De acordo com o Regulamento do Imposto de Renda 1999, artigo 406, “a pessoa jurídica que tenha por objeto a exploração da atividade rural pagará imposto de renda e adicional de conformidade com as normas aplicáveis às demais pessoas jurídicas”. O autor Marion (2010, p.199) diz que “a pessoa jurídica pode determinar o imposto de renda com base no lucro real, presumido ou arbitrado, por períodos de apuração trimestrais, encerrados nos dias 31 de março, 30 de junho, 30 de setembro e 31 de dezembro de cada ano-calendário”. Neste sentido, para efeito de cálculo do imposto de renda se a pessoa jurídica optar pelo regime de tributação lucro real, a alíquota aplicada será de 15% sobre o lucro real anual, se caso exceder o limite de R$ 240.000,00 terá um adicional de 10% sobre o valor que exceder. (MARION, 2010) A pessoa jurídica que optar pelo regime de tributação lucro presumido aplicará uma alíquota de acordo com a atividade que a pessoa jurídica pratica sobre o valor bruto e assim, sobre essa base aplica-se a alíquota de 15%, sendo que, se exceder o valor de 60.000,00 ao trimestre terá que aplicar 10%. (MARION, 2010). Ainda segundo Marion (2010, p.199) “para efeito de determinação do saldo do imposto a pagar ou a se compensado, a pessoa jurídica poderá deduzir do imposto de renda devido o recolhido por estimativa”. No entanto, Anceles (2002, p.170) afirma que “somente poderão optar pelo recolhimento mensal do imposto de renda e adicional, calculado com base nas regras de estimativa, as pessoas jurídicas sujeitas ao regime de tributação com base no lucro real”. A escrituração dos livros fiscais e comerciais é de extrema importância, ainda segundo Anceles (2002, p.213) dispõe que “a pessoa jurídica rural é obrigada a seguir ordem uniforme de escrituração, mecanizada ou não, utilizando os livros e papéis adequados, cujo número e espécie ficam a seu critério”. 26 Os livros comerciais e fiscais obrigatórios segundo o Regulamento do Imposto de Renda são o livro diário, o razão, o de registro de inventário, o registro de compras e vendas, registro de permanente de estoque, registro de movimentação de combustíveis e o do livro de apuração do lucro real (LALUR). Contudo, o Regulamento do Imposto de Renda lembra que o LALUR que possui toda a demonstração do lucro real deve transcrever os lucros, prejuízos, depreciações, exaustões tendo base à receita bruta, quanto às deduções deve manter controle destes valores que ficaram excedentes para assim serem compensados no próximo exercício. 2.6.4.2 Pessoa Física e o Imposto de Renda De acordo com Marion (2010, p.209), as pessoas físicas que exploram atividades rurais são: Agricultura, pecuária, extração e exploração vegetal e animal, exploração de apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outros cultivos de animais, transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas a composição e as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando exclusivamente matérias-primas produzidas na área rural explorada, tais como a pasteurização e o acondicionamento do leite, assim como o mel e o suco de laranja, acondicionados em embalagem de apresentação, o cultivo de florestas que se destinem ao corte para comercialização, consumo ou industrialização, a venda de sêmen de reprodutor e produção de embriões em geral, alevinos e girinos em propriedade rural, independentemente de sua destinação. (MARION, 2010, p.209) Segundo Anceles (2002, p.65), “o resultado da exploração da atividade rural será apurado mediante escrituração do livro Caixa, que deverá abranger as receitas, as despesas de custeio, os investimentos e demais valores que integram atividade”. Ainda de acordo com Anceles (2002, p.67), “deve comprovar as informações contidas no livro Caixa através de documentação idônea que identifique o adquirente ou beneficiário, o valor e a data da operação, a qual será mantida em seu poder à disposição da fiscalização, enquanto não ocorrer a decadência ou prescrição”. 27 Segundo o Regulamento do Imposto de Renda, 1999, artigo 60, § 3º, “Aos contribuintes que tenham auferido receitas anuais até o valor de cinquenta e seis mil faculta-se apurar o resultado da exploração da atividade rural, mediante prova documental, dispensado o Livro Caixa”. De acordo com Marion (2010, p.210), “a receita bruta da atividade rural é constituída pelo montante das vendas dos produtos oriundos das atividades definidas como rural, exploradas pelo próprio produtor-vendedor”. Neste sentindo, Marion (2010, p.210) dispõe que “a receita bruta deverá ser comprovada por documentos usualmente utilizados, tais como nota fiscal de produtor, nota fiscal de entrada, nota promissória rural vinculada á nota fiscal do produtor e demais documentos reconhecidos pelas legislações estaduais”. A pessoa física também poderá optar pelo regime de tributação simplificada e parceria para apurar seu resultado, que neste caso é muito simples, aplica-se uma alíquota de 20% sobre a receita bruta. Sendo que nesta opção não dará direito de compensar os prejuízos. (MARION, 2010). 2.7 Relação do trabalho no agronegócio O agronegócio no nosso país é de extrema importância por ser amplo as suas cadeias produtivas e as atividades nelas envolvidas. O agronegócio movimenta a economia do país e o setor é responsável por sua capacidade de geração de empregos. Segundo o IBGE, a agropecuária é responsável direta pelo emprego de 17,4 milhões de pessoas, o que corresponde a 24,2% da População Economicamente Ativa (PEA). (GASQUES et al, 2004) Para tal informação é preciso conhecer os aspectos legais que abrange a relação de trabalho entre o empregado e o empregador. 28 2.7.1 Os aspectos legais do trabalhador e empregador rural 2.7.1.1 O Empregador rural e o seu poder de direção De acordo com o artigo 3° da Lei n° 5.889/73, o empregador rural é qualquer pessoa física ou jurídica que seja proprietária ou não e que explore atividade agroeconômica em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por meio de uma pessoa encarregada e com ajuda de empregados. O empregador rural poder ser igualado com uma pessoa física ou jurídica quando realizar um serviço de caráter agrário mediante o uso do trabalho de um terceiro de forma habitual. Assim ficou definido nos artigos 2° e 3° da referida Lei. O poder de direção é encontrado no artigo 2° da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), onde consta que cabe ao empregador definir as atividades exercidas pelo empregado; controlando, organizando e disciplinado o trabalho de acordo com os fins do empreendimento. (MARTINS, 2006) 2.7.1.2 O Trabalhador rural e seus direitos Para uma pessoa física ser considerado um trabalhador rural ela deverá prestar serviços que explore atividade agroeconômica, em propriedade rural ou prédio rústico, em caráter habitual ao empregador rural mediante subordinação e remuneração. (MARTINS, 2006) O Decreto lei n° 5.452, de 01/05/43 lembra que o trabalhador rural foi igualado ao trabalhador urbano pela Constituição Federal, tendo os mesmos direitos, salvo algumas regras diferenciadas. O direito trabalhista do trabalhador rural está previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Outro direito do empregado rural é a escola primaria para os seus filhos onde o artigo 16° da Lei n° 5.889/73 define de forma bem clara que se o empregador rural que tiver na sua propriedade mais de cinquenta empregados com família é obrigado 29 a possuir e manter a escola primária gratuita em funcionamento para seus filhos, contendo em cada sala de aula grupos de quarenta crianças em idade escolar. 2.7.1.2.1 Jornada de Trabalho e Descanso Semanal Remunerado O artigo 5° da Lei n° 5.889/73 informa que a jornada de trabalho do empregado rural será de 44 horas semanais e 220 horas mensais, com direito há 11 horas consecutivas de descanso entre duas jornadas de trabalho, lembrando que todo trabalho superior a 6 horas diária deverá ser concedido um intervalo de repouso ou alimentação, não se computando este intervalo na duração do trabalho. As normas referentes à jornada de trabalho aplicam-se aos avulsos e a outros trabalhadores rurais, que sem vínculo empregatício prestam serviços a empregadores rurais. A Constituição de 1988 prevê que qualquer empregado deverá ter um descanso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos e feriados (art.7, XV). A lei que trata do repouso semanal remunerado é a n° 605/49, esse período será de 24 horas consecutivas. O trabalhador tem o direito de gozar desse descanso para se recompor e ter tempo para se relacionar com outras pessoas fora do seu ambiente de trabalho. (MARTINS, 2006) 2.7.1.2.2 Trabalho Noturno No artigo 7° da Lei n° 5.889/73 é considerado o trabalhador noturno quando tiver uma jornada de trabalho a partir de vinte e uma horas de um dia e às cinco horas do dia seguinte, quando tiver exercendo atividade especificamente na lavoura; quando for exercida a atividade na pecuária será a partir de vinte e uma horas de um dia e às quatro horas do dia seguinte. A hora do trabalhado rural é computada com 60 minutos e acrescida de 25% sobre a hora diurna. 30 2.7.1.2.3 Remuneração e descontos O artigo 11° da Lei n° 5.889/73 lembra que o trabalhador rural maior de dezesseis anos é assegurado por lei no mínimo um salário mínimo, devendo sempre observar o piso salarial da categoria que pertence o empregado, lembrando que o trabalhador rural foi igualado ao trabalhador urbano pela Constituição Federal. Em relação aos descontos o artigo 9° da Lei n° 5.889/73 poderá ser descontado do salário do trabalhado rural, salvo as hipóteses de autorização legal ou decisão judicial, até o limite de 20% do salário mínimo regional, pela ocupação da moradia é até 25% do salário mínimo regional pelo fornecimento da alimentação e adiantamento de dinheiro; lembrando que a moradia deverá atender aos requisitos de salubridade e higiene estabelecida em normas expedidas pela Delegacia Regional do Trabalho, sendo o desconto proporcional ao número de empregados que ocupam a mesma morada, sendo vetada a moradia coletiva de famílias. 31 3 METODOLOGIA A partir da coleta de dados retirados de livros, artigos científicos, e sites relacionados à temática do trabalho, desenvolveu-se o tema proposto para discussão. Para a realização da análise de dados foram extraídas informações da empresa JBS S.A. 32 4 ANÁLISE DE DADOS A fim de demonstrar na prática os aspectos teóricos desenvolvidos neste trabalho, foi realizada a análise dos dados financeiros, legais e tributários da empresa que atua no ramo do agronegócio denominada JBS S.A. Parte dos dados citados nesta análise foram retiradas do site da empresa. Segundo histórico a JBS é a maior multinacional brasileira na área de alimentos, dedicando-se a produzir carne bovina in natura e resfriada, carne bovina industrializada, carne suína in natura e resfriada, além de subprodutos bovinos e suínos. O sucesso da JBS no mercado competitivo se dá pelo seu projeto empreendedor caracterizado como a primeira companhia a se consolidar no setor de frigoríficos no Brasil, a sua visão estratégica é voltada para a política de extensão com a aquisição da Swift Argentina e pela abertura de capital em 2007 passando a ser a primeira empresa no setor frigorífico a negociar suas ações na bolsa de valores. A JBS apresenta uma gestão voltada para a busca da modernização e geração de produtos de alta qualidade, além de estimular as relações entre funcionários, parceiros e clientes. A vantagem competitiva da JBS está relacionada com os baixos custos de produção, liderança de mercado e reconhecimento da marca, instalações modernas e estrategicamente localizadas e administração experiente e especializada no setor. Os baixos custos de produção são resultantes da produção em escala, eficiência logística e da estrutura eficiente e atualizada constantemente. A liderança de mercado se dá pelo reconhecimento dos produtos e de sua qualidade, por ser a maior multinacional brasileira de alimentos e pela sua liderança nas vendas de carne bovina no mercado brasileiro e australiano. A administração experiente e especializada possibilita o investimento em uma variedade de produtos de carne bovina in natura e industrializada, a melhoria na utilização da carcaça do boi, melhorando a rentabilidade da companhia, base diversificada de clientes o que diminui os riscos por concentração de vendas e aumenta o potencial de crescimento da companhia. 33 Em relação à minimização dos custos com a logística a JBS utiliza de operações próprias de transporte de bovinos para o abate e de produtos que serão destinados a exportação. A estratégia da empresa está em torno de quatro princípios crescer, liderar, expandir e lucrar. No sentido de crescer, liderar e expandir a companhia busca oportunidades de investimentos e aquisições e a busca continua de crescimento no mercado internacional e domestico. No principio de lucrar a empresa busca manter uma estrutura de custos que seja referência em eficiência, melhoria dos processos produtivos e logísticos, investir em tecnologia da informação e qualificação profissional, otimizar o mix para ampliar a participação dos produtos mais rentáveis e maximizar a rentabilidade por abate, investimentos em marketing, desenvolvimento de novos produtos in natura e industrializados, além de promover a diversificação da linha de produtos, o que aumenta a rentabilidade. Em relação à minimização dos custos com a logística a JBS utiliza de operações próprias de transporte de bovinos para o abate e de produtos que serão destinados a exportação. Uma das formas de captação de recursos utilizadas pela JBS é o FINAME destinado a aquisição de ativo imobilizado, além de recursos captados junto a instituições financeiras para financiamento de capital de giro e que são aplicados no financiamento das operações de exportação. Em termos fiscais a empresa apura os impostos com base no lucro real, utilizando-se da alíquota vigente para IRPJ de 15% e de Contribuição Social de 9% . O PIS e o COFINS são apurados pelo regime não cumulativo com as respectivas alíquotas 1,65% e 7,6% . Conforme descrito no balanço o saldo de ICMS, PIS e COFINS a recuperar são obtidos através de créditos por compra de matérias primas, de materiais de embalagem e de materiais secundários utilizados nos produtos vendidos no mercado externo. O IRRF (imposto de renda retido na fonte) é originado sobre aplicação financeira e sua compensação é realizada em relação ao imposto de renda devido sobre o lucro. No que se refere aos aspectos legais trabalhistas a empresa cumpre de acordo com a legislação todos os direitos reservados ao empregado como contratos de trabalho formais, o recolhimento de encargos sociais como FGTS, INSS. Além disso, a empresa oferece benefícios para os seus funcionários e participação nos lucros da empresa. A JBS investe na capacitação dos seus funcionários através do 34 programa Gente Nossa que permite a formação de novos jovens talentos, ele tem duração de seis meses oferecendo oportunidades aos candidatos de conhecer o trabalho das áreas produtivas, além de prepará-los para desempenhar futuros cargos de liderança na organização. A JBS apresenta suas demonstrações de acordo com as praticas contábeis adotadas no Brasil, que abrange a legislação societária brasileira, os pronunciamentos contábeis e Comissão de valores mobiliários. Em função das mudanças ocorridas na legislação em 2008 verifica-se que a JBS introduziu as suas demonstrações de resultado e de fluxo de caixa de acordo com a Lei 11.638. As principais práticas contábeis da JBS em relação à apuração do seu resultado está em conformidade com o regime contábil de competência. Quanto aos seus instrumentos financeiros o ativo ou passivo é registrado pelo seu valor justo e seus custos de transação são diretamente lançados no resultado do exercício. Já os estoques são registrados ao custo médio de aquisição e seu custo é reconhecido no resultado quando são vendidos. O imobilizado é demonstrado através do custo histórico de aquisição e sua depreciação é calculado pelo método linear de acordo com a vida útil do bem. A partir da análise financeira do Balanço Patrimonial comparativo apresentado no Quadro 05 da empresa JBS observou-se as seguintes variáveis conforme descrita no Quadro 06 abaixo: VARIÁVEIS EMPRESARIAIS DINÂMICAS CAPITAL DE GIRO - CDG NECESSIDADE CAPITAL DE GIRO -NCG TESOURARIA - T RESULTADO 1º TRIMESTRE/2009 R$ 271.463,00 RESULTADO 2º TRIMESTRE/2009 R$ 846.992,00 R$ 1.024.849,00 R$ 830.926,00 R$ -753.386,00 R$ 16.066,00 Quadro 05: Variáveis empresariais dinâmicas da empresa JBS S.A Fonte: Elaborado pelas autoras Observa-se que a empresa apresentou no 1° trimestre do ano de 2009 um saldo de capital de giro de R$ 271.463,00; uma necessidade de capital de giro de R$ 1.024.849,00; e o saldo de tesouraria de R$ -753.386,00; e no 2° trimestre do ano de 2009 um saldo de capital de giro de R$ 846.992,00; uma necessidade de capital de giro de R$ 830.926,00 e o saldo de tesouraria de R$ 16.066,00. 35 Observando estes dados podemos afirma que no 1° trimestre seu saldo de tesouraria foi negativo fazendo com que a necessidade de capital de giro seja maior que o capital de giro, assim obrigando a empresa a financiar parte de sua necessidade de capital com créditos a curto prazo. Já no 2° trimestre o saldo de tesouraria é positivo revelando que a estrutura da empresa se tornou sólida, que lhe permite enfrentar os aumentos temporários da necessidade de capital de giro, podendo aplicar em títulos de liquidez imediata aumentando assim sua margem de segurança financeira, pois dispõe de fundos de curto prazo. ATIVO CIRCULANTE Caixa e equivalentes de caixa Contas a receber clientes Estoques Impostos a recuperar Despesas antecipadas Outros ativos circulantes NÃO CIRCULANTE Realizável a Longo Prazo Créditos com empresas ligadas Depósitos, cauções e outros Imposto de renda e contribuição social diferidos Impostos a recuperar Permanente Investimentos em controladas Outros investimentos Imobilizado Intangível BALANÇO PATRIMONIAL JBS - CONTROLADORA 30.06.09 31.03.09 30.06.09 31.03.09 PASSIVO 3.206.735 2.798.571 CIRCULANTE 2.359.743 2.527.108 1.916.361 513.786 285.585 434.201 3.213 53.589 7.887.973 155.833 0 17.284 1.326.913 Fornecedores Empréstimos 520.692 Financiamentos Obrigações fiscais, 396.727 trabalhistas e sociais 458.254 Dividendos declarados Outros passivos 3.023 circulantes 92.962 NÃO CIRCULANTE Empréstimos e 8.425.207 financiamentos Imposto de renda e contribuição social 241.785 diferidos Provisão para 161.433 contingências Débito com empresas 16.930 ligadas 260.591 242.318 1.900.295 2.080.299 102.441 0 69.780 12.321 96.416 122.390 3.565.365 2.931.762 2.327.507 2.570.489 86.145 74.825 49.891 48.333 874.607 0.00 178.090 200.089 109.257 7.732.140 Débito com terceiros 24.275 para investimentos Outros passivos não 39.147 circulantes 8.183.422 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 49.125 5.169.600 38.026 5.764.908 4.798.622 10 2.021.209 912.299 5.372.969 10 1.866.269 944.174 4.495.581 777.844 115.340 18.696 4.495.581 777.844 116.695 18.696 (619) (676) 29.292 Capital social Reserva de capital Reserva de reavaliação Reservas de lucros Ajustes de avaliação Diferido 0.00 0.00 patrimonial Ajustes acumulados de conversão Prejuízos acumulados 11.094.708 11.223.778 TOTAL PASSIVO TOTAL ATIVO Quadro 06: Balanço Patrimonial comparativo da empresa JBS S.A. (90.139) 677.969 (147.103) (321.201) 11.094.708 11.223.778 36 Fonte: Site da Empresa JBS S.A A partir da análise do fluxo de caixa indireto apresentado no Quadro 07 da empresa JBS observou-se que no ano de 2009 a empresa apresentou uma redução no caixa e equivalentes de caixa em relação ao ano de 2008 de 9,98% . A redução das disponibilidades pode ser justificada por um aumento no caixa liquido gerado nas atividades operacionais e por outro lado ocorreu uma redução nas atividades de financiamento e atividades de investimentos. As alterações mais significativas ocorreram nas atividades de financiamento que foram o aumento do valor amortizado dos empréstimos, redução na captação de empréstimos financiamentos e no período não ocorreu aumento de capital e ágio de subscrição. e 37 Quadro 07: Demonstração do fluxo de caixa da empresa JBS S.A. Fonte: Site da Empresa JBS S.A 38 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em suma pode-se concluir que a contabilidade rural como ferramenta de gestão permite gerar informações que podem orientar as tomadas de decisão além de facilitar o controle e o planejamento do negócio. A fim de vencer a competitividade apresentada no mercado de agronegócio as empresas podem utilizar de recursos financeiros, fiscais e tributários como estratégia e assim formularem produtos ou serviços de qualidade, com preços acessivos e sem comprometer a rentabilidade do negócio. Para tal é necessário conhecer quais são os custos inerentes ao negócio, maneiras de reduzir estes gastos sem prejudicar o produto final, formas de captar recursos no mercado financeiro com taxas atrativas e com custo menor, conhecer as formas de tributação e assim escolher aquela que melhor se adapta ao perfil da empresa. Sendo um dos maiores desafios para a promoção da competitividade, a elevada carga tributária é um fator que merece devida atenção por sua enorme complexidade dos procedimentos administrativos. Outro fato importante são as questões trabalhistas, buscando melhorar as relações entre empregado e empregador, pois poderá ocasionar processos trabalhistas prejudicando as disponibilidades das empresas. Para tanto é preciso que as empresas estejam preparadas para adoção de modelos administrativos e da definição de estratégias de gestão com interface dos termos legais, tributários e financeiros. Também a necessidade de profissionais qualificados e de instrumentos para fornecer informações precisas para as tomadas de decisão. 39 REFERÊNCIAS ANCELES, Pedro Einstein dos Santos. Manual de tributos da atividade rural. 2 ed. rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2002. 641p. BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br/pre/bc_atende/port/rural.asp>. Acesso em: 24 Out. 2010. 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