Dilza Maria Alves Rodrigues: Escola que Transforma tem Foco na Leitura Justificativa Escola que transforma, tem foco na leitura. É consequência do estudo e análise da avaliação diagnóstica realizada em 2012, em que identificamos alguns indicadores preocupantes em relação à prática educativa, dentre elas, a de nos depararmos com uma escola desmotivada em ensinar e aprender por meio da leitura no espaço da sala de aula, pois apesar de pequena, conta com um espaço de leitura e um acervo importante de 320 livros literários, mas não utilizados como fonte de conhecimento e aprendizado. O livro-texto não era usado e explorado adequadamente como instrumento de leitura ativa, compreensiva, de forma compartilhada e coletiva. Esses fatores permitiram fazer alguns questionamentos como: por que há pouco espaço para a prática de leitura como processo de ensino-aprendizagem na sala de aula? Por que o material de leitura não está sendo bem aproveitados por alunos e professores? Por que não focar a leitura como objeto de conhecimento? Como enfrentar os problemas de leitura? Foram essas perguntas que orientaram a curiosidade e a investigação das causas dos problemas. Assim sendo, precisávamos ter compreensão do que estava acontecendo para então pensarmos em ações que respondessem ao desafio de fazer com que alunos (as) aprendessem a partir da leitura ativa e compreensiva. Para tanto, o processo de busca passou a ser uma constante. Pois como assinala Freire “como professor devo saber que sem a curiosidade que me move que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”(1996: p.85), esse olhar permitiu que chegássemos a algumas hipóteses: que alunos não compreendiam o que liam, por isso não demonstravam motivação em participar das aulas nas diferentes disciplinas, acarretando a não realização das atividades com envolvimento ativo em sala de aula, como por exemplo, a leitura no livrotexto sugerido ou proposto pelos professores, além daquelas indicadas para serem feitas em casa que voltavam sem serem realizadas. Outro fator considerado, as queixas dos professores (as) em relação a aprendizagem, acreditavam que o problema estava somente no aluno. No entanto, não se viam como parte da problemática, além do mais, não enxergavam os procedimentos de leitura, o comportamento leitor, por exemplo, como conteúdo curricular a ser desenvolvido por todas as disciplinas, mas uma responsabilidade exclusiva dos professores de língua portuguesa e das séries/ano iniciais. Foi preciso que juntos entendêssemos que: A alfabetização não é um luxo nem uma obrigação; é um direito. Um direito de meninos e meninas que serão homens e mulheres livres [...] cidadãos e cidadãs de um mundo onde as diferenças linguísticas e culturais sejam consideradas uma virtude e não um defeito (Ferreiro, 2009: p. 38). Quanto à participação da família, a concepção de que os pais não se preocupam com a escolaridade dos filhos, também era uma visão compartilhada pela direção. Contudo, para a família a escola somente a convidava para fazer reclamações. Para os alunos, a escola não era “legal”, porque não eram escutados, entendidos e o que estudavam não compreendiam, tampouco o que o estava escrito no livro didático. Por conta disso, não participavam como sujeitos ativos no processo e resistiam a proposta de leitura solicitada pelos professores dizendo que não sabiam. Segundo Paro: Página 1 Dilza Maria Alves Rodrigues: Escola que Transforma tem Foco na Leitura [...] grosso modo, a participação é geralmente determinada pelos seguintes elementos: 1) condicionantes econômico-sociais ou as reais condições de vida da população e a medida que tais condições proporcionam tempo, condições materiais e disposição pessoal para participar; 2) os condicionantes culturais ou a visão das pessoas sobre a viabilidade e a possibilidade da participação, movidas por uma visão de mundo e de educação escolar que lhes favoreça ou não a vontade de participar; 3) os condicionantes institucionais ou os mecanismos coletivos, formalizados ou não, presentes em seu ambiente social mais próximo, dos quais a população pode dispor para encaminhar sua ação participativa. (2000: p 273). O fato de não saberem ler com fluência e compreensão, estimulava sentimento de fracasso e incompetência nos alunos (as), ocasionando baixa estima em relação a participação na sala de aula e na escola e quase nenhuma perspectiva de futuro. Com leitura a nível decodificação dos textos, fragmentada, fato que implicou em baixo desempenho acadêmico. Tal realidade exigiu mudanças na prática educativa. Os argumentos de autodefesa sobre o processo de ensino-aprendizagem, a respeito de culpados sempre estiveram presente. Desde explicações a respeito da falta de suporte e condições adequadas de funcionamento e disponibilidade as questões pedagógicas. A família, assim como o aluno (a) parte mais fragilizada não sabia o que dizer a não ser concordar com o papel lhe concedido historicamente: O da escuta e do silêncio. Contudo, freire esclarece que, não me é possível ajudar o educando a superar a sua ignorância se não supero permanentemente a minha. (1996: p. 95). Diante dessa situação, como ter boas práticas de leitura? Ora, proporcionando e priorizado o processo e a leitura porque ler e um ato de liberdade e de conhecimento. Por isso, foi pensado o projeto tendo clareza quanto aos condicionantes históricos: infraestutura inadequada, falta de tempo para planejamento e estudo, sobrecarga de carga horária dos professores e frequentes deslocamentos para lecionar em diferentes escolas, entre outros. Então o que fazer? Fazendo o que é possível diria Vasconcellos (2010). Nesse sentido, utilizar o recurso mais precioso, o aluno e a aluna como sujeito da aprendizagem com a convicção de somos mediadores e que mudar o que está posto, pois dependem de nossos procedimentos, envolvimento e responsabilidade com o presente e o futuro. Portanto, a leitura foi o caminho trilhado para transformar nossa escola em escola que lê de verdade. Ela é fundamental para a compreensão do mundo traduzido em palavras e a participação social e ao direito a cidadania. Priorizar a leitura é reconhecer que é necessário garantir o direito a participação do ser humano na cultura escrita, uma exigência que a cada dia fica mais evidente. Assim, é preciso superar a leitura sem entendimento porque trás prejuízos a participação democrática, a aprendizagem e as práticas sociais. Objetivo geral: Desenvolver práticas de leitura capazes de despertar o aluno e a aluna em sujeitos pensantes, sensíveis e atuantes. Os específicos Direção: oportunizar condições e vivências em práticas de leitura; Coordenação: acompanhar os professores durante o processo, orientando-os sobre práticas de leitura. Professores: Desenvolver comportamento e procedimento de leitura de forma ativa; Alunos: Ler e compreender com progressiva autonomia e Pais ou responsáveis: participar do acompanhamento da aprendizagem de leitura do/a filho/a. Metodologia I Etapa - Avaliação diagnóstica: Página 2 Dilza Maria Alves Rodrigues: Escola que Transforma tem Foco na Leitura Conhecer a realidade e os sujeitos que dão sentido a existência da escola foi uma etapa extremamente importante para conhecer as causas do problema que a escola apresenta em relação à leitura, identificando as potencialidades que podem ser exploradas para então definir o caminho a ser trilhado por todos, tendo como prioridade a leitura compreensiva, para isso foi realizado um esforço coletivo e colaborativo para identificar as práticas de leitura realizada na escola, situação didática de leitura e tipo de leitura que os alunos praticavam nas diferentes disciplinas em sala de aula e ouvir as queixas dos pais, alunos, professores e direção e por fim elaborar o projeto dentro das reais necessidades da escola. II etapa-Seleção dos Conteúdos: Comportamento leitor e procedimento de leitura, controle de empréstimo de livros e coordenação da formação, orientação e acompanhamento dos envolvidos. III Etapa - Levantamento e conhecimento do acervo: A identificação de quais os livros que a escola dispunha e quais os temas e assuntos abordados foram essenciais à organização do acervo na Sala de leitura e sistematização do empréstimo de livros pelos alunos, professores e demais funcionários. Uma ação assumida por todos e pela coordenação e direção para que pudesse sugerir leituras significativas aos e dentro das necessidades e interesses dos alunos, que os motivassem a lê, foi realizada também a sugestão e orientação sobre a escolha dos livros. Assim, conhecer as obras, os gêneros dos livros foram fundamentais para inserir, o aluno, no contexto da leitura, instigá-los a querer saber mais sobre a história (livro), a estratégia de “dá só um pouquinho e o suficiente” foi muito importante para deixá-los curiosos. As sugestões feitas levou em consideração o conhecimento prévio dos alunos, a realidade onde ele esta inserido, aproximando e valorizando os que estivessem relacionados com o campo e com cada disciplina, mas sem imposição, o gosto e o e interesse de cada sujeito. IV Etapa - Reorganização da rotina da escola: o tempo: A escola não tinha uma rotina voltada para a leitura literária, compreensiva, pois não tínhamos um tempo dedicado ao desenvolvimento de estratégias de leitura em sala de aula. O tempo nas aulas era dedicado a explanação do conteúdo, sem a exploração da leitura como objeto da aprendizagem. O tempo era um inimigo do professor (a) que tinha interiorizado um conteúdo programático a ser seguido a qualquer custo. Mas como mudar essa situaçãoproblema? Usamos o tempo a nosso favor em vez de desperdiçá-los com procedimentos metodológicos com o foco centrado na fala do professor, que não davam resultados satisfatórios. A nova rotina consistiu em utilizar o tempo para a leitura ativa e compreensiva. V Etapa - Ambiente propício à leitura: A aparência da escola é um reflexo da nossa prática pedagógica. Pois ninguém deseja ficar em um espaço que não seja visualmente convidativo, no caso da leitura principalmente, uma vez que para que gostemos de algo é preciso: apreciar, provar, sentir, experimentar. Portanto, foi isso que proporcionamos aos alunos saborear a leitura e os livros deram vida à escola. Todo espaço foi aproveitado e organizado para expor o acervo existente. Eram materias de leitura “pindurados” nas grades de forma que eles ficassem visíveis permitindo o contato direto com os alunos em forma de exposição que foi disposta por gêneros diversificados: uma parte somente histórias em quadrinhos, outra para poesias, para ilustrações, para cartazes. Já nas mesas os gêneros ficam misturados, mas numa certa ordem revistas, clássicos, jornais, manual de instrução, dentre outros apresentados abertos enfatizando partes dos textos ou fragmento, uma poesia ou imagens, uma notícia, um conto, uma crônica, uma fábula entre outros. VI Etapa - Mantendo a motivação: Depois de termos plantado a sementinha do hábito da leitura, mantê-la foi um desafio, por isso surgiu a necessidade de trabalhar a leitura como uma atividade significativa e orientada, numa espécie de rodízio de leitura em que os livros foram levados as salas para ficar circulando até ser lido por mais de uma aluno. Para tanto, o cronograma das disciplinas foi Página 3 Dilza Maria Alves Rodrigues: Escola que Transforma tem Foco na Leitura alterado, acrescentado um momento específico para esse tipo de leitura do 6º ao 9º ano, correspondendo a duas a três aulas de 45 minutos cada aula que acontecia uma vez por semana nas etapas do fundamental dedicada a atividade de leitura de livre escolha, mas individual a serem realizadas na sala de aula com a utilização de livros ou textos curtos e simples ou mais complexo conforme o nível de compreensão em que o aluno se encontra. No caso das leituras mais extensas, a leitura tinha seu término em casa, com um prazo estipulado e negociado com os alunos, deixando claro o objetivo da proposta, como deveria ser apresentado e o que enfatizar. Após o final das leituras, realizou-se a socialização em forma de contação do que foi lido e aprendido, compartilhando impressões, motivação da escolha e opiniões. Durante a contação se houvesse necessidade de intervenção, era feita pelo professor/a ou por um aluno mais experiente para conduzir a atividade numa ordem cronológica dos acontecimentos, auxiliando o aluno a relembrar dos fatos, onde eles ocorreram, em que época, qual o problema (conflito), como foi ou poderia ser resolvido. Perguntava-se sobre os personagens e suas características, o gênero textual, o que tratava e que assunto abordava, se concordava ou não com o final da história ou se modificaria, se os acontecimentos se assemelham com a vida real. Assim, permitia que todos compreendessem e participassem da atividade, oportunizado espaço para que todos pudessem comentar e fazer alguma contribuição ou questionamento. È importante dizer que, na orientação individual, antes da apresentação, era o momento que o aluno/a tiravam as dúvidas, de fazer uma apresentação prévia para verificar se estavam dentro do exigido ou precisavam melhorar, como se comportar e o que abordar no momento da contação, ainda superar dificuldades específicas como timidez ou gagueira e flexibilizando a atividade para os alunos com deficiência de modo que ele tivesse um tempo maior para se apropriar da história, além adaptar a apresentação dentro da potencialidade deles para isso, foram utilizados livros com imagens como estratégia para mobilizar a memória dos fatos narrados pela história. VII Etapa - Reflexão sobre a prática e Acompanhamento pedagógico: É sabido que se aprende ler lendo. Incluindo nós educadores. Com essa visão, que a coordenação pedagógica e direção iniciamos início de 2013, o Planejamento anual que priorizou a reflexão sobre o tempo necessário a aprendizagem de um determinado conteúdo. Indagando a respeito de quanto tempo era necessário a aprendê-los, mas quanto tempo de fato era dedicado a eles. Ademais, por que se ensinavam esses conteúdos e não outros? Quais os objetivos deles?O conteúdo priorizado (em cada disciplina) representa a necessidade de aprendizagem dos alunos? Esses conteúdos ajudam a resolver o problema que estamos enfrentando? O que tem causado esse problema? Eles estão de acordo com nossas reclamações?Foram alguns questionamentos feitos para mobilizá-los a pensar sobre a prática pedagógica e as necessidades de aprendizagem. Assim sendo, começamos a nos mexer frente ao desafio de desenvolver práticas ativas de leitura em sala de aula. Nessa perspectiva, acompanhar os professores no processo foi uma ação primordial para o trabalho colaborativo entre coordenadora pedagógica e professores para juntos analisarmos e refletirmos sobre a realidade o que os recursos didáticos pedagógicos existentes e a serem utilizados, as práticas pedagógicas que facilita ou dificulta a leitura ativa e compreensiva e quais os procedimentos a ser revisto, quais a serem descartados e os novos a serem introduzidos, como atividades de interação/colaboração que vai do coletivo, perpassando outros tipos de agrupamento ao individual, num movimento circular, levando em consideração as características de cada conteúdo e aspecto a serem desenvolvidas ou ampliadas de leitura, ou seja, a que acontecem no momento da leitura e aquelas mobilizadas pelo aluno(a)-leitor(a). Na fase de acompanhamento e reflexão foi uma forma de dividir as responsabilidades sobre o aprender, desmistificando o trabalho pedagógico burocrático e autoritário de coordenação, mas valorizando a escuta, colaboração e compartilhando ideias, trocando experiência e Página 4 Dilza Maria Alves Rodrigues: Escola que Transforma tem Foco na Leitura definindo objetivos claros para cada ação prevista. Esse acompanhamento individualizado durante as aulas vagas ou afinal delas facilitou o trabalho pedagógico e o diálogo horizontal, as conversávamos sobre o conteúdo e a forma a forma que seria exploradas as estratégia de leitura utilizada e quais os objetivos em cada disciplina: geografia, história, estudos. amazônicos, artes e português. VIII Etapa - Reuniões pedagógicas construtivas: As reuniões foram transformadas em momentos de escuta as famílias e de companheirismo e colaboração, de relatar o desenvolvimento acadêmico dos alunos enfatizando a evolução na aprendizagem e o que precisa melhorar. Mas de orientação sobre a importância da leitura e do tempo para realizá-la em casa. Abordou-se o processo e que tipo de apoio poderia dá ao filho, como realizar acompanhamento das atividades mesmo não dominando a leitura, como por exemplo, a sugestão de observação aos filhos, se estão fazendo a leitura e conversando sobre o que eles estão fazendo, solicitando que contem o que estão lendo. Outro fator relevante foi estabelecer com os pais uma comunicação frequente. Todos os encontros eram oportunos para dialogar sobre o assunto, em que pudessem conversar individualmente e acompanhá-los no desenvolvimento de suas tarefas no projeto. IX Etapa - Definição da responsabilidade da equipe gestora: Ao definir a função de cada um dos sujeitos envolvidos, permitiu que coordenação pedagógica se debruçasse ao acompanhamento, o planejamento, a avaliação e ao estudo teórico-metodológico necessário a prática reflexiva. A gestora acompanhou de perto e participou das decisões e de todo o processo garantindo o tempo, os materias e as condições necessárias as a prática social da leitura. X Etapa - Exposição dos alunos: Fase em que a comunidade, a família conheceram as produções dos alunos, as obras que foram lidas e contadas por eles. Foi um momento especial onde se conhecem os avanços conquistados e compartilham-se o processo cujo protagonista principal é o aluno e aluna. É um dia de indicação de livros, contação de histórias, ler e ouvi-las também. Avaliação: conquistas alcançadas Para essa etapa, foi elaborada fichas de acompanhamento das habilidades leitoras que também serviram para a reflexão da prática pedagógica. Utilizou-se ainda de observação em sala de aula, troca de informação nos momentos de acompanhamento e orientação aos professores, além de conversa com os pais para identificar se já observaram mudança no comportamento dos filhos, da mesma forma, momentos de escuta aos alunos para verificação se os pais estão dando tempo para realizarem as leituras propostas em casa, bem como para conhecer a opinião e satisfação ou não com a metodologia para possíveis reorientação e melhorias. Com esses instrumentos pudemos constatar que o projeto foi muito feliz, obtivemos avanços na aprendizagem em todas as disciplinas: percebemos que os alunos já participam da aula dando sua contribuição sobre a temática estudada, quando expuseram seu entendimento, contribuíram emitindo opinião e produziram textos orais e escritos. Conseguimos manter e ampliar o gosto pela leitura literária; mobilizamos o professorado a trabalhar colaborativamente e em equipe; a escola passou a escutar e considera a opinião dos pais, modificou o modo de realizar as reuniões e hoje é realizada com uma boa acolhida, compreensão e orientação pedagógica individual. Abriu as portas à comunidade (CREAS, Conselho tutelar, secretária de saúde). Os professores (as) de língua portuguesa desenvolveram projetos didáticos de produção escrita com 6º ano e 6ª série da manhã envolvendo outras áreas como geografia, história e artes. As aulas de forma geral ficaram mais atraentes, as metodologias de ensino-aprendizagem gradativamente foram mudando para práticas ativas, passaram a trocar experiências, indicarem entre si atividades exitosas, auxiliaram um ao outro, compartilharam saberes, passaram a lê com mais frequência e avaliação passou a ser processual e formativa. Os alunos (as), à medida que o projeto foi se Página 5 Dilza Maria Alves Rodrigues: Escola que Transforma tem Foco na Leitura fortalecendo, a leitura literária foi sendo realizada com autonomia, Demonstraram procedimento e comportamento leitor, pois socializaram: critérios de escolha e apreciação estética de leitura, emprestam livros regularmente, comentaram sobre eles, compartilharam leituras, recomendaram livros, debateram sobre interpretação, relacionaram com a realidade vivida, fizeram críticas pertinentes, sugeriram, elaboraram conclusões e outros finais, apresentaram e refinaram seus gostos literários. Localizaram informações explícitas, inferiram informações implícitas e sentido de palavra ou expressão, leram em voz alta, leram para corrigir e revisar. Identificaram o tema/assunto de um texto, conhecendo a finalidade dele, identificaram o conflito gerador da narrativa, antecipar informações que ajudam na construção de significado com reconhecimento do uso da pontuação (aspas, travessão, reticências, exclamação e interrogação), bem como efeito de ironia e humor e leram com o propósito de compreender. Realizaram entrevistas com os moradores antigos do lugar. Iniciaram-se com produtores autorais de textos escritos, como memória literária e poemas do lugar onde vivem. Também em produções orais, como criação de peças teatrais, fizeram relatos pessoais e criam danças. Estão criativos e muito participativos e as famílias estão mais a vontade para fazer críticas e reclamarem de algo ou relatarem sobre o envolvimento nas leituras, nas atividades dos filhos (as) que vão para casa e relataram que a escola esta mais dinâmica e alegre, por isso seus filhos querem gostam de estar nela. Isso fica evidente quando percebemos que os alunos passaram a faltar menos às aulas, a evasão e repetência diminuíram. Estão realmente envolvidos com a aprendizagem e se identificando com a escola. Nesse sentido, o projeto foi de suma importância para nos conhecermos como pessoa e profissional, permitindo identificar nossas limitações e onde precisamos investir para melhorarmos nossas práticas educativas. As dificuldades e conflitos foram inevitáveis e serviram de crescimento e aprendizado. Aprendemos a ouvir críticas, a desenvolver o trabalho em equipe e a rever nossos conceitos e procedimentos e não podemos nos acomodar, devemos sempre estar em permanente procura porque o mundo é uma descoberta constante e de construção coletiva. Assim sendo, sentimos que faltou insistir mais no envolvimento do professor de ciências nas atividades fora da sala de aula e precisamos pensar na formação continuada dos educadores para aprofundar ainda mais essa temática e ajudá-los na elaboração de mais projetos didáticos que abordem práticas de leitura e escrita. Pois foi observado e constatado a necessidade trabalhar procedimentos de produção escrita com os alunos a partir da leitura. A infraestrutura poderia ser melhor, mas trabalhamos com a realidade e dentro das possibilidades, usando o maior recurso: o professor/professora e o aluna/aluno para fazer a diferença e hoje podemos dizer com toda certeza que ESCOLA QUE TRANSFORMA, TEM FOCONA LEITURA. Referência bibliográfica: FERREIRO, Emília. Passado e presente dos verbos ler e escrever. Trad. Cláudia Berliner. 3ª Ed. São Paulo: Cortez, 2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. PARO, V. H. Por dentro da Escola Pública. São Paulo: Xamã, 2000. SOLÉ, I. Estratégia de leitura. Trad. Cláudia Schilling. 6ª Ed. Porto Alegre: Artemed, 1998. VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico – elementos metodológicos para elaboração e realização. 20ª ed. São Paulo: Libertad Editora, 2010. VIGOTSKI, L. S. A Formação social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores. Organizado por Michel Cole... [et.al.]; Trad. de José Capolla Neto, Luís Silveira Menna Barreto, Solange Castro Afeche - 7ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. Página 6