LINGUAGEM E ÉTICA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES GERAIS

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LINGUAGEM E ÉTICA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES GERAIS
Kanavillil Rajagopalan - Universidade Estadual de Campinas
RESUMO: Este trabalho discute os principais motivos do desinteresse dos lingüistas a
respeito das implicações éticas, ideológicas e políticas dos pontos de vista teóricos que eles
assumem. Mostrando a fragilidade de alguns desses motivos, faço um apelo no sentido de
se encarar a questão ética com maior seriedade, para não sermos ultrapassados pelos
colegas que atuam em outras áreas humanas que cada vez se preocupam mais com essas
questões.
PALAVRAS-CHAVE: teoria lingüística; ética, ciência
ABSTRACT: This paper discusses the main reasons for the lack of interest amongst
linguists concerning the ethical, ideological, and political implications of the theoretical
points of view they adopt. Showing the weakness of some of these reasons, I make a plea for
facing the ethical question more seriously, on pain of being left behind by fellow
researchers in other human sciences who evince increasing preoccupation in this regard.
KEY WORDS: linguistic theory; ethics; science
As questões de ordem ética não são levantadas, via de regra, quando está em pauta a
língua natural. E o motivo tem a ver justamente com o fato de a língua ser considerada um
fenômeno natural. Existe uma crença, amplamente compartilhada, de que a natureza
desconhece qualquer sorte de ética. Ninguém, por exemplo, discute a dimensão ética de um
desastre natural como o terremoto que atingiu há pouco a Colômbia. As questões éticas
podem ser levantadas, isto sim, no que diz respeito às atitudes das autoridades – por
exemplo, se elas poderiam ou não ter tomado as providências necessárias antecipadamente,
inclusive repassado em tempo os eventuais avisos emitidos pelo departamento de
sismologia, se os órgãos de serviço público como a polícia, corpo de bombeiros, médicos
etc. poderiam ou não ter socorrido as vítimas com maior presteza e empenho etc. O
acontecimento em si, quando é percebido como além do controle humano direto como no
caso de um terremoto, é entendido como algo acima das considerações éticas – exceção
feita às práticas de nos queixarmos contra as forças do mal, ou deuses contrariados etc. que
fazem parte das superstições e mitos. Mesmo nesses casos, é interessante frisar que o evento
é antes desnaturalizado para então atribuir-lhe conotações éticas. Resumindo, o pressuposto
amplo que sustenta boa parte das nossas discussões relativas à questão ética é o de que só se
pode falar em ética quando estão em discussão ações intencionais praticadas por agentes
humanos em exercício de sua livre e espontânea vontade.
Não é difícil perceber, portanto, que enquanto estiver comprometido com a tese de
que a língua é um fenômeno, um produto, natural fica difícil levar adiante qualquer
discussão acerca das possíveis questões éticas dela decorrentes – o que, de certo, não
acontece nas abordagens teóricas que preferem encarar a língua como um fato social,
produto de ações de seres humanos organizados em comunidades etc. É por esse motivo que
a corrente gerativista tem demonstrado uma certa ambigüidade em relação à
responsabilidade ética do teórico da linguagem. A título de ilustração, vale a pena nos
determos um pouco no seguinte trecho, citado sem recortes ou interrupções, da conversa
entre Noam Chomsky e seu entrevistador francês Mitsou Ronat (Chomsky 1977: 3), (as
conversas foram publicadas, primeiro em francês e, posteriormente, em inglês, com o título
chamativo de Language and Responsibility – comentários a seguir):
M.R.: Paradoxalmente, seus escritos políticos e suas análises sobre a ideologia
imperialista norte-americana parecem ser mais bem conhecidos, aqui na França
como também nos EUA, do que a nova disciplina que você criou: a gramática
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gerativa. Isso nos leva a perguntar: você vê alguma ligação entre seus estudos
científicos – o estudo da linguagem – e suas atividades políticas? Por exemplo,
nos métodos de análise?
N.C.: Se houver uma conexão, a mesma seria num patamar bastante abstrato. Eu
não disponho de nenhum acesso a métodos inusitados (unusual) de análise, e todo
o conhecimento especializado que possuo concernente à linguagem não tem
nenhuma influência imediata sobre questões sociais e políticas. Tudo o que tenho
escrito sobre essas questões poderia ter sido escrito por outro qualquer. Não há
nenhuma conexão direta entre as minhas atividades políticas, artigos etc., e o
trabalho sobre a estrutura da língua, embora de alguma forma ambos
provavelmente se derivem de determinadas assunções comuns e atitudes em
relação a aspectos básicos da natureza humana. Parece-me que a análise crítica na
esfera ideológica é matéria bastante fácil de se compreender, em comparação a
uma abordagem que requer um grau de abstração conceptual.
O que é interessante observar nessa resposta é que Chomsky descarta qualquer
possibilidade de que as teorias que elaboramos sobre a linguagem venham ter implicações
de ordem ideológicas e políticas, e portanto, a fortiori, éticas. Ou seja, afirmação de
Chomsky de que a ciência e política nada têm a ver uma com a outra não é uma afirmação
feita por um lingüista; a afirmação de Chomsky parte de alguém que está tomando uma
posição no campo do saber que denominamos ‘a filosofia da ciência’.
Antes de seguirmos à frente, acredito ser de uma certa relevância à nossa discussão,
a origem do título do livro do qual foi extraído a longa citação acima. Trata-se de uma
curiosidade editorial. O livro original em francês não mencionava a palavra
‘responsabilidade’; dizia apenas Noam Chomsky, Dialogues avec Mitsou Ronat. O diálogo
que deu origem ao livro havia acontecido de forma bilingüe – a entrevistadora fazendo as
suas perguntas em francês e o entrevistado respondendo a cada pergunta em seu idioma de
preferência, o inglês. Depois da publicação do livro em francês, surgiu a idéia de uma
versão em inglês para o público norte-americano. Segundo nos relata John Viertel, o
“tradutor’ encarregado pelo próprio Chomsky, descobriu-se que as fitas com as gravações
originais “não estavam mais disponíveis” (p. vii) – de tal forma que o conteúdo da versão
inglesa precisou ser praticamente “reconstruído” (a expressão é do próprio tradutor) e não
simplesmente traduzido. Detalhe curioso: não há nenhuma menção quanto ao motivo pelo
qual a palavra ‘responsabilidade’ recebeu tamanho destaque na nova versão do livro, tendo
sido estampada já no próprio título.
Voltando à questão da compatibilidade ou não entre a ciência e a política, ou
melhor, as posturas assumidas por um cientista (no caso, lingüista) enquanto cientista e
enquanto cidadão comum e portanto um ser político, é preciso chamar atenção para um
possível deslize de raciocínio e um possível equívoco decorrente disso. Uma questão é
argumentar, como o fazem o próprio Chomsky e tantos outros, que a língua é e deve ser
abordada como um objeto do mundo natural. É uma outra questão, completamente diferente
e independente da primeira, perguntar se haveria ou não qualquer ligação entre as categorias
que postulamos em nossa tentativa de teorizar a linguagem e a postura políticoideológica
que assumimos em outras ocasiões e a respeito de outros assuntos. Isso porque, a premissa
de que a língua seja um objeto natural não é suficiente para concluir que os conceitos e as
categorias que postulamos em nosso esforço de compreendê-la também sejam objetos
naturais.
Acredito que as nossas teorias são tentativas de fazer sentido do mundo real que, na
ausência de tais teorias, deixar-nos-ia embasbacados diante de tantos fenômenos que
escapam ao nosso senso comum, ou seja, nós seres humanos somos por força da nossa
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própria natureza criaturas que teorizam compulsivamente (cf. Rajagopalan, 1999 para uma
discussão maior – esta questão é, sem dúvida polêmica. Veja, por ex. Thomas, no prelo).
Ora, dentro dessa perspectiva, é perfeitamente possível que embora partam de uma
necessidade imposta pela própria natureza humana, as teorias que nós humanos defendemos
reflitam os nossos anseios do momento histórico em que propomos e defendemos as nossas
idéias. Em outras palavras, percebe-se a perfeita compatibilidade entre a ciência e um
posicionamento político-ideológico. Melhor ainda, percebe-se que mesmo por trás das
teorias que possam ostentar uma aparência de mais alto nível de isenção e neutralidade,
podem estar presentes propostas de cunho político-ideológico. É lícito, em outras palavras,
perguntar quais os motivos e agendas secretas que estão por trás de certas teorias e que as
ajudam a ganhar destaque e aceitação quase que instantânea dentre os membros da
comunidade acadêmica e mesmo fora dela.
No campo da Lingüística, é bem verdade que os pesquisadores que lidam com a
chamada “pesquisa pura” tendem a relegar a um segundo plano qualquer discussão a
respeito das conseqüências éticas das suas elucubrações teóricas ou mesmo negar
sumariamente (Rajagopalan, no prelo 1 e 2) que elas existam. Deborah Cameron, autora de
um livro bastante comentado uns tempos atrás (cf. Cameron 1985), nos relata o seguinte
episódio ocorrido numa entrevista para emprego na qual participou como candidata logo
após ter concluído uma versão preliminar do referido livro. Ao ser informado sobre o título
do livro que acabara de terminar, a saber Feminism and Linguistic Theory, um dos membros
da banca examinadora exclama: “Mas, espera aí, isso não é igual a escrever um livro sobre
lingüística e jardinagem orgânica ?” (Cameron, 1985: 2). A autora prossegue, reclamando
que talvez a reação não fosse tão negativa se o título fosse algo como Marxismo e a Teoria
Lingüística. Embora a intenção da autora fosse, com certeza, salientar o relativo
desprestígio do feminismo face a outras ideologias de respeitabilidade assegurada como o
marxismo, devemos discordar dela quanto à possível aceitação pelos lingüistas pertencentes
ao chamado “núcleo duro” de uma obra com o título sugerido. Em primeiro lugar, convém
lembrar que o título do livro de Voloshinov (1977), bastante divulgado no Ocidente, contém
a palavra “marxismo” porém faz par, não com “a teoria lingüística” mas sim com “a
filosofia da linguagem”. Na lingüística oficial, a chamada mainstream linguistics, a situação
é bem diferente. Não é por acaso que Newmeyer, marxista declarado e de carteira, se acha
devendo ao leitor do seu livro Linguistic Theory in América (Newmeyer, 1980) uma
explicação do porquê da ausência de orientação marxista em seu empreendimento
historiográfico. Eis a explicação do autor: “Algumas pessoas que me conhecem como um
marxista podem ficar surpresas e, talvez, até desapontadas pelo fato de não haver nenhuma
“análise marxista” clara dos eventos que descrevo. Porém, não me sinto na obrigação de
pedir desculpas por isso. Simplesmente não há qualquer evidência para afirmar que a
estrutura lingüística (fora dos aspectos restritos do léxico) seja um fenômeno superestrutural
no sentido marxista desse termo” (Newmeyer, 1980: xii). Diga-se de passagem (pois os
detalhes mencionados a seguir não nos interessam quanto ao argumento em
desenvolvimento, apenas enfraquecem a explicação que o autor do livro oferece para sua
análise não-ideológica) que (a) “os eventos” a que se refere o autor não são lingüísticos mas
pertencentes a historiografia da lingüística enquanto disciplina acadêmica e em meio a uma
turbulência e (b) o próprio autor, algumas linhas acima do mesmo trecho, admitia o
seguinte: “Como não há historiografia totalmente não-tendeciosa, seria utópico imaginar
que um autor possa ser livre de assunções ou crenças prévias que influenciem sua percepção
dos eventos” (ibid.).
De qualquer forma, lingüistas como Cameron sinalizam para uma tendência cada
vez mais evidente no campo da lingüística, ainda que a maior parte, se não a quase
totalidade, desses pesquisadores se situem nas subáreas tradicionalmente tidas como
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periféricas ao “núcleo duro” – a saber as áreas “hifenizadas” e aplicadas. A título de
exemplo, podemos citar o trabalho de Cameron et. al. (1993), onde os autores discutem a
questão das obrigações éticas que um lingüista pesquisador assume, ou deveria assumir, ao
se engajar em suas pesquisas. Discute em detalhe o episódio protagonizado por William
Labov, quando este se dispôs a depor a favor de grupos minoritários (no caso, negros
norteamericanos) em sua reivindicação contra a uma certa secretaria de ensino estadual que,
sem qualquer discussão, decidiu impor como único padrão de língua aceitável nas escolas o
inglês padrão norte-americano. Trata-se do caso que mais tarde se tornou uma cause
célèbre, instigando o próprio Labov a escrever um célebre artigo (Labov, 1982),
justificando sua decisão no sentido de abraçar a causa dos pais dos alunos, apresentando-se
perante os juizes para pleitear que, do ponto de vista lingüístico, além do inglês padrão dos
brancos americanos, também existe, entre tantos outros, um padrão próprio à fala dos
negros (o chamado American Vernacular Black English (AVBE), tão regrado e tão “lógico”
como o outro.
Embora, sem sombra de dúvida, louvável enquanto gesto de gratidão para com seus
informantes que tanto o ajudaram a realizar suas pesquisas e colher os resultados, inclusive
os benefícios materiais e profissionais, das suas descobertas, a postura de Labov é
submetida a uma reflexão profunda e crítica por Cameron et. Al. (1993). A principal
objeção levantada por eles é a de que, ao se propor a falar em nome dos seus antigos
informantes, Labov estaria simplesmente assumindo uma posição que imagina ser
congruente com os seus interesses. Eis as próprias palavras dos autores: “Labov não falou
em nome de todos os negros americanos; ele fez, de fato, uma escolha no que diz respeito a
certos interesses que ia apoiar. Com certeza, é inevitável que as comunidades abriguem uma
diversidade de interesses. Mas se os membros dessas comunidades não realizarem um
debate interno, existe o perigo que defensores externos acabem fazendo as escolhas para
eles” (Cameron et al. 1993: 85). Os autores prosseguem, partindo para uma crítica à
tradição positivista de fazer pesquisa. Alegam eles que, enquanto estiver compromissado
com tal tradição, a sociolingüística laboviana não terá como evitar cair nas armadilhas que o
próprio modelo prepara.
Não é o propósito do presente trabalho discutir em detalhe todas as questões
suscitadas por Cameron et al. (1993). Gostaria, no entanto, de chamar a atenção para dois
aspectos da problemática geral que foi o objeto das observações desses autores. Como falar
em nome de outro e com que autoridade? Em primeiro lugar, note-se que a questão da ética
é colocada nessas discussões a partir da premissa, nem sempre explicitada, de que o
lingüista tem o dever de ajudar os leigos, especialmente aqueles que serviram de
informantes, como se fosse a quitação de uma dívida já contraída. Em segundo lugar,
presume-se que o que torna o lingüista apto para ajudar os outros é um conhecimento
especializado que ele possui, ou seja o lingüista se auto-autorga um dever – junto com o
dever, um enorme privilégio – na medida em que se considera detentor de um saber que lhe
dá acesso às verdades sobre a linguagem, verdades essas que, quando postas ao serviço de
todos, podem trazer benefícios e justiça para todos.
O que sustenta a visão esboçada acima é a crença de que o saber em si está acima de
qualquer consideração ética – o que nos conduz de volta à questão com a qual iniciamos
toda essa discussão, a saber, a de que não se discute a dimensão ética dos fatos da natureza
porque ela simplesmente inexiste. No fundo, o que impede que o teórico da linguagem
tenha consciência do lado ético da sua atividade é justamente essa tendência de relegar toda
a ética à esfera de prática. Evidentemente, um questionamento sério da postura
convencional a esse respeito terá de começar por uma reflexão detida acerca dessas crenças
encrostadas.
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Como um primeiro passo nessa empreitada, tomemos a consciência de que,
independentemente do estatuto que se queira conferir à teoria em si, não se pode negar que
a atividade de formular teorias é algo que se dá como parte de uma prática social. Dito de
outra forma, as teorias são formuladas por pessoas que fazem parte de comunidades
específicas (dentre as quais, as comunidades acadêmicas); as pessoas reagem umas às
outras, e propõem suas teorias, atendendo a certos interesses, muitas vezes ignorados por
elas mesmas. Se concordamos que a confecção de teorias é uma atividade que se processa
sob determinadas condições sociológicas muito precisas, não há como não aceitar também a
conseqüência de que elas reflitam, ainda que de forma sutil, os anseios e as inquietações que
movem aqueles que estão por trás daquelas reflexões teóricas.
Estamos, em outras palavras, no terreno da sociologia do conhecimento, e não mais
na epistemologia do saber. Ao perguntar quais as considerações éticas, ideológicas, e
políticas que subjazem determinadas posturas teóricas, estamos em verdade inquirindo a
respeito das condições em que o novo “saber” se produz e se reproduz. Estamos procurando
entender, entre outras coisas, quais os recortes que o novo saber efetua, e ao fazer isso,
quais as exclusões que ele legítima. Ao organizar o presente simpósio, a preocupação
principal foi o de dar largada a uma discussão acerca dessas questões com a esperança de
que ela traga subsídios para uma maior conscientização do aspecto ético das nossas práticas
teóricas.
Agradecimento
Sou grato ao CNPq pela concessão da bolsa-pesquisa (Processo n.º 306151-880).
Referências Bibliográficas
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----- et. Al. (1993). ‘Ethics, advocacy and empowerment: issues of method in researching
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Chomsky, N. (1977). Language and Responsibility. Nova Iorque: Panthen Books.
Labov, W. (1982). ‘Objectivity and commitment in linguistic science: the case of Black
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Thomas, G. (no prelo). ‘Hollow theory: a reply to Rajagopalan’. A sair em Harvard
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Voloshinov, V.N. (1929/1973). Marxism and the Philosophy of Language. Nova Iorque:
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