Teorias sintáticas

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FRANCISCANO
Curso de Letras
Sintaxe da Língua Portuguesa I
Profª Nilsa Teresinha Reichert Barin
CONSIDERAÇÕES INICIAIS (PERINI,Mário. A gramática gerativa:introdução ao estudo da
sintaxe portuguesa.Belo Horizonte:Vigília,1979.
LOBATO, Lúcia M.P. Sintaxe gerativa: da teoria padrão à teoria da regência e ligação. Belo
Horizonte:Vigília, 1986.)
Lingüística – uma ciência da linguagem : a linguagem é, sem dúvida, o mais onipresente dos
fenômenos sociais, é um pré-requisito para a própria existência das sociedades humanas. A maioria
das pessoas jamais medita sobre sua estrutura. Tal qual andamos ou bocejamos, passamos pela vida
executando atos de fala. Ao contrário de andar e bocejar, falar é uma habilidade que requer longo
aprendizado, que se estende provavelmente por toda a vida e, talvez por isso, a linguagem apresenta
uma estruturação rica e complicada, embora haja esforço ao seu estudo desde a Antigüidade. A
Lingüística tem um duplo objeto de estudo: estuda a linguagem humana em geral bem como estuda
a gramática das diferentes línguas. Está subdividida em cinco níveis de análise: Fonética/Fonologia,
Morfologia, Sintaxe, Semântica e Pragmática.
Língua – pode ser definida como um conjunto de sentenças, cada uma formada por uma cadeia de
elementos(palavras ou morfemas). Nem todas as combinações possíveis de elementos de uma
língua formam sentenças, embora o número de sentenças de uma língua natural seja infinito. Ex.:
Ana chorou./ Ela acha que Ana chorou. /Pedro disse que Ana chorou./ Eu pensei que Ana tivesse
chorado. / Acreditamos que Ana tenha chorado ontem./ Outro dia Ana chorou. / Continuo achando
que Ana chorou. / Pedro disse que ela acha que Ana chorou./...
Porém, * Acreditamos tenha chorado que Ana ontem é uma combinação de elementos que
não forma uma sentença, por isso considerada agramatical. Gramática é o conhecimento inato que
o falante tem de sua língua, possibilitando a ele fazer diferenças entre estruturas gramaticais e
estruturas agramaticais, como a do exemplo dado. A isso denomina-se competência lingüística.
Termo que designa o conjunto de normas internalizadas que nos permite emitir, receber e julgar
enunciados de nossa língua. Quando o falante põe em uso sua competência para produzir as
sentenças que ele fala, aquilo que efetivamente realizamos quando falamos, isso é considerado
performance ou desempenho lingüístico. Esse é o conceito de gramática para a lingüística
moderna. O lingüista não prescreve o que se deve ou não escrever ou dizer – em vez disso, ele
observa e avalia todas as frases como parte de seus dados para, assim, construir hipóteses que
expliquem o seu funcionamento, e não influir sobre seus falantes, afirmando o que é certo ou errado
dizer ou escrever.
Do ponto de vista lingüístico, afirmar que está errado dizer “ encontrei ele” seria tão
absurdo como para um astrônomo dizer que a terra não gira em torno do sol. Em síntese, o objetivo
da investigação linguística é a explicitação da competência dos falantes, não de seu desempenho.
Gramática também é o conjunto de regras que permite o uso da língua, podendo ser natural ou
normativa de acordo com seu desempenho lingüístico. Quando avaliamos conceitos de
certo/errado, tratamos da gramática tradicional. Para a lingüística, a definição de gramática que
interessa diz respeito ao conhecimento que o falante tem de sua língua materna, independente de
graus de escolarização.
O conhecimento de uma língua: o conhecimento de uma língua é uma espécie de mecanismo que
permite a formação e a interpretação de sentenças – e a lingüística como tentativa de descrever,
observar, deslindar o funcionamento desse mecanismo. Para Chomsky, o conhecimento se dá pelo
conhecimento das regras gramaticais de uma língua, que são naturais. Ex.: Eduardo comprou a casa
de Luís. Que dados são relevantes para a investigação da frase aos olhos de um lingüista? 1º, é uma
frase gramatical; 2º, é uma frase ambígua, significando duas coisas distintas, com isso o lingüista
terá de lidar e a teoria que ele formular deverá fornecer uma explicação para o fenômeno.
Objeto da Sintaxe: estuda a colocação, a organização das palavras na sentença. Se você amanhã
desembarcasse em terras estrangeiras, na China, por exemplo, além de não saber o que significam
as palavras dessa língua desconhecida, não saberia como elas se organizam em sentenças.
Teorias sintáticas
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Gramática Tradicional: iniciou no Século V a.C. pelos gregos e romanos. Acreditava que
o uso literário da língua era o único “bom”, o único “correto”, e que o uso popular era
errado. O estudo gramatical tinha o objetivo de preservar a língua literária da corrupção
pelos falantes incultos, fazendo da correção lingüística e da pureza da linguagem sua grande
bandeira de defesa.
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O estruturalismo lingüístico: surgiu no início do século XX, com Ferdinand de Saussure,
adotou os princípios da primazia da fala sobre a escrita e do tratamento descritivo (= não
normativo) dos fatos lingüísticos. Nos estudos normativos, a escrita era superior à fala. Na
abordagem descritiva, cabe ao lingüista descrever todos os usos da língua sem emitir
julgamentos de valor. Evoluiu para o estruturalismo americano, de Bloomfield, cuja análise
pretendia tornar mais evidente o fato de as frases não serem formadas por unidades
seqüenciadas, mas compostas por constituintes imediatos.
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O gerativismo: em meados do século XX, Noam Chomsky, lingüista americano do MIT
(Instituto Tecnológico de Massachusets), originou uma nova corrente lingüística, em
oposição ao estruturalismo bloomfildiano e seus constituintes imediatos: o gerativismo ou
gramática transformacional ou gramática gerativo-transformacional – que constitui uma
tentativa de formalização dos fatos lingüísticos, isto é, de tratamento matemático das
propriedades das línguas. Para isso, encontrou, nas lacunas do estruturalismo americano, a
porta de entrada para inaugurar a teoria do gerativismo, porque a corrente anterior não
explicava as ambigüidades ( Ex.: Comprei o celular de Pedro), era incapaz de explicar que
certas frases tinham interpretação semelhante apesar de terem estruturas diferentes em
constituintes(voz ativa/passiva), além de sua incapacidade de relacionar constituintes
descontínuos ( Ex.: A plateia espera, há horas, abrir o teatro.). A vantagem do modelo
transformacional estava precisamente na sua possibilidade de traduzir todos esses fatos via
regras sintagmáticas, propostas por Chomsky(1965), que derivassem a estrutura em
constituintes das frases e regras transformacionais que converteriam as seqüências dadas
em novas. Há outros aspectos que diferenciam as duas correntes: o descritivismo apenas
classificava, era taxionômico, explicava a aquisição da língua pela imitação e memorização,
defendia o processo de aquisição como sendo empírico(pela experiência); o gerativismo é
teórico, afirma que nascemos com uma Gramática Universal (GU), programados para
aprender uma língua, qualquer que seja, o que dá o aspecto cognitivo à teoria, além de
afirmar que o processo de aquisição é nitidamente racionalista por pregar a importância
da mente.
Na evolução do gerativismo, três modelos se destacaram principalmente: o Modelo
Standard, Clássico ou Padrão(1965), o Modelo Padrão Ampliado(1970) e a Teoria da Regência e
Ligação (1981). Outros modelos gerativistas, de Chomsky, seguiram-se aos anteriores: Modelo
dos Princípios e Parâmetros(1991) e o Programa Minimalista(1995).
O papel da Sintaxe Gerativa, conforme Chomsky(1965), é descrever e explicar a
competência lingüística do falante, explicitando os mecanismos que a ela subjazem. Logicamente
que o desempenho lingüístico tem sua importância na teoria, porque o lingüista deve observar as
sentenças produzidas. Mas não pode se ater a elas, devendo lidar, inclusive, com sentenças que
ainda não aconteceram. A sintaxe gerativa objetiva descrever a estrutura sintagmática das
construções, dividindo-as em constituintes para, a partir da ES, chegar à EP. Trabalha com
símbolos em lugar de palavras o que lhe confere
um aspecto matemático. Essa gramática, por meio de suas regras, gera todas as frases da
língua.
As línguas naturais são definidas como sistemas regidos por regras de caráter sintático,
fonológico e semântico. A teoria chomskiana atribui ao componente sintático o poder gerativo
da língua, cabendo aos componentes fonológico e semântico somente interpretar as seqüências
produzidas pela sintaxe, considerada autônoma em relação às duas outras. Segundo a teoria
gerativa, os falantes/ouvintes de uma língua, além de possuírem intuições(competência) sobre o
caráter sintaticamente aceitável ou inaceitável das combinações de sons em sua língua, também
sabem que as seqüências de sua língua se estruturam sintaticamente em hierarquias, isto é, em
grupos sucessivamente maiores denominados constituintes.
Ex.: [João] [ pesquisa um tema importante.]
Ex.: [Os meus vizinhos ] [ compraram cachorros muito barulhentos.]
Cada um desses agrupamentos representa um constituinte. Os constituintes que
desempenham uma função sintática na frase são denominados sintagmas. Há o Sintagma
Nominal(SN), Sintagma Verbal(SV), Sintagma Preposicionado(SP) e o Sintagma Adjetival
(SA).
Constituinte: são elementos essenciais de um sintagma.
Sintagma: formado por um grupo de elementos(constituintes) que significam na sentença e
que mantêm entre si uma relação de dependência e de ordem.
Regras sintagmáticas ou de Reescritura e derivações: é a proposta do Modelo Padrão(1965), de
Chomsky, que contém regras que geram representações arbóreas pela grande vantagem da clareza
visual, preferindo-as sobre as demais. No entanto, para maior economia, e com o fim de chegar a
uma descrição formal da sentença, introduziu as RRs que reescrevem símbolos em outros símbolos
( como se fosse um raio X da frase).
Ex.: A moça assustou o rapaz.
RR
SN( detb + N) + SV( V +SN( detb+N))
Ex.: Aqueles meninos de rua organizaram uma manifestação.
RR
SN( detb +N+SP(prep+N)) + SV ( V +SN(detb+N))
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